Artigo 3

Evidenciação dos resultados da produção científica nacional

sobre educação financeira

 

 

Evidence of results for Brazilian scientific production based on financial education

 

 

Bruna Santos de Medeiros1, Henrique Geraldo Rodrigues2 e

Aracy Alves de Araújo3

1 Universidade Federal de Uberlândia, Brasil, Bacharel em Administração, e-mail: brunasantosmedeiros@gmail.com

2 Universidade Federal de Uberlândia, Brasil, Doutorado em Administração, e-mail: henrique@ufu.br

3 Universidade Federal de Uberlândia, Brasil, Doutorado em Economia, e-mail: aracy@ufu.br

 

Recebido em: 29/06/2023 - Revisado em: 14/08/2023 - Aprovado em: 30/09/2023 - Disponível em: 31/12/2023

Resumo

Nesta pesquisa, objetivou-se realizar a revisão sistemática da literatura nacional sobre educação financeira, com a finalidade de evidenciar os principais resultados gerados pelos estudos. Para tanto, o corpus da pesquisa foi constituído por trabalhos publicados em periódicos classificados nos estratos Qualis Periódicos A1, A2, B1 e B2, no período de 2000 a setembro de 2020. A partir da análise de conteúdo, foram identificadas e discutidas as seguintes categorias temáticas, oriundas dos resultados dos estudos analisados: os efeitos de aprendizados relativos à educação financeira; os efeitos da ausência de aprendizados relativos à educação financeira; a relação entre educação financeira e variáveis sociodemográficas; e perspectivas críticas em relação à educação financeira e ao modelo de sua implementação. Ainda, foram identificadas e discutidas as seguintes categorias temáticas oriundas das contribuições ou implicações geradas pelos estudos: aprimoramento da implementação do Programa de Educação Financeira nas Escolas; fortalecimento do papel dos departamentos de recursos humanos, das organizações do trabalho, na disseminação da educação financeira aos seus empregados; e implementação de políticas públicas voltadas à educação financeira. São apontadas contribuições teóricas e práticas oriundas desta revisão, além de implicações para as organizações educacionais e do trabalho.

Palavras-chave: Educação financeira; Estratégia Nacional de Educação Financeira; ENEF; Finanças pessoais; Programa de Educação Financeira nas Escolas.

 

Abstract

In this study, the objective was to perform a systematic review of national literature based on financial education, with the purpose of highlighting the main results generated by the said studies. To reach this goal, the corpus of the study was constituted of studies published in periodicals classified in the strata of Qualis Periódicos A1, A2, B1 and B2, over the period from the year 2000 to September 2020. From the content analysis, the following thematic categories were identified and discussed from the results of those studies under analysis: the effects of learning related to financial education; the effects of the absence of learning related to financial education; the relationship between financial education and sociodemographic variables; and critical perspectives on financial education and the model for its implementation. Furthermore, identification and discussion ensued for the following theme categories that originated from the contributions or implications generated by the studies: improvement of the implementation of the Financial Education Program in Schools; strengthening of the role of human resources departments in dissemination of financial education to the workers; and the implementation of public policies directed to financial education. Highlighted herein are the theoretical and practical contributions that originated from this revision, in addition to implications for educational and work organizations.

Keywords: Financial education; National Strategy of Financial Education; ENEF; Personal finances; Financial Education Program in Schools.

 

1. INTRODUÇÃO

O crescimento do mercado financeiro, no Brasil, impulsionou o fácil acesso ao crédito, prazos extensos dos serviços financeiros, estímulo ao consumo de bens e serviços, o que contribuiu para o endividamento e à inadimplência das pessoas (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007). Nesse contexto, a educação financeira tem sido apontada, em especial, por governos nacionais e organizações intergovernamentais, como o meio pelo qual os indivíduos podem capacitar-se em relação ao gerenciamento de suas finanças pessoais (Organisation For Economic Co-Operation And Development [OECD], 2018).

A OECD (2013) conceitua a educação financeira como um ensino que gera conhecimentos, habilidades e consciência para fazer-se escolhas assertivas, que resultem no bem-estar financeiro individual. Com isso, as pessoas sentem-se mais incluídas na comunidade e podem agir de modo ativo no mercado financeiro, pela capacidade de acessarem informações e conhecimentos que possa ser aplicado no cotidiano (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007), uma vez que “[...] a educação financeira tem múltiplos benefícios para melhorar o bem-estar financeiro, como facilitar a aquisição de conhecimento, aumentando a confiança em conhecimento e habilidade, e encorajando a tomada de ação” (XIAO; PORTO, 2017, p. 813).

Considera-se que a falta de orientação sobre o orçamento individual ou familiar pode afetar negativamente a vida das pessoas, na forma de despesas acima das receitas, ausência de uma reserva financeira de emergência e direcionamento do salário apenas para o custeio de gastos (MOREIRA; CARVALHO, 2013). A educação financeira, de outro lado, instrui as pessoas para tomarem melhores decisões financeiras, o que leva ao melhor gerenciamento dos recursos financeiros, além de propiciar mudanças e melhorias, que são facilitadores para a compreensão do processo ideal de gestão financeira pessoal e alcance de equilíbrio financeiro (XIAO; O’NEILL, 2016). Evidencia-se que, quando expostas à educação financeira desde jovens, as pessoas podem ser capazes de prevenir o descontrole financeiro, na fase adulta, por meio do uso do crédito de forma consciente e, desse modo, evitar dívidas e gerar economias no longo prazo (KAISER; MENKHOFF, 2019; URBAN; SCHMEISER; COLLINS; BROWN, 2018).

Nos últimos dez anos, a educação financeira tem ganhado relevância no Brasil, com a criação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída como política de Estado de caráter permanente (BRASIL, 2020). A plataforma digital da ENEF, chamada Vida e Dinheiro, propõe-se a disponibilizar diversos recursos voltados ao fomento da capacitação em educação financeira, como livros para escolas de educação infanto-juvenil, e cursos e materiais audiovisuais direcionados às pessoas adultas. Também, por meio da ENEF, têm sido realizadas ações como eventos nacionais voltados à educação financeira e a instituição de polos para a capacitação de professores.

Não obstante, o comportamento de educação financeira trata-se de um aprendizado em construção, no País, e que possui, ainda, diversas barreiras a serem superadas. Muitas pessoas não têm conhecimento sobre a educação financeira ou não têm a percepção de que se trata de algo relevante, pois a cultura de planejar no curto prazo ou não conseguir poupar está enraizada nos hábitos de grande parte da população, devido, em parte, ao histórico de hiperinflação (nos anos 1980 e 1990) e pela ausência da disseminação de informações sobre como gerenciar o orçamento individual ou familiar (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007).

Nessa perspectiva, neste estudo, teve-se como pergunta de pesquisa a seguinte questão: o que se sabe sobre o desenvolvimento da educação financeira, no Brasil, a partir dos estudos empíricos nacionais sobre o tema? Assim, objetivou-se, por meio deste estudo, realizar a revisão sistemática da literatura nacional sobre educação financeira, com a finalidade evidenciar os principais resultados gerados pelos estudos. Para tanto, considerou-se, como corpus da pesquisa, trabalhos publicados em periódicos classificados nos estratos Qualis Periódicos A1, A2, B1 e B2, no período de 2000 a setembro de 2020.

Na sequência, o trabalho está organizado da seguinte maneira: na fundamentação teórica, é feita a discussão sobre os elementos teóricos relativos à educação financeira; posteriormente, nos procedimentos metodológicos, descrevem-se as etapas cumpridas para a revisão da literatura; na sequência, após a discussão dos resultados, são feitas as considerações finais.

 

 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Educação Financeira

A educação financeira tem por finalidade orientar as pessoas a gerir, orçar, acumular e investir seus ganhos financeiros (OECD, 2005), além de auxiliar na escolha de produtos e serviços financeiros (PEREIRA; CAVALCANTE; CROCCO, 2019). De acordo com a OECD (2013, p. 11), a educação financeira pode ser definida como:

O processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessários para se tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos neles envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem informadas, saber onde procurar ajuda e adotar outras ações que melhorem o seu bem-estar.

Como se observa, no âmbito da educação financeira é contemplado o planejamento financeiro pessoal, que Paiva (2013, p. 21) conceitua como:

Um plano para se chegar à condição financeira desejada, não somente material, mas também pessoal e profissional. Ou ainda, como o processo de gerenciar o dinheiro, de controlar a situação financeira, visando atingir ou permitir a satisfação pessoal para atender necessidades e alcançar objetivos no decorrer da vida.

O planejamento financeiro tem sido considerado imprescindível para as pessoas nos últimos anos, pois se compreender que a organização da vida financeira resulta em melhor domínio sobre a renda salarial, mais discernimento nas decisões e melhor uso do ganho financeiro (CERBASI, 2015). A educação financeira mostra-se relevante, mesmo, às pessoas que acreditam possuir uma vida financeira em equilíbrio, embora não costumem agir com discernimento no planejamento financeiro:

Quanto mais você aperfeiçoar sua organização financeira, menos dúvida terá na hora de fazer escolhas de consumo, investimento e realizações pessoais, e mais eficientes serão essas opções. Além disso, quanto mais você exercitar sua organização financeira, mais disciplinado será o seu dia a dia e, com isso, mais organização você terá em outros aspectos da vida (CERBASI, 2015, p. 13).

Nos anos 1990, no Brasil, passou-se por uma transição para a adesão ao neoliberalismo e, neste processo, houve várias transformações devido à inserção da globalização, nos âmbitos tecnológico, educacional, financeiro e produtivo. Diante desse cenário, o Estado se reestruturou em relação ao fornecimento de produtos, serviços e segurança nos contextos sociais e regulatórios. Outro fator que impulsionou essa nova estrutura foi a implementação do Plano Real, que levou à estabilização da moeda e à contenção da inflação. No entanto, no período da hiperinflação, o consumo era imediato, a população estava acostumada com a tomada de decisões financeiras no curto prazo e, pela incerteza das variações de preços, tornava-se restritivo promover alguma orientação para o planejamento financeiro no longo prazo (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007).

Savoia, Saito e Santana (2007, p. 1124) mencionam que “com a estabilidade, invertem-se as premissas e os prazos são ampliados progressivamente. Os ativos financeiros são valorizados em relação à imóveis, terras e outros bens reais [...]”. Essa mudança passa por um processo extenso de aprendizagem pelas pessoas sobre o novo modelo de controle das próprias finanças. A partir disso, as decisões de consumo começam a ser modificadas e surge como obstáculo a compreensão sobre o planejamento no longo prazo para poupar, adquirir bens, buscar informações sobre as diversas opções de crédito e saber usar a tecnologia para transações financeiras.

Ainda, segundo os autores, o governo facilitou o acesso ao crédito para estimular o consumo de produtos e serviços, a fim de elevar a produção como forma de fomento do crescimento econômico. Porém, somente o incentivo à aquisição de bens e serviços não é o suficiente para incentivar o crescimento econômico, e a falta de orientação sobre o gerenciamento das finanças pessoais contribuiu para a geração de um contexto de famílias endividadas e inadimplentes, o que desfavoreceu a economia.

De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito ([SPC], 2016, p. 2), o endividamento refere-se aos valores financeiros que precisam ser quitados, independentemente se ainda estão dentro do prazo de pagamento ou não:

[...] assim como todas as contas em atraso, as parcelas ainda não vencidas de qualquer aquisição constituem, também, dívidas assumidas pelo consumidor. O risco de desconsiderar as compras parceladas como parte do endividamento é justamente exagerar no consumo de longo prazo, fazendo uma série de dívidas que em pouco tempo podem levar o consumidor ao desastre nas finanças pessoais e à consequente inadimplência.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo ([FECOMERCIOSP], 2014) relata que o endividamento familiar está relacionado com as despesas de consumo, com o intuito de sustentar a mesma estimativa de gasto mensal, provocando o acúmulo descontrolado das dívidas. O Brasil não é um país que investe na e incentiva a capacitação financeira da população, mas se identificam organizações – órgãos governamentais, instituições financeiras e de ensino, associações e mídia – que orientam os usuários e clientes em relação a como buscar uma vida financeira em equilíbrio (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007).

É somente a partir de 2010 que o governo brasileiro tem considerado a educação financeira como política pública, ano em que implantou a ENEF, com o auxílio da OECD, com a intenção de disseminar a educação financeira, proporcionar a capacitação financeira para decisões conscientes e melhoria significativa no mercado financeiro (OECD, 2018). A Associação de Educação Financeira do Brasil recomendou, em 2017, que a educação financeira devesse ser incluída na grade curricular das escolas do Brasil, o que se concretizou a partir da instituição da nova ENEF (BRASIL, 2020).

Com isso, acredita-se que, nos últimos anos, o tema da educação financeira esteja despertando, de forma mais intensa, o interesse das pessoas, pois se verificam o aumento da busca por capacitação no assunto e da quantidade de investidores na Bolsa de Valores de São Paulo – apenas em junho de 2020, as transações de pessoas físicas somaram mais de R$ 348 bilhões (Bolsa de Valores de São Paulo [B3], 2020). Como indica o estudo realizado por Savoia, Saito e Santana (2007), apesar da educação financeira, no Brasil, estar em desenvolvimento, o seu grau de estruturação ainda é baixo em comparação com os Estados Unidos e o Reino Unido, pois, nesses países, o tema possui forte engajamento por parte de diversas instituições.

 

 

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo é classificado como uma revisão sistemática da literatura, conforme o entendimento indicado por Vosgerau e Romanowski (2014, p. 167), qual seja o de que os estudos de revisão buscam “[...] examinar as contribuições das pesquisas, na perspectiva da definição da área, do campo e das disciplinas que o constituem, avaliação do acumulado da área, apontando as necessidades de melhoria do estatuto teórico metodológico, e mesmo as tendências de investigação”.

Na Figura 1, são descritas as etapas cumpridas para a geração do corpus de textos da pesquisa, formado por artigos nacionais sobre educação financeira. A busca dos trabalhos, realizada no mês de outubro de 2020, deu-se por meio das bibliotecas digitais do Portal de Periódicos da CAPES, da Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) e da Scientific Electronic Library Online (SciELO). Após a exclusão de trabalhos repetidos, como critério de inclusão dos trabalhos que retornaram da busca, selecionaram-se apenas os artigos publicados em periódicos classificados nos estratos Qualis Periódicos A1, A2, B1 e B2, conforme classificação do quadriênio 2013-2016, da CAPES, o que resultou na seleção final de 39 artigos. Salienta-se que foram consideradas as edições, das revistas, que já se encontravam publicadas, em outubro de 2020, mês em que foi feito o acesso às bibliotecas digitais.

Na etapa de análise do corpus de textos da pesquisa, cada artigo foi examinado com o intuito de registrarem-se, em uma matriz de análise de conteúdo, os resultados que fossem atinentes à educação financeira, bem como as contribuições ou implicações geradas, e apontadas pelos autores. Na sequência, com base em uma matriz de análise de conteúdo, buscou-se identificar as categorias temáticas presentes, por meio da leitura e agrupamento das unidades de texto (frases ou parágrafos, extraídos dos artigos).

 

Figura 1: Etapas da pesquisa

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Fonte: elaboração própria.

 

Desse processo, emergiram quatro categorias temáticas de resultados gerados pelos estudos, quais sejam: os efeitos de aprendizados relativos à educação financeira; os efeitos da ausência de aprendizados relativos à educação financeira; a relação entre educação financeira e variáveis sociodemográficas; e perspectivas críticas em relação à educação financeira e ao modelo de implementação. Em relação às contribuições ou implicações geradas pelos estudos, identificaram-se as seguintes categorias: aprimoramento da implementação do Programa de Educação Financeira nas Escolas; fortalecimento do papel dos departamentos de recursos humanos, das organizações do trabalho, na disseminação da educação financeira aos seus empregados; e implementação de políticas públicas voltadas à educação financeira.

Na sequência, a discussão dos resultados foi estruturada a partir de tais categorias temáticas.

4. DISCUSSÃO

A discussão dos resultados está organizada por meio de duas seções. A primeira, abrange as categorias temáticas relativas aos resultados gerados pelos estudos; a segunda, contempla as categorias relacionadas às contribuições ou implicações geradas e sugestões encaminhadas pelos autores.

 

4.1. Resultados gerados pelos estudos sobre educação financeira

Nesta seção, discute-se cada uma das categorias de resultados gerados pelos estudos, quais sejam os efeitos de aprendizados relativos à educação financeira, os efeitos da ausência de aprendizados relativos à educação financeira, a relação entre educação financeira e variáveis sociodemográficas, e críticas em relação à educação financeira e ao seu modelo de implementação.

 

4.1.1 Os efeitos de aprendizados relativos à educação financeira

A partir da revisão da literatura existente, identificam-se resultados que mostram que estudantes de cursos superiores e de cursos de pós-graduação lato sensu que estudam disciplinas relacionadas a finanças, economia e matemática têm mais conhecimento sobre educação financeira (ANDRADE; LUCENA, 2018; DIETRICH; BRAIDO, 2016; PICCOLI; SILVA, 2015; SANTOS; GARCIA; FAIA; SANTOS, 2019). Estudos com servidores federais de uma IES e com mulheres idosas com baixa escolaridade, também, evidenciam que a capacitação em educação financeira foi eficaz, pois, em seus relatos, os participantes citam que adquiriram novos costumes, como anotar os gastos e fazer controle financeiro, e compreenderam alguns termos financeiros (CARRARO; MEROLA, 2018; BUAES, 2015).

Oliveira e Santana (2019), verificaram que cursos sobre educação financeira, no âmbito das organizações do trabalho, podem proporcionar mudanças significativas na vida das pessoas, pois melhoram o conhecimento sobre o gerenciamento financeiro pessoal. Os resultados indicam que “[...] os funcionários que tiveram maior participação no programa de educação financeira apresentam maiores níveis de alfabetização financeira e maior percepção da ajuda que o programa promove na gestão de suas finanças pessoais” (OLIVEIRA; SANTANA, 2019, p. 145). Adicionalmente, julga-se que as organizações que investem em programas de educação financeira, para os empregados, obtêm retorno positivo por meio do aumento do bem-estar financeiro e consequente melhoria da qualidade de vida das pessoas, mediante o desenvolvimento de comportamentos voltados ao planejamento financeiro pessoal (OLIVEIRA; SANTANA, 2019)

Em consonância com Costa e Miranda (2013), que verificaram que indivíduos com maior conhecimento financeiro tendem a poupar mais, outros estudos (CONTO; FALEIRO; FÜHR; KRONBAUER, 2015; DIETRICH; BRAIDO, 2016; FLORES, VIEIRA; CORONEL, 2013; MEDEIROS; LOPES, 2014; MINELLA; BERTOSSO; PAULI; CORTE, 2017; SILVA et al., 2017), realizados com públicos diversos – como estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares, alunos de cursos superiores e de pós-graduação lato sensu, e servidores públicos – mostram que, com um nível médio de conhecimento da educação financeira, os indivíduos conseguem elaborar um controle financeiro adequado, gerir e orçar a renda mensal. Porém, parte deles tem dificuldade para realizar ações voltadas ao ganho financeiro, ou seja, acumular e investir.

Tendo em vista que a educação financeira seja considerada antecedente de comportamentos mais conscientes em relação às decisões financeiras, verificou-se que os estudos encontrados propõem estratégias, ferramentas e programas para a promoção do ensino e da aprendizagem de conceitos e produtos financeiros, voltados para públicos diversos como microempreendedores de baixa renda e estudantes do ensino médio (BIROCHI; POZZEBON, 2016; GROENWALD; OLGIN, 2018; VIEIRA; JUNIOR; PROTICH, 2019).

 

4.1.2 Os efeitos da ausência de aprendizados relativos à educação financeira

Pelos resultados das pesquisas examinadas, verifica-se a relevância atribuída à educação financeira, mesmo entre estudantes de cursos superiores que possuem baixo nível de conhecimento financeiro, mas que destacam a necessidade desse conhecimento para a gestão das finanças pessoais e do orçamento doméstico (ANDRADE; LUCENA, 2018). Já servidores federais de uma instituição de ensino superior relatam a premência de refletir-se sobre as necessidades e condição financeira atuais, e fazer “pesquisas de preço” antes da efetivação de uma compra; além disso, concordam ser crucial ter-se o acompanhamento individual e coletivo por profissionais da área, para auxiliar no planejamento financeiro (CARRARO; MEROLA, 2018).

Nessa linha, dentre os resultados em relação aos efeitos da ausência de educação financeira, sobressai-se o endividamento, como se nota a partir de estudos com pessoas endividadas e/ou inadimplentes, e universitários (CAMPARA; VIEIRA; COSTA; FRAGA, 2016; FIGUEIRA; PEREIRA, 2014). O endividamento ocorre por diversos fatores, como a má gestão dos recursos financeiros, gastos excessivos, uso inadequado do cartão de crédito, empréstimo do nome para uma pessoa que já está endividada e/ou inadimplente, e por relações dadivosas (que têm dentre suas causas os problemas oriundos, por exemplo, de divórcio, mudança de cidade e doenças; para manter-se a relação dadivosa, a fim de suprir as necessidades a serem atendidas, fazem-se mais dívidas). A situação de endividamento, também, ocasiona problemas psicológicos, como: “[...] maiores preocupações, desconforto, angústia, mágoa, constrangimento e vergonha, não conseguem obterem crédito e muitas vezes são cobrados por familiares por encontrarem-se nessa situação” (CAMPARA et al., 2016, p. 82).

Outros estudos, com professores municipais e advogados, constataram que a falta de planejamento e de gerenciamento financeiro originam dívidas devido ao uso inadequado do crédito pessoal e à importância atribuída ao status social entre advogados: devido à valorização de uma aparência que seja indicativa de que possuem bens materiais e que são bem-sucedidos na profissão (MOREIRA; CARVALHO, 2013; VILAIN; PEREIRA, 2013). Também, verifica-se que a ausência de educação financeira ocasiona o “[...] sofrimento emocional causado pelo descontrole financeiro [...]” (SCHUABB; FRANÇA, 2020, p. 89) e, por isso, consideram os autores, há a necessidade urgente de o Estado, as instituições e as organizações do trabalho implementarem ações que se voltem à educação da sociedade, para que as pessoas aprendam e sejam conscientes sobre importância da gestão financeira pessoal e, inclusive, se programem para a aposentadoria.

4.1.3 A relação entre educação financeira e variáveis sociodemográficas

Parte da atenção das investigações tem sido voltada à análise da educação financeira em relação a características sociodemográficas dos indivíduos. Pelos resultados do estudo de Vieira, Bataglia e Sereia (2011), a escolaridade é apontada como uma das características determinantes, pois se verificou que as vivências em cursos superiores de Administração, Ciências Econômicas e Ciências Contábeis, proporcionaram, aos estudantes concluintes dos cursos, mais capacitação financeira e habilidade para realizar-se investimento no mercado financeiro, em comparação aos estudantes dos primeiros anos dos cursos. Resultados similares foram identificados por Vieira, Junior e Protich (2019), na comparação de pessoas com ensino fundamental completo com aquelas que concluíram o ensino médio ou técnico: os que finalizaram apenas o ensino fundamental, têm baixa proficiência em educação financeira, em comparação a quem concluir o ensino médio ou técnico.

Observa-se, igualmente, a influência da idade no comportamento das pessoas em relação ao mercado de investimentos, no sentido de que a idade colabora no estabelecimento de confiança e de predisposição para participar do mercado de investimentos (FELIPE; ERMEL; CASSIUS; MENDES-DA-SILVA, 2017; GASPAR; HENRIQUES; CORRENTES, 2020). Minella et al. (2017), em um estudo com jovens na faixa etária de 18 a 34 anos, verificaram que os valores atribuídos ao dinheiro – por exemplo, o consumo como forma de alcançar-se satisfação pela realização de desejos e de metas – influenciam positiva e significativamente o endividamento deles. Em relação ao gênero, Andrade e Lucena (2018) e Potrich et al. (2014), verificaram que homens manifestaram maior entendimento financeiro em comparação às mulheres, o que se observou, do mesmo modo, nos resultados do estudo de Vieira, Junior e Protich (2019).

Por fim, classe socioeconômica e renda, também, se mostram estatisticamente significantes em sua relação com a falta de conhecimento financeiro, que origina o endividamento dos indivíduos de baixa renda (BIROCHI; POZZEBON, 2016). Indivíduos que se enquadram em uma classe social com mais ganhos financeiros ou em que a quantidade de pessoas na família é menor, têm maior nível de conhecimento em gestão financeira (SILVA et al., 2017).

 

Perspectivas críticas em relação à educação financeira e ao modelo de sua implementação

No âmbito dos estudos críticos, julga-se que as estratégicas de disseminação da educação financeira estejam associadas a uma visão de capitalismo manipulatório, com interesses infundidos nas propostas difundidas pelo governo, e por instituições públicas e privadas (RIBEIRO; LARA, 2016). Saleh e Saleh (2013) e Groenwald e Olgin (2018) contribuem com esta perspectiva ao enfatizarem que a implementação da educação financeira nas escolas deve favorecer os estudantes na aquisição de uma visão crítica sobre o sistema financeiro e, não apenas, de um conhecimento financeiro básico, que auxilia na gestão da renda pessoal ou familiar.

Leite (2017, p. 127) enfatiza que “[...] qualquer pauta em relação aos aspectos econômicos, como crédito, endividamento, poupança e investimento” resulta da justificativa de instituições públicas e privadas em defender a necessidade de disseminação da educação financeira, e de promoção da personificação do investidor ideal. Com isso, as ações de educação financeira diriam respeito a mecanismos pelos quais se busca ressignificar as práticas econômicas, na direção do consumo de produtos financeiros.

Nessa linha, considera-se que, pelos interesses privados envolvidos, os esforços em torno da promoção da educação financeira não se tratariam de ajudar a população a adquirir capacitação, haja vista que, dentre outros fatores, a instituição do conteúdo de educação financeira, no currículo escolar, não foi executado mediante a opinião e participação de cidadãos interessados (CUNHA, 2020). Saraiva (2017) aponta o sítio da Internet que veicula a ENEF, no qual se criou um tema chamado previdência, sendo que o assunto poderia estar incluído nos temas poupança, seguros ou, até mesmo, planejamento, ao passo que se optou por destacá-lo, a fim de incentivar a adesão das pessoas à previdência privada.

Com isso, Cunha (2020) e Saraiva (2017) afirmam que a proposta da implementação da educação financeira no Brasil é direcionada para consumidores, e não para auxiliar os consumidores.

 

 

4.2. Medidas indicadas para induzir o fortalecimento e a expansão da educação financeira, no brasil

A discussão, nesta seção, das contribuições ou implicações geradas e sugestões encaminhadas pelos autores, está estruturada em torno das seguintes categorias: aprimoramento da implementação do Programa de Educação Financeira nas Escolas; fortalecimento do papel dos departamentos de recursos humanos, das organizações do trabalho, na disseminação da educação financeira aos seus empregados; e implementação de políticas públicas voltadas à educação financeira.

 

4.2.1 Aprimoramento da implementação do Programa de Educação Financeira nas Escolas

Uma das principais sugestões, consideradas na literatura sobre educação financeira, diz respeito ao aprimoramento da implementação da ENEF junto a escolas e universidades. Com isso, o direcionamento do ensino do gerenciamento financeiro pessoal deveria ser atribuído à área educacional, e não guiado a partir da visão idealizada pelos bancos (SARAIVA, 2017; SILVA et al., 2017). Para Dietrich e Braido (2016), o tema da educação financeira deveria ser inserido como obrigatório, nas grades curriculares dos cursos de instituições de ensino superior. Frisa-se a importância de que as pessoas adquiram habilidades relativas ao gerenciamento das finanças pessoais, pois, se considera, os brasileiros não sabem fazer um bom planejamento financeiro, no curto, médio e longo prazos, devido à falta da alfabetização financeira (CARRARO; MEROLA, 2018; SCHUABB; FRANÇA, 2020; SILVA et al., 2017).

Diversas são as ações sugeridas que têm por finalidade a disseminação da educação financeira junto aos seus públicos-alvo (BUAES, 2015; CROCCO, 2019; DIETRICH; BRAIDO, 2016; GROENWALD; OLGIN, 2018; PEREIRA; CAVALCANTE; POTRICH, 2014; SANTOS et al., 2019; VIEIRA; JUNIOR; PROTICH, 2019). Considera-se necessário que a atenção seja voltada a estudantes universitários que não tiveram contato com o ensino da gestão financeira pessoal, e necessitam de encorajamento para aprender o tema por meio de cursos extracurriculares, em um contexto em que as universidades também precisam ser impulsionadas para realizar programas que alcancem não apenas a comunidade interna, mas outras parcelas da sociedade. Também, considera-se a relevância de promover-se o debate sobre a educação financeira entre estudantes do ensino médio, grupos com baixa escolaridade e idosos, de forma que desenvolvam uma visão crítica sobre o assunto.

Parte dessas ações deveria ser desenvolvida por profissionais da área de educação financeira, os quais poderiam fazer o acompanhamento dos participantes após as capacitações, com a finalidade específica de evitar o endividamento das pessoas, além de possibilitar o acompanhamento do gerenciamento financeiro pessoal (CARRARO; MEROLA, 2018). Para Campara et al. (2016), é importante que os indivíduos com dificuldades financeiras busquem ajuda psicológica, pelo entendimento de que o bem-estar emocional favorece a adoção de comportamentos de enfrentamento dos problemas financeiros.

De um modo geral, como indicam Silva et al. (2017) e Conto et al. (2015), enfatiza-se a necessidade de implementação de ações de educação financeira que contribuam para tornar as pessoas adultas conscientes sobre a necessidade da gestão financeira e capazes de administrar efetivamente suas finanças pessoais. As escolas teriam a responsabilidade de fornecer boa fundamentação na educação financeira aos alunos e cursos sobre finanças pessoais que colaborem na mudança imediata do comportamento financeiro dos participantes.

 

4.2.2 Fortalecimento do papel dos departamentos de recursos humanos, das organizações do trabalho, na disseminação da educação financeira aos seus empregados

Também, há recomendações direcionadas ao papel dos departamentos de recursos humanos, das organizações. Para parte dos autores dos estudos examinados, as áreas de gestão de pessoas podem agir em prol da capacitação em educação financeira dos empregados e realizar ações por meio de ações de capacitação, como cursos presenciais, e-learning e seminários (BIROCHI; POZZEBON, 2016; CAMPARA et al., 2016; CONTO et al., 2015; FIGUEIRA; PEREIRA, 2014; MOREIRA; CARVALHO, 2013; OLIVEIRA; SANTANA, 2019; SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007).

Schuabb e França (2020) apontam, especificamente, a lacuna, de cunho social e tecnológico, representada pelo papel que pode ser desempenhado, por organizações do trabalho, na incorporação e disseminação de práticas de educação financeira junto às pessoas que nelas trabalham. Pela perspectiva dos autores, as áreas de gestão de pessoas podem contribuir para a mudança de atitudes e de comportamentos em relação ao planejamento da aposentadoria.

4.2.3 Implementação de políticas públicas voltadas à educação financeira

Outro conjunto de sugestões voltam-se a políticas públicas, como a criação de programas que incentivem a renegociação das dívidas, pelo entendimento de muitos indivíduos, realmente, não conseguem pagá-las sem um alongamento do prazo de pagamento (CAMPARA et al., 2016). Da mesma forma, sugere-se a criação de um banco de dados no Brasil, similar ao Survey of Consumer Finances, dos Estados Unidos, pois, por meio dessa base, torna-se possível obter diversos elementos que podem auxiliar na melhoria da educação financeira como política pública (FELIPE et al., 2016).

Para uma parte dos autores dos estudos examinados (PEREIRA; CAVALCANTE; CROCCO, 2019; SARAIVA, 2017; SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007), os programas de educação financeira efetivamente implementados ainda se mostram básicos e, por isso, a ENEF deve ser cumprida conforme suas próprias diretrizes, com vistas à disseminação de conhecimentos e informações sobre a educação financeira.

 

 

5. CONCLUSÃO E CONTRIBUIÇÕES

Por meio do estudo, pretendeu-se realizar a revisão sistemática da literatura nacional sobre educação financeira, com a finalidade de colocar em evidência os principais resultados gerados pelas pesquisas. Primeiro, observa-se que a atenção do campo de estudos tem se voltado, em especial, à compreensão dos efeitos ou consequentes da educação financeira, bem como da ausência desta. As investigações com essa perspectiva apontam para a relevância de atividades de aprendizagem da educação financeira – como cursos de curta duração, programas de educação corporativa e disciplinas de cursos superiores – para a aquisição dos conhecimentos, habilidades e formas de pensar e de agir, em relação às finanças pessoais, em consonância com a ENEF (BRASIL, 2020).

Segundo, os resultados da revisão da literatura nacional sobre educação financeira sinalizam a busca por um entendimento mais aprofundado quanto à relação entre o nível de educação financeira das pessoas e suas características sociodemográficas, como idade, gênero, escolaridade, renda e classe socioeconômica. As pesquisas mostram que tais elementos possuem relações com os tipos de conhecimento que possuem e com a forma pela qual as pessoas agem em relação às suas finanças pessoais, e como se comportam quando consomem produtos financeiros como investimentos.

Terceiro, observa-se que parte dos esforços de investigação, no campo da educação financeira, estão direcionados à compreensão do fenômeno por uma perspectiva crítica. Por tal abordagem, questiona-se até que ponto as pessoas serão beneficiadas de modo efetivo por um modelo de disseminação da educação financeira que não leve em conta a possibilidade de aquisição, pelos indivíduos, de uma visão crítico-analítica em relação ao sistema financeiro (seus principais atores e interesses) e aos elementos mercadológicos subjacentes ao consumo de produtos financeiros.

Os resultados secundários, oriundos desta pesquisa, mostram-se na forma de medidas indicadas para induzir o fortalecimento a expansão da educação financeira, no Brasil, conforme contribuições e implicações geradas pelos estudos examinados, e sugestões formuladas pelos autores destes. Observam-se três eixos de ações, quais sejam: aprimoramento da implementação do Programa de Educação Financeira nas Escolas, o fortalecimento do papel dos departamentos de recursos humanos na disseminação da educação financeira aos seus empregados, e a implementação de políticas públicas voltadas à educação financeira.

Tais resultados proporcionam contribuições que se encaminham tanto às investigações do fenômeno quanto à sua prática. Para a compreensão mais aprofundada dos facilitadores e barreiras à adoção de comportamentos baseados na educação financeira, é preciso ter-se em consideração de que forma características sociodemográficas mostram-se como condições para as atitudes e comportamentos das pessoas em relação às suas finanças pessoais. Os resultados advindos de estudos com tal enfoque, por sua vez, mostram-se relevantes à formulação de programas e ações de disseminação da educação financeira baseada nos elementos característicos dos públicos-alvo, não apenas para a determinação dos conteúdos, mas, também, para o desenho das estratégias e métodos de ensino e aprendizagem.

Os resultados oriundos da revisão da literatura trazem, igualmente, implicações para o contexto educacional. Considerando a ênfase conferida, pela ENEF, de ações no âmbito das escolas, bem como o estágio de desenvolvimento do sistema de educação financeira, no Brasil, entende-se ser oportuno e socialmente relevante que, em especial, as instituições de ensino superior participem de modo ativo na definição de um modelo – ou modelos – de educação financeira que seja promotor da formação de pessoas autônomas e críticas em relação aos discursos, por ora, institucionalizados.

Tal perspectiva estende-se aos departamentos de gestão de pessoas ou de recursos humanos de organizações empregadoras. As organizações do trabalho representam a principal fonte de renda das pessoas que nelas trabalham e, nesse sentido, a inserção de ações de educação financeira, nos programas de educação corporativa, pode representar um benefício valorizado pelos empregados, na medida em que os auxiliar a resolver problemas relativos às finanças pessoais e ao orçamento doméstico, e a tomar decisões em relação ao planejamento financeiro pessoal e familiar.

Com base no exposto, sugerem-se novos estudos que explorem as relações dos atores do sistema brasileiro de educação corporativa, por exemplo, pela óptica da teoria da agência, de forma a evidenciar os conflitos de interesse latentes existentes (por exemplo, entre gestores de carteiras de investimento e os clientes destas). Por essa abordagem, acredita-se, poder-se-ia incentivar a discussão acerca dos papeis e atribuições dos diversos públicos de interesse desse sistema, com a finalidade de aprimoramento do modelo que se intenta implementar. Também, são sugeridas novas investigações, na forma de estudos de caso, que explorem iniciativas bem-sucedidas empreendidas por instituições de ensino e de organizações do trabalho, e que sejam coerentes com a perspectiva de uma educação financeira emancipadora.

 

 

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