Análise e diagnóstico econômico-financeiro por meio de indicadores em uma empresa alimentícia
Economic-financial analysis and diagnosis through indicators in a food company
Victoria da Graça Martins Costa1, Eliza dos Santos Lorenci2 e
João Francisco Morozini3
1 Universidade Estadual do Centro-Oeste, Brasil, Graduanda em Ciências Contábeis,
e-mail: victoriacosta03@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0009-0003-7783-5743
2 Universidade Estadual do Centro-Oeste, Brasil, Graduanda em Ciências Contábeis,
e-mail: eliza.santos.lorenci123456@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0009-0004-1341-2327
3 Universidade Estadual do Centro-Oeste, Brasil, Doutorado em Administração,
e-mail: jmorozini@unicentro.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8183-2746
Recebido em: 16/12/2024 - Revisado em: 18/04/2025 - Aprovado em: 09/05/2025 - Disponível em: 30/06/2025
Resumo
Realizar o diagnóstico sobre a saúde financeira da empresa e sua eficiência operacional, permite avaliar sua competitividade e sustentabilidade, com foco na análise e mensuração de seu desempenho e na gestão estratégica das organizações. A empresa analisada vem crescendo nos últimos anos, com aumento na produção e nas vendas. No entanto, enfrenta desafios típicos de empresas em ascensão, especialmente no que diz respeito a gestão financeira e ao monitoramento eficaz de indicadores de desempenho. Diante desse cenário, este trabalho teve como objetivo realizar uma análise econômico-financeiro, com base em indicadores a fim de identificar pontos que mereçam atenção dos gestores para melhorar a performance da empresa, principalmente econômico-financeira. A análise foi centrada em indicadores como o EBITDA; Margem Líquida; Análise da Receita Bruta; Margem Líquida; Giro do Ativo; Retorno sobre Ativos (ROA); Multiplicador de Alavancagem Financeira (GAF); Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE), além da comparação entre Receitas e Custos Operacionais. Também serão considerados indicadores de Estrutura de Capital, como o Grau de Endividamento e a Composição entre o Capital Próprio e de Terceiros, com base nas Demonstrações Contábeis divulgadas do período de 2021 a 2024. O estudo demonstrou a relevância do uso sistemático de indicadores de desempenho para fornecer informações consistentes à tomada de decisão, contribuindo para maior eficiência operacional e segurança financeira, proporcionando uma visão da evolução dos resultados e riscos numa linha de tempo, o estudo reforça a aplicabilidade da análise gerencial como instrumento de gestão, evidenciando como o uso dos indicadores pode não apenas revelar fragilidades, mas também apoiar decisões que assegurem a competição e crescimento da organização no setor alimentício.
Palavras chave: Análise das Demonstrações Contábeis; Sustentabilidade; Sobrevivência.
ABSTRACT
Performing a diagnosis of a company’s financial health and operational efficiency allows us to assess its competitiveness and sustainability, focusing on analyzing and measuring its performance and the strategic management of organizations. The company analyzed has been growing in recent years, with increased production and sales. However, it faces challenges typical of emerging companies, especially regarding financial management and effective monitoring of performance indicators. Given this scenario, this study aimed to conduct an economic and financial analysis based on indicators to identify areas that deserve management attention to improve the company’s performance, particularly its economic and financial performance. The analysis focused on indicators such as EBITDA; Net Margin; Gross Revenue Analysis; Net Margin; Asset Turnover; Return on Assets (ROA); Financial Leverage Multiplier (FLM); Return on Equity (ROE), in addition to comparing Revenue and Operating Costs. Capital Structure indicators, such as the Debt Level and the Composition between Equity and Third-Party Capital, will also be considered, based on the Financial Statements published for the period 2021 to 2024. The study demonstrated the relevance of the systematic use of performance indicators to provide consistent information for decision-making, contributing to greater operational efficiency and financial security, providing a view of the evolution of results and risks over a timeline. The study reinforces the applicability of management analysis as a management tool, highlighting how the use of indicators can not only reveal weaknesses, but also support decisions that ensure the organization’s competitiveness and growth in the food sector.
Keywords: Financial Statement Analysis; Sustainability; Survival.
1 CONTEXTO DA REALIDADE INVESTIGADA
O setor alimentício exerce papel essencial na economia mundial, pois é responsável por contribuir para a geração de empregos e para a produção econômica do país, sendo também uma área altamente competitiva (Rocha, 2024).
Para Suzigan (2000) esse fato demonstra a importância do setor alimentício, uma vez que ele figura entre os principais responsáveis pelo processo inicial de industrialização no Brasil, desempenhando papel essencial na composição do Produto Interno Bruto (PIB). A autora também destaca que o setor é marcado por ampla heterogeneidade técnica, econômica e sociocultural, apresentando especificidades que variam conforme os diferentes segmentos que o compõem, cada um com estruturas institucionais, organizacionais e tecnológicas próprias. No entanto, todos compartilham um elemento comum: a intensa competitividade.
A indústria alimentícia atua em um contexto de constante pressão por qualidade, inovação, produtividade e sustentabilidade, fatores determinantes para a manutenção e expansão de sua participação no mercado. Essa competitividade é impulsionada não apenas pela globalização e pela abertura comercial, mas também pela evolução tecnológica, pelas mudanças nos hábitos de consumo e pelo fortalecimento das exigências regulatórias e ambientais, que exigem das empresas maior eficiência e capacidade de adaptação (Oliveira, 2004).
Diante desse cenário, torna-se indispensável a realização de diagnósticos financeiros e operacionais que permitam avaliar a saúde econômica das organizações e mensurar seu desempenho de forma precisa. O uso do diagnóstico é justificado pela necessidade de identificar pontos fortes e fragilidades, otimizar recursos, planejar estratégias de crescimento e garantir vantagem competitiva em um ambiente cada vez mais dinâmico. Assim, o diagnóstico financeiro deixa de ser apenas uma ferramenta de controle, consolidando-se como um instrumento estratégico essencial para a tomada de decisões e para a sustentabilidade das empresas do setor alimentício.
A análise de desempenho organizacional, calculada por meio de indicadores econômicos e financeiros, revela-se de grande relevância para o campo da gestão financeira e estratégica, pois essas métricas fornecem informações valiosas sobre a eficiência e a rentabilidade das empresas industriais. A mensuração desses indicadores possibilita compreender a utilização dos recursos, o retorno sobre investimentos e a lucratividade dos ativos, aspectos fundamentais para sustentar o crescimento e a competitividade no longo prazo.
Com as constantes transformações do mercado e o aumento das exigências de consumidores e investidores, o ambiente organizacional requer flexibilidade, agilidade, geração de conhecimento e capacidade de inovação. Nesse contexto, cabe aos gestores acompanhar o desempenho da empresa, identificar ameaças e oportunidades e promover melhorias contínuas por meio de ferramentas gerenciais, entre elas, os indicadores financeiros. A utilização desses instrumentos permite alinhar a sustentabilidade econômica à competitividade organizacional, fortalecendo a posição estratégica da empresa no setor.
Nesse contexto, este Relato Técnico tem como foco uma empresa de médio porte do setor da indústria alimentícia, localizada no interior do Paraná/PR. Com início em 2015, a partir da venda artesanal de biscoitos em ambiente universitário, a empresa diversificou sua produção ao longo do tempo, concentrando-se especialmente na fabricação de cookies, o que impulsionou o desenvolvimento de uma marca voltada à qualidade com foco em sabor e identidade própria.
Com o crescimento da demanda e a consolidação da marca no mercado local, a empresa passou por uma fase de expansão, marcada pela entrada de um novo sócio, reestruturação dos processos produtivos e ampliação dos canais de venda. Recentemente, também houve mudanças no local da indústria, acompanhando o aumento da capacidade produtiva e a necessidade de melhor atendimento logístico.
Atualmente a organização conta com cerca de cinco funcionários e segue em fase de expansão, buscando fortalecer sua presença no mercado por meio de melhorias de processos internos e consolidação da marca.
2 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
A empresa analisada vem crescendo nos últimos anos, com aumento na produção e nas vendas. No entanto, enfrenta desafios típicos de empresas em ascensão, especialmente no que diz respeito a gestão financeira e ao monitoramento eficaz de indicadores de desempenho, o que pode comprometer a sustentabilidade do negócio no médio e longo prazo.
A ausência de controles financeiros estruturados e de análises comparativas entre receitas e custos dificulta a lucratividade real, gerando incertezas na tomada de decisões estratégicas e limitando o potencial de crescimento consistente da organização.
Diante desse cenário, este trabalho teve como objetivo realizar uma análise econômico-financeira, com base em indicadores a fim de identificar pontos que mereçam atenção dos gestores para melhoria da performance da empresa, principalmente econômico-financeira, garantindo eficiência operacional e solidez. A análise foi centrada em indicadores como o EBITDA; Margem Líquida; Análise da Receita Bruta; Margem Líquida; Giro do Ativo; Retorno sobre Ativos (ROA); Multiplicador de Alavancagem Financeira (GAF); Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE), além da comparação entre Receitas e Custos Operacionais. Também serão considerados indicadores de Estrutura de Capital, como o Grau de Endividamento e a Composição entre o Capital Próprio e de Terceiros, com base nas Demonstrações Contábeis divulgadas do período de 2021 a 2024.
3 EMBASAMENTO CIENTÍFICO
3.1 Análise do Desempenho Organizacional
O desempenho organizacional é um conceito utilizado na administração das empresas, ligado diretamente a capacidade que a organização possui de atingir seus objetivos de forma eficiente e como estão sendo aplicados seus recursos. Nesse contexto, a avaliação do desempenho é essencial para identificar áreas que necessitem de melhorias e propor ações que nos permita alcançar os resultados esperados (Corrêa; Schio; Santos, 2017).
Uma avaliação eficaz do desempenho financeiro fornece uma base sólida para a tomada de decisões dentro da organização, especialmente ao definir planos estratégicos que possam contribuir para o crescimento e aumentar o valor para os acionistas. Análises direcionadas a esse objetivo têm como propósito apoiar os gestores na formulação de políticas, definição de ações e estabelecimento de metas alinhadas ao planejamento (Souza, 2005).
Para Matarazzo (2010) uma análise consiste no processo de transformar projeções financeiras em informações relevantes que permitam aos gestores avaliarem o desempenho de uma empresa, a qualidade da gestão e sua eficiência operacional. O autor ainda enfatiza a importância do uso de indicadores como métricas de avaliação, sendo que os índices financeiros, que representam relações entre contas das projeções financeiras, são amplamente utilizados para analisar e avaliar os aspectos econômicos e financeiros de uma empresa. Embora forneçam uma visão abrangente, funcionam como alertas e não decisões definitivas, pois outros fatores externos podem influenciar a situação da empresa.
Segundo Iudícibus (2017), a análise das demonstrações contábeis pode ser considerada uma verdadeira arte, pois não existe um método científico ou uma fórmula única que permita relacionar os índices de modo a alcançar uma interpretação totalmente precisa. Embora haja procedimentos e cálculos padronizados amplamente aceitos, as conclusões obtidas podem variar, resultando em percepções distintas ou até semelhantes sobre a situação econômica e financeira de uma empresa.
De acordo com Assaf Neto (2020), a análise das demonstrações financeiras tem caráter essencialmente comparativo. Isso significa que a interpretação de um indicador isoladamente não é suficiente para gerar conclusões consistentes. É necessário compreender a evolução dos resultados ao longo do tempo e avaliar como esses números se posicionam em relação aos concorrentes e às referências do mercado. Jesus (2022) também ressalta que as comparações realizadas nesse processo podem ocorrer de duas maneiras: temporal, quando se examina o desempenho da empresa em diferentes exercícios; e interempresarial, quando se confronta o resultado obtido com o desempenho de outras organizações do mesmo setor ou com os padrões do mercado em geral.
Os autores Portella e Treter (2011) destacam o papel crucial da contabilidade gerencial ao fornecer informações econômicas específicas, detalhadas e precisas, que servem como base sólida para a tomada de decisões estratégicas dentro da empresa. Ao contrário da contabilidade financeira, que atende às demandas de investidores e órgãos reguladores, a contabilidade gerencial é direcionada exclusivamente para a gestão interna, oferecendo dados sob medida para as necessidades dos gestores. Eles reforçam que essa ferramenta se revela indispensável para o planejamento estratégico, o controle das operações e a tomada de decisões eficazes, contribuindo significativamente para a liderança organizacional.
Do mesmo modo Rodrigues (2018) cita em sua pesquisa que a avaliação de desempenho é essencial para a criação de valor nas organizações, especialmente num contexto de intensificação da concorrência e de maior dinamismo dos mercados. Na análise do desempenho organizacional, é possível utilizar uma ampla variedade de indicadores tanto financeiros quanto não financeiros para avaliar a eficiência das empresas (Matarazzo, 2010).
3.2 Indicadores Financeiros
De acordo com Lima et al. (2021) um indicador é uma ferramenta que traduz uma métrica de maneira clara e acessível, possibilitando sua análise e comparação, apoiando a gestão e possibilitando se adaptar aos objetivos e necessidades. Para Silva (2019) os indicadores financeiros mostram a situação financeira e econômica de uma organização de forma ampla e abrangente.
Para Jacintho (2021) há uma ampla variedade de indicadores que podem ser utilizados para avaliar o desempenho organizacional, sendo que sua relevância pode variar conforme o setor de atuação. Além disso, esses indicadores podem apresentar diferenças significativas entre países, o que demonstra a ausência de um consenso sobre quais são os mais representativos em cada área de atividade.
De acordo com Gitman (2010), a avaliação dos indicadores financeiros é essencial para que o mercado, de forma geral, obtenha uma visão mais ampla sobre o desempenho de uma empresa, possibilitando assim analisar o retorno financeiro e o nível de risco associado ao investimento. Esses indicadores são calculados a partir da análise das demonstrações contábeis das organizações, especialmente por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e do Balanço Patrimonial (BP). Dessa forma, a utilização de indicadores nos conduz a uma visão segura sobre a situação econômica das empresas, não podendo ser esquecida a importância e relevância de cada índice para um diagnóstico exato (Matarazzo, 1998).
Os índices financeiros ainda estabelecem e conectam diferentes contas das demonstrações financeiras, facilitando análises objetivas e eficientes, uma de suas principais vantagens é transformar dados em valores relativos, permitindo comparações com outras empresas ou padrões de mercado (Trindade, 2013).
Segundo Louzada et al. (2016) a Contabilidade tem como função principal disponibilizar informações relevantes sobre o desempenho passado das empresas, permitindo que os usuários realizem previsões acerca da situação econômica e financeira da organização e tomem decisões mais embasadas.
Dentro da contabilidade gerencial se destacam o uso de indicadores de desempenho que atuam como bússolas para as empresas, auxiliando na construção de planos estratégicos e na escolha das melhores ações. Além disso, servem como termômetro para medir a qualidade das decisões tomadas e ajustar os rumos da organização quando necessário (Fischmann; Zilber, 2000).
Conforme Chaves, Alcântara e Assumpção (2008) a escolha dos indicadores de desempenho é crucial para o sucesso da avaliação, pois define a precisão e a relevância das métricas coletadas, a seleção dos indicadores deve considerar a complexidade do processo, seu alinhamento com os objetivos da empresa e a utilidade das informações geradas para a tomada de decisão.
4 ANÁLISE DA SITUAÇÃO
4.1 Receita Bruta
A receita bruta representa o valor total das vendas de bens ou prestação de serviços realizados por uma empresa em um determinado período, antes de deduzir qualquer custo, desconto, imposto ou outra despesa. Esse indicador evidencia o montante inicial gerado pelas atividades operacionais principais da organização e é essencial para avaliar o volume de entradas de recursos provenientes do seu desempenho comercial.
Desse modo, ao analisarmos a receita bruta de uma organização é possível mensurar a eficácia da empresa em gerar vendas e alcançar objetivos e metas previamente estabelecidas. Nesse contexto, a análise horizontal se torna uma ferramenta que permite comparar a evolução da receita bruta ao longo de diferentes períodos, revelando tendências, estagnação ou retração oferecendo subsídios para tomada de decisão.
A Tabela 1 apresenta os dados referentes à receita bruta no período de 2021 a 2024 com seus respectivos percentuais de crescimento em relação ao ano-base (2021).
Tabela 1 – Análise Horizontal da Receita Bruta (2021 – 2024)

Fonte: Dados conforme Demonstrações Contábeis da empresa.
Ao analisar a evolução da receita bruta no período de 2021 a 2024, observa-se um crescimento expressivo entre os anos de 2021 e 2023, seguido por uma leve desaceleração em 2024. Conforme apresentado na tabela, o desempenho positivo nos primeiros anos reflete a ampliação das operações, o aumento da demanda e a adoção de estratégias de gestão comercial mais eficientes.
Em 2023 o avanço manteve-se acentuado, alcançando um crescimento de 344,24% em relação a 2021. Esse resultado expressivo indica a continuidade da expansão, a consolidação de estratégias comerciais, e possivelmente a entrada em novos mercados ou segmentos.
No entanto, em 2024, observa-se uma reversão parcial dessa trajetória ascendente. A receita bruta teve uma queda de aproximadamente 27,7% em relação ao ano anterior, embora ainda represente um aumento de 221% em comparação a 2021. Essa redução pode ser explicada por diversos fatores, como oscilações sazonais, saturação do mercado, mudanças no comportamento do consumidor, intensificação da concorrência, desaceleração econômica ou até mesmo limitações estruturais dentro da própria organização.
4.2 Margem Líquida
Para análise da situação econômica da empresa, destaca-se o cálculo da margem líquida, o qual é um indicador de rentabilidade que expressa o percentual do lucro líquido obtido pela empresa em relação à sua receita líquida de vendas. Esse indicador revela a capacidade da empresa em gerar lucro após a dedução de todas as despesas operacionais, financeiras, impostos e outros encargos. Quanto maior a margem líquida, mais eficiente é a empresa em converter receitas em lucro. A fórmula utilizada para apurar a margem líquida respectiva a cada ano do período analisado foi:
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Margem Líquida = (Lucro Líquido / Receita Líquida de Vendas) x 100 |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
Após o cálculo da margem líquida, obteve-se os resultados expressos no Gráfico 1.
Gráfico 1 - Margem Líquida

Fonte: dados das demonstrações contábeis da empresa
Com base nos dados apresentados no gráfico 1, observa-se que a margem líquida da organização apresentou oscilações expressivas no período de 2021 a 2024, refletindo variações significativas na eficiência da empresa em gerar lucro líquido a partir de sua receita líquida de vendas. Em 2021, o indicador revela um nível de lucratividade bastante reduzido, possivelmente influenciado por custos operacionais elevados, margens brutas comprimidas ou baixa eficiência na gestão de despesas. No ano seguinte, 2022, verificou-se um leve incremento, mas mais que o dobro do ano anterior. O desempenho mais expressivo ocorreu em 2023, evidenciando um cenário altamente favorável. Esse resultado indica que a organização obteve forte capacidade de conversão de receitas em lucro, possivelmente impulsionada por ganhos de escala, ampliação das margens operacionais, maior controle de custos e melhor aproveitamento dos recursos internos. Contudo, em 2024, houve recuo, revertendo parte do avanço obtido e sugerindo impactos negativos possivelmente decorrentes de aumento de custos, retração de receitas, mudanças nas condições de mercado ou fatores extraordinários que afetaram a lucratividade.
4.3 Custos e Despesas
No contexto da contabilidade, os custos são os gastos diretamente relacionados à produção de bens ou a prestação de serviços. Eles podem ser classificados como diretos e indiretos, e ainda como fixos e variáveis, conforme sua natureza e comportamento em relação ao volume produzido.
As despesas no mesmo contexto são conceituadas como o gasto consumido na obtenção de receitas ou na manutenção das atividades operacionais de uma entidade. Em outras palavras, representa o sacrifício financeiro feito pela empresa para gerar receitas ou garantir o funcionamento do negócio.
Diante do exposto, a análise horizontal dos custos e das despesas compara a variação dos gastos ao longo de diferentes períodos, em termos percentuais, permitindo identificar tendências e mudanças no comportamento. Sua importância está em possibilitar o controle, avaliar a eficiência operacional e a compreensão do impacto dos custos e despesas sobre a lucratividade da empresa.
A Tabela 2 apresenta os dados referentes aos custos e despesas do período de 2021 a 2024, com seus respectivos percentuais de variação em relação ao ano-base (2021).
Tabela 2 – Análise Horizontal dos custos realizados (2021 – 2024)

Fonte: Dados conforme Demonstrações Contábeis da empresa.
A análise da evolução dos custos e despesas demonstra uma tendência relevante na estrutura financeira da empresa ao longo do período analisado. Entre 2021 e 2023, observou-se um crescimento expressivo tanto nos custos quanto nas despesas, refletindo possivelmente a ampliação das atividades operacionais e o aumento de gastos associados à expansão. No entanto, em 2024, houve uma inflexão: os custos apresentaram desaceleração mais significativa em relação às despesas, o que, em um primeiro momento, poderia ser interpretado como um avanço na eficiência produtiva e no controle de gastos variáveis.
Entretanto, ao comparar esse comportamento com o desempenho da margem, nota-se que a redução dos custos não se traduziu em uma melhora proporcional da rentabilidade. A margem ficou abaixo do resultado obtido em 2022, indicando que outros fatores interferiram negativamente no desempenho econômico. Isso pode estar relacionado ao aumento de despesas administrativas ou operacionais, à menor geração de receitas ou mesmo à elevação de custos fixos que não foram compensados pela redução nos custos diretos.
4.4 Giro do Ativo
O giro do ativo mede a eficiência da empresa na utilização de seus ativos totais para gerar receitas. Esse indicador demonstra quantas vezes os ativos da empresa se “renovam” em forma de vendas durante um período. Um valor mais elevado indica uma maior eficiência na alocação dos recursos patrimoniais para a geração de receitas.
Para o cálculo desse indicador, utilizou-se a seguinte fórmula:
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Giro do Ativo = (Receita Líquida de Vendas) / Ativo Total |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
Após a apuração do giro do ativo, os resultados foram representados no Gráfico 2.
Gráfico 2 - Giro do Ativo

Fonte: dados das demonstrações contábeis da empresa
A análise do indicador, conforme demonstrado no gráfico 2, revela uma evolução positiva entre os exercícios de 2021 a 2023, seguida de uma leve redução em 2024. Em 2021, o giro do ativo foi de 1,88, o que indica gerou 1,88 vezes esse valor em receita líquida de vendas. Já em 2022, o índice apresentou crescimento, alcançando 2,48, o que representa um avanço significativo na eficiência com que a empresa converte seus ativos em receita. O ponto mais alto da série foi atingido em 2023, com o giro do ativo alcançando 2,57, o que reforça a tendência de eficiência crescente no uso dos ativos para geração de receita.
No entanto, em 2024, observa-se uma leve retração do índice para 2,47, o que representa uma pequena queda em relação ao ano anterior. Apesar disso, o valor ainda permanece acima dos níveis de 2021 e próximo dos registrados em 2022, mantendo o indicador em patamar relativamente elevado.
Essa trajetória do giro do ativo guarda estreita relação com o comportamento da receita bruta no mesmo período, visto que esse indicador é diretamente derivado dela, assim quanto maior a receita em relação ao total de ativos, maior será o giro do ativo — e o inverso também é verdadeiro. A queda de 27,7% na receita, em 2024, apesar de ainda representar um avanço significativo de 221% frente a 2021, pode ter influenciado diretamente a redução do giro do ativo no mesmo ano. Essa desaceleração possivelmente pode estar associada a fatores como saturação do mercado, intensificação da concorrência, alterações no comportamento do consumidor ou até limitações internas, o que sugere que o desempenho do giro do ativo está intimamente ligado à capacidade da empresa de sustentar o crescimento de suas receitas.
4.5 EBITDA
O Earnings Before Interest; Taxes; Depreciation and Amortization (EBITDA), ou Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA, em português), é um indicador contábil financeiro que mede o resultado operacional da empresa, desconsiderando efeitos financeiros, tributários e contábeis que não representam saída imediata de caixa.
Esse indicador é importante tanto para investidores quanto para gestores, pois neutraliza efeitos que não refletem a operação em si. Já para credores e instituições financeiras, o EBITDA é útil na análise da capacidade de pagamento, pois demonstra o potencial de geração de recursos.
Em suma, o EBITDA é um instrumento para mensurar o desempenho operacional de forma objetiva, servindo como base para projeções, comparações e avaliação da saúde financeira da empresa.
O cálculo do EBITDA pode ser expresso pela seguinte fórmula:
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EBITDA = Lucro Operacional (EBIT) + Depreciação + Amortização |
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010)
A Tabela 3 apresenta os dados referentes aos períodos de 2021 a 2024, com seus respectivos resultados.
Tabela 3 – EBITDA

Fonte: Dados conforme Demonstrações Contábeis da empresa.
Analisando os dados é possível observar que em 2021 o EBITDA da empresa alcançou valor negativo, reflexo de um lucro operacional também negativo. Isso indica que a empresa não conseguiu gerar resultado operacional suficiente para cobrir seus custos e despesas no período. Em 2022 houve recuperação com o EBITDA, esse aumento se deve ao crescimento do lucro operacional, o que pode demonstrar melhoria ma eficiência operacional e melhor aproveitamento dos ativos, já evidenciado no Giro do Ativo.
Em 2023 registrou-se um salto expressivo, impulsionado pelo lucro operacional elevado. Esse desempenho pode refletir expansão das receitas e controles de custos, consolidando um momento de alta performance. Entretanto, em 2024 o EBITDA caiu, devido à redução acentuada do lucro operacional. Embora o indicador permaneça positivo, o declínio pode sinalizar perda de eficiência e retração no faturamento, bem como aumento de despesas operacionais.
O comportamento do EBITDA sugere que, apesar da forte geração de caixa em 2023, a empresa enfrentou desafios no último período, exigindo atenção para estratégias de manutenção da rentabilidade.
4.6 Retorno sobre Ativos (ROA)
O ROA é um indicador de rentabilidade que mede a capacidade da empresa em gerar lucro líquido a partir do total de ativos sob sua gestão. Quanto maior o ROA, maior é a eficiência da empresa em converter seus ativos em lucro.
De forma analítica, o ROA pode ser obtido a partir da decomposição da fórmula tradicional, sendo o produto entre dois importantes indicadores: a margem líquida e o giro do ativo. Essa abordagem, além de fornecer o valor do ROA, permite identificar se o desempenho da empresa decorre de sua rentabilidade operacional (via margem líquida) ou de sua eficiência na utilização dos ativos (via giro do ativo).
A apuração do indicador foi efetuada conforme a fórmula indicada a seguir:
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ROA = Margem Líquida X Giro do Ativo |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
A partir do cálculo do giro do ativo, os resultados foram expostos no Gráfico 3 para melhor visualização.
Gráfico 3 - ROA

Fonte: dados das demonstrações contábeis da empresa
A avaliação do indicador ROA, com base nos dados apresentados no gráfico 3, demonstra variações expressivas ao longo do período de 2021 a 2024. Em 2021, o ROA foi de 4,12%, o qual pode ser interpretado como reflexo de uma baixa eficiência na utilização dos ativos para gerar lucro líquido. No exercício de 2022, o indicador apresentou crescimento expressivo, atingindo 12,56%, resultado que possivelmente sugere avanços na rentabilidade operacional e/ou melhorias no aproveitamento dos ativos. O desempenho mais notável ocorreu em 2023, quando o ROA alcançou 50,85%, um valor excepcional que pode evidenciar elevada capacidade da empresa em transformar seu total de ativos em resultados líquidos. Entretanto, em 2024, o indicador apresentou queda acentuada para 10,29%, retornando a um nível mais próximo ao observado em 2022. Essa redução provavelmente pode indicar mudanças no ambiente de mercado, aumento dos custos, retração nas vendas ou expansão do ativo total sem crescimento proporcional do lucro líquido.
4.7 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
O retorno sobre o patrimônio líquido é um dos principais indicadores de rentabilidade, que mensura o retorno obtido pelos acionistas ou sócios em relação ao capital próprio investido na empresa. Esse índice reflete a capacidade da empresa em remunerar seus proprietários com os lucros gerados. O valor do indicador foi determinado com base na fórmula a seguir:
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ROE = ROA x GAF |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
A partir do cálculo do ROE, os resultados são apresentados no Gráfico 5.
Gráfico 5 - ROE

Fonte: dados das demonstrações contábeis da empresa
A partir da análise ao longo dos anos de 2021 a 2024, observa-se que, em 2021, o índice apresentou-se em um nível reduzido, com apenas 5,11%, evidenciando baixa capacidade de geração de retorno sobre o patrimônio líquido. Em 2022, entretanto, verificou-se uma expansão significativa, alcançando 30,21%, o que representa um avanço substancial na utilização do patrimônio líquido para a geração de lucros, demonstrando maior eficiência operacional e rentabilidade. O ano de 2023 destacou-se de maneira expressiva, com o ROE atingindo 100,45%, patamar excepcional que indica que, para cada unidade monetária investida em patrimônio líquido, foi gerado aproximadamente o mesmo valor em lucro líquido. Já em 2024, observa-se uma redução para 27,63%, representando uma queda considerável em relação ao pico anterior, mas ainda mantendo um nível satisfatório de rentabilidade e superior aos registrados em 2021. Essa retração pode estar associada à normalização das operações após um ano atípico, à diminuição de margens ou à redução de ganhos não recorrentes.
Em síntese, a análise do período revela uma trajetória de crescimento consistente da rentabilidade até 2023, seguida por uma acomodação em 2024, que, apesar da queda, mantém-se em patamar saudável para o retorno sobre o patrimônio dos acionistas, evidenciando a solidez econômica da organização.
4.8 Grau Alavancagem Financeira (GAF)
O multiplicador de alavancagem financeira, também conhecido como GAF, mede o impacto da estrutura de capital da empresa na rentabilidade dos acionistas. Em outras palavras, o GAF mostra quanto o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) é influenciado pela utilização de capital de terceiros (dívidas).
O cálculo do indicador foi realizado conforme a fórmula apresentada a seguir:
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GAF = Total do Passivo / Patrimônio Líquido |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
Com base no cálculo do multiplicador de alavancagem financeira, os resultados obtidos foram apresentados no gráfico abaixo:
Gráfico 4 - GAF

Fonte: dados das demonstrações contábeis da empresa
No período de 2021 a 2024, o GAF apresentou variações relevantes, refletindo mudanças na estratégia de financiamento e na estrutura de capital da empresa. Em 2021, o indicador registrou seu menor valor, 1,24, demonstrando reduzida utilização de capital de terceiros e, consequentemente, menor potencial de ampliação dos retornos aos acionistas.
Em 2022, observou-se um crescimento expressivo, atingindo 2,40. Esse aumento evidencia maior dependência de recursos externos, ampliando a sensibilidade do lucro líquido frente às oscilações do resultado operacional. No exercício de 2023, o GAF apresentou ligeira redução para 1,98, e em 2024, o indicador alcançou o maior valor do período analisado, 2,69, evidenciando uma intensificação do uso de capital de terceiros. Essa elevação reforça o papel da alavancagem como amplificadora tanto dos retornos quanto das perdas, tornando a empresa mais sensível às variações no desempenho operacional.
4.9 Estrutura de Capital
A estrutura de capital refere-se à composição das fontes de financiamento utilizadas por uma empresa para sustentar suas operações e investimentos englobando recursos próprios e de terceiros. Os recursos próprios correspondem ao capital dos sócios, já os de terceiros abrange dívidas e financiamentos obtidos junto a instituições financeiras, fornecedores e outros.
Na análise, foram utilizados indicadores como Participação de Capital de Terceiros (IPCT), que mede a relação entre capital próprio e de terceiros; Composição de Endividamento (ICE) o qual mede a proporção do endividamento total da empresa que está concentrada no curto prazo em relação ao total das dívidas; e, Índice de Imobilização do Capital (IIPL), que mede quanto do patrimônio líquido da empresa está aplicado em ativos permanentes, representados pelas seguintes fórmulas, respectivamente:
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IPCT = Capital de Terceiros / Patrimônio Líquido |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
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ICE = Passivo Circulante / Passivo Total |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
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IIPL = Ativo Permanente / Patrimônio Líquido |
Fonte: Adaptada de Padoveze (2010)
A utilização desses indicadores possibilita uma visão mais abrangente da estrutura financeira da empresa, permitindo compreender a origem dos recursos utilizados, o perfil de suas dívidas e o grau de comprometimento do patrimônio líquido com ativos de baixa liquidez.
A tabela 5 demonstra os resultados obtidos a partir dos cálculos realizados.
Tabela 5 – Índice de Participação de Capital de Terceiros

Fonte: Dados conforme Demonstrações Contábeis da empresa.
Entre 2021 e 2024 o IPCT apresentou oscilações significativas, refletindo mudanças na estrutura de capital da empresa. Em 2021, o IPCT revela que para cada R$100,00 de capital próprio, a empresa utilizou R$124,03 de capital de terceiros, uma dependência moderada de recursos externos.
No ano de 2022, houve um aumento expressivo para 240,48%, evidenciando forte crescimento da alavancagem financeira. Em 2023, o índice recuou para 197,53%, resultado do aumento do patrimônio líquido e de um crescimento mais controlado do capital de terceiros. Já em 2024, a queda para 168,57% indicou melhora na estrutura de capital, com menor dependência de financiamentos externos, associada à redução de dívidas ou ao fortalecimento do capital próprio.
Entre 2021 e 2024 o ICE apresentou variações que indicam mudanças na estrutura de prazos das dívidas da empresa. Em 2021, o ICE foi de 19,38%, evidenciando que apenas uma parcela reduzida do capital de terceiros estava concentrada no passivo circulante, o que sugere maior proporção de dívidas de longo prazo. Em 2022, o índice aumentou para 48,08%, revelando que quase metade das obrigações com terceiros tinha vencimento no curto prazo, o que elevou a pressão sobre o capital de giro.
No ano seguinte, 2023, o ICE recuou para 34,71%, apontando um retorno a uma estrutura de endividamento mais equilibrada entre curtos e longos prazos. Já em 2024, o índice atingiu 78,80%, o maior do período, indicando que a maior parte do endividamento estava concentrada no curto prazo, o que compromete a liquidez e exige maior capacidade de geração de caixa imediato para honrar as obrigações.
Analisando os resultados acima é possível verificar que em 2021 a empresa não possuía nenhum recurso no imobilizado mantendo todo o patrimônio líquido da empresa disponível para ativos circulante e operações. No ano de 2022 o IIPL passou para 20,53%, sinalizando que uma parcela do patrimônio líquido foi direcionada para investimentos permanentes, possivelmente relacionados à ampliação ou melhoria da estrutura operacional.
Em 2023 o IIPL registrou 23,73%, mostrando um crescimento moderado e e indicando continuidade nos investimentos e ativos de longa duração, mas ainda em um nível que preservava a liquidez.
Já em 2024, o índice saltou em 44,07%, quase o dobro do ano anterior. Esse avanço expressivo demonstra um significativo reforço no imobilizado, o que representa expansão da capacidade produtiva ou modernização de equipamentos.
A estrutura de capital da empresa demonstra um histórico de alta dependência de capitais de terceiros, com oscilações na concentração de dívidas de curto prazo e tendência de aumento da imobilização do patrimônio líquido. O cenário de 2024 combina maior pressão de obrigações imediatas (ICE elevado) e alta imobilização de recursos próprios (IIPL), o que embora reflete expansão e investimentos, exige atenção à gestão de liquidez e ao equilíbrio entre capital próprio e de terceiros para evitar riscos financeiros e preservar a saúde operacional no longo prazo.
5. CONTRIBUIÇÃO TÉCNICA E SOCIAL
Este Relato Técnico teve como objetivo analisar o desempenho econômico-financeiro de uma empresa do ramo alimentício, por meio da aplicação de indicadores amplamente utilizados na análise gerencial e na gestão estratégica. A investigação, fundamentada em demonstrações contábeis referentes ao período de 2021 a 2024, permitiu uma visão aprofundada da realidade da organização, destacando tanto suas potencialidades quanto os desafios que se impõem à sua sustentabilidade no médio e longo prazo.
O estudo demonstrou a relevância do uso sistemático de indicadores de desempenho para fornecer informações consistentes à tomada de decisão, contribuindo para maior eficiência operacional e segurança financeira.
Do ponto de vista técnico, o trabalho contribui ao apresentar um diagnóstico estruturado baseado em ferramentas clássicas da análise financeira, como o EBITDA, Margem Líquida, Giro do Ativo, Retorno sobre Ativos (ROA), Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) e Multiplicador de Alavancagem Financeira (GAF), além de indicadores de Estrutura de Capital, como o Grau de Endividamento e a Composição entre Capital Próprio e de Terceiros. Essa abordagem possibilitou compreender, de forma integrada, o comportamento da rentabilidade, da eficiência operacional e do equilíbrio financeiro ao longo dos anos.
Os resultados obtidos indicam que a empresa passou por um ciclo de forte expansão entre 2021 e 2023, refletido no crescimento da receita bruta e nos avanços dos principais indicadores de rentabilidade. Contudo, a desaceleração observada em 2024 evidencia a necessidade de maior controle sobre os custos e despesas operacionais, já que a redução dos custos não se traduziu em melhora das margens. Essa situação sugere que o aumento das despesas e a possível elevação de custos fixos impactaram diretamente a lucratividade e a eficiência operacional.
Dessa forma, recomenda-se que a empresa implemente melhorias na gestão de custos, buscando otimizar processos produtivos e administrativos, além de aprimorar o planejamento financeiro e orçamentário. Também é importante fortalecer o controle de capital de giro, considerando o aumento do endividamento de curto prazo observado em 2024, que pode comprometer a liquidez. Estratégias voltadas à revisão da estrutura de capital, com equilíbrio entre capital próprio e de terceiros, podem contribuir para reduzir riscos financeiros e melhorar a rentabilidade sobre o patrimônio líquido.
Outro ponto relevante consiste na criação de um painel gerencial de indicadores (dashboard) que possibilite o acompanhamento contínuo e integrado de seus principais índices de desempenho. A implementação desse sistema permitiria à gestão monitorar em tempo real a evolução dos resultados financeiros e operacionais, oferecendo uma visão dinâmica da performance da empresa e de suas tendências ao longo do tempo. Além de consolidar informações provenientes das demonstrações contábeis e relatórios internos, o painel serviria como ferramenta de apoio à tomada de decisão, permitindo a identificação precoce de desvios e a execução imediata de ações corretivas. O uso de dashboards favorece ainda a definição de metas mensuráveis, o acompanhamento de indicadores-chave por área (como custos, produção, vendas e rentabilidade) e o alinhamento das decisões operacionais com os objetivos estratégicos da organização.
De modo abrangente, conclui-se que a empresa se encontra em fase de amadurecimento gerencial e financeiro, com avanços significativos em rentabilidade e eficiência, mas ainda com desafios relacionados à sustentabilidade dos resultados e ao equilíbrio financeiro. Assim, o estudo reforça que o uso dos indicadores não apenas evidencia fragilidades, mas também oferece subsídios para decisões que garantam a competitividade, a estabilidade e o crescimento sustentável da organização no setor alimentício.
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