Uma análise do desempenho dos alunos na II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira durante a pandemia do coronavírus
An analysis of students’ performance in the II Brazilian Financial Education Olympiad
during the coronavirus pandemic
Iris Maria Sousa1 e Wenner Glaucio Lopes Lucena2
1 Universidade Federal da Paraíba, Brasil, Bacharel em Ciências Contábeis, e-mail: iris.mariasousa@outlook.com
2 Universidade Federal da Paraíba, Brasil, Doutorado em Ciências Contábeis, e-mail: wdlucena@yahoo.com.br
Recebido em: 17/09/2023 - Revisado em: 17/10/2023 - Aprovado em: 05/11/2023 - Disponível em: 31/12/2023
Resumo
O cenário mundial deparou-se com o surto de um vírus desconhecido, obrigando os líderes governamentais a tomarem decisões que modificaram a dinâmica social. Diante do contexto, a população brasileira encontrou-se com diversos desafios financeiros, modificando sua forma de consumo e vivência. Esse estalo global escancarou a necessidade de estar atento aos níveis de educação financeira que a população possui, em especial em tempos conturbados, como é o caso da pandemia ocasionada pelo Covid-19. Frente a essa realidade, esse trabalho objetivou analisar o desempenho dos estudantes brasileiros do ensino educacional básico na realização da II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (II OBEF) diante do contexto de pandemia. Utilizou-se de maneira quantitativa a análise de frequências estatísticas para analisar o desempenho dos alunos, além disso, usou ainda a inferência estatística para assimilar o desempenho dos estudantes às variáveis estudadas. Constatou-se que 63,4% dos participantes do sexo masculino obtiveram pontuação excelente em contraponto a 57,3% das participantes do sexo feminino. Constatou ainda um alto desempenho das regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste, ensejando um maior preparo dos alunos dessas regiões. Por fim, constatou-se que não há significância evidenciada por meio da inferência estatística que confirme associação entre a participação na primeira I OBEF e o desempenho obtido na II OBEF.
Palavras chave: Educação Financeira, Alfabetização Financeira, Covid-19.
Abstract
The world scenario faced the outbreak of an unknown virus, forcing government leaders to make decisions that modified social dynamics. In this context, the Brazilian population faced various financial challenges, changing their consumption and lifestyle. This global wake-up call highlighted the need to pay attention to the levels of financial education that the population possesses, especially in troubled times, such as the pandemic caused by Covid-19. In this context, this study aimed to analyze the performance of Brazilian students in basic education in the II Brazilian Financial Education Olympiad (II OBEF) in the context of the pandemic. Quantitative analysis of statistical frequencies was used to analyze students’ performance, and statistical inference was also used to assimilate students’ performance with the studied variables. It was found that 63.4% of male participants obtained an excellent score compared to 57.3% of female participants. There was also a high performance in the Southeast, South, and Midwest regions, indicating better preparation of students in these regions. Finally, it was found that there is no significance shown through statistical inference to confirm an association between participation in the first OBEF and the performance obtained in the II OBEF.
Keywords: Financial Education, Financial Literacy, Covid-19.
1. Introdução
O surto da COVID-19 se iniciou na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, no quarto trimestre de 2019 e em março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada como uma pandemia (disseminação mundial de uma nova doença), reconhecendo vários surtos da nova doença em vários países e regiões do mundo (LEMOS, 2021; ROSSINI, 2020).
Em decorrência do desenfreado surto de contaminação, todo o território global foi obrigado a modificar a dinâmica social em todas suas esferas na tentativa de minimizar os malefícios socioeconômicos acarretados pela inserção do novo vírus. Diante desse cenário, medidas de isolamento social e de lockdown remodelaram a forma como a sociedade vive, trabalha, estuda e consome.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Locomotiva Instituto de Pesquisa em 18 de abril de 2020, a renda pessoal de 62% dos brasileiros economicamente ativos diminuiu em decorrência da pandemia do coronavírus. Nesse mesmo período também foi possível constatar o crescente interesse da população brasileira pela Educação Financeira. Dados da mesma pesquisa revelam que cerca 41% dos entrevistados passaram a pesquisar mais sobre educação financeira, 47% relataram que passaram a fazer planos sobre o futuro e 53% expuseram que a chegada da COVID-19 os incentivou a sair da zona de conforto (YZABEK, 2020; LOCOMOTIVA INSTITUTO DE PESQUISA, 2020)
Outro estudo realizado em 02 de maio de 2020 pela da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) revelou que 3/4 dos brasileiros foram obrigados a realizar cortes em gastos pessoais em seu cotidiano (LOCOMOTIVA INSTITUTO DE PESQUISA, 2020). Isso indica a ausência de planejamento financeiro e a não utilização de orçamento pessoal por parte dos indivíduos, pois essas ferramentas são responsáveis por ajudar as pessoas a administrarem seus recursos financeiros e principalmente no resguardo de dinheiro para épocas conturbadas da economia (CARRARO; MEROLA, 2018).
Sobretudo, o exercício da Educação Financeira na sociedade se mostra ainda difícil. É fato que o processo de aprendizagem e a conseguinte capacitação dos indivíduos para administrar seus recursos financeiros não é fácil, principalmente para as pessoas que nunca tiveram contato com a Educação Financeira em sua vida educacional (CARVALHO; SCHOLZ, 2018).
Diante de todas as modificações ocasionadas pela ascensão da crise do COVID-19, ficou ainda mais evidente a necessidade do conhecimento da Educação Financeira e dos fatores que influenciam para o desenvolvimento deste processo de aprendizagem. Para Carvalho e Scholz (2018), o desequilíbrio financeiro em que muitos indivíduos se encontram, demonstra a necessidade de que o sistema educacional básico incorpore ferramentas para disseminar conhecimento da área financeira, bem como o desenvolvimento do lado crítico para tomada de decisão que são apresentadas no cotidiano para os indivíduos.
Frente aos fatos mencionados, a Educação Financeira se porta como uma ferramenta que auxilia à obtenção de qualidade de vida e minimiza os possíveis malefícios ocasionados em tempos de crise. Dessa maneira, há a inevitável necessidade de atentar-se ao rumo do processo de alfabetização financeira da sociedade, em especial das crianças e jovens que são os protagonistas do futuro da nação.
Pensando nisso, a Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (OBEF) emerge como instrumento para incentivar a discussão da Educação Financeira nas escolas, promover a inclusão social por meio da competição, além de, por meio de seus resultados, fornecer informações para o desenvolvimento de políticas públicas, no sentido de minimizar os problemas financeiros existentes na nossa sociedade (EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA TODA A VIDA, 2020).
Em conseguinte, o presente trabalho tem como objetivo analisar o desempenho dos estudantes brasileiros do ensino educacional básico na realização da II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira diante do contexto de pandemia. Pretendeu-se analisar fatores que podem contribuir para o conhecimento do nível de conhecimento dos alunos e desse modo, auxiliar no processo de implementação de ferramentas que corroborem com o desenvolvimento desse conhecimento para crianças e jovens do país.
2. Referencial Teórico
2.1 O papel da Educação Financeira durante crises
A Educação Financeira é uma ferramenta poderosa para possibilitar qualidade de vida e, em pensamento a longo prazo, manter a população resguardada de eventuais imprevisibilidades. Nesse sentido, a Educação Financeira é o conhecimento e compreensão dos conceitos e riscos financeiros, bem como suas habilidades, motivação e confiança para aplicá-los com o intuito de tomar decisões eficazes por meio de um gama de contextos financeiros, para melhorar o bem-estar financeiro dos indivíduos e da sociedade, e para permitir a participação deles na vida econômica (GLEIF, 2018).
Pensando nessa perspectiva, a Educação Financeira demonstra ser eficaz a qualquer tempo, principalmente em tempos de incerteza econômica. Sobretudo, esse entendimento deve ocorrer de forma contínua, é necessário um processo de aprendizagem que capacite a população a tomar decisões em situações favoráveis e de crise. Ferramentas como o orçamento pessoal e o planejamento financeiro são fundamentais para a posterior criação de reservas de emergências, bem como o alcance de realizações pessoais (CARRARO; MEROLA, 2018).
Lusardi e Mitchel (2013) afirmam que na abordagem econômica convencional sobre decisões financeiras que envolve poupança e consumo pressupõe-se que um indivíduo totalmente racional e bem informado consumirá menos do que sua renda em tempos de alta econômica e dessa forma irá economizar para provisionar seu consumo quando a economia estiver em crise.
Essa premissa, apesar de ainda ser uma irrealidade para grande parte da população, se mostra relevante quando se nota as consequências que uma crise pode ocasionar. De acordo com Freitas (2020) em publicação para o site Politize! a renda coletiva das famílias norte-americanas teve uma queda de mais de 25% entre 2007 e 2008 em decorrência da crise financeira americana de 2008. Esse dado demonstra a fragilidade econômica que pode ser vivenciada de forma inesperada por qualquer indivíduo.
De certo, as crises são eventos imprevisíveis que acarretam diversos malefícios para as finanças pessoais de toda população. Sobretudo, a depender da relação que o indivíduo possua com a administração de seus recursos financeiros, esses infortúnios podem ser minimizados através de uma reserva de emergência ou a prática do empreendedorismo, por exemplo. À medida que esses conjuntos individuais de boas práticas financeiras se disseminam na sociedade e ocorrem de forma contínua, podem contribuir para melhoria do país em situações normais, bem como na capacidade de lidar com situações de crise. Essas ações individuais são benéficas para a capacitação financeira da população. Essa capacitação, por sua vez, está diretamente ligada ao desenvolvimento financeiro e econômico de um país (GROHMANN et al., 2018).
2.2 O desenvolvimento da Educação Financeira no Brasil e a Covid-19
A Educação Financeira no Brasil caminha a passos lentos em seu desenvolvimento quando comparado à países que apostam no ensino da temática há tempos e se tornaram referência, como a Estônia e Finlândia que lideraram Ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) 2018 sobre Educação Financeira (OCDE, 2020). Dados de uma pesquisa realizada em abril de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), revela que apenas 21% das pessoas tiveram educação financeira até os 12 anos de idade – destes, 45% não compartilham ou passam poucas informações sobre o orçamento da casa para seus filhos. A pesquisa ainda aponta que 42% aprenderam sobre o tema com ensinamentos do seus pais e 37% delas não costumam falar sobre a situação financeira com os próprios parceiros.
No Brasil, estima-se que o sucesso do Plano Real, em 1994, despertou na população brasileira uma mudança incipiente na forma de perceber e gerir suas finanças pessoais, após a população passar por períodos de alta inflação em que o poder de compra era garantido apenas pelo ajuste ao comportamento do consumidor, a estabilidade inflacionária foi alcançada, forçando mudanças na forma de gestão do dinheiro (LIZOTE; VERDINELLI, 2014).
Em conseguinte, com o intuito de disseminar a educação financeira, aumentar a eficiência e solidez do sistema financeiro e também contribuir para o fortalecimento da cidadania, membros do Sistema Financeiro Nacional (SFN) propuseram a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) em 2007, instituída oficialmente em 2010 por meio do Decreto n.º 7.397/10. A Estratégia Nacional de Educação Financeira promoveu iniciativas significantes para promoção da Educação Financeira nas escolas e para a sociedade em geral. Uma dessas iniciativas foi a criação da Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (OBEF) promovida pelo projeto de extensão “Educação Financeira para toda a vida” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018 integrou como obrigatório o “estudo de conceitos básicos de economia e finanças visando à educação financeira dos alunos” (BRASIL, 2018) às propostas pedagógicas das escolas brasileiras.
Com a inesperada chegada do COVID-19 instituindo a pandemia e o isolamento social, obrigou a sociedade a enfrentar diversos desafios financeiros. Dados de junho de 2020 da pesquisa realizada pelo IBOPE mostram que o hábito financeiro dos brasileiros mudou em decorrência da pandemia. A pesquisa revela que dos entrevistados, 51% afirmam terem diminuído gastos, 27% passaram a guardar mais recursos para possíveis incertezas no futuro e 22% começaram a atrasar o pagamento de boletos ou contas.
Apesar das mudanças mencionadas acima terem sido ocasionadas forçadamente, é notável que apesar dos malefícios, foi possível desenvolver um raciocínio mais crítico quanto às finanças advindas da população, isso é algo positivo se as mudanças individuais permanecerem no pós-crise. Craven, Mysore e Wilson (2020) afirmam em seu estudo sobre os impactos do COVID-19 no direcionamento do comércio Chinês e o comportamento do consumidor que os costumes adquiridos pelos consumidores de modo geral, tendem a manter suas preferências e não são susceptíveis de voltar aos antigos costumes mesmo no pós-crise.
Com esse pensamento, espera-se que a população brasileira continue a se desenvolver financeiramente e adotar bons costumes e práticas financeiras que auxiliem a administração de seus recursos e, consequentemente, prover qualidade de vida e proteção financeira em possíveis cenários adversos da economia.
2.3 II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira
O projeto “Educação Financeira Para Toda a Vida” da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é o criador da iniciativa intitulada Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (OBEF). A ideia do projeto ocorreu em 2008 durante a realização de um curso de especialização em Finanças Empresariais. O atual coordenador do projeto notou o total despreparo dos alunos da especialização frente as suas finanças pessoais. Após deparar-se com essa realidade, percebeu a necessidade de instigar o conhecimento da Educação Financeira na sociedade. A partir desse evento, o fundador e coordenador do projeto passou a pesquisar acerca da temática e descobriu sobre a iniciativa do Governo Federal de Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF). A partir daí, pesquisas e estudos fomentaram o surgimento do projeto e em 2012 foi oficialmente submetido ao Programa de Extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com a aprovação, iniciou suas atividades. Nesses quase 9 anos de história, o Educação Financeira Para Toda a Vida vem fomentando diversas ações que objetivam disseminar a Educação Financeira para crianças, jovens e adultos (EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA TODA A VIDA, 2019).
As raízes do projeto são embasadas em levar a Educação Financeira para todos de forma gratuita e simplificada. Sua primeira ação foi na Escola de Educação Básica, situada dentro da UFPB. Neste feito, a equipe do projeto ministrava aulas sobre Educação Financeira para as turmas do Ensino Fundamental I (do 1º o 5º ano), ação essa que permanece nos dias atuais e expandiu-se, levando palestras e oficinas para demais instituições da Paraíba (EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA TODA A VIDA, 2019).
Em 2017, o projeto agregou mais uma ação ao seu escopo e idealizou a I Olimpíada Paraibana de Educação Financeira (I OPEF), direcionada a todos os estudantes da rede pública e privada do estado da Paraíba. Essa iniciativa conseguiu o apoio e incentivo de diversas escolas e em seu primeiro ano alcançou a marca de aproximadamente 1.000 inscritos. Em 2018, na 2ª Edição da Olimpíada Paraibana de Educação Financeira (II OPEF), o projeto contou com o quádruplo de inscritos, conquistados a marca de mais de 4.000 participantes. Com o avanço alcançado, viu-se a possibilidade de elevar a Olimpíada Paraibana a nível nacional, e em 2019, concomitante à III Olimpíada Paraibana de Educação Financeira (III OPEF), realizou-se a I Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (I OBEF), contanto com mais de 40.000 participantes (EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA TODA A VIDA, 2019; UFPB, 2019).
A I OBEF seguiu os moldes da Olimpíada Paraibana de Educação Financeira em questão de estrutura, objetivos e processo, acrescentando apenas mais uma fase na Olimpíada, a etapa Nacional. Dessa forma, a I OBEF ocorreu em 3 fases: 1ª fase ocorrendo nas escolas; 2ª fase considerada Regional, na qual abrangia os alunos que acertam 75% da primeira prova, ou até 30% do número de inscritos da primeira prova; por fim, tem-se a 3ª fase, chamada de fase Nacional onde os medalhistas regionais competiram entre si.
Os alunos foram divididos em 5 níveis, sendo Nível 1 - alunos do 2º ano ao 3º ano do ensino fundamental I; Nível 2 - alunos do 4º ano ao 5º ano, do ensino fundamental I; Nível 3 - alunos do 6º ano ao 7º ano, do ensino fundamental II; Nível 4 - alunos do 8º ano ao 9º ano, do ensino fundamental II; e Nível 5 - alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio. As provas continham questões sobre juros, uso do dinheiro, perfil de gastos e outras questões correlatas, com o objetivo de avaliar seus conhecimentos na área.
Em 2020, a II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira (II OBEF) necessitou remodelar sua realização em decorrência da pandemia. Tendo isso em vista, os diversos desafios acometidos à sociedade, em especial ao sistema educacional, a Coordenação Nacional da Olimpíada decidiu realizá-la de maneira remota, para garantir a seguridade de todos os participantes e, também, em uma única fase (UFPB, 2020). Dessa forma, a II OBEF acompanhou os desafios ocasionados pelo COVID-19 e se manteve presente para alcançar seus objetivos frente a nova conjuntura social. Os objetivos da II OBEF estão contidos na Tabela 1.
Tabela 1. Objetivos da II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira
Fonte: Edital Suplementar II OBEF. Disponível em https://www.ufpb.br/educacaofinanceira.
Na II OBEF as provas de Nível 1 contiveram 10 questões e os demais níveis 15 questões. Todos os participantes receberam certificados de participação e para os alunos que obtiveram os melhores desempenhos foi concedido certificação de bronze, prata e ouro.
3. Procedimentos Metodológicos
Esse trabalho tem como objetivo analisar o desempenho dos estudantes brasileiros do ensino educacional básico na realização da II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira diante do contexto de pandemia. Nesse sentido, essa pesquisa enquadra-se como exploratória e usou de dados quantitativos e qualitativos primários. Os dados foram fornecidos pela Coordenação Nacional da Olimpíada.
A OBEF ocorreu de forma remota entre os dias 23 e 27 de novembro de 2020, por meio da plataforma Remark Cloud. Realizou-se por meio de questões objetivas sobre o conhecimento em educação financeira, subdividindo-se em cinco níveis. Cada nível comporta as séries dos estudantes, mostrados na Tabela 2.
Tabela 2. Níveis e dias de prova da II OBEF
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
As provas tiveram 2h00min de duração para realização, sendo composta de questões de múltipla escolha, compondo 10 questões para o nível 1 e 15 questões para os demais níveis. Para este artigo, os acertos nas provas foram transformados de maneira proporcional para estarem contidos dentro de uma escala de notas que vai de 0 a 10 pontos.
A amostra de pesquisa é formada pelos participantes da prova, compreendendo um total de 2.062 alunos do ensino fundamental e médio. A amostra deste estudo caracteriza-se como não probabilística por acessibilidade.
A partir do resultado das provas foram apurados os dados de cunho individual que constituíram as variáveis qualitativas desse estudo: sexo, níveis, regiões e participação na 1º edição da OBEF. Os mecanismos de pesquisa buscaram analisar o desempenho dos alunos na II OBEF tendo em vista os desafios acarretados pela sua realização durante a pandemia.
Foram utilizados os Softwares Excel para tabulação dos dados fornecidos pelo Remarck Cloud bem como para a realização de tratamento básico de medidas estatísticas para análise.
Foi realizada análise de frequências estatísticas por meio da ferramenta Excel para analisar o desempenho dos alunos, com objetivo de explicar a correlação ou covariância de dependência das variáveis observadas.
Para análise de frequência realizou-se uma tabela de frequência por classes com o propósito de criar categorias para o desempenho dos alunos. O quantitativo de classes obedeceu a equação proposta pela Regra de Sturges.
Onde representa o número de observações.
Ademais, utilizou-se da Inferência Estatística pelo método de Qui-quadrado para verificar a associação das variáveis estudadas. Esse método inferencial procura comparar a dependência das variáveis qualitativas e averiguar se uma interfere noutra.
Utilizou-se ainda o software livre RStudio para a criação de visualizações gráficas.
4. Análise de Dados
Primeiramente, será apresentada uma breve análise quantitativa dos dados, levando em consideração o total de inscritos na II OBEF e os alunos que efetivamente realizaram a prova.
Tabela 3 - Análise quantitativa dos dados da pesquisa
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
Primeiramente, nota-se uma queda de aproximadamente 41% no total de inscritos com relação aos alunos que efetivamente realizaram a prova. Essa queda é expressiva e demonstra as dificuldades de adaptação dos estudantes aos novos formatos remotos de educação na qual a II OBEF necessitou adaptar-se. Estudo realizado entre agosto e setembro de 2020 pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) relata que 67% dos alunos se queixam de dificuldades em estabelecer e organizar uma rotina diária de estudos durante a pandemia. Esse dado corrobora com a expressiva queda de participação constatada acima (OKUMURA, 2020).
O quantitativo de participantes do sexo feminino foi superior em aproximadamente 7,2% em comparação aos participantes do sexo masculino, entretanto esse dado não representa uma discrepância significativa na amostra. A distribuição entre os níveis mostra que os estudantes do Ensino Fundamental I (Nível 1 e Nível 2) representaram a menor parcela da amostra, representando aproximadamente 23,4% dos participantes na prova. Em contraposição, os estudantes do Nível 4 (alunos do 8º ano ao 9º ano, do ensino fundamental II) tem a maior representação amostral (27,8%), seguido dos alunos do Ensino Médio (Nível 5) com 25,8% de participantes.
Entre as distribuições regionais tem-se a majoritária participação da região Nordeste (40,6%) e da região Sul (29,6%) representando 70.2% dos alunos na amostra. Entretanto, mesmo a região Sul estando em segundo lugar com relação a participação de alunos, mostrou-se consistente em relação ao quantitativo de inscritos que efetivamente realizaram as prova, evidenciando que apenas 0,6% dos alunos inscritos não concluíram a realização da II OBEF. Ademais, constatou-se que 80,1% dos participantes da II OBEF não participaram da 1º edição da Olimpíada.
Em conseguinte será analisado o desempenho dos alunos. Para essa análise, o desempenho dividiu-se em 12 classes, agrupadas em 3 categorias (ruim, bom e excelente), cada classificação engloba 4 faixas das classes de desempenho, definidos a partir da pontuação dos estudantes.
Tabela 4. Análise do desempenho dos alunos nas provas da II OBEF (2020)
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
Com relação ao desempenho, constata-se que a maioria dos estudantes obteve um desempenho “Excelente” entre 7,68 e 10 pontos, representando 60,1% da amostra, desses alunos, as pontuações concentraram-se entre 7,51 a 8,33 (13,3%) e 9,18 a 10 (24%). De forma positiva, essa dominante concentração do desempenho “Excelente” sucede com o desempenho “Bom” dos estudantes, representando 29,8% da amostra e concentrado pontuações entre 5,84 a 6,67 (19,6%). Em aditivo, apenas 10,1% dos estudantes obtiveram pontuações enquadradas na classificação “Ruim”.
As constatações acima são positivas e denotam sobre um bom desempenho geral dos alunos frente às dificuldades educacionais ocasionadas pela adaptação ao ensino remoto e a consequente realização da II OBEF em novos moldes. Em aditivo, a média geral dos estudantes foi de 7,17 e a amostragem obteve um desvio padrão de 2,27, representando um baixo grau de dispersão das pontuações.
As análises a seguir demonstrarão a correlação do desempenho com as demais variáveis deste estudo. Isso será feito de forma descritiva por meio da análise das tabelas de frequência, da qual objetiva verificar ligações das variáveis observáveis e analisar a possível existência de associação entre as variáveis que estão na linha (Desempenho) em contraste com as variáveis que estão nas colunas (Gênero, Nível, Região, Participação na I OBEF). Em aditivo, cada comparação será submetida à Estatística Inferencial por meio do teste Qui-quadrado.
4.1 Pontuação x Sexo;
Para fins de analisar a variável Sexo, seguiu-se o mesmo processo de análise de frequência pelas classes para análise de desempenho.
Tabela 5 - Análise de Desempenho pela variável gênero
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
Apesar dos participantes do sexo feminino estarem em maior quantidade na amostra, os participantes do sexo masculino performaram de forma mais expressiva dentro do desempenho “Excelente”, demonstrando que 63,4% dos meninos atingiram pontos entre 7,68 e 10 pontos, concentrando 25,5% das pontuações entre 9,18 e 10. Para as meninas, o desempenho “Excelente” foi obtido por pouco mais da metade das participantes (57,3%) e 32,5% alcançaram notas entre 3,34 e 6,67 (Classificação “Bom”). Além disso, as meninas obtiveram maior concentração de desempenho “Ruim” do que os meninos.
A Tabela 6 apresenta o teste de Qui-Quadrado, realizado em Excel. Para realizar o teste, a variável “Pontuação” foi transformada em variável qualitativa, assumindo “Satisfatório” para pontuações iguais ou acima da média 5. Para as pontuações inferiores à média, atribuiu-se “Insatisfatório”. O grau de significância fixado foi o de 0,05 por ser o mais usual. Tendo isso em vista, o resultado obtido é de valor-p inferior a 0,05, inferindo que há evidências de que haja associação da variável Gênero com o resultado satisfatório obtido na prova.
Tabela 6 - Teste de Qui-Quadrado Pontuação x Sexo
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
De acordo com a especialidade Flores-Ane, administradora principal da área de Educação Financeira da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os testes que normalmente são realizados demonstram que as mulheres e as jovens tendem a ter menor capacidade numérica em decorrência de insegurança quanto a questões matemática, ao contrário dos homens que tendem a ter excesso de confiança. No geral, ela relata que esse acontecimento não é fácil de explicar (ALMAS, 2017).
Para Azar e Mejía (2020) as mulheres possuem menor confiança em questões financeiras e temem mais aos riscos do que os homens. Dessa maneira, em média, o comportamento feminino tende a ser diferente do comportamento masculino em diversas situações financeiras, fazendo com que tomem estratégias diferentes para lidar com situações críticas. Exemplificam que os homens são mais propensos a economizar por meio de mecanismos informais, ao passo que a mulher prefere cortar gastos. Esse pensamento evidencia um possível comportamento financeiro mais conservador por partes das mulheres, influenciando nos níveis de conhecimento acerca da temática.
4.2 Pontuação x Níveis
Com relação ao desempenho por níveis, o Nível 1 teve um desempenho expressivo com relação a classificação “Excelente”, concentrando 96,1% das pontuações dos participantes, dentro do grupo, houve centralização de 85,6% das pontuações entre 8,34 e 10. Os níveis 3 e 5 sucedem o ranking de melhores pontuação, concentrando respectivamente 72,2% e 60% das pontuações na classificação “Excelente”.
Tabela 7 - Análise de Desempenho pela variável Nível
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
O Nível 2 destaca-se por manter pouco mais da metade (51%) das pontuações entre 3,34 e 6,67, considerada a classificação “Bom”.
Em comparativo, o Nível 4 desempenhou um pouco abaixo dos demais níveis, tendo 19% das pontuações entre 0 e 3,33 (Classificação “Ruim”). As constatações acima são visualmente perceptíveis na figura 1, onde representa o desempenho médio dos níveis.
Figura 1. Gráfico de desempenho médio por nível
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
Apesar dos alunos estarem no início da vida escolar durante o Ensino Fundamental I (Nível 1 e Nível 2), percebe-se que conseguiram atingir excelentes resultados, mesmo enfrentando as readequações causadas pela pandemia. Em contínuo, a maioria dos alunos do Ensino Fundamental II (com exceção do Nível 4) e Ensino Médio tiveram a maioria dos resultados considerados bons e excelentes.
Tabela 8 - Teste de Qui-Quadrado Pontuação x Nível
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
Do ponto de vista inferencial, o teste de Qui-quadrado realizado na Tabela 8 aponta p-valor inferior ao grau de significância 0,05, indicando evidências estatísticas de que haja associação da variável Nível com o resultado satisfatório obtido na prova (tabela 8).
Entretanto, a partir dos dados, não se associa uma regularidade explícita do desempenho ser crescente em relação ao avanço dos níveis (ou das séries) dos participantes.
4.3 Pontuação x Região/Localidade;
Tabela 9 - Análise de Desempenho pela variável Região
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
*CO – Centro Oeste; NO – Nordeste; NE – Norte; SE – Sudeste; SU – Sul.
As regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste tiveram os melhores desempenhos, representando respectivamente 65,4%, 64,2% e 60,4% das pontuações na classificação “Excelente”. As três regiões tiveram um percentual muito baixo de pontuação entre 0 e 3,33 (classificação “Ruim”), Sudeste com 6,6%, Sul com 7,5% e Centro Oeste com 8,1%. É válido salientar que essas regiões estiveram acima da média no Índice de Cidadania Financeira (ICF), realizado pelo Banco Central do Brasil entre 2015 e 2017. Este índice avalia 13 critérios que objetivam mensurar os avanços da educação e da inclusão financeira no Brasil (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Dado que a média nacional foi de 41,5 pontos, as regiões Sul obteve 63,5, o Centro Oeste 59,67 e Sudeste 51,8.
Os dados acima corroboram com ideia da necessária continuidade no aprendizado para a capacitação financeira da população para que os efeitos surtam a longo prazo. O desempenho excelente dessas regiões corrobora com a prerrogativa de que uma sociedade bem educada financeiramente pode diminuir os malefícios ocasionados por uma crise. Neste caso, essas mesmas regiões obtiveram resultados surpreendentes quanto ao desempenho da II OBEF mesmo enfrentando as readequações e dificuldades impostas pela pandemia.
A região nordeste teve mais da metade do desempenho dos estudantes na classificação “Excelente” (57,9%), por esta razão performou melhor do que a região norte que, dentre as regiões, esteve mais presente na classificação “Bom”, com 43,4%.
Além das proposições ditas acima, do ponto de vista inferencial, o teste de Qui-quadrado mostrado na Tabela 10 procede em p-valor inferior ao grau de significância 0,05, indicando evidências estatísticas de que existe associação da variável Região com o resultado satisfatório obtido na prova.
Tabela 10 - Teste de Qui-Quadrado Pontuação x Região
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
*CO – Centro Oeste; NO – Nordeste; NE – Norte; SE – Sudeste; SU – Sul.
De forma complementar, mostra-se na Figura 2 a média de pontuação obtida por todos os Estados Brasileiros e como se dispersam diante de sua média, representada pelo eixo vertical de cor preta no centro da imagem.
Figura 2 - Gráfico de Dispersão Média da Pontuação dos Estados
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
De modo geral, os Estado tenderam a manter-se próximos à média de pontuação geral (7,17), variando num intervalo de 6 a 8.
Os Estados abaixo desse intervalo são o Acre e Maranhão. A análise individual desses Estados pode ser considerada como outlier pois possuem uma pequena quantidade de participantes em relação a amostragem geral (Acre com 8 participantes e Maranhão com 15 participantes.
Os Estados acima do intervalo de 6 a 8 seguem o mesmo preceito mencionado acima, pois Piauí possui apenas 1 participante que obteve nota acima de 8, Amapá com 2 participantes e Paraná com 20 participantes.
4.4 Pontuação x Participação na I OBEF
Por fim, analisou-se a variável “Participação na I OBEF” para averiguar a possível correlação entre o aprendizado adquirido na I OBEF e o desempenho obtido na edição da II OBEF em formato adaptado à pandemia.
Tabela 11 - Análise de Desempenho pela variável Participação na I OBEF
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
A priori, nota-se que grande parte dos participantes da II OBEF não realizaram a I OBEF, entretanto, os que participaram concentraram 64,1% da pontuação na classificação “Excelente”, em contraponto à 59,1% dos resultados “Excelente” dos estudantes que não estiveram presente na primeira edição da OBEF.
A partir da análise acima, não se percebe uma diferença significativa. Apesar dos alunos presentes na I OBEF representarem uma menor quantidade de alunos que tiveram de 0 a 3,33 (6,6% - Classificação “Ruim”), ambos os alunos que participaram e não participaram da I OBEF mantiveram-se, quase que de forma equivalente (diferença de apenas 0,6%) na classificação “Bom”.
Tabela 12 - Teste de Qui-quadrado Pontuação x Participação na I OBEF
Fonte: elaboração própria a partir dos dados da II OBEF (2020).
Do ponto de vista inferencial, ao realizar o teste de Qui-quadrado o resultado de p-valor é superior ao grau de significância 0,05, indicando evidências de que não há associação da variável participação na I OBEF com o resultado satisfatório obtido na prova. Corroborando com a análise feita anteriormente.
5. Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi o de analisar o desempenho dos estudantes brasileiros do ensino educacional básico na realização da II Olimpíada Brasileira de Educação Financeira diante do contexto de pandemia. Evidenciando a importância do conhecimento e aplicabilidade no cotidiano, em especial em tempos de crise. Além disso, demonstra os prejuízos educacionais que divergem da ideia de uma capacitação contínua da sociedade para estarem aptos a administrar suas finanças em períodos conturbados, bem como obter qualidade de vida a longo prazo. Os resultados demonstram a defasagem do conhecimento financeiro principalmente em relação às regiões brasileiras e aos níveis (séries educacionais) dos participantes.
Em relação a análise do desempenho com relação ao sexo do participante, notou-se maior defasagem com relação ao sexo feminino, demonstrando ainda de forma inferencial que há um grau de significância, e consequentemente há associação entre o sexo do participante e o desempenho adquirido na II OBEF. Dando prerrogativas da importância de adquirir medidas que viabilizem a agregação de conhecimento e consequente progresso por parte do público feminino.
Com relação aos níveis, o Nível 4 que abrange os estudantes de série entre o 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II foi o que obteve um menor desempenho em relação aos outros níveis. Sobretudo, comprovou-se de forma inferencial que há significância entre os níveis e o desempenho do aluno, reforçando que há uma associação entre as duas variáveis. Apesar da maioria dos níveis apresentarem bons resultados, o Nível 1 liderou a posição de pontuação “Excelente”, concentrando 96,1% das pontuações. Esse fato se mostra relevante, pois a base educacional é imprescindível para o desenvolvimento a longo prazo desses estudantes. À medida que esse conhecimento se solidifica, é possível aspirar um futuro de pessoas educadas financeiramente e preparadas para eventuais crises econômicas como a vivenciada atualmente pelo COVID-19.
Partindo para análise regional, houve uma disparidade visível entre as regiões Sudeste, Sul e Centro Oeste. Essas regiões apresentaram concentrações significativas de desempenho “Excelente”. Essa constatação vai de encontro com o estudo realizado entre 2015 a 2017 pelo Banco Central do Brasil acerca do Índice de Cidadania Financeira (ICF) onde afirma que essas regiões possuem boa inclusão e avanço da Educação Financeira. Já as regiões Nordeste e Norte mostraram um desempenho inferior. Esses dados refletem uma desigualdade em relação a capacidade de aplicabilidade e compreensão financeira da população Nordestina e Nortista, se mostrando preocupante, pois crises como a do COVID-19 afetam economicamente os menos instruídos e favorecidos. Reflete a necessidade de equiparar o conhecimento e ter mais atenção a essas áreas.
A atual implementação de 2018 do tema de Educação Financeira de maneira integrada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se mostra relevante e deve atentar-se à capacitação de profissionais aptos para fomentar esse conhecimento, principalmente em áreas menos instruídas como as regiões mencionadas nesse estudo (Nordeste e Norte). Essas modificações se mostram prósperas e necessárias. Com essas contemplações, pode-se prospectar menores consequências nocivas em possíveis futuras crises.
Por fim, constatou-se que a participação dos estudantes na I OBEF não obteve força significativa em termos inferenciais para a afirmação de que houve associação entre o bom desempenho dos alunos advindo de uma possível obtenção de conhecimentos com a participação na 1º edição da OBEF.
Em concluso, as variáveis investigadas neste estudo se mostram importantes de serem avaliadas para externar os possíveis fatores que se associam ao nível de instrução financeira da sociedade em tempos normais e anormais como o que foi estudado neste artigo. Mostra-se como instrumento para investigar os fatores que podem ser trabalhados em favor do desenvolvimento da temática. Ademais, traz resultados que corroboram para fomento da área de pesquisa, difundindo mais conhecimento acerca das defasagens no grau de conhecimento financeiro da população e os fatores que influenciam esse ensejo. Recomenda-se ainda, a investigação de outros fatores além do sexo, série e região geográfica e em maior janela temporal para efeitos comparativos e de acompanhamento do desenvolvimento da Educação Financeira na sociedade.
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