Artigo 6

1 Universidade Feevale, Brasil, Bacharel em Administração, e-mail: leh.hansen95@hotmail.com

2 Universidade Feevale, Brasil, Doutorado em Administração, e-mail: cristianefroehlich@hotmail.com

3 Universidade Feevale, Brasil, Doutorado em Administração, e-mail: schreiber@feevale.br

 

Recebido em: 12/09/2020 - Revisado em: 23/11/2020 - Aprovado em: 15/12/2020 - Disponível em: 02/01/2021

Resumo

O objetivo dessa pesquisa foi de verificar as ações socioambientais e a percepção dos líderes sobre a adoção dessas ações em uma empresa da indústria calçadista localizada na Serra Gaúcha – Rio Grande do Sul. Foi realizado um estudo de caso, descritivo e qualitativo. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com os integrantes do comitê de sustentabilidade da empresa, documentos e aplicação de questionários para as lideranças. Os principais resultados mostram que a sustentabilidade socioambiental possui relevância estratégica para a unidade estudada e que está sendo disseminada na empresa. Possui em sua missão, visão e valores essa preocupação e investe em ações socioambientais por ser uma demanda para atrair e reter clientes.

Palavras-chave: Sustentabilidade Socioambiental. Ações Socioambientais. Setor Calçadista.

 

Abstract

The objective of this research was to verify the socio-environmental actions and the perception of leaders about the adoption of these actions in a company in the footwear industry, which is located in Serra Gaúcha - Rio Grande do Sul. A descriptive and qualitative case study was carried out. The data were collected through interviews with the members of the company’s sustainability committee, documents and questionnaires for the leaders. The main results show that socio-environmental sustainability has strategic relevance for the studied unit and is being disseminated in the company. It has this concern in its mission, vision and values with this concern and invests in socio-environmental actions as it is a demand to attract and retain customers.

Keywords: Social and Environmental Sustainability. Social and Environmental Actions. Footwear sector.

 

1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade socioambiental é uma estratégia que está se tornando presente no contexto empresarial. Diversas marcas, principalmente as internacionais, estão promovendo ações para reduzir os impactos negativos e se posicionar no mercado, através da oferta de produtos e processos sustentáveis (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014). Algumas empresas já alinharam suas estratégias e ações com foco socioambiental com o objetivo do negócio, missão e valores, para obter vantagem competitiva, aumentar sua reputação, gerar confiança, credibilidade e a fidelização de clientes (BERLATO; SAUSSEN; GOMEZ, 2016).

As empresas do setor calçadista são altamente poluentes. Elas possuem a responsabilidade de implantar medidas para reduzir os impactos causados no meio ambiente e na sociedade, o que pode ser realizado, por exemplo, pela adoção de ecodesign nos produtos e processos, além de ações específicas, que visam a ecoeficiência, tais como a operacionalização da logística reversa, de programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações ecológicas (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014). As empresas que atuam com exportação de calçados, ou que produzem marcas internacionais para o mercado interno, demonstram, cada vez mais, a preocupação com a sustentabilidade socioambiental (FRANCISCO et al., 2014; LUZ et al., 2013). Contudo, constata-se que as principais ações desse setor ainda se restringem, de forma majoritária, ao reaproveitamento dos materiais e o descarte correto dos resíduos (ABICALÇADOS, 2019).

Com o intuito de contribuir para o referido tema, foi realizado um estudo na matriz de uma empresa de grande porte, que produz calçados para marcas internacionais e tem integrada em sua missão, visão e valores, o compromisso com a sustentabilidade socioambiental. Atualmente conta com cinco plantas fabris distribuídas no Brasil e Argentina, produzindo calçados vulcanizados e cementados para os mercados nacional e estrangeiro. A matriz possui aproximadamente mil funcionários, que trabalham desde a elaboração do modelo, processamento de matéria prima, procedimentos de costura, montagem e acabamento do produto, finalizando com o encaixotamento e expedição.

O objetivo da pesquisa consiste em verificar as ações socioambientais e a percepção dos líderes sobre a adoção dessas ações na referida indústria calçadista localizada na Serra Gaúcha – Rio Grande do Sul. A pesquisa evidenciou informações sobre as estratégias e as ações socioambientais da empresa, assunto em destaque tanto para as organizações, que procuram se adaptar a esse novo paradigma, quanto para os consumidores e a sociedade em geral, que tem se sensibilizado acerca do referido tema e tem optado, cada vez mais por adquirir produtos de marcas que desempenham ações de sustentabilidade.

2 SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA CALÇADISTA

A sustentabilidade empresarial é composta por ações que visam promover a redução de impactos ambientais, bem como operacionalizar programas sociais, preservando, no entanto, a sua viabilidade econômica (ARAÚJO et al., 2006). Para uma empresa ser sustentável necessita ter sua missão e valores integrados à sustentabilidade e as estratégias de negócios, com as políticas, os programas e os procedimentos socioambientais presentes em todas as áreas (TACHIZAWA; ANDRADE, 2012).

Quando os gestores, no nível estratégico da empresa, incorporam a sustentabilidade empresarial, a disseminação por toda a estrutura organizacional acontece com maior facilidade. No entanto, vale ressaltar que é necessária a colaboração de todos os níveis hierárquicos (SANTOS; SILVA, 2017).

Espera-se assim que as organizações desenvolvam uma visão holística e uma conduta proativa e transparente, voltadas à reflexão sobre os impactos de seus negócios, levando em conta os interesses dos stakeholders (BELINKY, 2016). Para Froehlich e Bitencourt (2016, p. 59) o conceito do Triple Bottom Line “pode ser utilizado para a elaboração de estratégias, implementação de ações, mensuração dos resultados e elaboração dos relatórios de sustentabilidade”.

A sustentabilidade socioambiental empresarial pode ser caracterizada como um conjunto de políticas, práticas, rotinas e programas gerenciais que visam à implantação dos aspectos sociais, ambientais e éticos, em todos os níveis e operações do negócio, assim como para com os stakeholders (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009). “É um investimento proativo no capital humano, meio ambiente e relação com as partes interessadas” (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009, p. 17).

Essa atitude traz benefícios para a empresa e os stakeholders (COMINI et al., 2013). O Quadro 1 apresenta as principais políticas e ações que as organizações adotam em seus processos produtivos e operacionais.

Quadro 1 – Principais políticas e ações responsáveis voltadas para a produção/operação

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Fonte: Adaptado de Aligleri, Aligleri e kruglianskas (2009), SEBRAE (2019)

As ações socioambientais, quando bem planejadas, tendem a trazer benefícios, como melhorar a imagem da organização e valorizar a marca; assegurar maior satisfação dos clientes perante os produtos e serviços; fidelizar clientes; conquistar novos mercados; reduzir os custos e os riscos; melhorar a qualidade de vida da sociedade e dos funcionários (MOURA, 2011; COMINI et al., 2013; LOPES; SCHAFFER; BERTÉ, 2014). Vale ressaltar que por meio da adoção de ações de sustentabilidade socioambiental se alcança o desenvolvimento sustentável. Essas ações, que buscam a eficiência, podem partir de iniciativas individuais ou coletivas, assim como por meio dos órgãos públicos ou da inciativa privada, todos com o mesmo propósito, de criar um sistema econômico que consiga se tornar autossustentável (BORGES et al., 2015).

Os consumidores possuem expectativas de relacionamentos com organizações que sejam éticas, tem pautado a sua atuação em propósitos, baseados em valores morais consistentes e com ações de responsabilidade socioambiental. Sendo assim, emerge o compromisso com os diferentes públicos (investidores, clientes, fornecedores, consumidores, ONG´s, governos e comunidade em geral) (TACHIZAWA; POZO, 2007). As organizações, governos e sociedades precisam se adaptar a esse novo paradigma (PEREIRA et al., 2011).

As organizações podem adotar ações ambientais focadas no produto e processo produtivo. O desenvolvimento de produtos ambientalmente adequados exige a substituição, ainda na fase de projeção, de matérias primas e componentes poluentes e/ou tóxicos, com o intuito de reduzir o consumo dos recursos e desperdícios. A adoção das ações no decorrer do processo produtivo faculta a concepção de um produto mais sustentável, com redução do consumo de recursos e menor geração de resíduos durante as etapas de produção, armazenagem e entrega aos clientes (JABBOUR; JABBOUR, 2013).

No Quadro 2 são listadas as principais ações ambientais que podem trazer melhorias significativas nos produtos e processos da empresa trazendo benefícios quanto a reputação e o fortalecimento da marca e da empresa.

 

Quadro 2 – Principais ações ambientais

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Fonte: Jabbour e Jabbour, 2013; Plentz e Tocchetto, 2014; Colombo, Nunes e Bezerra, 2016.

 

As ações apontadas no Quadro 2 podem ser implantadas pelas organizações para tornarem seus produtos e processos menos prejudiciais ao meio ambiente. Algumas ações são simples, como propor a mudança de comportamento para reduzir o consumo dos recursos naturais e separar os resíduos na fonte, entretanto todas as pessoas da empresa precisam ter o conhecimento da ação, e de sua importância, e colocar ela em prática. Além disso, a organização pode implantar um sistema de gestão ambiental, através da ISO 14001, obtendo reconhecimento externo das suas ações implantadas.

A sustentabilidade social está relacionada à gestão das pessoas dentro da organização, assim como para com as comunidades ao entorno (LOURENÇO; CARVALHO, 2013). Vale ressaltar que as organizações, ao proporcionar um ambiente de trabalho saudável, reconhecendo a dignidade dos trabalhadores, respeitando e promovendo os princípios legais, estão contribuindo para sustentabilidade social (COLUCCI, 2015). Ela está voltada principalmente para a qualidade de vida e o bem-estar, tanto do funcionário quanto das pessoas envolvidas indiretamente no negócio (SAUGO; MARTINS, 2012).

Entre as ações organizacionais mais valorizadas pelos brasileiros, segundo dados da pesquisa do Instituto Akatu, as cinco primeiras da lista são ações sociais e as demais relacionadas à preocupação ambiental (SPITZCOVSKY, 2014). As referidas ações sociais constam no Quadro 3.

Quadro 3 – Ações sociais mais valorizadas pelos brasileiros

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Fonte: Adaptado de Spitzcovsky (2014).

Nesta perspectiva é possível afirmar que a sustentabilidade social representa um investimento proativo organizacional, que vai além de cumprir com as exigências legais, por meio de ações para melhorar seu ambiente interno, em aspectos como, saúde, segurança e qualidade de vida dos funcionários assim como para melhorar a sua reputação perante os stakeholders, bem como para reduzir impactos socioambientais negativos gerados.

Dentre os setores que mais poluem e, portanto, precisam revisar seu modelo de negócios, em relação à responsabilidade socioambiental, estão às indústrias de calçados. Devido ao relevante impacto ambiental, maioria delas implanta, ou está em vias de implantar, medidas para reduzir os impactos causados no meio ambiente e na sociedade, o que pode ser realizado de diversas formas, como, por exemplo, seguindo os conceitos de ecodesign na fabricação de produtos e operacionalização de processos, com destaque para a ecoeficiência (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014). O Quadro 4 apresenta as principais ações adotadas pelas empresas desse setor.

Quadro 4 – Principais ações das empresas calçadistas

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Continua....

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Fonte: Tachizawa e Andrade (2012, p. 177-178)

As ações apresentadas no Quadro 4 evidenciam a preocupação das empresas calçadistas com o consumo de água e energia, com as emissões atmosféricas, com os resíduos e materiais perigosos. Elas visam promover mudanças em seus produtos e processos para melhorar os aspectos relacionados ao meio ambiente e à saúde humana. Além disso, adotam a logística reversa, investem em programas de reciclagem, de ecoeficiência e outras inovações ecológicas (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014).

A produção calçadista é “baseada nos princípios just-in-time, redução de custos e flexibilidade, com uso intensivo de recursos naturais e grande geração de resíduos, efluentes e emissões” (FRANCISCO et al., 2014, p. 1). A produção de calçados em couro gera elevados índices de poluição de resíduos em função dos metais pesados, e a produção de calçados em sintético gera resíduos que impactam negativamente o meio ambiente (TACHIZAWA; ANDRADE, 2012). O descarte deve ser uma das principais preocupações voltadas ao meio ambiente, pois muitos materiais não são facilmente degradados (JESUS et al., 2015). No entanto, o sintético, ao substituir o couro, que necessita o processo de curtimento com cromo, produto químico ambientalmente tóxico, representa menor impacto ambiental (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014). A seleção de materiais com menor impacto ambiental é uma das funções do designer e está voltada a ecoeficiência.

O reaproveitamento dos materiais e o descarte correto dos resíduos são duas das principais preocupações do setor calçadista (ABICALÇADOS, 2019), assim como reduzir os resíduos, principalmente os perigosos, como couro curtido com cromo, adesivos a base de solventes, tintas, plásticos e metais (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014). Além dos adesivos a base d’água, os filmes e primers estão cada vez mais sendo utilizados pelas indústrias, devido à sua qualidade, apelo sustentável e relação custo x benefício, melhorando as condições de saúde (ASSINTECAL, 2018).

Diversas marcas, incluindo algumas consolidadas no mercado, utilizam o conceito ecológico e são reconhecidas por isso, incentivando fabricantes e consumidores a desenvolverem mudanças em relação à produção e ao consumo sustentável (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014).

Para a organização fortalecer a dimensão social ela deve “investir no bem-estar dos funcionários e dependentes e em um ambiente de trabalho saudável, além de promover a comunicação transparente, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou consumidores” (PONCHIROLLI, 2008, p. 55). Além disso, pressupõe-se o investimento em projetos sociais relacionados à educação, meio ambiente, saúde, cultura, segurança, inclusão social, visando o bem-estar da comunidade em que a empresa está inserida.

Cumprir com as exigências legais, investir na capacitação dos funcionários, incentivar a inclusão de pessoas com necessidades especiais, não possuir mão de obra infantil, transmitir para os funcionários os valores da empresa e dispor um manual próprio de conduta ética representam mais ações sociais que a empresa pode implantar (SROUR, 2008; TACHIZAWA; ANDRADE, 2012).

A partir da fundamentação teórica apresentada é possível afirmar que a sustentabilidade socioambiental empresarial é constituída de um conjunto de ações que podem evitar ou diminuir os impactos causados pelas organizações no meio ambiente e para as partes interessadas.

Foram apresentadas as principais ações ambientais e sociais que podem ser adotadas pelas organizações para as quais a performance vai além de gerar lucro, contemplando, também, aspectos ambientais e sociais, oferta de produtos e operacionalização de processos menos prejudiciais ao meio ambiente, adoção de ações para a redução do consumo dos recursos naturais, índices de poluição, destinação correta dos resíduos, sem utilizar mão de obra infantil, oferecendo igualdade de oportunidades e remuneração justa.

O novo modelo de organização se justifica na medida em que os consumidores estão demandando por produtos e empresas que adotam ações de sustentabilidade socioambiental.

3 MÉTODO

A pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso único, em uma organização de produção de calçados, de grande porte e classifica-se como descritiva, com abordagem qualitativa. A matriz situa-se na Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, foi fundada em 1998 e no final do ano 2019 tinha, aproximadamente, 1000 funcionários. Com cinco plantas fabris, distribuídas no Brasil e na Argentina, a referida organização produz calçados vulcanizados e cementados, adulto e infantil, para marcas consolidadas no mercado. As principais marcas concorrentes da empresa são: Adidas, Puma, Olympikus e Penalty. No ano 2004 a organização inseriu, entre seus valores, o compromisso com o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da comunidade local. Em 2018 foi incluída na missão, visão e valores da organização a busca pela sustentabilidade do negócio, contemplando os funcionários, clientes, fornecedores e comunidade em geral (MANUAL DE INTEGRAÇÃO, 2019).

Para a coleta de dados foi elaborado um roteiro de entrevista semiestruturado com 19 perguntas que foi construído com base em Froehlich (2014), Krafta (2008), Vuelma (2013). Foram entrevistados quatro integrantes do comitê de sustentabilidade (Quadro 5). As entrevistas ocorreram na empresa, no mês de julho de 2019, e foram gravadas e transcritas, com tempo médio de duração de uma hora e quinze minutos cada uma.

 

Quadro 5 – Perfil dos entrevistados

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Fonte: Dados da Pesquisa

Vale ressaltar que os entrevistados trabalham há mais de oito anos na empresa e a maioria possui ensino superior completo. Os mesmos foram nomeados como E1, E2, E3 e E4 para posteriormente facilitar a análise dos dados.

Outro instrumento de coleta foi um questionário construído com perguntas fechadas e abertas, aplicado aos líderes (Quadro 6) com objetivo de identificar a percepção deles sobre as ações socioambientais da empresa. Os líderes considerados nesse estudo foram os gerentes e os supervisores da unidade matriz, totalizando 15 líderes.

O questionário teve 14 perguntas elaboradas com base no referencial teórico, e também adaptadas de Andres (2001) e Teles (2016). O questionário foi validado com os membros entrevistados do comitê de sustentabilidade, pois possuem amplo conhecimento sobre as ações ambientais e sociais da empresa. Os questionários foram entregues fisicamente para os líderes no dia 27/08/2019, contendo em anexo uma nota que explicava a finalidade do questionário e indicava para serem entregues no setor de Recursos Humanos. No dia 09/09/2019 todos os questionários estavam respondidos.

Quadro 6 – Perfil dos respondentes do questionário

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Fonte: Dados da Pesquisa.

A amostra dos líderes é composta por 6 gerentes e 9 supervisores. Observa-se que 5 líderes possuem ensino médio completo, 5 possuem superior completo, 4 superior incompleto e 1 líder ensino médio incompleto. A maioria trabalha na empresa há mais de 10 anos.

A coleta de dados contemplou documentos como: manual de integração dos funcionários da empresa (2019); manual de gestão ambiental (2018); e certificado de energia renovável (2018). Os dados coletados passaram pelo processo de análise e interpretação, sendo tabulados, resumidos, organizados e apresentados, para facultar a interpretação. Para isso utilizou-se a análise de conteúdo qualitativa que inicia com a transcrição das entrevistas, pois envolve descrições verbais e não números (GIL, 2019).

 

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A sustentabilidade socioambiental para o Entrevistado 1 (E1) “[...] está relacionada com a produção mais limpa, com a minimização da geração de resíduos e com a conscientização dos funcionários [...]”. Para o E2 “[...] pode ser definida como um conjunto de ideias, atitudes e estratégias que fazem o negócio crescer e se desenvolver, sempre respeitando os três pilares (econômico, social e ambiental). Já para o E3 é “uma meta a ser alcançada, através de iniciativas para diminuir os impactos gerados, preocupando-se com a poluição que a empresa está causando ao meio ambiente e à sociedade. Assim como o E4 disse que “sustentabilidade é ser autossuficiente, através de ações que visem reduzir os impactos gerados no meio ambiente. É preocupar-se com o negócio, a sociedade e o meio ambiente, pensando no nosso futuro e das próximas gerações”.

A partir dos relatos dos entrevistados, pode-se dizer que a sustentabilidade está voltada para a preocupação com o meio ambiente e a sociedade. A organização “[...] está focada em integrar cada vez mais a sustentabilidade ao posicionamento estratégico do negócio” (E1). O que é visível com a afirmação de todos os entrevistados, quando questionados se a sustentabilidade está inserida nas estratégias de negócios. O E4 colocou que, “em 2018, foi inserida na missão, visão e valores da empresa”. De acordo com Tachizawa e Andrade (2012) para a organização ser sustentável ela necessita ter sua missão, crenças e valores integrados a sustentabilidade e as estratégias de negócios. O E3 apontou que a sustentabilidade “[...] está inserida no planejamento estratégico da empresa e existem pilares que precisam ser atendidos”. Conforme Santos e Silva (2017) implantar a sustentabilidade no nível estratégico é de suma importância, pois facilita a integração por toda a estrutura organizacional.

Ao apontar os motivos da empresa investir em sustentabilidade, os entrevistados reforçaram ser esta uma questão de necessidade de seus clientes. Esses clientes, no caso, são as marcas para quem a empresa produz, que valorizam e procuram se relacionar com empresas éticas, com boa imagem institucional e ecologicamente responsáveis (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009). O E1 disse que “a empresa investe em sustentabilidade para atender as políticas das marcas para quem trabalha e para ser líder na fabricação de calçados vulcanizados”. O E2 falou que “os investimentos na área de sustentabilidade ainda estão atrelados às exigências dos órgãos ambientais e das marcas”. O E3 afirmou que a organização investe “[...] por causa do compromisso que ela possui com os seus clientes”. O E4 mencionou que “a educação socioambiental dos funcionários é um dos motivos [...]. Mas investe principalmente, por ser um fator de competitividade e ser um requisito de seus clientes, das marcas licenciadas pela empresa”.

Vale destacar que a legislação possui forte impacto na tomada de decisão da organização quando o tema está relacionado à dimensão ambiental. Ela está se tornando cada vez mais rigorosa e as indústrias não têm opção, elas precisam se adequar, atender as exigências municipais, estaduais e federais (E1, E2, E3). Tanto o mercado quanto o governo estão pressionando para a regularização das empresas, sejam elas de grande porte ou microempreendimentos (SEBRAE, 2019; BARBIERI, 2012). Algumas ações partem de iniciativas individuais, outras de ações coletivas, por meio dos órgãos públicos ou da inciativa privada (BORGES et al., 2015).

Em relação às barreiras e os desafios, os entrevistados destacaram o custo como sendo o principal aspecto. Quando se trata de projetos de sustentabilidade, reciclagem, reaproveitamento de matéria prima, o desafio decorre dos custos de implantação. Para Barbieri (2012) uma empresa sustentável cria valor em longo prazo, e a preocupação ambiental é um fator de competitividade que facilita a expansão para novos mercados (MOURA, 2011). Um desafio apontado pelos entrevistados é a aquisição de parceiros de confiança para cuidar dos resíduos.

A empresa se preocupa com esse aspecto, e precisa ter a garantia de que não irá correr riscos de ter que arcar com multas e ações legais por descumprimento da legislação (MOURA, 2011). Outro ponto é “convencer as pessoas sobre a importância socioambiental, necessita-se educar as pessoas sobre esse tema, contudo, essa educação já deveria vir de casa, ter sido ensinada nas escolas” (E4). A organização promove ações para implantar a cultura da sustentabilidade socioambiental (BORGES et al., 2015).

A organização não possui um setor específico para gerenciamento de temas socioambientais, sendo uma atribuição do setor de SSMA – Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Desde 2018, a empresa possui um comitê de sustentabilidade no qual participam: engenheiro de segurança do trabalho, tecnólogo em meio ambiente, técnico em segurança do trabalho e três líderes da empresa. Neste comitê, são discutidos e viabilizados diversos projetos de sustentabilidade, sendo replicados posteriormente para as demais unidades da organização (E1, E2). O E2 disse que “mensalmente encontros são realizados para a definição de trabalhos, verificação do andamento e discussões de novos projetos”. Os entrevistados 3 e 4, além do setor de SSMA, citaram o setor de Recursos Humanos (RH) e o setor de Melhoria Contínua, como setores de apoio.

O setor de SSMA é responsável, por exemplo, pela parte de energia e carbono e a gestão de resíduos. O setor de RH se envolve com a questão social e o setor da Melhoria Contínua tem o objetivo de reduzir os desperdícios e aumentar a produtividade e a qualidade. Afinal, a sustentabilidade socioambiental é um investimento que representa um conjunto de ações que visam à implantação dos aspectos sociais e ambientais em todos os níveis e operações do negócio, assim como para com os stakeholders (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009).

Em relação à aplicação das ações de sustentabilidade socioambiental para as filiais do grupo, a pesquisa evidenciou que cada unidade possui, assim como a empresa matriz, o setor de SSMA, o qual, em parceria com o RH implanta ações que visam atender a legislação vigente e priorizar ações proativas de acordo com as principais necessidades de cada filial, que mudam de acordo com o local em que a empresa está instalada. A matriz replica os projetos que são viabilizados para as filiais e o setor de Melhoria Contínua oferece suporte para as mesmas (E1, E2, E3, E4). O objetivo é oferecer as mesmas condições de saúde e segurança no trabalho, reconhecendo a dignidade dos trabalhadores e realizando investimentos proativos no capital humano, meio ambiente e para com as comunidades ao entorno (SPITZCOVSKY, 2014; LOURENÇO; CARVALHO, 2013; COLUCCI, 2015).

Os resultados obtidos com essas ações de sustentabilidade são divulgados para as marcas com as quais a empresa trabalha, para a gerência e os líderes imediatos dos setores. É realizado um comparativo entre o antes e o depois, mensurado por meio de perdas e ganhos, onde as marcas estabelecem metas e a empresa trabalha para atingir. Cabe aos líderes dar o exemplo em relação às ações socioambientais, apresentar para os funcionários as melhorias obtidas e controlar se as ações estão sendo praticadas (E1, E2, E3). São realizadas oito auditorias externas por ano para a empresa manter as licenças das marcas produzidas (E1). Diminuir o efeito que suas atividades causam ao meio ambiente, adotando medidas para assegurar a sustentabilidade socioambiental são ações que tendem a melhorar a imagem da organização e valorizar a marca (MOURA, 2011; COMINI et al., 2013; LOPES; SCHAFFER; BERTÉ, 2014).

A partir dos dados apresentados é possível afirmar que a sustentabilidade socioambiental possui relevância estratégica para a empresa estudada. Seus clientes estão dispostos a aderirem aos produtos ambientalmente responsáveis, produzidos por processos menos prejudiciais ao meio ambiente e às pessoas, em um ambiente de trabalho saudável (BARBIERI, 2012; PONCHIROLLI, 2008; TINOCO, 2010). O objetivo da estratégia é colocar a organização em uma posição de vantagem em relação à concorrência (BARBIERI, 2012; BERLATO; SAUSSEN; GOMEZ, 2016). O Quadro 7 apresenta a síntese das ações socioambientais adotadas pela empresa.

 

Quadro 7 – Ações socioambientais da empresa

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Fonte: Elaborado pelas autoras com base no Manual de Gestão Ambiental (2018), Entrevistados.

Em relação às percepções dos líderes sobre a sustentabilidade socioambiental da empresa, a maioria citou a importância dessa preocupação estar presente nos valores da empresa, que devem ser compartilhados com os demais colaboradores da organização, como mencionam Tachizawa e Andrade (2012), para os quais, a organização, para ser sustentável, necessita integrar as políticas, programas e procedimentos socioambientais em todas as áreas da empresa.

Quanto ao grau de conhecimento dos líderes sobre as ações socioambientais adotadas pela empresa, constatou-se que 80% possuem alto conhecimento. Nesse sentido, segundo mencionam Santos e Silva (2017), quando o nível estratégico da empresa incorpora a sustentabilidade empresarial, a disseminação por toda a estrutura acontece com maior facilidade. Ao indagar como os líderes adquiriram conhecimentos sobre as ações socioambientais, os respondentes assinalaram palestras e treinamentos, através de reuniões, informativos em murais, e-mail informativo e no site da empresa.

A questão seguinte visava identificar as ações adotadas pela organização para redução dos impactos ambientais. Os respondentes destacaram a redução e correta destinação dos resíduos; redução do consumo de água, de energia e das emissões atmosféricas; coleta seletiva do lixo; encaminhamento de descartes para coprocessamento e não para aterros; substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED; a substituição de adesivos a base de solventes para a base d’água; substituição de matérias-primas e equipamentos com maior impacto ambiental.

Vale ressaltar que a indústria calçadista apresenta vários riscos, destacando-se o risco químico por envolver o manuseio de produtos durante o processo e o risco físico, pela exposição ao ruído. Por isso, se faz necessário adotar medidas em relação aos produtos ou serviços visando minimizar os riscos à saúde e segurança das pessoas envolvidas no processo de fabricação, dos consumidores e clientes, reduzindo os danos ao meio ambiente (LUZ et al., 2013; TACHIZAWA; ANDRADE, 2012). Todos os líderes afirmaram que a empresa já substituiu algum produto, máquina ou equipamento por um menos prejudicial. A maioria dos líderes mencionou a substituição de adesivos a base de solvente por adesivos a base d’água.

O adesivo a base de solvente é um resíduo perigoso, e esta substituição além da qualidade, do apelo sustentável, relação custo x benefício, melhora as condições de saúde das pessoas envolvidas (ASSINTECAL, 2018; PLENTZ; TOCCHETTO, 2014). Os líderes apontaram as ações como o tratamento de água e esgoto, troca de equipamentos que não têm sistema de segurança, sola de borracha com percentual de material reciclado e energia limpa.

Visando reduzir e evitar os riscos voltados à saúde dos funcionários, vale destacar que em todos os setores da empresa, o uso dos equipamentos de segurança (EPI’s) é obrigatório, sendo que para cada função existem os EPI’s indicados por especialistas da área (MANUAL, 2018). Essa preocupação com as condições de saúde, segurança e benefícios básicos, tanto dos funcionários regulares como dos terceirizados, está entre as ações mais valorizadas pelos brasileiros (SPITZCOVSKY, 2014). Os atelieres, por exemplo, que são terceirizados, também são auditados pelas marcas com as quais a empresa trabalha. De acordo com o E4, é verificado se estes possuem condições de saúde e segurança no local de trabalho e os benefícios básicos que atendem a legislação.

Buscou-se verificar se os líderes têm conhecimentos sobre as normas de seleção de fornecedores que contemplem as exigências e critérios socioambientais. Um deles assinalou a opção de que não tinha conhecimento. Contudo, a empresa procura comprar de fornecedores preocupados com as questões ambientais e preferencialmente que tenha algum selo que comprove a sustentabilidade socioambiental (SEBRAE, 2019).

Ainda se evidenciou que a organização promove treinamentos para conscientizar os funcionários a respeito das questões socioambientais. Esses treinamentos são realizados para integrar as políticas, os programas e os procedimentos socioambientais nas áreas da empresa (TACHIZAWA; ANDRADE, 2012). O envolvimento de todos os funcionários é fundamental para estabelecer uma cultura de produção com atitudes sustentáveis (SEBRAE, 2019; BARBIERI; SILVA, 2011).

A partir dos dados coletados foi possível identificar a relevância estratégica da sustentabilidade socioambiental para a empresa e conhecer as suas ações socioambientais. Destacam-se aquelas voltadas aos resíduos sólidos e a política dos 4R’s (Reduzir, Reutilizar, Recuperar e Reciclar) visando reduzir a quantidade de lixo a ser descartado. O reaproveitamento dos materiais e o descarte correto dos resíduos são duas das principais preocupações do setor calçadista assim como da empresa estudada (ABICALÇADOS, 2019).

Para reduzir os resíduos a empresa trabalha a eficiência dos processos, utilizando, por exemplo, equipamentos modernos que calculam o aproveitamento no corte das matérias-primas. Aplica a logística reversa com os fornecedores de adesivos e solventes, que recolhem as embalagens usadas, evitando que tenha mais esse resíduo na empresa (MANUAL, 2018). Assim como, com as lâmpadas queimadas e a maioria dos equipamentos eletrônicos (E3). Anualmente, são realizadas campanhas para que os funcionários tragam seus resíduos eletrônicos e a empresa encaminha para a destinação correta (MANUAL, 2018).

Os resíduos de EVA e borracha são reciclados e reutilizados dentro da própria empresa. O resíduo de EVA é moído e formulado novamente, obtendo-se nova matéria prima. Igualmente como os resíduos de borracha (solas falhadas e rebarbas), também são moídos e formulados novamente, obtendo-se nova matéria prima (MANUAL, 2018). Com esse processo diminui-se o volume de resíduos, reduzindo custos de aquisição de matéria-prima e contribuindo para a preservação dos recursos naturais, tornando o produto mais sustentável (JABBOUR; JABBOUR, 2013).

Além de possuir a reciclagem interna, a empresa possui a reciclagem externa de resíduos, como papel, plástico, metais e vidros, que são encaminhados para uma usina de reciclagem. Já os resíduos de espuma são destinados para uma fábrica de estofados e travesseiros, onde são reutilizados (MANUAL, 2018). Os três entrevistados mencionaram que as aparas de couro são encaminhadas para uma empresa e são destinadas para a produção de adubo.

Conforme Moura (2011) a recuperação, da política dos 4R’s, ocorre quando se resgata um resíduo, de valor mais alto, para realizar outra atividade. Exemplifica ainda, dizendo que isso ocorre com a queima de materiais sólidos e líquidos para produzir energia, nesse caso, ocorre com a transformação de resíduos industriais em energia. Conforme o E3, a recuperação na empresa estudada, acontece com aqueles resíduos que não podem ser reutilizados de outra forma e são encaminhados para coprocessamento, onde servem de energia para um forno de cimenteira. A sobra desse processo pode gerar cinzas e essas são incorporadas no processo de fabricação de cimento. Esse processo evita o encaminhamento de resíduos para os lixões, auxiliando na solução do problema da grande quantidade de lixo gerado e acumulado nesses ambientes (RODRIGUES et al., 2017; MOURA, 2011).

Verificou-se a partir dos dados que a empresa se preocupa em oferecer um ambiente de trabalho saudável e seguro, disponibilizando treinamentos e equipamentos de segurança. Além das ações que visam amenizar os impactos ao meio ambiente, a empresa possui ações voltadas para a dimensão social, investindo em projetos voltados ao bem-estar tanto dos seus funcionários como da comunidade em que está inserida (SROUR, 2008; TACHIZAWA; ANDRADE, 2012). Visando à educação, a empresa oferece auxílio de custo de 50% em cursos técnicos ou de idiomas e 6 créditos da faculdade.

No início do ano, a empresa distribui um kit escolar para os funcionários que estão estudando. O intuito da empresa é melhorar a educação, a inclusão social, desenvolvendo o crescimento pessoal, social e profissional (QUEIROZ; ESTENDER; GALVÃO, 2014). Assim como, são patrocinados eventos culturais e esportivos, e realizadas campanhas de voluntariado, como por exemplo, Campanha do Agasalho, Natal Solidário, Campanha de Doação de Sangue, realizada no pátio da empresa, em parceria com o Hemocentro, a coleta de tampinhas para ajudar uma entidade de apoio a crianças com câncer de Novo Hamburgo-RS, e campanhas para ajudar lares em estado de vulnerabilidade.

Com os questionários aplicados aos líderes dos níveis estratégico e tático da empresa foi possível confirmar que as ações socioambientais apresentadas pelos entrevistados e em documentos, são conhecidas pelos líderes da mesma. Por meio da análise percebeu-se que apenas um supervisor não está totalmente alinhado com as ações que a empresa possui, respondendo, por exemplo, que não possui conhecimento em relação à troca de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED, assim como desconhece as normas para selecionar fornecedores.

À guisa de conclusão pode se afirmar ser essencial os líderes possuírem conhecimentos a respeito das estratégias e ações socioambientais porque facilita a implantação da sustentabilidade socioambiental nos demais níveis hierárquicos da empresa. Para a unidade analisada, a divulgação dos resultados obtidos com a implantação das ações socioambientais para os funcionários, é uma responsabilidade dos líderes de cada setor. São eles que participam das reuniões com os clientes e sabem a importância dessas ações para os mesmos e para a organização.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo foi verificar as ações socioambientais e a percepção dos líderes sobre a adoção dessas ações em uma indústria calçadista localizada na Serra Gaúcha – Rio Grande do Sul. A partir dos dados constatou-se que a organização atua com ações de sustentabilidade socioambiental para reduzir e evitar os impactos gerados e atender a demanda de seus clientes, para não perder a competitividade de mercado.

Foram evidenciadas as ações socioambientais adotadas pela empresa, com destaque para: a reciclagem interna dos resíduos para obter nova matéria prima; a reciclagem externa (papel, plástico, metais e vidros); e a coleta seletiva do lixo, respeitando o código de cores das lixeiras. Além disso, foram citadas: a utilização de energia elétrica proveniente de fonte renovável; a realização de treinamentos e disponibilização de EPI’s visando à saúde, segurança e o bem-estar do funcionário, assim como, auxílio educação, eventos culturais e realização de campanhas de voluntariado para cooperar com a comunidade em que está inserida.

Em relação às perspectivas dos líderes sobre as ações socioambientais verificou-se que eles possuem amplo conhecimento sobre essas ações da empresa e exercem um papel fundamental, servindo de exemplo para os demais colaboradores, tendo a responsabilidade de comunicar os principais resultados obtidos e controlar se as ações estão sendo praticadas nos seus respectivos setores.

Para a organização estudada sugere-se a constituição de uma área específica de sustentabilidade socioambiental, pois atualmente três setores trabalham as ações socioambientais em paralelo, o setor de SSMA – Saúde, Segurança e Meio Ambiente, o setor de Recursos Humanos e o setor de Melhoria Contínua. Com uma área específica acredita-se que as ideias e as ações poderiam ser analisadas e implementadas de forma ágil. Esse estudo apresenta exemplos de ações socioambientais, assim como, oferece contribuições empíricas para outras empresas calçadistas implantarem ações para contribuírem com a sustentabilidade socioambiental.

O estudo de caso não pode ser generalizado porque analisou o ambiente interno da unidade matriz de uma indústria calçadista específica. A organização não permitiu que o questionário fosse aplicado a todos os funcionários, podendo ser aplicado apenas aos líderes dos níveis estratégico e tático (gerentes e supervisores). Desse modo, sugere-se para próximos estudos aplicar os questionários para todos os funcionários da empresa para verificar a percepção deles sobre as ações de sustentabilidade socioambiental. Poderia ser aplicado nas demais filiais da empresa, assim como, para outras empresas calçadistas, com o objetivo de evidenciar ações implantadas nas empresas da região, fazendo com que mais empresas adquiram o conhecimento e adotem ações socioambientais.

 

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