A COVID-19 é causada pelo coronavírus, que tem natureza infecciosa, surgiu em dezembro de 2019, na China, e posteriormente se disseminou para todo os países do mundo, sendo a causa de uma das maiores turbulências econômicas, sociais e da saúde que se tem notícias (MAVROUDEAS, 2020). Ao mobilizar inúmeras ações para o seu combate e a mitigação de seus efeitos, isso traz para esse trabalho uma responsabilidade científica, sem par na história até então conhecida, sobre esse tipo de doença e suas influências, OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde, 2020).

E de forma a contribuir para valorizar o tema desta pesquisa foi encontrado, que a tecnologia no conjunto das organizações possui múltiplas definições, apontada por CHENHALL (2003), como a maneira que a empresa age, isto é, como ela elabora seus insumos para produzir bens ou serviços e contém em seu contexto: hardware, tais como maquinários e ferramental, materiais, indivíduos, software e saber (CAVICHIOLI, et al 2017).

Foram formados modelos de relação, em um estudo sobre a teoria contingencial, através da revisão de estudos organizacionais, com a teoria da contingência, em especial com o fator de estratégias contingenciais (FAGUNDES, PETRI, LAVARDA, RODRIGUES, SOLLER, 2010).

Encontra-se em um estudo recente, novas possibilidades de pesquisa na questão do desempenho estratégico direcionados para os princípios da contabilidade gerencial, quando afetados por fatores contingenciais (Silveira & Espejo, 2020).

Estudos recentes apontaram que os custos operacionais e o risco-pais aumentam perigosamente em momentos de crises graves (MACKIBBIN, FERNANDO, 2021) e ainda como efeito do distanciamento social, em tempos de pandemia, o teletrabalho demonstrou resultados positivos quanto ao aumento da capacidade produtiva (MENDONÇA, REZENDE, RODRIGUES, JÚNIOR, PAULA, LIMA, 2021). Em mais um trabalho os autores sugerem como lacuna de sua pesquisa, que podem ser abordados com mais detalhes os custos operacionais das atividades e como reagem em tempos de turbulência ambiental (FERREIRA, SANTOS, VASCONCELOS, 2021).

A partir desses estudos, encontrou-se a questão de pesquisa: Como uma instituição de ensino superior foi afetada em suas estratégias organizacionais pelos fatores contingências decorrentes da covid-19? Dentro desses aspectos contingenciais apontados aborda-se o objetivo geral para a presente pesquisa, que é identificar quais pontos da estratégia de gestão da IFES em 2020, foram influenciados pela pandemia da COVID 19.

Quanto a originalidade essa pesquisa busca investigar ações que foram tomadas desde o nível estratégico até o operacional, para conter e minimizar as influências negativas durante um período pandêmico. No aspecto das contribuições teóricas e práticas através dos fatores da Teoria da Contingência, o estudo retrata a parte dos processos internos de uma organização de ensino superior e como os efeitos pandêmicos externos foram enfrentados com ações administrativas e práticas visando a continuidade da prestação de serviços educacionais.

2 Referencial Teórico

2.1 Teoria contingencial

A Teoria Contingencial aborda o comportamento das organizações por uma visão teórica, ao focar os fatores contingentes internos e externos, como a direção, os atos tecnológicos e os ambientais, possibilitam o incremento e o bom andamento das organizações (MOLINARI, GUERREIRO, 2004).

No estudo de CHANDLER (1962) que fez uma busca da historicidade das mutações da estrutura de quatro empresas de grande porte dos EUA, analisando-as em suas estratégias de interesses comerciais, para mostrar como a estrutura comercial, nessas empresas foi se moldando ininterruptamente, de maneira a configurar-se e sendo acomodada em seu plano estratégico. Nesse ritmo, em suas conclusões, CHANDLER (1962) apresenta razões lógicas de que a estratégia dirige a parte estrutural, bem como a estratégia de variação indica uma estrutura particulada. Assim, surge a adequação entre a estrutura particionada e a estratégia tomada como contingência (Donaldson, 2001). JOAN WOODWARD (1965), compilou uma investigação para aferir se a práxis dos princípios da administração, sugerida pelas ideias de gerenciamento e como elas se relacionavam com o sucesso das organizações e chegou à conclusão, que de fato isso acontecia.

Essas relações foram encontradas por Woodward (1958, 1965) que integrou a tecnologia como aspecto da ideia contingencial. BURNS e STALKER (1960), ponderaram as contingências ambientais de fora das empresas. CHANDLER (1962) fez uma relação entre as contingências da estratégia e da estrutura. EMERY e TRIST (1965), com a textura causal dos ambientes organizacionais. LAWRENCE e LORSCH (1967) investigaram sobre as contingências ambientais e da estrutura. THOMPSON (1967) abordou a influência mútua dos temas da contingência e a conduta das pessoas nas empresas.

O aprendizado constante dentro das organizações se reflete no trabalho de Greiner (1972) que uniu o conhecimento do ciclo de vida organizacional, com a forma da empresa agir. Perrow (1976) versou sobre a tecnologia e a estrutura. Chenhall (2003) revisitou os desenhos de 1980, ao notar a ausência de pesquisas qualitativas sobre o tema. AGUIAR, BRAGA e FREZATTI (2007) pesquisaram fatores de contingência em relação a moldes da contabilidade. Esses fatos resultam em métodos sistemáticos na contabilidade.

Na pesquisa de CHEN (2008) se versou sobre os resultados dos fatores de contingência sobre os métodos contábeis. As pesquisas relacionadas a teoria da Contingência e a contabilidade gerencial, apareceram depois dos anos 2000 no Brasil, GORLA e LAVARDA (2012), fizeram um levantamento da base bibliográfica sobre o aproveitamento da teoria da contingência nas investigações sobre o orçamento e a contabilidade gerencial.

Nessa linha os estudos de GUERREIRO, PEREIRA e REZENDE (2005) buscaram descobrir os atributos que fundamentam os costumes e usos da “contabilidade gerencial”, ao comparar estes com fatos ambientalmente contingentes e interiorização de costumes contábeis. SILVA, COSTA e BRILL (2018) apresentaram como fatos contingentes se intercomunicam, com a gestão de riscos empresariais, em um hospital; MOLINARI e GUERREIRO (2004), procuraram evidenciar a ideia da contingência e achar como uma contingência, pode ter alcance sobre o modelo gerencial contábil da empresa, essa forma tem a capacidade de tornar mais profunda a integração de gerenciamento.

Verifica-se nessa pesquisa que a teoria se tornou relevante pois, segundo GUERRA (2007), ajuda a compreender a interdependência entre pessoal, ações, tecnologias, direção, controle e fatores ambientais e este entendimento colabora para encontrar os mais eficientes modos para intervir na união e ajuste dessas partes, ao superar as adversidades e crises graves. Nesse sentido a análise de BEUREN e MACOHON (2011) colocam com ênfase, que a teoria é relevante em um ambiente adverso, como é o momento que vivemos durante esta pandemia da COVID-19, com organizações complexas e diferenciadas, pois é uma ferramenta de controle sofisticada para a coordenação e integração e o redirecionamento estratégico organizacional.

2.2 Fatores da teoria da contingência e proposições da pesquisa

Esse estudo segue a mesma linha proposta por KLEIN e ALMEIDA (2017), com isso a pesquisa criou quatro proposições alinhadas à cada fator da teoria da contingência, a começar pelo fator contingencial do ambiente externo, com a questão da economia, a qual de uma forma geral afetou o mundo todo e as finanças dos mercados, de maneira duríssima, pelas incertezas causadas pelo vírus, com o risco de influenciar negativamente, até ao ponto, de gerar a possibilidade de uma recessão global (SILVA, BENINI, DA SILVA, 2020). Com essas influências como parâmetro, o trabalho formula a primeira proposição da pesquisa:

P1: O ambiente interno da instituição se ajustou as exigências e necessidades provocadas pela pandemia da COVID-19, promovendo ajustes em seus normativos para manutenção das atividades finalísticas.

O fator estratégia também pode verificar a questão da gestão de custos durante as mudanças de cenários econômico repentino e abrupto causados pela pandemia, se os custos subirem deve-se cortar gastos desnecessários e controlar ao máximo essa tendência, se os custos caírem, pode-se aproveitar para reinvestir em outras ações (MARTINS, CONCEIÇÃO 2021). Dessa maneira a segunda proposição de pesquisa é:

P2: Em razão da COVID-19, as ações planejadas para o ano de 2020 foram prejudicadas, sendo necessárias novas ações para atender as necessidades institucionais.

A tecnologia como fator contingencial é de suma importância ao verificar, que o capital humano é de grande relevância para o enfrentamento de crises nas organizações, no suporte e desenvolvimento das mais diversas ferramentas de apoio, com efeitos benéficos pluridimensionais, educacionais, sociais, psicológicos e econômicos (CAMPOS, MIRANDA 2021). Dessa forma temos a proposição:

A estrutura organizacional corresponde ao desenho da organização, o formato de integrar os recursos, sejam ele humanos, tecnológicos, ferramentais, as construções e dependências necessárias para a realização das atividades, a parte burocrática e a hierarquia, a capacidade de prestação de serviços ou de produção de bens, de forma organizada, sendo que as estruturas podem ser mecânicas e rígidas ou orgânicas e flexíveis (SILVA, BENINI, DA SILVA, 2020). Com isso a pesquisa apresenta a proposição a seguir:

P4: A organização foi afetada pela pandemia, prejudicando o aprimoramento da sua estrutura.

Quanto ao fator porte ou tamanho, este é medido pelo número de funcionários que compõem a organização e que estão à disposição da empresa em tempo integral, o porte também se reflete em termos de capilaridade e alcance dos produtos vendidos ou extensão dos serviços prestados e na capacidade de financiamento e captação de recursos para as atividades sejam elas fabris, comerciais ou de serviços (OKANO, HONORATO, VIANA, URSINI, 2020). Com essa perspectiva chega-se ao tema da quinta proposição dessa pesquisa:

P5: A COVID-19 provocou alterações no orçamento e nos custos da universidade.

3 Metodologia

Este artigo utiliza a pesquisa documental, com a análise de conteúdo, de forma metodológica qualitativa. O método de Análise de Conteúdo que é usada nesse artigo, se fundamenta no trabalho de BARDIN (2010), de forma semântica, pois analisa os documentos de maneira a interpretar seu conteúdo e hermenêutica, por se direcionar a um aspecto científico da realidade.

No que diz respeito à abordagem dos objetivos, caracteriza-se como sendo exploratória pois “tem como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou proposições pesquisáveis para estudos posteriores” (GIL, 2008, p. 27). Quanto à abordagem metodológica é de natureza fenomenológica-hermenêutica e na abordagem do problema é tida como qualitativa pois procura verificar padrões indutivos nas informações estudadas, sejam elas verbais ou visuais, analisando-as sob um método específico de estudo (FLICK, 2008).

No que tange à estratégia de pesquisa, caracteriza-se como documental, pois obtêm seus dados em materiais que ainda não foram filtrados analiticamente e que podem ser tratados de acordo com o objetivo da pesquisa (GIL, 2008). Além disso, foi adotada como técnica de pesquisa a análise de conteúdo, pois a pesquisa se utiliza de um grupo de técnicas com a finalidade de interpretar as informações coletadas, sendo desenvolvida em três fases: i) a análise prévia; ii) a exploração do material; e iii) o tratamento, inferência e interpretação das informações (Bardin, 2010).

Tabela 1- Proposições relacionadas à Teoria da Contingência

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2022)

4 Análise dos Dados e Resultados

A rápida disseminação mundial da Covid-19 levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar emergência de saúde pública de interesse internacional, no fim de janeiro de 2020. No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou em 26 de fevereiro o primeiro caso de Covid-19. Diante deste cenário, a reitoria da instituição estabeleceu um planejamento, institucional, para o enfrentamento do avanço do coronavírus, ao instituir um comitê consultivo para criar protocolos, estabelecer medidas e propor ações de orientação para a comunidade universitária voltadas ao avanço da pandemia de Covid-19 (http://bit.do/frGUJ).

4.1 Caracterização da instituição

Este estudo foi realizado em uma instituição de ensino superior, de natureza jurídica autárquica, vinculada ao Ministério da Educação, com sede e foro na cidade de Foz do Iguaçu, Estado do Paraná. Em 2020, a universidade já possuía um total de 533 técnicos administrativos e de 367 docentes, tendo como missão institucional formar pessoas aptas a contribuir com a integração latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio científico e educacional da América Latina.

4.2 Documentos e informações

As informações utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho, foram obtidas do site institucional da universidade e do governo federal. Utilizou-se dos boletins de serviço que se destinam à publicação de atos oficiais da instituição (http://bit.do/frgvp).

Uma consulta foi realizada no portal do Tesouro Nacional, utilizando-se como parâmetro de busca o nome da instituição e o período de 2019 e 2020 (http://bit.do/frgvs). Efetuou-se a leitura de todos os boletins publicizados no ano de 2020, totalizando 117, na busca de informações relacionadas com a COVID-19. Esta ação resultou na identificação de 61 documentos. Quanto ao Relato Integrado, trata-se de um documento único e anual e referente ao plano de contingência, encontrou-se somente um documento no ano de 2020. Quanto as notícias, foram observadas todas as publicações disponibilizadas no site da universidade, referente ao período de 2020, sendo selecionadas somente aquelas que tratavam da COVID-19.

4.3 Fatores contingenciais

A Teoria Contingencial aborda o comportamento das organizações, ao focar em como os fatores contingentes internos e externos, a direção, os atos tecnológicos e os ambientais, possibilitam o incremento e o bom andamento das organizações (MOLINARI, GUERREIRO, 2004). Sendo assim, nas subseções a seguir será abordado sobre estes fatores contingenciais, com base na tabela 1 – Proposições relacionadas com a teoria da contingência.

4.3.1 Ambiente

O Brasil registrou seu primeiro caso de COVID-19 em fevereiro de 2020 (, espalhando-se rapidamente em todo o território brasileiro. Diante desta situação mundial, a Organização Mundial da Saúde - OMS passou a recomendar inúmeras medidas de proteção contra o vírus, sendo uma delas a suspensão de atividades educativas presenciais e o fechamento dos locais de trabalho (http://bit.do/fSpcf).

VOLBERTA, WEERDT, VERWAAL, MARTEN e VERDU (2012) apontam em seu trabalho que os dirigentes devem monitorar o ambiente interno e externo das organizações e executar ações para integrar ao meio.

As publicações realizadas nos boletins de serviço, tabela 2, evidenciam, que a função “ambiente geral”, em sua variável “legal” se encontra presente nos documentos analisados, ao demonstrar que o ambiente externo determinou muitas das ações internas dos gestores e conselheiros, conforme se pode observar na tabela 3.

Tabela 2 - Normas relacionadas com a COVID-19

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2023)

4.3.2 Estratégia

As informações obtidas no ambiente externo, auxiliam a instituição na operacionalização do ambiente interno, conforme se identificam as necessidades de melhorias diante de fatores tecnológicos, força de trabalho e a implementação de diferentes estratégias (OLIVEIRA, 2013).

Esta capacidade de inovar e promover adaptações para atingir os seus objetivos é fundamental para o bom desempenho da instituição, diante de um ambiente com constantes mudanças (VOICULET, BELU, PARPANDEL, RIZEA 2010).

Quanto as atividades da graduação e pós-graduação foi instituído e regulamentado o Período Especial Emergencial, que autoriza, em caráter excepcional, a oferta de componentes curriculares presenciais por meio do Ensino Remoto Emergencial - ERE, sendo sua adesão facultativa, com início das aulas em setembro com previsão de término até 31 de dezembro de 2020.

Neste período as atividades presenciais foram limitadas conforme normativos de acordo com a tabela 3.

Tabela 3 - Documentos emitidos para mitigar as ações do COVID-19

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2022)

4.3.3 Tecnologia

KATZ e KAHN (1976) descrevem que as organizações devem ser vistas como sistemas abertos, pois sofrem influência de inúmeros fatores, entre os quais, estão o ambiente interno, externo, as pessoas e modelo de gestão. Neste conjunto, os processos internos permeiam as ações na busca de uma sinergia necessária para a adaptabilidade, frente as incertezas ambientais (MARTINELLI, VENTURA. LIBONI, MARTINS 2012).

A fim de demonstrar o envolvimento da tecnologia nas ações efetuadas pelos gestores da universidade, as análises foram realizadas sob os aspectos administrativos, acadêmicos e comunidade, conforme descritos nos tópicos a seguir.

4.3.3.1 Gestão administrativa

O coordenador de Tecnologia da Informação - CTIC, comenta no Plano de Contingência para enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) que um dos desafios da unidade é de prestar atendimento, mas agora surgiu outra dificuldade, que se trata de lidar com os problemas que estão acontecendo nos equipamentos, infraestrutura e conexão de internet na casa dos servidores. Já o plano de contingência da unidade aponta que nestes momentos de crise a Comunicação Institucional ganha relevância, tornando-se uma ferramenta indispensável de orientação, divulgação e esclarecimento junto a sociedade.

4.3.3.2 Gestão acadêmica

A fim de proporcionar a continuidade das atividades nas instituições de ensino, em razão da Covid-19, o Ministério da Educação (MEC) publicou a Portaria n° 343 de 18 de março de 2020, que trata da substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia. Segundo os documentos analisados a instituição informa, que diante deste novo formato de aula, o qual exige que seja efetuado um trabalho prévio, para a elaboração de conteúdo, a disponibilidade de plataformas virtuais e ainda requerer dos discentes, que tenham acesso à internet, condições estas que no momento não são totalmente atendidas.

4.3.3.3 Comunidade

No canal de notícias da instituição (http://bit.do/fRGVq) foram identificadas algumas publicações que remetem a autuação da instituição junto à comunidade local, voltada para o enfrentamento da pandemia, sendo evidenciadas nos próximos parágrafos.

O vice-reitor destaca que essa mobilização teve o efeito de mostrar para a comunidade que numa situação dessas, atípica, a universidade consegue reagir rápida e eficazmente. Ela tem o conhecimento e as condições e, que apesar das difíceis condições orçamentárias, de não ter infraestrutura própria, de ser uma universidade nova, conseguiu responder à altura e com seriedade e rigor científico.

Já o reitor afirmou que a produção de álcool glicerinado para a saúde pública, são ações que fortalecem o enraizamento da universidade na sociedade local e que mostram as diversas frentes em que ela pode auxiliar o município no enfrentamento desta pandemia. Destaca também que foram cedidos uma ambulância e quatro veículos oficiais para uso da Secretaria de Saúde do município.

4.3.3.4 Ações realizadas

Na tabela 4, são apresentados os documentos emitidos pela instituição, a fim de mitigar os efeitos decorrentes da variável “Ambiente”. Foram classificados por categorias, tipos de documento, unidade que emitiu este documento, breve descrição da ação realizada e do instrumento que dispõe desta informação.

Tabela 4 - Ações realizadas em 2020

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2022)

Na tabela 5, estão dispostas algumas informações que demonstram a interação da universidade junto à comunidade local.

Tabela 5 - Notícias publicadas pela universidade referente COVID-19

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2022)

4.3.4 Estrutura

CHENHAL (2003) aponta que os fatores contingências relacionam a estrutura com a distribuição convencional de papéis e tarefas entre os indivíduos da organização, sendo considerada uma disposição organizacional que influencia o trabalho, a motivação, os fluxos e sistemas de controle.

Segundo o Plano de Contingência para enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus Covid-19 elaborado pela instituição, este relata que as macrounidades da instituição emitiram algum tipo de orientação para a comunidade, tanto interna como externa, com as medidas acadêmicas e administrativas que foram adotadas, bem como a forma de atuação da universidade durante o período de isolamento social.

Para atendimento de outras necessidades, decorrentes da pandemia, Grupos de Trabalho - GT foram instituídos com finalidades diversas.

Um GT tinha como atribuição de avaliar e direcionar as diferentes demandas dos discentes em situações de risco social em tempos de Covid-19.

Na tabela 6, estão relacionados os documentos que deram origem aos comitês, grupos de trabalho e comissões, que diante das imposições advindas do Ambiente Externo, a instituição criou estes grupos com finalidades e atribuições diversas, para o planejamento, desenvolvimento e acompanhamento de ações decorrentes da pandemia.

Tabela 6 – Conselho, Comitês Grupos de Trabalho e Comissões

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2022)

4.3.5 Porte

Nesta variável “porte” o estudo abordou sobre os recursos recebidos para implementação de ações para o combate da pandemia do Covid-19 e nos reflexos dos gastos discricionários desta instituição, que se trata de uma autarquia pública, sem fins lucrativos e que recebe recursos da União Federal.

Sendo assim, o termo faturamento evidenciado por CHENHALL (2003) e MINSTZBERG (2006) e identificado neste trabalho como sendo as receitas orçamentárias recebidas por meio da Lei Orçamentária Anual e as descentralizações recebidas de outros órgãos.

Quanto a descentralizações, a universidade recebeu a confirmação da liberação de R$ 840 mil, por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED), do Ministério da Educação (http://bit.do/fRGVP), o qual será utilizado para o desenvolvimento das ações para o enfrentamento da Covid-19.

O reitor comenta no relatório de gestão que, por meio deste recurso será possível alavancar as ações que já estão sendo realizadas, ao fortalecer e consolidar uma contribuição fundamental que a universidade já oferta à sociedade, neste momento de Pandemia. Na tabela 7 são destacados alguns recursos recebidos pela instituição paraimplementar em ações de enfrentamento da COVID-19.

Tabela 7 - Termo de execução descentralizada

Na análise dos gastos discricionários o estudo revela que houve uma redução de (-56.81%) do total no ano de 2020 em relação ao ano de 2019, o que possibilitou a alocação desses recursos para o fortalecimento das atividades de enfrentamento da pandemia da COVID-19.

Tabela 8 - Gastos discricionários

Total: 2.845.282,64 5.008.360,85 -56,81%

Fonte. www.tesourotrasnparente.gov.br (recuperado em 17/07/2021

4.4 Das proposições

Na tabela 9, as proposições deste trabalho são confirmadas pautados nos documentos e informações identificados na pesquisa realizada, por meio da técnica descrita na literatura, que possibilita sistematizar os documentos e chegar-se a conclusões razoáveis em relação as proposições da pesquisa.

Tabela 9 - Análise das proposições com base na teoria da contingência

Fonte: Dados documentais – Elaborado pelos autores (2022)

Em resumo foram analisados um total de 77 documentos dos quais 8 legitimam as ações tomadas pelos gestores da universidade, no enfrentamento à COVID-19 e de fato se confirmam todas as proposições relacionadas com o problema de pesquisa. Dessa forma se evidencia substancialmente através da análise semântica e hermenêutica, da documentação avaliada, que a organização foi influenciada em suas estratégias organizacionais pela pandemia.

5 Conclusão

Por meio dos documentos disponibilizados pela instituição, foi possível evidenciar através da análise de conteúdo documental, que o trabalho remoto administrativo foi totalmente implementado, sendo este formato utilizado pelos técnicos administrativos com o apoio da estrutura tecnológica. O setor de Tecnologia da Informação atuou intensamente no atendimento e na implementação de soluções para que as tarefas e ações pudessem ser executadas.

O estudo constatou que a universidade fez uso de outras receitas (tabela 7) encaminhadas para investimentos em programas de combate a pandemia do Covid-19 e promoveu mudanças e inovações em seu ambiente interno, com vistas a manutenção das atividades neste período de pandemia.

Com a aplicação da Teoria Contingencial para demonstrar as influências provocadas nas estratégias da instituição analisada, a seguinte questão problema orientou esta pesquisa: Como uma instituição de ensino superior foi influenciada em suas estratégias organizacionais pela pandemia da COVID-19 sob a lente da teoria da contingência? A partir dos levantamentos realizados dos fatores contingências: O ambiente, Estratégia, Tecnologia, Estrutura e Porte tornou-se possível responder a este problema de pesquisa.

No que se refere ao fator Tecnologia, as ações tecnológicas promovidas para mitigar os impactos da pandemia, proporcionaram que a instituição pudesse manter as atividades administrativas, de ensino, pesquisa e extensão de forma remota. Quanto ao fator Estrutura, a instituição demonstrou que criou novas estruturas para o gerenciamento e enfrentamento das necessidades impostas pela pandemia, exceto a implementação do seu Conselho Curador. Por fim, a influência da COVID-19 sobre o fator Porte, provocou alterações no orçamento e nos custos da universidade, sendo identificado uma redução de 56,81% nos gastos discricionários do ano de 2020 em relação a 2019, o que possibilitou a esta folga orçamentária foi reutilizada conforme critérios próprios da gestão da universidade

As limitações dessa pesquisa estão relacionadas ao contexto de apenas uma instituição federal de ensino superior, com análise da documentação limitando-se somente aqueles que tiveram correlação com a pandemia da COVI-19. Como sugestão de estudos futuros, podem ser realizados trabalhos com um maior número de instituições de ensino, com vistas a se obter um panorama mais amplo das estratégias adotadas neste período de pandemia e sua efetividade no curto e médio prazo.

Referências

AGUIAR, A. B; FREZATTI, F. (2007) Sistema de controle gerencial e contextos de processo de estratégia: contribuições da TC. In: I Congresso da associação nacional de programas de pós-graduação em ciências contábeis – ANPCONT. Anais. Gramado: ANPCont, 2007.

ANDRADE, M. C. F; SILVA, N. T. G. (2017) O Comércio Eletrônico (E-Commerce): Um Estudo com Consumidores. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 7, n. 1, p. 98-111

ARAÚJO, T. M. D; LUA, I. (2021). O trabalho mudou-se para casa: trabalho remoto no contexto da pandemia de COVID-19. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 46.

BARBOSA, R. B; DIENG, M; OLIVEIRA, A. T. (2019) Aspectos Epistemológicos Comparativos Entre Mestrado Profissional e Acadêmico em Contabilidade: Uma Análise das Dissertações Defendidas no Ano de 2019.

BARDIN, L. (2010) Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições70.

BEUREN, I. M; MACOHON, E. (2011) Institucionalização de hábitos e rotinas na contabilidade gerencial à luz da teoria da contingência: um estudo em indústrias de móveis em São Bento do Sul. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, v. 10, n. 1-2, p.78-91, 2011.

BURNS, T; STALKER, G. M. (1961) The management of innovations. London: Tavistock.

CAMACHO, R. R. (2010) Fatores Condicionantes da Gestão de Custos Inter Organizacionais na Cadeia de Valores de Hospitais Privados no Brasil: uma abordagem à luz da Teoria da Contingência. 2010. 216 f. Tese (doutorado)- Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

FERREIRA, G. J. B. C; SANTOS, J. G. C; VASCONCELOS, A. C. (2021). Avaliação do Controle Interno e Tamanho dos Órgãos sob Jurisdição do Tribunal de Contas do Ceará (TCE/CE). Administração Pública e Gestão Social.

CHANDLER, A. D. (1962) Strategy and structure – chap ters in the history of American industrial enterprise. Cambridge: MIT Press, 1962.

CHENHALL, R. H. (2003) Management control systems design within its organizational context: findings. 2003.

GUERRA, A.R. (2007) Arranjos entre fatores situacionais e sistema de contabilidade gerencial sob a ótica da teoria da contingência. 2007. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Economia. Universidade de São Paulo, São Paulo.

GUERREIRO R; PEREIRA C.A; REZENDE A.J. (2005) Em busca do entendimento da formação dos hábitos e das rotinas da contabilidade gerencial: um estudo de caso. In: Encontro Nacional da associação dos programas de pós-graduação - em administração, 29., 2005, Brasília. Anais… Rio de Janeiro: ANPAD, 2005.

GREINER, L. E. Evolution and revolution as organizations grow. 1972 – h ttps://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10179654/

HANSEN, S. C; VAN DER STEDE, W. A. (2004). Multiple facets of budgeting: an exploratory analysis. Management accounting research, 15(4), 415-439.

KATZ, D; KAHN, R. (1976) Psicologia social das organizações. São Paulo: Atlas, 1976.

KLEIN, L; ALMEIDA, L.B. (2017). A influência dos fatores contingenciais na adoção de práticas de contabilidade gerencial nas indústrias paranaenses. Revista Universo Contábil, 13(3), 90-119.

LAWRENCE, P. R; LORSCH, J. W. (1967). Differentiation and integration in complex organizations. Administrative science quarterly, 1-47.

MARTINS, M; CONCEIÇÃO, A. L. Z. (2021). A importância da Gestão de Custos numa mudança de cenário econômico: o caso de uma operadora de saúde de MG. Gestão-Revista Científica, 3(1).

MARTINELLI, D. P; VENTURA, C; LIBONI, L. B; MARTINS, T. M. (2012) Teoria geral dos sistemas. São Paulo: Saraiva, 2012.

MASCARENHAS, A. O. (2020). Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. Cengage Learning.

MAVROUDEAS, S. D. (2020). 3. A pandemia de coronavírus e a crise econômica e da saúde1. Covid-19, Capitalismo e Crise: bibliografia comentada, 113.

MENDONÇA, R. L; REZENDE, S. R; RODRIGUES, L. M; ARAÚJO JÚNIOR. J. D; PAULA, P. D; LIMA, D. D. (2021, February). Atuação dos Tribunais de Contas nas Ações de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19. In XX USP International Conference in Accounting, São Paulo, SP. Recuperado em (Vol. 8).