COMUNIDADE E PARTILHA ECOLÓGICA DE TURDÍDEOS (AVES: PASSERIFORMES) EM UM FRAGMENTO URBANO DE FLORESTA COM ARAUCÁRIAS EM GUARAPUAVA NO SUL DO BRASIL

Vogel,$space}Huilquer Francisco (huilquer@yahoo.com)
Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
junho, 2010
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Resumo

Mecanismos ecológicos que permitem a coexistência de aves do gênero (Turdus: Turdidae) parecem não ser tão facilmente explicáveis. Neste sentido, o presente trabalho buscou compreender como está estruturada a comunidade destas aves e investigar possíveis padrões e mecanismos que tornam possível a coexistência entre duas espécies aparentadas e relativamente semelhantes (T. leucomelas e T. rufiventris) que compartilham um fragmento florestal urbano. Por meio de capturas utilizando redes ornitológicas, foi possível descrever a estrutura da comunidade, obtendo dados ecológicos e morfológicos de cinco espécies do gênero. Para a análise da coexistência entre T. leucomelas e T. rufiventris, os parâmetros amostrados foram a abundância média por ambiente amostrado em relação as estações, estrato florestal utilizado pelas aves, aspectos morfológicos e a dieta. Os resultados apontaram que Turdus rufiventris é o mais abundante dos sabiás ocorrentes na área, e também o mais constante ao longo do estudo, estando presente em 66% dos eventos de captura. Turdus leucomelas aparece em segundo lugar nas capturas com frequência de ocorrência de 55%. Turdus amaurochalinus, com 84% de ocorrência na primavera (57% anual), pode apresentar sobreposição de populações migrantes sobre populações residentes durante a mesma estação. Por sua vez, Turdus albicollis foi considerada acessória com frequência máxima de 30% no inverno. Quanto a sua dominância, Turdus subalaris foi considerada recessiva e ocasional em sua constância nas capturas. Comparações efetuadas entre T. leucomelas e T. rufiventris demonstram grande semelhança de massa corpórea, enquanto em outras variáveis, como comprimento, houve diferença significativa. Entretanto, T. rufiventris apresenta maiores amplitudes de variação e bico mais fino e comprido. Verificou-se, também, que as duas espécies possuem ocorrência muito semelhante nos ambientes amostrados – borda exposta, transição e interior florestal. As espécies apresentaram uma dieta generalista com amplitude de nicho trófico superior para T. rufiventris com sobreposição de alguns recursos alimentares. Certa segregação quanto aos estratos florestais ocupados foi detectada, principalmente na borda do fragmento, porém este não deve ser o fator fundamental para a coexistência.