Nas teorias consequencialistas, há um conflito entre o princípio da igualdade e a meta de atingir as melhores consequências?

Luciano Carlos Cunha

Resumo


Uma crítica comum às teorias consequencialistas sugere que a meta de atingir as melhores consequências poderia conflitar com o princípio da igualdade. É possível que, por "princípio da igualdade", a crítica refira-se ao princípio da igual consideração, que prescreve dar peso igual aos interesses similares dos afetados por nossa decisão. Este é  um princípio formal. Ele não diz, por exemplo, que metas devemos buscar. Diz apenas que, seja lá que meta busquemos, não devemos ser tendenciosos em relação ao peso do bem de cada indivíduo afetado por nossa decisão. Por outro lado, a crítica pode fazer referência ao princípio da igualdade distributiva, um princípio substantivo que prescreve a meta de diminuir os níveis de desigualdade entre os indivíduos. Nesse artigo, defenderei que, se a crítica refere-se ao princípio da igual consideração, não há o alegado conflito, pois uma vez que uma teoria consequencialista aceita tal princípio, nos casos em que este for violado, não será alcançado aquilo que ela considera as melhores consequências. Se, por outro lado, a crítica refere-se à igualdade distributiva, ela se aplica apenas a algumas formas de consequencialismo. Assim, se a meta de alguém é diminuir a desigualdade, não tem de necessariamente rejeitar o consequencialismo.


Palavras-chave


Consequencialismo; Princípio da Igual Consideração; Igualitarismo; Especismo

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ISSN 2179-9180

 

 

 
 
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