Artigo 6 - 5356

1 Universidade Unigranrio, Brasil, Doutoranda em Administração, e-mail: anabauer@id.uff.br

2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil, Doutorado em Administração, e-mail: leonardo.darbilly1@gmail.com

Recebido em: 19/04/2018 - Revisado em: 26/07/2019 - Aprovado em: 01/08/2019 - Disponível em: 02/01/2020

Resumo

No Brasil, o campo de pós-graduação em administração se desenvolveu a partir da necessidade do governo de atingir seus projetos de crescimento e industrialização, exigindo profissionais com conhecimento para suportar essa demanda. Ao longo do tempo, muitas mudanças ocorreram no campo, especialmente no que diz respeito ao seu sistema de avaliação. A partir da década de 1990, o sistema de avaliação concentrou-se na elevação da produção científica, orientando as ações dos programas. O objetivo do estudo é entender como a lógica produtivista influenciou as disputas de poder entre as organizações que compõem o campo de ensino de pós-graduação em administração no estado do Rio de Janeiro. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo e bibliográfica, analizando-se os dados através da técnica de análise de conteúdo. Os principais resultados da pesquisa identificaram que a lógica produtivista tornou-se o principal guia na busca pelo alcance de uma posição elevada no campo. Dessa forma, os programas passam a se preocupar mais com publicações do que com os outros elementos que compõem a formação dos alunos de pós-graduação, o que faz com que ocorra não apenas uma reconfiguração do posicionamento das organizações dentro desse espaço analisado, mas também mudanças significativas no que diz respeito às suas características internas.

Palavras-chave: políticas de avaliação, pós-graduação em administração, disputas de poder

 

Abstract

In Brazil, the postgraduate field of administration developed from the government’s need to achieve its growth and industrialization projects, requiring professionals with knowledge to support this demand. Over time, many changes have occurred in the field, especially with regard to its evaluation system. From the 1990s, the evaluation system focused on raising scientific output, guiding program actions. The objective of the study is to understand how the productivist logic influenced the power disputes between the organizations that make up the postgraduate teaching field in administration in the state of Rio de Janeiro. For this, a field and bibliographical research was carried out, analyzing the data through the technique of content analysis. The main results of the research identified that the productivist logic became the main guide in the search for the attainment of a high position in the field. Thus, postgraduate programs are more concerned with publications than with the other elements that comprise postgraduate students’ education. This causes not only a reconfiguration of the positioning of organizations within this analyzed space, but also significant changes regarding their internal characteristics.

Keyword: Assessment policies, post-graduate in management, power struggles

 

1. INTRODUÇÃO

Na década de 1960, um grande acontecimento marcou o campo da pós-graduação no Brasil, uma vez que foi aprovado o Parecer CFE 977/65, por parte do Conselho Federal de Educação (CFE), que oficializava tal espaço. Esse documento oficial teve o intuito de explanar as definições e natureza da pós-graduação, além de conter os objetivos desse ramo da educação (SANTOS; AZEVEDO, 2009). Após sua formalização, o campo do ensino em pós-graduação teve primeiramente a função de qualificar as atividades de ensino na graduação, fornecendo um retorno à deficiente formação de professores universitários (PEGINO, 2014).

Mas, segundo Santos e Azevedo (2009) a formalização não foi o bastante para alcançar todos os objetivos propostos no parecer. Dessa forma, se fez necessário a criação de outros mecanismos capazes de garantir que as ações fossem desenvolvidas com o objetivo de expandir de forma organizada a pós-graduação (SANTOS; AZEVEDO, 2009). Nesse contexto, criou-se o I Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), em 1974, para auxiliar no desenvolvimento planejado do campo. Atualmente, já existem seis Planos com períodos de vigência pré-estabelecidos. No que se refere às políticas de avaliação, diversas modificações ocorreram durante o desenvolvimento dos Planos, como por exemplo, a instauração da avaliação por pares, escala de conceituação numérica.

A partir da década 1990, diversos países do mundo passaram por processos de reformas devido à crise do estado de bem-estar social, orientados principalmente por recomendações de ordem neoliberal. Essas mudanças também adentraram as políticas de avaliação da pós-graduação brasileira e, dentre outros fatores, surgiu uma forte preocupação com a produção científica que passou a orientar as ações dos programas no interior desse campo (MAGRO; SECCHI; LAUS, 2013). Essa reforma também gerou impactos na avaliação dos cursos de graduação e pós-graduação. No campo da pós-graduação, foi possível notar mudanças no modo de avaliação da Capes, passando da avaliação alfabética para numérica de 1 à 7, realizando avaliações trienais por pares, incentivando assim um ranqueamento dos programas, entre outras (OLIVEIRA; FONSECA, 2010). Porém, ao longo do tempo, outras mudanças alteraram o período de avaliação dos cursos de pós-graduação e, no final de 2014, decidiu-se que a próxima avaliação passaria a ser quadrienal. Tal decisão foi tomada levando-se em consideração a proposta apresentada pela “Diretoria de Avaliação (DAV), acordada com a Comissão Especial de Acompanhamento do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) e com Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop)” (CAPES, 2014).

No entanto, a mudança que gerou mais impacto no Sistema Nacional de Avaliação foi a introdução do Ranking Qualis (PNPG, 2010). A avaliação, dentre outros quesitos, passa a enfatizar a análise a partir da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, o trabalho é considerado de qualidade se for aceito em um veículo de divulgação que possui boa classificação no sistema Qualis. Nesse sentido, os programas de pós-graduação passam a demandar uma demasiada atenção à produção acadêmica, pois esse critério se tornou muito importante para a obtenção de uma boa avaliação.

Sendo assim, Rosa (2008, p.111) afirma que a academia passa a se orientar sob a “lógica industrial”, onde os pesquisadores assumem “papéis de gerentes”, comandando grupos de pesquisa, assim como os gerentes fabris gerenciam suas equipes de produção. Godoy e Xavier (2012) também discorrem sobre o modelo de produção na academia e apontam que a forma de avaliação pautada somente na quantidade de publicações não exerce nenhuma importância científica, pois geralmente esses trabalhos são pouco lidos. A produção de artigos publicáveis apenas com o viés quantitativo, possui serventia somente para as variadas formas de progressão na carreira acadêmica (GODOY E XAVIER, 2012). Schmidt (2011, p.322) afirma que, como ferramenta do produtivismo, a avaliação busca impor um “poder de dominação da esfera científica e intelectual” que tende a se tornar natural e legítimo. As organizações que compõem o campo aderem e se submetem a essa lógica, criando assim, um sistema ao qual deve responder.

Dessa forma, a partir da perspectiva teórica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o presente trabalho busca compreender como a lógica produtivista introduzida no campo de pós-graduação em administração no estado do Rio de Janeiro, influenciou as disputas de poder por parte das organizações que compõem esse espaço social. O autor possui sua base analítica em três conceitos centrais: campos, habitus e capitais. Esses conceitos fundamentaram as categorias de análise, sendo assim, as categorias de análise adotadas no trabalho, são: capital, habitus, campo do ensino em administração e produtivismo. As três primeiras categorías estão diretamente relacionadas ao referencial, enquanto a categoria produtivismo emergiu com o aprofundamento de estudos que indicam a presença de tal elemento no campo analisado nessa pesquisa.

Nesse sentido, Bourdieu (2008) entende o campo como um espaço de interações de forças entre os agentes dotados de um determinado tipo de capital, dentre os diferentes tipos existentes, para conquistarem o domínio do campo. Por habitus entende-se, basicamente, por valores reproduzidos automaticamente pelos agentes e que orienta sua ação. Já o capital é percebido através de diversas formas, e cada campo determina o capital que irá conduzir sua dinâmica. A pesquisa foi realizada entre o primeiro e o segundo semestre de 2016 com docentes que atuam em programas de pós-graduação.

Dessa maneira, o trabalho se justifica por buscar provocar uma reflexão sobre o modelo produtivista que atualmente norteia, de maneira bastante significativa, o campo da pós-graduação em administração, assim como o campo acadêmico de maneira geral. Ainda, a pesquisa pode auxiliar a reflexão por parte de gestores de organizações inseridas nesse campo a respeito de como as relações de poder podem ser modificadas e reelaboradas a partir da introdução de uma nova lógica orientadora de práticas de gestão, bem como sobre as próprias políticas públicas destinadas a esse espaço social e seus efeitos ao longo do tempo.

 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Perspectiva Analítica de Bourdieu

 

A obra de Pierre Bourdieu se desenvolveu sob a percepção relacional entre subjetividade e objetividade, avançando a dicotomia existente. Misoczky (2003, p.24) afirma que a “contribuição das formulações de Bourdieu em estudos organizacionais implica mudança de foco e de compreensão do próprio objeto de estudo”. Sendo assim, uma análise fundamentada na perspectiva de Pierre Bourdieu, para ser completa, precisa abarcar os conceitos de campo, habitus e capitais. Esses conceitos dizem muito a respeito da complexa relação das ações humanas, e nenhum dos três conceitos analisados isoladamente pode explicar os atos humanos, e, é a interligação dos mesmos que regula a conduta humana (SWARTZ, 2002).

O significado de campo evidencia que os acontecimentos sociais são espaços estruturados onde os atores disputam entre si por recursos de valor (SWARTZ, 2002). Para Bourdieu (2004, p.20), campo é “o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência”.

Nessa perspectiva, os programas de pós-graduação, estão inseridos no campo científico, que possui suas próprias especificidades e “regras do jogo”. Dessa forma, Bourdieu (2004, p. 21) afirma que o campo científico “é um mundo social, e como tal, faz imposições, solicitações e etc, que são, no entanto, relativamente independentes das pressões do mundo social global que o envolve”, e assim como todos os outros campos, é um campo de forças e lutas que visam manter ou modificar a lógica das forças dominantes (BOURDIEU, 2004).

É importante esclarecer que assim como o campo econômico, o campo da ciência também possui “relações de força”, disputas de poder, busca por concentração de capital, relações sociais que buscam a “dominação” através da “apropriação dos meios de produção e reprodução”, além de reconhecer a existência de lutas para manter ou subverter a lógica específica do próprio campo (BOURDIEU, 2004, p. 34).

Outra concepção teórica muito importante nos estudos de Bourdieu é a concepção de capital que está intrinsicamente relacionada com o entendimento do funcionamento do campo. Por isso, para que um campo possa ser compreendido, se faz necessário entender como se originou a lógica que o rege. A lógica peculiar do campo pode ser entendida através “da espécie de capital necessário para participar do mesmo”, e tal capital conduzirá as características para o desenvolvimento das relações que irão se estabelecer no campo (BOURDIEU, 2007, p. 106).

Para manter a ordem no âmbito desse espaço, existem as estratégias de reprodução, que visam aumentar ou conservar o volume de capital de um determinado grupo ou agente. Tais estratégias se constituem pelo conjunto de ações, onde os agentes buscan, de forma consciente ou inconsciente, manter ou ampliar seu volume de capital e, consequentemente, manter ou melhorar sua posição na estrutura de relações (BOURDIEU, 2007). Apesar de compreender o campo como um espaço social dotado de uma dinâmica específica que define como serão as regras do “jogo”, Bourdieu (2007) acredita no potencial do agente para movimentar e modificar a lógica que conduz o campo. Segundo o autor, a mudança não ocorre somente pela ação de um agente, mas sim através da mobilização de um grupo.

Dick (2008) afirma que esse potencial gerador de mudanças e transformações advêm do objetivo gerador de habitus. Vale, então, explicitar que, para Bourdieu (2007), “o habitus engendra representações e práticas que, apesar das aparências, são sempre mais ajustadas as condições objetivas das quais elas são o produto” (BOURDIEU, 2007, p. 228). O habitus admite construir uma relação cognoscível e fundamental entre definidas práticas e uma situação, onde o significado é realizado por ele a cargo de categorias de percepção e de apreciação, que são realizadas a partir de uma circunstância objetivamente observável (BOURDIEU, 2007).

 

2.2 O Campo de Pós-Graduação e seu Sistema de Avaliação no Brasil

 

O final da década de 1930 foi marcante para o campo de ensino em administração, apesar da sua consolidação só ocorrer cerca de 20 anos depois. No ano de 1938 foi criado o DASP (Departamento de Administração do Serviço Público), com o objetivo de atingir a eficiência da estrutura administrativa do Estado, tornando-se um forte influenciador nas questões administrativas do governo, tais como o plano estratégico do país (LIMA, 2007). No entanto, apesar do DASP dar suporte ao gerenciamento dos assuntos do estado e auxiliar no desenvolvimento de uma gestão mais racionalizada (LIMA, 2007), não existia ainda, no país, uma entidade provedora de cursos de ensino superior ou pós-graduação em administração.

Detectada essa lacuna no sistema brasileiro, surge, em 1944, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o que marcou o processo inicial para a concepção do ensino da administração. A FGV visava qualificar professores, construir “currículos e métodos de ensino”, vislumbrando o crescimento e o fortalecimento de cursos de graduação em administração no Brasil (LIMA, 2007, p. 185). A Fundação foi de fundamental importância para o avanço da economia no Brasil, “ocupando uma posição dominante, no campo das instituições de ensino de administração, assim como serviu de referência para o desenvolvimento desses cursos no Brasil” (LIMA, 2007, p. 185).

A partir desse primeiro passo, surgiu oficialmente em 1952, no Rio de Janeiro, a Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP), uma escola pertencente a FGV, que tinha o intuito de “promover a preparação de técnicos de administração e funcionários executivos” inaugurando no país, “a graduação e a pós-graduação em Administração” (LIMA, 2007, p. 189). Atualmente, o campo acadêmico – que neste trabalho está delimitado aos programas de pós-graduação em Administração com mestrado e doutorado - possui 38 cursos espalhados pelas diversas regiões do país. Dentre eles, dois atingem a nota máxima da avaliação e possuem conceito 7 (o que equivale a um curso com padrões internacionais); dois possuem nota 6 (o que corresponde a cursos de excelência); 15 possuem a nota 5 (que corresponde a programas de alto nível); 18 possuem a nota 4 (o que significa que o desempenho do programa é bom) e apenas 1 possui a nota 3, sendo que essa nota destina-se aos programas que apresentam o padrão de qualidade mínimo (CAPES, 2014, s/p).

O início da década de 1950 foi um período de grande desenvolvimento da ciência no contexto brasileiro. Nessa época, foram criadas a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que seriam fundamentais para o desenvolvimento da pós-graduação da pesquisa no país.

A Capes originou-se como Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual Capes) em 1951, com o objetivo de garantir uma realidade com recurso humano especializado em quantidade e qualidade o bastante para suprir às necessidades dos projetos públicos e privados que visavam o crescimento do país (CAPES, 2014, s/p). O CNPq foi criado no mesmo ano, porém tinha o objetivo de promover, financiar e organizar o desenvolvimento das práticas científicas, além de conceder bolsas de estudos com o intuito de aperfeiçoar os pesquisadores (PEGINO, 2014).

O desenvolvimento da pós-graduação no país teve o auxílio dessas duas importantes agências do governo. As mesmas garantiram, junto às universidades e às comunidades científica e acadêmica das diversas áreas do conhecimento, o compromisso do Estado de médio e longo prazo com a ciência (OLIVEIRA; FONSECA, 2010).

Ambas as agências tiveram suas primeiras atuações durante o governo de Getúlio Vargas, onde o planejamento do Estado era implementar um projeto nacional desenvolvimentista, que se fundamentava em planos econômicos, aumento das despesas do governo e na pesada industrialização, buscando modernizar os diversos setores do país (OLIVEIRA; FONSECA, 2010). Por isso, a necessidade de se desenvolver ciência e mão-de-obra qualificada para atuar nos projetos governamentais.

O Sistema Nacional de Pós-Graduação surgiu em 1976, quando ainda estava vigente o I Plano Nacional de Pós-Graduação. O principal objetivo para a criação do sistema foi a preocupação com o desenvolvimento da pós-graduação e da pesquisa científica e tecnológica no Brasil. Além disso, nesse período os primeiros passos para a avaliação dos programas foram iniciados (CAPES, 2014).

O SNPG abarca dois processos que são acompanhados por consultores de diferentes regiões e instituições de ensino do país. Um dos processos refere-se à Avaliação das Propostas de Cursos Novos (APCN), e o seguinte diz respeito à Avaliação dos Programas de Pós-graduação (CAPES, 2014).

O processo de Avaliação dos Programas de Pós-Graduação é composto e desenvolvido pelo Acompanhamento Anual e, atualmente, a Avaliação Quadrienal, que tem o objetivo de medir o desempenho dos programas que compõem o SNPG (CAPES, 2014). Segundo a Capes (2014), o processo de avaliação foi implementado com o objetivo de padronizar a qualidade que os programas de pós-graduação deveriam ter, buscando identificar os que têm esse padrão, além de ter a responsabilidade de certificar, permitir, reconhecer e renovar o credenciamento dos programas, alavancando assim o Sistema Nacional de Pós-Graduação com um todo.

No entanto, os critérios de avaliação utilizados têm levado cada vez mais a um isomorfismo estrutural e curricular dos programas de pós-graduação que buscam manter os mesmos padrões para atenderem aos indicadores. (WASSEN; PEREIRA; BALZAN, 2015). Segundo os autores, a preferência por determinar certos critérios para a avaliação está diretamente interligada às políticas públicas de educação do ensino em pós-graduação, tomando como principal preocupação a eficiência, onde as melhores performances devem ser alcançadas com o mínimo de recursos financeiros e temporais. (WASSEN; PEREIRA; BALZAN, 2015).

Para Oliveira (2015), as agências de financiamento e avaliação da pós-graduação possuem vários procedimentos e modos para exercer influência sobre o campo. Um desses elementos são os recursos financeiros, pois a agência tem o poder de aumentar ou subtrair o apoio aos programas. Esse apoio é caracterizado, dentre outros elementos, por bolsas à discentes e professores, ou recursos para manter o desenvolvimento do programa (OLIVEIRA, 2015). Dessa forma, a agência pode definir cortes de apoio financeiro, diminuir o número de bolsas que já existem, indeferir o requerimento de novas bolsas, etc. Assim, a circulação de recursos necessários para o bom funcionamento de um programa acaba por depender da boa avaliação do mesmo.

É importante, também, destacar que não é possível se pensar na avaliação como algo isolado e neutro. A avaliação compõe o Sistema Nacional da Pós-Graduação e está alinhada com os projetos políticos para a educação. Desse modo, é um elemento estruturante no campo em que se insere, se interligando com os movimentos econômicos, sociais, ideológicos e administrativos do país, moldando-se muitas vezes ao contexto atual (DOURADO, 2002). Oliveira (2015, p. 357), nesse sentido, complementa que as agências de avaliação estão em consonância com uma “lógica mais ampla do campo econômico e também com um projeto de governo comprometido com as demandas advindas da conjuntura nacional e internacional [...], que gere maior capacidade produtiva e competitiva”.

De uma forma geral, nos últimos anos o sistema de pós-graduação tem sido guiado pelas “agências de fomento e de avaliação, comprometidas com uma visão de expansão que impulsiona a produção do conhecimento associada às demandas econômico-produtivas” (OLIVEIRA, 2015, p. 357). Nesse sentido, Luiz (2006, p. 301) aponta que a tendência contemporânea pela “quantificação como estratégia de avaliação de qualidade acadêmica, se por um lado a viabiliza operacionalmente, por outro, não nos deve cegar quanto às suas claras limitações”. Para Dias Sobrinho (2003, p. 32) “toda avaliação tem um forte significado político e uma importante dimensão ética, e não apenas técnica”, uma vez que a avaliação sempre é produzida em um “espaço social” conduzido por “valores e disputas de poder”.

3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada no estudo é composta por uma pesquisa qualitativa, desenvolvida através de pesquisa bibliográfica e de campo. Na fase de pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas presenciais, com um roteiro semiestruturado, no período entre janeiro a dezembro de 2016. Participaram da pesquisa 12 docentes, 4 inseridos em programas de universidades públicas e 8 credenciados em programas de instituições particulares, todos os programas pertencentes ao estado Rio de Janeiro. Foram selecionadas, para tal, 5 instituições de ensino, sendo 2blicas e 3 privadas. Dessas 5 instituições de ensino, 4 possuiam programas de doutorado e 1 apenas programa de mestrado. Este último programa entrou para o corpus de pesquisa devido à sua relevância e trajetória no campo, contando com pesquisadores/docentes importantes para a grande área da Administração.

A fase de análise dos dados, por sua vez, contou com o auxílio do software Atlas Ti no momento do agrupamento e classificação dos dados. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que trata os dados contidos nas falas, nos livros, artigos e em todo o corpus que sustenta a pesquisa (BARDIN, 1977). A análise foi organizada em três fases: pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados.

Sendo assim, na fase de pré-análise realizou-se a compilação de todo o material levantado, principalmente as entrevistas, que foram sistematizadas com o intuito de prepará-las para análise. Dessa forma, as entrevistas foram transcritas e salvas em um arquivo RTF (Rich Text Format) para que pudessem ser inseridas no software utilizado para auxiliar a análise. Segundo Duarte (2002, p. 151), o material coletado “precisa ser organizado e categorizado segundo critérios relativamente flexíveis e previamente definidos, de acordo com os objetivos da pesquisa”, é “um trabalho árduo e, numa primeira etapa, mais “braçal” do que propriamente analítico”. Portanto, a fase de exploração de material foi composta fundamentalmente pelas operações de codificação, desconto ou enumeração, a cargo de regras antecipadamente formuladas (BARDIN, 1977).

Já com relação às categorias de análise adotadas no trabalho, são estas os conceitos de capital, habitus, campo do ensino em administração e produtivismo. As três primeiras categorías estão diretamente relacionadas ao referencial teórico adotado nesta pesquisa. Já a categoria produtivismo justifica-se pelo fato de existirem diversos estudos que indicam a presença de tal elemento no campo aqui analisado.

Na fase de tratamento dos dados, realizou-se a interpretação dos mesmos por meio das categorías de análise adotadas. Nesse momento, os dados são tornados significativos e válidos. O pesquisador, assim, deve ter posse de resultados significativos e fidedignos para, somente assim, propor inferências e desenvolver interpretações relativas ao objetivo proposto. Nesse sentido, este estudo pretendeu desenvolver inferências sobre os dados que foram coletados no campo, buscando atingir o objetivo de compreender como a lógica produtivista influenciou as disputas de poder por parte das organizações que compõem o campo de ensino de pós-graduação em Administração no estado do Rio de Janeiro.

 

4. RESULTADOS

4.1 O campo da pós-graduação e seus agentes

De acordo com a perspectiva teórica de Bourdieu, o campo é entendido como um espaço de disputas de poder, onde ocorrem interações de forças entre os agentes dotados de um determinado tipo de capital, dentre os diferentes tipos existentes, para conquistarem o domínio do campo (BOURDIEU, 2008). Desse modo, os agentes se distribuem no campo “na primeira dimensão, segundo o volume global do capital que possuem, e na segunda dimensão, segundo a composição de seu capital – quer dizer, segundo o peso relativo das diferentes espécies no conjunto das suas posses” (BOURDIEU, 1989, p. 135).

Sendo assim, neste estudo entendeu-se como campo o espaço de poder relacionado à pós-graduação em Administração e como agentes os programas das instituições aqui pesquisadas. Percebeu-se que, nesse campo são os programas que atuam como agentes, buscando alcançar posições, deter capitais importantes e conseguir conquistar uma posição dominante no ranking.

Foi possível perceber que existe uma grande preocupação com a posição que o programa irá alcançar no ranking elaborado pela Capes no final da avaliação. Dessa forma, alguns agentes percebem que a atenção ao ranqueamento também mascara a realidade do campo, pois não consegue trabalhar com as diferenças, ou seja, com as características únicas que cada agente possui. Busca-se focalizar nas métricas e instrumentos de quantificação que nem sempre expressam com a devida atenção o trabalho que um determinado agente vem desenvolvendo ao longo de sua trajetória no campo. O trecho abaixo corrobora essa ideia:

Esse ranqueamento é um ranquemento que não faz completa abstração das características regionais, então você observa o seguinte, o padrão para se construir para fazer esse ranqueamento, é um padrão de sudeste, tanto que no levantamento que fizemos para pesquisa é.. que orientei recentemente sobre a avaliação da CAPES [...], o percentual, de notas 6 e 7 do sudeste, é várias vezes superior a região sul e mais varias vezes ainda a região nordeste e norte do país, então o padrão que está posto aí é o padrão sudeste, que não necessariamente significa um bom padrão, do ponto de vista empírico, assim, bem prático, a minha experiência com alguns programas de nota elevada é uma experiência que depõe contra esse ranqueamento, e essa experiência é uma experiência constituída por frequência à bancas [...] na minha opinião, a experiência que eu tenho no Brasil com esses programas com nota 7 é.. e 6.., não, não mudam em nada a minha impressão negativa sobre o ranqueamento feito pela CAPES (Entrevistado 8).

O entrevistado aborda os aspectos regionais, mas também questiona a qualidade que o sistema de avaliação afirma mensurar. Fica nítido, nessa fala, que o modelo de avaliação vigente busca analisar todos os programas partindo de uma visão regional, especificamente criada por meio da realidade da região sudeste, visando construir padrões do que seria a qualidade. É apontado que nem sempre o padrão sudeste será de fato o melhor para se basear e avaliar todos os outros agentes do campo. Por fim, o entrevistado critica aspectos ligados à qualidade encontrada em programas que possuem elevadas notas e, consequentemente uma boa posição no ranking qualis, uma vez que, para ele, nem sempre as pesquisas produzidas pelos mesmos possuem profundidade correspondente à excelência da sua nota. Durante sua fala, ainda, o mesmo entrevistado afirma que a “mercantilização” da academia é, para ele, a maior ameaça à autonomía dos programas. É importante mencionar, ainda, que grande parte dos entrevistados possui uma visão semelhante à do entrevistado acima e expressaram preocupações semelhantes com fenômenos tais como a “instrumentalização que transforma ideias em um mercado” (entrevistado 4), “a alienação da academia” (entrevistado 12) e, também, o “descredenciamento que preocupa mais do que o credenciamento” (entrevistado 1).

O campo da pós-graduação do estado do Rio de Janeiro, assim, possui suas próprias especificidades e regras de condução do jogo. Dessa forma, pode-se dizer que ele é dotado de uma autonomia relativa, já que, apesar de contemplar características específicas e regras próprias, as organizações detentoras dos programas de pós-graduação sofrem inúmeras pressões internas e externas, tais como aquelas exercidas pelas instituições reguladoras e forças políticas e econômicas diversas.

A influência de elementos políticos e econômicos no campo, no contexto atual, se justifica em grande parte por conta da última Reforma do Estado, que buscou instalar no país o modelo gerencialista, inspirado na nova ordem mundial e em experiências estrangeiras ditas de sucesso. Nesse sentido, a reforma do Estado também alcançou a área acadêmica, que instituiu alguns critérios gerenciais em sua avaliação.em termos de posicionamentos, uma vez que o principal intuito dos programas é atingirem nota máxima no ranking da Capes. Ou seja, tal fenômeno levou o campo a instrumentalizar-se e a mercantilizar-se, conforme dito pelos entrevistados. Sendo assim, é possível mencionar que o campo da pós-graduação em Administração pode ser caracterizado claramente como um locus de lutas por recursos de poder (capitais) por parte dessas instituições, que visam manter ou modificar seu posicionamento no âmbito dessa estrutura.

 

 

4.2 Os Capitais Relevantes no Campo

Os capitais relevantes percebidos no campo da pós-graduação estão intrinsecamente relacionados e a posse e variedade desses recursos contribuem para que um agente obtenha uma boa posição em tal espaço. É importante ressaltar que a Capes ocupa uma função reguladora e, dessa forma, já possui uma posição diferenciada no campo, não disputando recursos com os programas. Nesse sentido, os mesmos buscam produzir quantitativamente - e alguns também já se preocupam com a produção qualificada, buscando principalmente a publicação em periódicos internacionais – pois a produção elevada gera publicações que se convertem em pontos e esses pontos irão contribuir para sua avaliação.

A composição de um bom corpo docente, principalmente aqueles que estão comprometidos com a pesquisa, produção e publicação nacional e internacional, são muito bem-vindos para os agentes. São os docentes um dos principais capitais percebidos, pois são eles que irão compor o programa e fazer que se cumpram os objetivos estabelecidos, através dos mesmos o ensino e pesquisa são realizados. Por isso um corpo docente alinhado, bem estruturado, sólido e em consonância com o posicionamento que aquele determinado programa busca atingir é essencial para a trajetória no campo, conforme exposto no trecho de entrevista a seguir:

Eu acho que, é, tem que ter primeiro, tem que ter um corpo docente de alta qualidade tá, eu acho que o corpo docente na pós-graduação mestrado, doutorado, um corpo docente majoritáriamente composto por pessoas com doutorado em instituições de qualidade, onde o doutorado seja realmente é visto como um programa que atingiu níveis bons de qualidade (Entrevistado 6).

Os docentes também devem se preocupar com a publicação em revistas que gerem pontos, direcionando sua produção para revistas qualificadas da área e não qualquer veículo de divulgação, limitando assim, sua livre escolha em decidir onde publicar seu trabalho:

 

Porque eu quero colocar em alguns canais em que não geram pontos na CAPES, mas a CAPES não quer saber, não gera pontos, não publica, se fosse uma avaliação mais qualitativa, como essa que a gente recebe internacional, ela quer saber como você interage com a comunidade, com empresas, com órgãos públicos, então o que esse canais explícitos, é fala com essas pessoas, vê o que você fez, a CAPES não, produção técnica, a.. tem uma negócio lá no CNPq que é produção técnica, a CAPES presta muito pouca atenção, é coisa qualitativa e tal..olha, as vezes não olha, enfim, eu acho que é isso (Entrevistado 6).

O campo de pós-graduação em administração também possui capitais que são cobiçados pelos agentes e essenciais para sua permanência dominante nesse espaço. O grande volume de publicação em periódicos que ocupem boa posição no ranking Qualis, pode ser definido com um desses capitais almejados. A produção científica, principalmente, passou a denominar quais agentes se tornariam dominantes, ou seja, o volume de produção conduz a dinâmica do jogo. Os agentes que se preocupam com a produção acadêmica possuem um corpo docente mais qualificado que conquistam financiamentos para suas pesquisas. Também possuem boa infraestrutura propiciando um bom rendimento aos docentes, dentre outras vantagens que os auxiliam a ocupar uma posição dominante. “É ser bem avaliado, né, é ter inserção nacional e internacional, ter visibilidade, é... porque quando o cara publica o nome do programa tá lá, então..., eu acho que a publicação dá bastante visibilidade pro programa” (Entrevistado 6). “É, tem várias né, tem as óbvias né, quer dizer, a gente produz cientificamente pra conseguir manter o programa qualificado, tá [...], essa é muito óbvia, mas seria empobrecedor dizer que é a finalidade da publicação, da produção científica aqui” (Entrevistado 1).

Quando questionados sobre o que uma posição no ranking poderia representar, alguns detectaram que além de boas condições para financiamento, isso geraria consequentemente um reconhecimento por parte dos outros. Esse reconhecimento se daria por meio da percepção de que aquele agente é referência no campo, que de acordo com a avaliação da Capes possui qualidade e excelência para atuar. É claro que o capital econômico auxilia no alcance desse capital simbólico, pois quanto mais recursos um programa tiver para investir em um desenvolvimento qualificado, maiores serão suas chances de conquistar uma avaliação satisfatória.

 

4.3 O Habitus Organizacional

Os programas buscam se posicionar no campo de uma forma única, buscando sustentar sua tomada de decisão, assumindo seu posicionamento no campo. Nesse sentido, de acordo com os relatos dos entrevistados, foi possível perceber que alguns programas internalizam de maneira bastante explícita as regras do jogo impostas pelas instituições reguladoras e passam a estruturar-se e orientar suas atividades com vistas a assumir uma posição de destaque no campo, inclusive por meio da contratação de profisssionais cuja lógica da produtividade se constitui como principal norteador de suas carreiras.

Outros programas, no entanto, ainda que precisem se adequar às mesmas diretrizes, para que não sejam descredenciados, contam em seu corpo docente com profissionais que não necessariamente possuem a produtividade como principal elemento de preocupação e, portanto, não exercem sobre eles a mesma pressão vista no caso anterior. Isso pode indicar que o fenômeno da mercantilização do campo não impede que habitus diversos sejam visualizados dentro desse espaço, ainda que seja evidente que a lógica voltada à produtividade seja aquela predominante. Os trechos abaixo corroboram esta afirmação:

Espera o que outras universidades esperam, isso é que ele oriente e publique, isso é importante, não é uma...não há um assédio cruel em torno disso, é... a lógica da [...] é uma lógica mais equitativa, é uma preocupação que todos, todos cresçam juntos tá. É.. eu tenho muito mais contato com os professores, portanto, eu troco muito mais informações com eles e a impressão que eu tenho é que o ambiente me permite trabalhar melhor [...]o programa aqui tem um posicionamento muito particular, muito diferente dos outros programas, [...] (Entrevistado 1).

Essa fala parece ir ao encontro do conceito de habitus de Pierre Bourdieu, identificado nesse estudo como um habitus organizacional, pois foi possível notar que esse agente busca claramente se posicionar no campo de forma alternativa a vários outros. Essas questões ficam ainda mais claras quando o agente menciona que pretende permanecer pequeno no campo, pois não tem condições de atender de forma qualitativa a demanda, e por prezar de forma fiel a qualidade do programa. Além disso, percebe-se que se possui um habitus de união muito ressaltado, onde todos pretendem caminhar e crescer juntos, demonstrando o comprometimento com o desenvolvimento no campo.

Já o trecho abaixo evidencia que, diferentemente do que foi dito acima, esse outro programa busca alcançar uma posição mais dominante no campo através de estratégias de diferenciação, caracterizando-se claramente como uma instituição de elite:

é uma Instituição de Elite, então.. uma coisa que eu percebo claramente.. […] você analisa posições de instituições dentro do campo, existe um posicionamento né, então cada uma.. vai se posicionar de uma forma que se diferencie de outras né, então esse destaque né, essa posição de elite, se trabalha aqui muito com a busca de uma estratégia de diferenciação do que os outros fazem, obviamente que a estratégia não é estática né, ela vai mudando ao longo da história né, da pós-graduação no país, né, então naquela época era mais quantitativamente, publicações, os pesquisadores que se destacavam deveriam se.. ser inseridos numa linha de.. de publicações que demonstrasse um desempenho acadêmico em pesquisa, atualmente está linha é internacional, então não basta publicar, tem que publicar a partir de alguns critérios que são fatores de impacto, ham... revistas internacionalmente conhecidas, […] você precisa inovar em estratégia de posicionamento na pós do país, [...] Assim como a [...] quer manter um posicionamento dela como uma Instituição de elite, ela sempre precisa não apenas acompanhar o que a CAPES diz, mas também inovar não é.. puxar outros indicadores que não estejam lá.. como é a parte da internacionalização que eu tô falando né” [...] (Entrevista 12).

Essa fala busca ilustrar a construção de um habitus, que ocorre por meio de eventos históricos que marcam a trajetória, de valores que são adquiridos. Nesse caso, percebe-se que após uma avaliação mal sucedida o agente passou a se importar e preocupar mais e de forma muito atenta aos requisitos da avaliação, se reestruturando para atendê-los, visando até antecipá-los para se manter na posição desejada. Nota-se que para manter a posição de elite no campo, decidiu-se institucionalizar regras que ainda não são comuns para todos na tentativa de se diferenciar no momento presente e assim se destacar. Essa diferenciação ocorre por meio da tentativa de previsão sobre o que a agência de fomento irá exigir futuramente, como é o caso da internacionalização, que já é algo que se percebe no campo, mas para a qual ainda não existem regras e cobranças mais severas.

 

4.4 Estratégias individuais como tentativa de superação da lógica vigente

Conforme já discutido, a perspectiva analítica de Pierre Bourdieu se desenvolveu sob a percepção relacional entre subjetividade e objetividade, avançando a dicotomia existente entre os dois aspectos. Dessa forma, o autor percebe o potencial do agente para o movimento de mudança da lógica que direciona o campo (BOURDIEU, 2007). Segundo o autor, a mudança não ocorre somente pela ação de um agente, mais sim através da mobilização de um grupo (BOURDIEU, 2007).

No entanto, não foi possível identificar mobilizações grupais que busquem fortemente alterar a forma como a avaliação é conduzida. Porém, existem algumas ações individuais que tem o intuito de se posicionarem de uma maneira não convencional ao que é formalmente esperado.

eu hoje acabei de mandar um texto para uma revista, que é até uma revista de organização conhecida aqui no Brasil, com organização, estrutura, amplitude, muita gente boa, mas a revista não está sequer no Qualis CAPES, eu mandei, porque, porque a diretora da revista, a editora da revista disse ‘a gente tá precisando’, eu mandei e mandei dentro de toda as exigências que a revista faz, tá, não foi um arranjo que fiz, mandei um texto é.. aprovado num encontro internacional que eu poderia ter mandado pra uma outra revista que me desse pontuação, to mandando pra uma revista que não me dá pontuação nenhuma, mas eu tenho que fazer isso, porque senão a revista dessa organização jamais vai andar não sobrevive (Entrevistado 8).

Existem ainda tentativas de discutir os anseios que o método de avaliação vigente provoca nos programas, reuniões que buscam avaliar os rumos da pós-graduação em administração e como os caminhos podem ser conduzidos de uma maneira mais participativa. Essas tentativas, podem ser caracterizadas como movimentos que buscam mudar as regras atuais de condução. Todavia, de acordo com o que foi relatado, essa alternativa muitas vezes é dominada por grupos que possuem grande influência no campo.

então eu tenho visto essas discussões, sinalizou isso muito na última reunião que a gente teve de discussão no meio do período, então eu vejo com uma evolução sim.., […], eu acho que a gente tá aprendendo junto, é.. e eu vejo uma coisa que eu acho muito legal que é essa abertura pro diálogo, de fato a gente tem espaço pra ir lá e falar o que a gente acha, pode ser que não mude [risos] mas a gente tem espaço. Agora, ele fere muita suscetibilidade né, e aí você tem gente que ás vezes tem uma história, tem um peso na academia, que vai brigar pra puxar né, porque é o meu programa né, como é que é? Farinha pouca, meu pirão primeiro, [risos] e não to nem aí pro resto, então como é que .., essas discussões são sempre muito caóticas, é.. onde é que isso vai chegar?, não sei.. eu to otimista, mas não quer dizer que acho que vai ser fácil, é.. mas tem que fazer alguma coisa (Entrevistada 7).

Sendo assim, percebe-se que existem agentes preocupados com os rumos futuros que esse modelo de desenvolvimento trará para o campo. Conforme o relato dos trechos das entrevistas, essas iniciativas, ainda que relevantes para se tentar produzir mudança e fazer de modo diferente, são enfraquecidas por não possuiram força e apoio suficientes para se concretizarem. Nesse sentido, são iniciativas e movimentos pontuais e individuais.

Ainda assim, é importante destacar que, para Boudieu, um campo não é dotado de uma única lógica ou um único habitus, ainda que alguns deles sejam predominante em tal espaço. É exatamente essa diversidade de lógicas e de formas de atuação por parte dos agentes nele presentes que permite com que as disputas ocorram, o que faz do campo um espaço de conflitos e de caráter dinâmico. Nesse sentido, diferentemente de outras abordagens como a teoría institucional, em que o foco é dado ao proceso de institucionalização e isomorfismo das organizações que dele fazem parte, a abordagem aquí adotada considera que as tentativas por parte dos agentes de promover alterações no campo, por mais enfraquecidas que sejam, possuem o potencial de promover, ao longo do tempo, mudanças nas características de tal estrutura. No campo da pós-graduação do Estado do Rio de Janeiro, tal dinâmica pode ser percebida a partir da presença de práticas de conformidade ou de discordância às regras do jogo predominantes.

 

4.5 As Disputas de Poder no Campo

Um elemento que compõe a disputa de poder é a competição, uma realidade no campo analizado, e onde as organizações lutam por uma posição de excelência no ranking Capes. Segundo os entrevistados, não é possível que mais de um programa alcance a nota máxima e, para que isso ocorra, é necessário que um programa tenha a nota rebaixada para que outro possa deter a nota alta. Segundo eles, isso também ocorre, inclusive, com a qualificação dos periódicos da área. Pode-se afirmar, então, que o poder nesse campo é representado pela posição dominante, que se traduz no alcance do conceito 7, através da avaliação da Capes. Esse conceito considera que o programa é de excelência, além de equivaler o curso à padrões internacionais. Dessa forma, os agentes competem no campo por posições elevadas nesse ranking, sendo a competição entendida e percebida por todos os agentes atuantes nesse espaço.

Acredito não, eu tenho certeza, como eu disse a própria pós demanda isso, há um ranking, quando há um ranking, não é todo mundo que pode tirar 7, não é todo mundo que vai tirar 6, então é um campo, disputado né, é um campo que tem um jogo que se disputa, tem um jogo né, você trabalha com Bourdieu né, autoridade científica que se disputa, e enfim, né, como é que você vai determinar quem..quem que tem o monopólio dessa autoridade científica? se você for ver um pesquisador jovem, é o número de citações que ele tem né..se você for ver num programa, porque temos no conjunto né, bolsista produtividade, publicações de qualidade, internacionalmente inserido no debate internacional, são..esses critérios né, então é um jogo competitivo [...] há um ranking, quando há um ranking, não é tudo mundo que pode tirar 7, não é todo mundo que vai tirar 6, então é um campo, disputado né, é um campo que tem um jogo que se disputa, tem um jogo né (Entrevistada 12).

Essa fala aponta que a competição que ocorre no campo é muito voltada à melhores posições no ranking, já que não existe espaço suficiente para que todas possam ocupar uma posição de excelência, não se esquecendo também, de todos outros benefícios que uma boa nota pode trazer consigo. Sendo assim, afirma-se que o poder disputado no campo refere-se especialmente ao alcance de posições dominantes nesse sistema de ranking elaborado pela principal instituição reguladora nesse espaço, qual seja, a Capes.

A competição também ocorre para atrair novos discentes, pois sem eles o funcionamento do programa é comprometido, e também por recursos financeiros que são escassos e limitados.

Como é que um aluno vai..., eu acho que a gente tem um grupo de alunos que se interessam por fazer o doutorado, sei lá, vamos começar a pensar na prática né, ah então tá, é, como é que [...], porque que esse aluno vai escolher ir pra um e não ir pra outro né? Eu acho que na verdade a competiçao ta nesse sentido, né, é.. é... os alunos de doutorado, eu to pensando no doutorado, porque o doutorado não paga né, então assim.. de alguma forma, todos tem bolsa, bolsa do CNPq, então é.., meio que.. igual pra todo mundo, né. Mas..se eu tenho um bom aluno de doutorado, né, eu to...eu to aumentando a qualidade do meu curso, né, se eu to aumentando a qualidade do meu curso, eu to ganhando aí, de certa forma né, uma visibilidade maior, mais positiva, os meus resultados né, vão ser resultados mais positivos, nesse sentido, então eu quero alunos bons né (Entrevistada 4).

a lógica da avaliação é uma lógica de discriminação no sentido de que vai estabelecer um ranking dos programas, quem é 7, quem é 6, quem é 5, quem é 4, que em consequência vai alocar recursos de pesquisa, recursos , bolsas de alunos, bolsas. Enfim, tudo cadeia vai junto em cima dessa lógica de funcionamento (Entrevistada 12).

 

Observa-se que uma boa posição no ranking é o capital mais almejado pelos agentes, pois essa conquista reflete várias consequências positivas. Por meio dela, é possível atrair novos discentes, fazendo com que o programa se torne reconhecido no campo e se desenvolva com mais consistência e profundidade, e titulando cada vez mais pessoas. Nesse sentido, pode-se considerar que a obtenção de uma boa nota se converte na propria posse de um grande volume de capital simbólico para essas instituições, Além disso, esse poder também facilita a concessão de bolsas e financiamentos, alocando mais recursos, e se beneficiando ainda mais de sua posição.

Além disso, o maior prestígio virá como consequência de todo esse processo, conforme o programa ganhe reconhecimento dentre os demais, futuros alunos e todos os outros envolvidos no campo. Porém, alguns docentes inseridos nos programas pesquisados afirmam que existe um objetivo maior a ser alcançado, que é a preocupação com o ensino e a formação de qualidade, conforme fica claro no trecho abaixo:

que você tá fazendo um monte de... porcaria, pra fazer pontuação, e qualidade da pesquisa em nome desse produtivismo foi completamente deixada de lado [...] pra mim o problema disso é o que você sinaliza pra novas gerações, professor novinho que fica achando que publicar é isso, é fazer qualquer coisa e botar , mandar pra qualquer lugar contando que esteja fazendo ponto, é.. peraí né..isso prejudica (Entrevistada 7).

Dessa forma, os agentes inseridos no campo disputam o poder através da busca dos capitais relevantes e importantes para se conquistar uma posição dominante. A dinâmica presente se desenvolve da seguinte maneira: os agentes, na maioria das vezes, optam por credenciar docentes doutores que possuem uma considerável produção acadêmica, e que se demostram comprometidos com a pesquisa, ou por docentes que possuem determinado reconhecimento em sua área de estudo e que estão focados em aumentar sua produção. O próprio habitus organizacional predominante também parece estar diretamente direcionado para os processos de avaliação, em que as instituições se organizam para tomar decisões e se posicionar de acordo com o que será demandado pelo sistema de avaliação.

Assim, pode-se afirmar que a posse de um volume considerável de capital cultural (e sobretudo relativo ao saber produzir da forma demandada pelo sistema) proveniente da formação de um corpo docente qualificado leva à obtenção de uma boa pontuação por parte das organizações do campo. Consequentemente, esta boa pontuação se transforma em capital simbólico para esses mesmos agentes, que por sua vez utilizam dos mesmos recursos de poder para a obtenção de outros capitais tais como o econômico-financeiro. Nesse sentido, os relatos dos entrevistados evidenciam claramente o fenômeno da conversão dos capitais mencionado por Bourdieu em sua abordagem.

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

As mudanças que ocorreram ao longo do processo de desenvolvimento da pós-graduação em administração, tiveram impactos significativos no campo. Esses impactos são notados com mais presença nas políticas de avaliação, que atualmente possuem grande inferência no modo de organização de um programa.

Os principais eventos críticos que aconteceram no campo de pós-graduação em administração se referem principalmente aos acontecimentos da década 1990, quando se instaurou no país um período de reforma do aparelho do Estado que acabou por reestruturar diversos setores econômicos, sociais e educacionais. Essas reformas, inspiradas em ideias neoliberais, instalaram lógicas de mercado em organismos públicos, alterando de forma significativa sua estrutura, passando a cobrar resultados e desempenho satisfatórios. No campo do ensino de pós-graduação, isso se refletiu com maior vigor através da instalação de rankings entre os programas e também por meio da classificação de periódicos no Qualis Capes.

Como, atualmente, a publicação em periódicos possui um grande peso nesse processo avaliativo, é natural que os agentes se mantenham preocupados em produzir. Dessa forma, nota-se que a relação entre a lógica produtivista e as disputas de poder no campo acontece quando os agentes procuram por credenciar docentes doutores que possuem um compromisso com a pesquisa e preocupados em atingir muitos pontos de publicação, ou por docentes que possuem reconhecimento e prestígio na área. Por isso, percebe-se que esses docentes precisam estar alinhados com um habitus focado em elevar sua produção, até porque o próprio habitus organizacional também parece estar diretamente orientado para os processos de avaliação, que direcionam a tomada de decisão e o posicionamento desses agentes.

É importante destacar que, no campo de pós-graduação em administração no Rio de Janeiro, existem ações que podem ser caracterizadas como movidas por estratégias individuais, que são tentativas de superação da lógica vigente. Essas ações podem ser percebidas por meio de envio de artigos à revistas não pontuadas pelo Qualis CAPES, ou por meio de reuniões para discussões de anseios sobre os rumos futuros no campo. No entanto, não conseguem se expressar como um movimento de força e densidade para gerar mudanças, mas são de grande importância na busca da superaração de questões que causam insatisfação.

Tal insatisfação advêm da percepção de alguns agentes em relação ao modo como o campo vêm sendo avaliado e consequentemente construido. Para eles, apesar dos avanços proporcionados, como investimentos em bolsas, o modelo de avaliação atual não consegue representar e refletir a realidade do campo, não contribuindo para o crescimento de programas recém criados. Dessa forma, foi possível identificar com os dados coletados e analisados que diferentes lógicas e percepções coexistem no campo, confirmando sua dinamicidade e convergências. O modelo de avaliação dominante é alvo de críticas por parte de alguns agentes e por isso é problematizado.

A lógica produtivista influencia de forma veemente as disputas de poder entre os programas de pós-graduação em administração no estado do Rio de Janeiro. A competição é natural à qualquer campo em que o recursos financeiros e materiais são limitados, e é preciso se mostrar como o melhor e mais capacitado à recebê-los. No entanto, a elevada pontuação no ranking qualis, se tornou, para esse campo, balizadora das posições e pontuações recebidas pelos programas. Nessa lógica, quanto mais se produz e publica, maiores são as chances de conquistar uma avaliação de excelência e consequetemente ter mais acesso aos recursos disponíveis.

Percebe-se que o modo como o campo de pós-graduação vem se desenvolvendo e disputando o poder, pode acarretar limitações e distorções sobre seu verdadeiro papel na sociedade. A lógica produtivista de desenvolvimento transmite aos pós-graduandos que a excelência é alcançada por meio de um grande volume de publicação, se possível internacional, para elevar o prestígio dessa concepção de excelencia, em uma lógica semelhante àquela de caráter industrial. A grande preocupação em elevar a produção e conquistar boas posições no ranking, no entantom pode comprometer a formação de pesquisadores e docentes engajados com a mudança social e melhorias concretas no campo.

Entretanto, é importante mencionar que, ainda que as políticas voltadas ao campo e as orientações estipuladas pelos órgãos reguladores ao longo do tempo, em paralelo à lógica da internacionalização, acabem por resultar em visível isomorfismo, no que diz respeito às práticas implementadas pelas organizações inseridas nesse espaço, os resultados apresentados e a própria perspectiva aqui adotada sugerem que é essencial que possamos refletir para além dos fenômenos que estão postos. Nesse sentido, é importante a compreensão de que existem contradições e questionamentos por parte dos próprios agentes, que evidenciam a existência de outras lógicas e paradigmas que devem ser consideradas na análise. Se, por um lado, é evidente que tais questionamentos e tentativas de se resistir à lógica dominante no campo posssuem um caráter mais micro e até os dias atuais ainda nao possuem força suficiente para gerar contradicões mais acentuadas, que levem a rupturas na lógica vigente, é importante ressaltar que o arcabouço teórico aqui adotado permite pensarmos no campo como um espaço de lutas e contradições e, nesse sentido, ele está em constante mudança, ainda que lentamente.

Por fim, é importante mencionar que, nos últimos anos, especialmente entre 2016 e 2019, o contexto brasileiro passou por diversas mudanças no âmbito político que, evidentemente, resultaram em alterações no que diz respeito às políticas públicas voltadas para o ensino e pesquisa no país. Como exemplo, é possível citar a reforma do ensino médio implementada no ano de 2016, que gerou embates entre diversos atores ligados à área e que resultou em atos como os das ocupações em colégios e universidades (CARVALHO, 2019). Já no ano de 2019, novas políticas públicas de estímulo à internacionalização das universidades, bem como formas de reestruturá-las, começam a ganhar força na agenda governamental. Nesse sentido, sugere-se, para pesquisas futuras, que sejam analisadas, a partir do mesmo arcabouço teórico ou de outros referenciais que também levem em conta a dimensão do poder e do conflito, tentativas mais claras de se opor ou de se resistir a tais políticas de governo. Nesse sentido, seria interessante verificar se estratégias de caráter mais macro ou mais coletivas já podem ser visualizadas de forma mais clara no campo em análise. Os resultados apresentados neste trabalho, podem ser um ponto de partida, nesse sentido.

 

 

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