DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO 4.0 E SEU IMPACTO NO MERCADO DE
TRABALHO RURAL
DEVELOPMENT OF AGRIBUSINESS 4.0 AND ITS IMPACT ON THE RURAL LABOR
MARKET
SIMONE KUCZNIR RENZCHERCHEN
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: si.kczr@gmail.com
ALDO SIATKOWSKI
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: siatkowski.aldo@gmail.com
TIAGO MARCOWICZ
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: tiagomarcowski@outlook.com
MARCOS DE CASTRO
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: marcosdecastroms@yahoo.com.br
RESUMO
O agronegócio é essencial para a produção de alimentos e segurança alimentar do planeta, que deverá chegar a 9,7
bilhões de pessoas até 2050, sendo, ainda, um impulsionador econômico e social no Brasil. O desenvolvimento
tecnológico ocorrido nos últimos anos aplicado na agropecuária é enorme, com utilização de sistemas conectados,
dotados de inteligência artificial que permitem automatização e digitalização de diversas atividades, esse processo
recebe o nome de Agronegócio 4.0. Todavia, apesar dos ganhos de produtividade, implicações em relação a questões
sociais   precisam   ser   consideradas.   O   objetivo   do   estudo   foi   aprofundar   as   aplicabilidades   e   características   do
Agronegócio 4.0 e suas relações com o mercado de trabalho rural, destacando seus impactos sobre a redução do número
de trabalhadores e a necessidade de desenvolvimento de novas habilidades da mão de obra para o desenvolvimento de
moderno e crescente sistema produtivo. Foram realizadas entrevistas para inferir esses aspectos a partir da visão de
especialistas da área de agronegócios. Os resultados apontam que o Agronegócio 4.0 vem demonstrando ganhos de
produtividade, porém se desenha de forma heterogênea, pela disparidade econômica que ainda há no campo, bem como,
pela influência dos  aspectos geracionais  e culturais. Produtores mais  idosos  resistem aos sistemas tecnológicos e
digitais, enquanto os jovens produtores rurais são mais receptivos a inovação. Além disso, exigências de qualificações
para o setor e a geração de oportunidades de novos negócios voltadas para as demandas do campo estão presentes,
impactando o mercado de trabalho rural por completo de forma positiva e negativa.
Palavras-chave: Agronegócio 4.0; Mercado de trabalho rural; Quarta revolução industrial.
ABSTRACT
Agribusiness is essential for the production of food and food security on the planet, which is expected to reach 9.7
billion people by 2050 and is still an economic and social driver in Brazil.  The technological development that has
taken place in recent years applied to agriculture is enormous, with the use of connected systems, equipped with
artificial intelligence that allow automation and digitization of various activities, this process is called Agribusiness 4.0.
However, despite productivity gains, implications for social issues need to be considered. The objective of the study
was to deepen the applicability and characteristics of Agribusiness 4.0 and its relations with the rural labor market,
highlighting its impacts on the reduction of the number of workers and the need to develop new skills of the workforce
for the development of modern and growing production system. Interviews were conducted to infer these aspects from
the perspective of specialists in the agribusiness area. The results show that Agribusiness 4.0 has been showing gains in
productivity, however it is designed in a heterogeneous way, due to the economic disparity that still exists in the field,
as well as the influence of generational and cultural aspects. Older producers resist technological and digital systems,
while young rural producers are more receptive to innovation. In addition, qualification requirements for the sector and
the generation of new business opportunities geared to the demands of the countryside are present, impacting the rural
labor market completely in a positive and negative way.
Keywords: Agribusiness 4.0; Rural labor market; Fourth industrial revolution.
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1 INTRODUÇÃO
O   agronegócio   possui   grande   relevância   para   a   alimentação   da   população   mundial,
principalmente quando considerado um aumento da população mundial em mais de dois bilhões de
pessoas, estimado pela Organização das Nações Unidas [ONU] (2019) para 2050, chegando ao
contingente total de 9,7 bilhões de pessoas. Esse aumento populacional demandará um incremento
na produção de alimentos de 35% até 2030 e de até 70% até 2050 em relação à produção atual
(BOLFE, 2018; ALEXANDRATOS, 2009), a fim de suprir as necessidades nutricionais e garantir a
segurança alimentar do planeta.
O Brasil tem papel fundamental como grande provedor de alimentos do mundo e deverá se
tornar o maior e mais capacitado fornecedor para cumprir a demanda adicional de alimentos gerada
pelo aumento populacional mundial. O país ocupa, atualmente, a segunda colocação dos maiores
exportadores mundiais de alimentos (OCDE, 2015; FAO, 2015).
Além disso, o agronegócio já conta com expressiva participação no Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro, tendo representado, em 2019, 21,4% do total do PIB, segundo dados do Centro de
Estudos   Avançados   em   Economia   Aplicada   [CEPEA]   (2020).   Contudo,   percebem-se   grandes
desafios para o aumento da produtividade de forma sustentável, tendo como principal meio para
isso  o  desenvolvimento tecnológico, com  ferramentas   apropriadas  e  eficientes   e mão de  obra
habilitada   para   esse   desenvolvimento   do   meio   agropecuário   que   possibilitem   um   aumento
significativo na produção ao longo do tempo. 
O cenário agropecuário brasileiro vem passando por uma significativa evolução tecnológica
em seus meios de produção, cujo processo recebe o nome de Agronegócio 4.0, e que segundo
Massruhá (2018),  tem  sua denominação decorrente da Indústria 4.0.  O  termo Indústria 4.0 é
frequentemente   referido   como   a   quarta   revolução   industrial   e   surgiu   como   parte   da   recente
estratégia de alta tecnologia do governo alemão (HECKLAU et al., 2016). Assim, o Agronegócio
4.0 constitui-se, principalmente, pela evolução digital que conduz para a automação das atividades
no campo.
Nesse contexto, o agronegócio 4.0 tem grande relevância observando os respectivos cenários
de aplicabilidade, principalmente relacionados aos aspectos de crescimento da população mundial e
o aumento da demanda por alimentos, as mudanças climáticas e restrições no uso de água e solo
(CARRARO; GODINHO FILHO; OLIVEIRA, 2019).
Massruhá, Leite e Moura (2014) consideram que a aplicação da inteligência artificial, bem
como das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), permitem um importante ganho de
eficiência  e eficácia, reduzindo-se também os custos  produtivos. Dessa maneira, o modelo  de
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Agronegócio 4.0 modifica, também, o modelo de trabalho empregado até então, necessitando de
trabalhadores mais qualificados, podendo reduzir o número de pessoas empregadas na atividade.
Contudo, conforme relatam Rose e Chilvers (2018), embora tecnologias inteligentes como
inteligência artificial, robótica e internet das coisas possam desempenhar um papel importante na
obtenção de maior produtividade e maior ecoeficiência, críticos sugerem que as implicações em
relação às questões sociais precisam ser consideradas.
Para Whysall, Owtram e Brittain (2019), as mudanças provocadas pela indústria 4.0 levaram
a uma situação em que a tecnologia está superando capacidade de adaptação de indivíduos e
organizações, sugerindo, ainda, que essa situação pode piorar sem a devida atenção necessária.
Wolfert, Ge e Bogaardt (2017), em sua revisão de literatura, descrevem que vários autores sugerem,
por exemplo, que a aplicação de  Big Data  no agronegócio poderá causar grandes mudanças nos
papéis e relações de poder entre os diferentes atores das redes atuais da cadeia de suprimento de
alimentos.
Além  disso, serão necessárias novas abordagens estratégicas de recursos  humanos  para
superar os desafios dos conhecimentos e competências necessários para o atendimento das novas
tecnologias e processos trazidos pela Indústria 4.0, sendo um grande desafio a qualificação dos
trabalhadores para mudar suas capacidades de trabalho para ambientes de trabalho em mudanças
(HECKLAU  et   al., 2016). Para Scavarda  et   al. (2019), a aplicação de tecnologias disruptivas
trazidas pela quarta revolução industrial também possibilita o aprimoramento profissional e criação
de  novas  oportunidades   de  empregos,   estando   já  presentes   na   vida  cotidiana   da   população   e
presentes, especialmente, em relação à juventude do novo milênio.
A representatividade de pessoas ocupadas no agronegócio brasileiro é expressiva. Contudo,
observando  os dados do Censo Agropecuário  de 2017, do  Instituto Brasileiro   de Geografia e
Estatística [IBGE] (2006; 2017), percebe-se uma redução de 9,2% no número de pessoas ocupadas
no meio agropecuário com relação a 2006, fato este que pode estar associado ao maior investimento
em tecnologias pelos produtores, uma vez que no período ocorreu expansão da produtividade.
A velocidade das mudanças tecnológicas provocadas pela Indústria 4.0 criou uma lacuna
significativa entre a capacidade atual dos funcionários e os requisitos necessários de trabalho, em
uma realidade de rápida evolução de suas funções, levando a uma necessidade de novas e mais
eficazes abordagens   para   o   desenvolvimento  dos recursos humanos (WHYSALL; OWTRAM;
BRITTAIN, 2019).
Nesse  contexto,   esse   estudo   objetiva   aprofundar   as   aplicabilidades   e   características   do
Agronegócio 4.0 e suas relações com as alterações no mercado de trabalho rural, destacando seus
impactos   sobre   a   redução   de   número   de   trabalhadores   e   a   necessidade   de   qualificação   e   o
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desenvolvimento de novas habilidades da mão de obra, necessárias para o desenvolvimento de um
sistema produtivo moderno e crescente.
Walsh e Volini (2017) veem as alterações nos mercados de trabalhos com a evolução da
Indústria   4.0   como   uma   oportunidade   de   reimaginar   recursos   humanos,   talentos   e   práticas
organizacionais,   além   da   possibilidade   de   criar   plataformas,   processos   e   ferramentas   que
continuarão   a   evoluir   e   sustentar   seu  valor   ao   longo   do   tempo,   somados   à   possibilidade   de
liderança, que os autores citam, como as mais prováveis e significativas mudanças na força de
trabalho até então para atividades e gerenciamento de trabalho.
Além da contemporaneidade do tema, esse estudo se justifica, também, pela importância
social da produção agropecuária, como por exemplo, a produção por pequenos produtores rurais
para o país. King (2017) relata que, ao longo do tempo, a adoção de mais tecnologias e a crença de
que “quanto maior, melhor” passou a dominar a agronegócio, tornando impraticáveis as operações
em pequenas escalas. Porém, com os últimos avanços em robótica e tecnologias, existe potencial
para que seja possível voltar a ser pequeno produtor de forma viável. Nesse sentido, a tecnologia se
coloca como importante parte do desenvolvimento futuro do agronegócio brasileiro em todos os
tamanhos de operação, sobretudo com impacto direto sobre a quantidade e qualidade da mão de
obra empregada.
O potencial de exploração do Agronegócio 4.0 ainda é muito promissor. Segundo Carraro,
Godinho Filho e Oliveira (2019), citando um relatório publicado pelo Instituto Global de Segurança
Alimentar (GIFS) em 2015, o qual indicou que menos de 20% das terras agrícolas em todo o mundo
eram gerenciadas com uso de tecnologias agrícolas digitais.
Contudo, o impacto da tecnologia e sua relação com recursos humanos precisam de mais
estudos, pois as tecnologias interferem nas práticas diárias e no próprio trabalho e essa interferência
pode ser positiva ou negativa dependendo de seu uso. A inserção de recursos humanos na quarta
revolução industrial traz benefícios corporativos, além do trabalho em si, inserindo e reinserindo o
profissional em um novo contexto e permitindo a manutenção do emprego, com o consequente
equilíbrio econômico para o país (SCAVARDA et al., 2019).
Barman e Das (2018) complementam que as implementações de tecnologia, sem investir em
outras   partes   da   organização   de   recursos   humanos,   não   podem   efetivamente   impulsionar   os
resultados do negócio, visto que a tecnologia sozinha não é suficiente. Conforme Carraro, Godinho
Filho e Oliveira (2019), as tecnologias por si só também não garantem uma produção mais eficiente
e eficaz nesse  novo momento, evidenciando  a necessidade de entender o que os especialistas
pensam   e   quais   são   as   perspectivas   de   redução   dos   custos   de   produção   para   o   agronegócio
brasileiro. 
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Weltzien (2016) corrobora com o exposto, dizendo que dados por si só não são suficientes,
visto que o registro automático de dados apenas ajuda os resultados da fazenda, em que a análise do
material coletado leva   menos tempo e permite obter mais lucro em comparação com o bom
gerenciamento de decisão baseado no sentimento e na experiência, destacando, assim, a função do
ser humano nesse processo.
Nesse contexto, percebe-se  que as mudanças são rápidas e profundas. Rose e Chilvers
(2018) questionam qual a direção da viagem e como a sociedade se comportará em um contexto da
quarta revolução agro tecnológica global em curso. Com isso, os processos originários da Indústria
4.0 podem, também,  criar  muitas oportunidades para as organizações e trabalhadores, mas, ao
mesmo tempo, vários   desafios   decorrentes   da   automação   e   digitalização   estão   em   andamento
(HECKLAU et al., 2016).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica aborda as principais características do agronegócio a partir das
revoluções industriais que levaram até a Revolução 4.0 que abordamos no setor do Agronegócio
4.0. Além das contribuições do mesmo à ampliação dos horizontes do mercado de trabalho rural,
apontando a  necessidade de  se trabalhar  não  apenas a  revolução tecnológica,   mas, também  a
revolução humana.
2.1 Agronegócio 4.0
Rose e Chilvers (2018) descrevem as três primeiras revoluções do Agronegócio, sendo a
primeira representada por uma transição da caça e coleta para a agricultura estabelecida, a segunda
relativa à revolução agrícola britânica no século XVIII, e a terceira relativa aos aumentos de
produtividade   pós-guerra   associados   à   mecanização   e   a   Revolução   Verde   no   mundo   em
desenvolvimento.
Recentemente, com a inserção contínua de tecnologias digitais, o agronegócio recebeu uma
nova definição: Agronegócio 4.0, a fim de diferenciar o novo modelo produtivo que, segundo
Massruhá   (2018),   apresenta   como   destaque   a   utilização   de   sistemas   conectados   dotados   de
inteligência artificial que permitem a automatização de diversas atividades, seja na agricultura ou na
pecuária.
Os sistemas digitais no meio agropecuário possibilitam a análise e o armazenamento de
grandes volumes de dados que, consequentemente, permitem diferentes transações de informações e
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aplicabilidades, garantindo uma maior interação de forma mais eficiente nos ambientes produtivos
(MASSRUHÁ; LEITE; MOURA, 2014). Ampliando a utilização de ferramentas digitais, dentre as
quais:   sistemas   robóticos,   fabricação   aditiva   (impressão   3D),   utilização   de   processos   e
armazenamento big data, tem-se um impacto essencialmente sobre o desenvolvimento de sistemas
de agricultura de precisão, além do controle de diversas variáveis como o clima e os mercados,
propiciando uma maior eficiência produtiva (EMBRAPA, 2014).
Embora a inovação tecnológica não seja nova para a agricultura, tecnologias emergentes
como a Internet de Coisas, computação em nuvem, robótica e inteligência artificial, têm o potencial
de mudar o perfil do agronegócio (ROSE; CHILVERS, 2018). Weltzien (2016) descreve, ainda, que
a   tecnologia   é   capaz   de   automatizar   sistemas   ciberfísicos   por   meio   de   redes   entre   máquinas
diferentes, o   que  denomina   de   Agronegócio   4.0.   Para   Wolfert,   Ge  e   Bogaardt (2017),  novas
tecnologias   como   a  internet  das   coisas   e   a   computação   em   nuvem,   deverão   alavancar   esse
desenvolvimento e introduzir mais robôs e inteligência artificial (IA) na agricultura.
Portanto,   o   Agronegócio   4.0   é   caracterizado   pela   evolução   tecnológica   e   é   assim
denominado a partir da nomenclatura de Indústria 4.0, que faz clara referência à quarta revolução
industrial e em ampla difusão. Esse marco se dá em face da sequência de períodos revolucionários,
compreendidos, segundo Schwab e Davis (2019), em um período de 250 anos, iniciando-se com a
primeira revolução industrial no século XVIII, associada à criação das máquinas a vapor, seguindo-
se da segunda revolução ocorrida entre 1870 e 1930, com as invenções principais da energia elétrica
e dos motores a combustão. E a terceira revolução industrial é datada por volta de 1950, com
avanços na área da computação digital e teorias da informação (SCHWAB; DAVIS, 2019).
No que tange o quarto processo revolucionário industrial, segundo Schwab e Davis (2019),
este   processo   possui   uma   dimensão   extensivamente   maior,   ocorrendo   em   consequência   dos
contínuos avanços tecnológicos, baseados, portanto, nas revoluções precedentes, consistindo assim
não em apenas “uma pequena mudança – ela é um novo capítulo do desenvolvimento humano, no
mesmo nível da primeira, da segunda e da terceira revolução industrial” (SCHWAB; DAVIS, 2019,
p. 35).
O que se observa, portanto, com o contínuo avanço tecnológico na agricultura e pecuária
que passam a  denominar o  setor  de Agronegócio  4.0, é  a  emergência de  uma agricultura  ou
agropecuária inteligente (smartagriculture) que compreende, conforme Crestana e Mori (2015), o
uso de sistemas eletrônicos avançados e conectados de forma integrada, englobando o conceito de
internet  das coisas e contribuindo no processo de tomada de decisão pela análise das diversas
variáveis relacionadas ao sistema produtivo. O resultado disso é a maior eficiência operacional e
administrativa, inclusive, de forma mais sustentável com a otimização de recursos.
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Rose e Chilvers (2018) descrevem que ao mesmo tempo em que o Agronegócio 4.0 oferece
enormes benefícios ao agronegócio sustentável, aumento de produtividade e eficiência, podendo
auxiliar em questões ambientais e sociais, esta quarta revolução agro tecnológica também traz
potenciais custos ambientais, éticos e sociais a serem estudados e avaliados.
Wolfert, Ge e Bogaardt (2017) enfatizam que os robôs podem passar a desempenhar um
papel importante no agronegócio, tornando alguns ciclos praticamente autônomos, porém, sem
deixar de considerar que os seres humanos sempre serão envolvidos em todo o processo, lançando
mão de uma inteligência muito maior e deixando a maioria das atividades operacionais para as
máquinas.
2.2 Impactos do Agronegócio 4.0 no mercado de trabalho rural
A tecnologia é um fator que pode promover e impactar o futuro dos empregos, além de criar
um   movimento   inovador   (SCAVARDA  et   al.,   2019).   As   mudanças   transformacionais   nos
ambientes de negócios provocadas pela quarta revolução podem criar uma tempestade perfeita para
a gestão estratégica de recursos humanos, levando a uma necessidade de explorar as implicações
desse contexto para a teoria e prática da gestão de pessoas (WHYSALL; OWTRAM; BRITTAIN,
2019).
Nesse sentido, a força de trabalho vem passando por mudanças: é mais digital, mais global,
diversificada,   especialista   em   automação   e   em   mídia   social,   ao   mesmo   tempo   em   que   as
expectativas, necessidades e demandas dos negócios estão evoluindo mais rapidamente do que
nunca (WALSH; VOLINI, 2017).
À medida que essa tendência ganha velocidade, as organizações devem reconsiderar como
projetam   empregos,   organizar   o   trabalho   e   planejar   um   crescimento   futuro.   A   aceleração   da
conectividade e da tecnologia cognitiva impulsiona as mudanças na natureza do trabalho. Ainda, à
medida que os sistemas de IA, robótica e ferramentas cognitivas crescem em sofisticação, quase
todo   trabalho   está   sendo   reinventado,   criando   o   que   muitos   chamam   de   "força   de   trabalho
aumentada" (WALSH; VOLINI, 2017).
A necessidade emergente de alta qualidade e experiência digital no ambiente de trabalho
criou uma verdadeira interrupção em um domínio que é relativamente estável há décadas, dando
origem a um ambiente de negócios em rápidas mudanças. A partir disso, surgem enormes pressões
sobre   as   organizações   para   melhorar   o   desempenho   dos   negócios   utilizando   a   inovação   e
capacitando pessoas para investir  em tecnologias com a promessa de melhorar o impacto nos
negócios (BARMAN; DAS, 2018).
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Para Shamim et al. (2016), todos esses desafios exigem inovação e aprendizado contínuos
que dependem de recursos, de pessoas e, também, das organizações com abordagens de gestão que
possam desempenhar um papel vital no desenvolvimento de capacidades dinâmicas e aprendizado
eficaz de inovação.
Conforme   Hecklau  et   al.   (2016),   processos   mais   simples   e   monótonos   estão   sendo
automatizados, enquanto   outros processos  se tornam  mais  complexos  e  entrelaçados, exigindo
estratégias de qualificação para a força de trabalho atual, sendo necessário que os trabalhadores
sejam capacitados para assumir atividades mais estratégicas, coordenadoras e criativas. Além disso,
alterar   os   valores   sociais   dos   funcionários   e   as   mudanças   demográficas   em   direção   a   um
envelhecimento acelerado da sociedade cria uma necessidade adicional de ação.
Assim, o mercado de trabalho rural pode ser afetado por todas estas rápidas mudanças. O
mercado de trabalho rural é considerado, por Buainain, Bonacelli e Mendes (2015), um campo de
grande heterogeneidade, onde há produtores estruturados e também pessoas com emprego formal,
seja em empresas ou  fazendas   com   maior emprego de tecnologia e maior produtividade; há,
também,   um   universo   de   outras   atividades   relacionadas   essencialmente   com   a   subsistência,
composta  por   produtores  que   ainda  utilizam   técnicas   rudimentares   de  produção   e   outros   que
trabalham   informalmente   para   terceiros,   apresentando,   assim,   diferentes   tipos   de   relações   de
trabalho.
Dito isso, conforme Buainain, Bonacelli e Mendes (2015), percebe-se que a heterogeneidade
no meio rural abrange, também, uma qualificação profissional muito diversa, visto que ainda nos
dias de hoje existem pessoas analfabetas e tantas outras com apenas a educação básica muito
limitada para o contexto atual, impondo uma barreira para o desenvolvimento social e mantendo a
grande   heterogeneidade,  sobretudo   com  o   avanço   tecnológico,   uma   vez   que   todos  os  setores
econômicos exigem profissionais cada vez mais qualificados.
Associado a este fato, observa-se a contínua redução do número de pessoas ocupadas nas
atividades rurais, fenômeno identificado por Grossi e Silva (2006), já a partir de 1986, perdurando
até a atualidade, boa parte foi influenciada pela crescente mecanização agrícola e redução da mão
de obra braçal.
Assim, mais   recentemente, Mattei  (2015) também identificou   a redução do  número  de
pessoas no meio rural, neste caso observando dados do IBGE e Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) quanto à participação rural no total de empregos do país. Portanto “[...] a
participação do emprego agrícola passou de 13,25%, em 2002, para 7,69% no ano 2013, o que
correspondeu a uma variação negativa da ordem de quase 42%” (MATTEI, 2015, p. 41).
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Ademais, Balsadi e Del Grossi (2016) utilizando-se dos dados da PNAD, entre 2004 e 2014,
identificaram uma redução da população economicamente ativa ocupada na agricultura, na ordem
de 2,8% ao ano, resultando em uma redução de 3,6 milhões de pessoas no referido período. 
Portanto, verifica-se que o mercado de trabalho rural vem sendo reduzido há décadas, tanto
pelas mudanças sociais da população brasileira como pela modernização das atividades agrícolas,
principalmente, pelo fato da mecanização identificada até então. Agora, sabendo-se da abrangência
das tecnologias digitais e de automação no meio rural, cabe estudar suas possíveis consequências
para o mercado de trabalho rural, composto de grande heterogeneidade.
Os níveis de instrução e educação também são pontos importantes na discussão acerca do
mercado de trabalho rural. Scavarda et al. (2019) apontam que a construção do conhecimento e o
estímulo ao  aprendizado podem  ser feitos  pelas ferramentas provenientes  da quarta revolução
industrial, mas seu uso indiscriminado sem uma preparação educacional com propósito não deve ser
estimulado.
Whysall, Owtram e Brittain (2019) sugerem ser necessário evoluir a gestão de pessoas
relacionando com os processos da quarta revolução industrial, na teoria e prática em direção a uma
orientação mais dinâmica do pensamento sistêmico, reconhecendo as inter-relações das diferentes
atividades de gerenciamento de recursos humanos.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo caracteriza-se pela abordagem qualitativa e descritiva-exploratória e buscou
aprofundar as aplicabilidades e caraterísticas do Agronegócio 4.0, bem como suas relações com as
alterações   no   mercado   de   trabalho   rural   e   seus   impactos   sobre   a   redução   de   número   de
trabalhadores. Ainda, visou esclarecer quanto a necessidade de qualificação e desenvolvimento de
novas   habilidades   da   mão   de   obra   para   o   desenvolvimento   de   moderno   e   crescente   sistema
produtivo. 
Segundo Cooper e Shindler (2016), nas pesquisas qualitativas, fazem parte um conjunto de
técnicas interpretativas com o intuito de descrever, decodificar e traduzir buscando o significado de
certos fenômenos que ocorrem mais ou menos de forma natural no mundo social, pretendendo dizer
aos   pesquisadores   como   (processo)   e   porque   (significado)   as   coisas   acontecem.   O   estudo   se
caracteriza, ainda, como descritivo-exploratório, uma vez que se refere a questões ainda pouco
exploradas, como a redução do número de trabalhadores no campo na última década em decorrência
do Agronegócio 4.0 e as perspectivas para trabalhadores com baixa qualificação. A exploração, de
acordo com Cooper e Shindler (2016), é útil quando os pesquisadores não têm uma ideia completa
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DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO 4.0 E SEU IMPACTO NO MERCADO DE TRABALHO RURAL
dos   problemas   que   serão   encontrados   no   decorrer   da   pesquisa,   e   podem,   ainda,   desenvolver
conceitos mais claros que auxiliarão nas definições operacionais buscando melhores resultados de
pesquisa.
Para a coleta dos dados, a pesquisa se deu pela realização de entrevistas com especialistas da
área de agronegócios. As entrevistas com especialistas objetivam obter seus dados a partir do
conhecimento   de   pessoas   que   possuem   destaque   em   determinada   área   de   estudo,   portanto
apresentam grande relevância para o desenvolvimento da pesquisa (FLICK, 2008). Para Oliveira,
Martins   e   Vasconcelos   (2012),   as   entrevistas   com   especialistas   são   consideradas   uma   forma
específica de entrevista semipadronizada, em que há um menor interesse no entrevistado enquanto
pessoa e mais na especialidade do entrevistado para um determinado campo de atividade; ainda,
utiliza-se como base um guia de entrevista, visando excluir tópicos improdutivos em relação ao
domínio de interesse. 
Assim, foram utilizados roteiros semiestruturados com a intenção de que os pontos de vistas
dos   sujeitos   entrevistados   sejam   melhores   expressos,   uma   vez   que   a   entrevista   se   dá   com
planejamento relativamente aberto (FLICK, 2004). Deste modo foram empregadas doze questões
por   meio   de   um   roteiro   de   entrevistas   apresentados   no   Quadro   1,   com   objetivo   de   melhor
compreender como os especialistas, conforme suas formações, discorrem sobre o tema abordado.
Quadro 1 – Roteiro das entrevistas
Questão
Descrição
1 Em sua opinião, quais serão os impactos do Agronegócio 4.0 sobre a atual forma de produção, em 
especial sobre o trabalho e a mão de obra rural?
2
Como vem ocorrendo o desenvolvimento do Agronegócio 4.0 no contexto agrícola brasileiro?
3 Conforme dados do último censo rural, (IBGE, 2017), houve uma redução de 9,2% do número de 
pessoas ocupadas em atividades rurais nos últimos 10 anos. Pode-se afirmar que este fenômeno é 
decorrente do processo de modernização da produção agropecuária?
4
Que tipo de tecnologias 4.0 podem impactar mais significativamente no número de empregos rurais?
5
O agronegócio exigirá maior qualificação da mão de obra? Estamos preparados para essa mudança?
6 A respeito dos trabalhadores rurais com baixa qualificação, em sua análise, quais serão as perspectivas 
de emprego para essas pessoas?
7
Existe no Brasil atualmente, incentivo à qualificação profissional para o trabalho agropecuário?
8 É percebido algum planejamento e ações públicas ou privadas quanto a qualificação profissional no 
contexto agropecuário?
9 Em seu entendimento, qual o papel das instituições públicas e privadas sobre as mudanças sociais que o 
Agronegócio 4.0 pode trazer? 
10
Pode-se considerar que o Agronegócio 4.0 passa a ser um novo campo de oportunidades?
11
Quais as qualificações necessárias para profissionais no Agronegócio 4.0? 
12 Enfim na sua visão, pode-se considerar o Agronegócio 4.0 como uma mudança de paradigma na gestão 
das propriedades rurais?
Fonte: Os autores (2019).
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DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO 4.0 E SEU IMPACTO NO MERCADO DE TRABALHO RURAL
No que se referem as aplicações das entrevistas, foram entrevistados oito especialistas,
localizados em   diversas regiões  brasileiras,  que atuam  de diferentes   instituições, os quais  são
apresentados no Quadro 2. O processo de coleta de dados se deu por meio eletrônico, no período
de16/05/2019 a 26/08/2019, totalizando pouco mais de três meses.
Quadro 2 – Qualificação dos entrevistados/especialistas
Entrevistado/
Especialista
Formação Relação com o tema estudado
A
Doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição
de  Plantas)  pela  ESALQ/USP  (1999).  Pós-
doutorado (Nitrogencyclingand management)
no   USDA   -   ARS   -  Pasture   System   and
Watershed   Management   Research  Unit
(2013). Trabalha atualmente na Embrapa, no
desenvolvimento,   adaptação,   validação   e
avaliação   de   tecnologias   de   agricultura   e
pecuária de precisão e automação a família.
Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (desde
1998),   atuando   no   desenvolvimento,  adaptação,
validação   e   avaliação   de   tecnologias   de
agricultura e pecuária de precisão e automação.
Participa da Rede de Pesquisa em Agricultura de
Precisão da Embrapa, assim como na gestão do
Portfólio de Automação.
B
Mestrado   (2001)   UFLA   e   Doutorado   em
Administração   pela   UFLA   (2006).
Atualmente   é   Chefe   do   Departamento   de
Gestão Agroindustrial – DGA/UFLA.
Experiência na área de Economia, com ênfase em
Agronegócio,   atuando   principalmente   nos
seguintes   temas:   agronegócio,   comercialização
agrícola, análise econômica, custo de produção.
C
Mestrado   em   Ciências   da   Computação   e
Matemática   Computacional   pela
Universidade de São Paulo e doutorado em
Ciência   da   Computação   pela   Universidade
Federal do Paraná.
Possui amplo conhecimento na área da Ciência da
Computação,   tendo   desenvolvido   trabalhos
direcionados a  área de sistemas da informação,
escalonamento   de   processos   e   sistemas
operacionais.
D
Mestrado em   Economia e  Sociologia Rural
pela Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz   Esalq   (1976)   e   Doutorado   em
Economia Agrícola –University Of Kentucky
(1982).
Experiência na área de Economia, com ênfase em
Mercados   Futuros   Agropecuários,   atuando
principalmente   nos   seguintes   temas:   mercados
futuros agropecuários, agribusiness, agronegócios
e organização de mercados agroindustriais.
E
Advogado e Professor. Mestre em Direito e
Políticas Públicas  pelo Centro Universitário
de Brasília.
Atua   profissionalmente   na   CONTAG   –
Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais
Agricultores   e   Agricultoras   Familiares,   com
temas de direito do trabalho e seguridade social.
F
Mestrado   em   Economia   Agrária   pela
ESALQ/USP   em   1989.   Doutorado   em
Economia   pela   UNICAMP/Campinas   em
1999   e   Pós-doutorado   em   medidas   de
segurança alimentar pela FAO em 2015.
Atua   principalmente   nos   seguintes   temas:
Segurança Alimentar, Agricultura Familiar, Novo
Rural,   Pluriatividade,   Emprego   Rural,
Desenvolvimento Rural e Pobreza Rural.
G
Mestrado   em   Economia   Aplicada   pela
ESALQ/USP.   Engenheira   Agrônoma   e
também licenciada em Ciências Agrárias na
Escola   Superior   de   Agricultura   Luiz   de
Queiroz (2017).
Pesquisadora   da   equipe   macroeconômica   do
Centro   de   Estudos   Avançados   em   Economia
Aplicada   (CEPEA/Esalq/USP),   atuando   na
divisão   responsável   pelo   cálculo   e
acompanhamento   do   PIB   e   do   Mercado   de
Trabalho do Agronegócio.
H
Mestrado   e   Doutorado   em   Ciências
(Economia   Aplicada)   pela   ESALQ-USP.
Pesquisador do Insper (Agro Global). Atuou
na   equipe   macroeconômica   do   Centro   de
Estudos  Avançados   em  Economia Aplicada
(CEPEA   -   ESALQ/USP).   Foi   membro   do
Grupo de Extensão em Mercado de Trabalho
(Gemt - ESALQ/USP).
Atua   com   pesquisa   nas   áreas   de   agroenergia,
agronegócio,   avaliação   de   impactos
socioeconômicos e mercado de trabalho. Possui
experiência   profissional   nas   áreas   de   Análises
Macroeconômicas,   Projeções   e   Educação   a
Distância.
Fonte: Dados da pesquisa (2019).
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DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO 4.0 E SEU IMPACTO NO MERCADO DE TRABALHO RURAL
Ainda no que se referem aos especialistas, no Quadro 3 são apresentadas as instituições
correspondentes aos entrevistados, bem como a quantidade, que totalizou 8 especialistas da área.
Quadro 3 – Instituições de atuação dos especialistas/entrevistados
Instituição Quantidade de entrevistados
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 1
UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa 1
UFLA – Universidade Federal de Lavras 1
ESALQ/USP – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da 
Universidade de São Paulo
2
CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores
e Agricultoras Familiares
1
UnB – Universidade de Brasília  1
CEPEA/ESALQ/USP – Centro de Estudos Avançados em Economia 
Aplicada/ESALQ/USP
1
Total  8
Fonte: Adaptado Lattes (2019).
Foi   aplicada  a   análise  de   conteúdo   nos   dados   coletados,   voltada   para   uma   apreciação
qualitativa. Esse método de análise “[…] consiste em desmontar a estrutura e os elementos desse
conteúdo  para esclarecer  suas diferentes   características  e extrair sua  significação” (LAVILLE;
DIONNE, 1999, p. 214).
Portanto, para a efetivação da análise de conteúdo foram realizados os três procedimentos
definidos por Bardin (2011), sendo eles: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos
resultados com a inferência e interpretação dos dados, sendo o procedimento organizado de forma
sequencial.   Além   disso,   para   organizar   os   dados   em   grupos   de   parentesco   de   sentido   foram
definidas quatro categorias analíticas, permitindo uma análise mais profunda. A partir da análise
dos resultados, foram elaboradas 4 categorias diferentes: 1) Aplicabilidades e características das
tecnologias 4.0 no agronegócio; 2) Redução  do número de trabalhadores no campo na última
década   em   decorrência   do   Agronegócio   4.0;   3)   Perspectivas   para   trabalhadores   com   baixa
qualificação; 4) Qualificações exigidas pelo Agronegócio 4.0. 
Os resultados encontrados por meio destas categorizações de análise de conteúdo, buscou
abranger todas as variáveis obtidas nas entrevistas, bem como, sua relação com as instituições
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participantes, possibilitando a compreensão de como o Agronegócio 4.0 impacta no mercado de
trabalho rural, apresentado nos resultados desta pesquisa.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Com   o   intuito   de   atingir   o   objetivo   proposto   nesta   pesquisa,  foram   entrevistados   oito
especialistas da área de agronegócios, cuja análise é apresentada nos subitens 4.1 que aprofunda a
aplicabilidade e características das tecnologias 4.0 no Agronegócio, e 4.2 que explora os efeitos e
impactos do Agronegócio 4.0 sobre o mercado de trabalho rural.
4.1 Aplicabilidade e características do agronegócio 4.0
Quanto à disseminação de tecnologias 4.0, ou também denominadas tecnologias digitais no
agronegócio,   nota-se   nas   entrevistas   realizadas   concordância   entre   os   entrevistados   de   que   a
evolução tecnológica no campo é um processo ativo, sendo inclusive considerado por alguns como
o avanço mais importante no desenvolvimento das atividades rurais até então.
Dentre   os   fatos   levantados   pelos   entrevistados   no   que   tange   as   aplicabilidades   das
tecnologias 4.0, são  elencadas   como   as   principais  contribuições o  aumento   da   capacidade   de
trabalho das pessoas, aumento da produtividade, melhoria da qualidade dos produtos, redução de
perdas   e   otimização   de   insumos,   capital   e   tempo,   objetivando,   portanto,   uma   produção   mais
eficiente, com maior eficácia operacional e administrativa, proporcionando, ainda, melhor qualidade
de vida para os trabalhadores rurais. 
Dentre estas novas tecnologias disponíveis que devem impactar mais significativamente ao
longo do tempo, são citadas pelos entrevistados como exemplos, na pecuária, a implementação de
ordenhas robotizadas que ampliam a capacidade de trabalho ao mesmo tempo em que reduzem seu
emprego. Outro destaque são os sistemas de monitoramento externo que vem sendo desenvolvidos
por diversas startups, em que por meio de imagens de drones, satélites e demais sensores instalados
na   propriedade   com   auxílio   da  internet  das   coisas   e   inteligência   artificial,   torna-se   possível
comandar as atividades agrícolas de qualquer lugar, reduzindo o emprego de pessoas inseridas neste
meio.
Outro aspecto levantado pelos entrevistados diz respeito à integração entre o produtor rural,
a   agroindústria   e   o   consumidor   final   que   a   tecnologia   proporcionará,   visto   que   a   troca   de
informações será constante, implicando em um controle mais eficiente e respostas mais rápidas
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quanto às demandas dos consumidores que futuramente tendem a tornarem-se mais exigentes e
segmentados. 
Apesar disso, o processo de disseminação das tecnologias mais sofisticadas demanda tempo,
e, conforme um dos entrevistados (F), o setor agropecuário brasileiro é muito diverso, bem como o
tamanho das propriedades rurais. Nessas propriedades há grandes produtores com maior assistência
técnica e recursos financeiros, mas, também ainda existem no Brasil muitos produtores pequenos
que trabalham na atividade apenas para a subsistência. 
Neste sentido, quanto à adesão das tecnologias é observada a utilização dos sistemas digitais
e integrados por uma parcela de grandes produtores, no entanto, para a grande maioria, o acesso a
essas tecnologias ainda é caro, o que torna a modernização da agropecuária lenta. Assim, um dos
entrevistados (F), considera mínimos os impactos das tecnologias 4.0 sobre o modelo de trabalho
rural no curto prazo, muito embora, no longo prazo possam-se identificar grandes mudanças, visto
que ao longo do tempo as tecnologias tornam-se mais baratas e atrativas para os produtores que
associadas a outras mudanças favorecem a difusão 4.0. 
Entre estas mudanças que tendem a incentivar o processo de modernização das propriedades
rurais, são mencionados por dois entrevistados a influência dos aspectos geracionais e culturais que
estão interligados, ao passo que novas gerações assumem as atividades agropecuárias, a busca por
tecnologias   digitais   aumenta,   dado   a   maior   proximidade   das   novas   gerações   com   sistemas
eletrônicos e as TICs. Esse processo também está associado à cultura, ou ao hábito em que as
gerações mais antigas se mostram mais resistentes às mudanças na forma de produzir ou gerir a
propriedade.
Portanto, nesta   categoria   analítica  obtêm-se três  temas   capazes  de compreender   toda a
discussão, resumindo as principais aplicações da tecnologia 4.0 sobre o agronegócio em: Aumento
da Competitividade, Evolução para a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Heterogêneo.
A competitividade, sem dúvidas, é um dos pontos de destaque, pois, diversos aspectos
relatados pelos entrevistados conduzem para este tema. Dentre as principais informações levantadas
estão  o aumento   da produtividade,  a  redução  de custos e  o  desenvolvimento da  mecanização
remota, que podem impactar, também, na redução dos custos com mão de obra. Assim, é evidente
que a tecnologia eleva a competitividade do setor.
A   sustentabilidade   no   agronegócio   foi   outro   tema   obtido   das   considerações   dos
entrevistados, abarcando o fator da qualidade de vida e da preocupação ambiental, principalmente,
visto que a tecnologia proporciona maior eficiência na utilização dos recursos naturais, também
propiciando   um   ambiente   de   trabalho   mais   saudável.   Assim,   pode-se   considerar   que   o
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desenvolvimento   do   Agronegócio   4.0   conduz   o   setor   para   um   sistema   mais   sustentável,
contemplando as dimensões social, ambiental e econômica.
Por fim, o desenvolvimento heterogêneo diz respeito aos aspectos que limitam a evolução
tecnológica do setor, resultando em um desenvolvimento difuso e lento, onde há produtores que já
usufruem   do   modelo   de   Agronegócio   4.0   enquanto   outros   ainda   produzem   apenas   para   sua
subsistência.
A causa motivadora dessa disparidade é a diferenciação entre os setores produtivos por suas
características de produção como a pecuária e a agricultura, ambos com subdivisões internas (para a
agricultura:   cereal,   legumes,   leguminosas,   oleaginosas   etc.).   A   diferenciação   das   gerações   de
produtores   rurais   envolve   aspectos   de   conhecimento   das   tecnologias   e   nível   de   educação;
diferenciação do tamanho das propriedades; dificuldade de acesso às tecnologias por pequenos
produtores por causa do custo elevado; dificuldade de acesso a crédito para pequenas propriedades.
Esses   fatos   podem   refletir   na   inviabilidade   da   modernização   para   as   pequenas   propriedades,
segundo os entrevistados e, por consequência, até mesmo a extinção da propriedade, motivando a
migração das pessoas para as cidades.
4.2 Impactos do agronegócio 4.0 sobre o mercado de trabalho rural
Conforme descrito nas discussões teóricas, é evidenciado o processo de redução do número
de pessoas no ambiente rural e isso, segundo os entrevistados, trata-se de um fenômeno mundial
que possui uma série de fatores e causas não restritas apenas ao desenvolvimento tecnológico.
Dentre as principais causas para a redução do contingente de trabalhadores rurais na última
década, um dos entrevistados (E), destaca as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que residem no
campo para terem acesso a políticas públicas como: educação, saúde, internet, estradas adequadas
para se locomoverem e escoarem a produção, entre outros aspectos que diferenciam o ambiente
rural do urbano.
Associado a isso, de acordo com outro entrevistado (G), as oportunidades de trabalho no
ambiente urbano também contribuem muito para a migração das pessoas para a cidade, onde há
uma diversidade maior de empregos, na maioria das vezes com melhores condições de trabalho,
apresentando   tanto   menor   desgaste   físico   como   melhor   remuneração   para   o   trabalhador,   se
comparado às atividades rurais. Dessa forma, torna-se cada vez menos atrativo, principalmente para
os jovens, permanecer no campo. 
Outro aspecto está relacionado à redução dos postos de trabalho na agropecuária: a própria
legislação trabalhista que, na visão de um dos entrevistados (D), atuou de forma importante nesse
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processo,   sendo   facilmente   identificado   na   atividade   canavieira,   que   no   passado   empregava
quantidade significativa de pessoas e à medida que a legislação tornou-se mais rígida, com intensas
fiscalizações, os produtores se empenharam no investimento da mecanização a fim de substituir a
mão de obra custosa e difícil de treinar.
Com isso, observam-se duas percepções distintas. A primeira refere-se ao desenvolvimento
tecnológico   como   solução   para   a   redução   das   pessoas   no   campo,   e   a   segunda   apresenta   a
dificuldade de acesso à tecnologia como um dos motivadores para a migração das pessoas para
outros setores econômicos. 
Em relação a primeira questão, um dos entrevistados (A), considera a expansão tecnológica
no campo como a alternativa para suprir a demanda crescente de alimentos e energia com cada vez
menos pessoas no campo, já que o processo de urbanização ocorre em nível mundial e é motivado
por   diversos   fatores,   não   sendo   causado   exclusivamente   pelo   desenvolvimento   tecnológico.
Portanto, o Entrevistado A pondera: “[…] não posso afirmar que a Agricultura 4.0 é umas das
causas. Porém o seu desenvolvimento é uma das consequências dessa urbanização.”, logo, o avanço
tecnológico no campo não impulsiona o êxodo rural, retirando o emprego das pessoas, antes busca
suprir a ausência de trabalhadores.
Outra   questão   referente   à   redução   do   número   de   pessoas   no   meio   rural,   segundo   os
entrevistados, está associada à dificuldade de acesso a modernização tecnológica por uma grande
parcela   de   produtores   rurais,   principalmente   os   agricultores   familiares,   que   possuem   menor
capacidade de investimento. Neste caso, em virtude do custo elevado das máquinas agrícolas e
pacotes de tecnologia, muitos pequenos produtores, em especial os jovens, abandonam as atividades
rurais migrando  para as  cidades em  busca de  melhores  oportunidades. Fato  este que  vem ao
encontro do exposto no estudo de Balsadi e Del Grossi (2016), do total de pessoas economicamente
ativas que deixaram a atividade rural entre 2004 e 2014, 72,5% corresponderam a jovens entre 15 e
29 anos.
Com isso, observa-se uma distinção de percepções, enquanto alguns entendem o avanço
tecnológico   como   motivador   para   a   redução   do   número   de   pessoas ocupadas   no   meio   rural,
principalmente pela inviabilização das pequenas propriedades dada a dificuldade de acesso às novas
tecnologias, outros entrevistados entendem que a tecnologia desempenha um papel oposto, vindo a
suprir a maior demanda de trabalho em um cenário de redução da mão de obra disponível.
Considerando as discussões apresentadas nesta categoria, conclui-se que há uma redução
constante   no   número   de   pessoas   na   agropecuária,   como   já   constatado   por   tantos   outros
pesquisadores, e que o Agronegócio 4.0 contribui, sim, para a redução: seja empregando máquinas
mais autônomas ou tornando mais custosa a modernização das propriedades, embora haja também
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outras condições como de infraestrutura que contribuem com a redução. Portanto, identifica-se que
há relação entre os fatos, todavia não há meios de precisar o impacto exclusivo do Agronegócio 4.0
sobre a redução do Mercado de Trabalho Rural. 
Ainda assim, é possível visualizar que nas próximas décadas a redução do contingente de
pessoas empregadas  na agropecuária deve continuar sendo boa parte das pessoas de pequenas
propriedades, que enfrentam as maiores dificuldades de adaptação e competitividade. Associado a
isso, a qualificação também se modificará, apontando para um maior nível educacional, inclusive
com maior quantidade de pessoas formadas em nível superior.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O agronegócio no Brasil se desenvolveu ao longo de décadas buscando o aumento de
produtividade e eficiência, alcançando o posto de segundo maior exportador mundial de alimentos.
Para tanto, evoluiu, também, tecnologicamente, o que refletiu atualmente na utilização do termo
Agronegócio 4.0.
Neste contexto, o presente trabalho procurou aprofundar as aplicabilidades e caraterísticas
do Agronegócio 4.0 e suas relações com as alterações no mercado de trabalho rural, com seus
impactos   sobre   a   redução   de   número   de   trabalhadores   e   a   necessidade   de   qualificação   e   o
desenvolvimento de novas habilidades da mão de obra, necessárias para o desenvolvimento do
moderno e crescente sistema produtivo, a partir da visão de especialistas da área do agronegócio.
A partir da base teórica e do conteúdo extraído das entrevistas, por meio da análise de
conteúdo qualitativa, foi possível inferir os seguintes apontamentos. No tocante a aplicação do
modelo de Agronegócio 4.0, constata-se que este já é uma realidade, principalmente no setor
canavieiro e de grãos, contudo ainda está restrito às grandes propriedades rurais, expandindo agora
de forma crescente, mas ainda lenta, para as demais propriedades menores e setores do agronegócio.
Os principais aspectos agregados ao Agronegócio 4.0 são o aumento da competitividade do
setor, resultado da redução de custos por meio da utilização mais eficiente dos recursos ou insumos
agropecuários, menores desperdícios, aumento da produtividade e maior possibilidade de controle
por monitoramento externo. Além disso, o Agronegócio 4.0 tem impulsionado o compartilhamento
de informações entre os stakeholders, permitindo uma integração entre os entes da cadeia produtiva.
Associado a estes fatores, o Agronegócio 4.0 também se caracteriza como um modelo mais
sustentável, no   qual a   utilização   de   tecnologias  de precisão   permite   a   aplicação   variável   dos
insumos agrícolas, contribuindo para mitigar as saturações no meio ambiente. Na dimensão social é
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DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO 4.0 E SEU IMPACTO NO MERCADO DE TRABALHO RURAL
identificada   melhoria   nas   condições   de   trabalho,   reduzindo   o   trabalho   penoso   e   insalubre,   e,
portanto, melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores rurais. 
Apesar disso, o desenvolvimento desse modelo produtivo no campo se desenha de forma
heterogênea, pela disparidade econômica que ainda há no campo, bem como pela influência dos
aspectos   geracionais   e   culturais,   em   que   os   produtores   mais   antigos,   resistem   aos   sistemas
eletrônicos e digitais, enquanto os jovens produtores rurais são mais receptivos à inovação, assim,
quando estes assumirem as propriedades, o investimento em tecnologias deve aumentar.
Com a aplicação de tecnologias mais sofisticadas no agronegócio, incluindo, entre elas, a
inteligência artificial, a internet das coisas, a utilização de drones e outras associadas às TICs, que
compõem os maiores avanços, identificou-se com o estudo um reflexo maior sobre as exigências de
qualificações   para   o   setor e   a   geração   de   oportunidades   de   novos   negócios   voltadas   para   as
demandas do campo.
Conclui-se, portanto, que o Agronegócio 4.0 de fato contribui para a redução do Mercado de
Trabalho Rural, assim como para o aumento da qualificação da mão de obra. Apesar disso, não se
pode precisar o quanto a tecnologia contribui nessa redução, visto que este processo decorre, ainda,
de outras variáveis relacionadas, como o acesso às políticas públicas, infraestrutura de qualidade,
oportunidades de trabalho, entre outras, que no ambiente urbano, são consideradas melhores do que
no rural, influenciando na migração das pessoas.
Com isso, para os grandes produtores, o ambiente produtivo tende a evoluir crescentemente
para a automatização das atividades, com empregos mais especializados e um sistema produtivo
mais sustentável, refletindo em um menor emprego para pessoas de baixa qualificação. Entende-se,
assim,   que   muitas   são   as   tecnologias   capazes   de   impulsionar   o   crescimento   do   agronegócio,
contudo muitas destas permanecerão atrativas apenas para os grandes produtores, enquanto os
produtores menores que permanecerem no campo levarão tempo para se modernizar, já que muitos
destes podem ter suas atividades inviabilizadas devido ao custo da modernização e o retorno dos
investimentos associados  às  dificuldades de qualificação,   principalmente  para as  pessoas   mais
idosas.
Dessa forma, é perceptível que muitos produtores e trabalhadores rurais não se adaptarão ao
modelo tecnológico da agropecuária. Isso refletirá na migração dessas pessoas para o meio urbano,
onde também deverão enfrentar dificuldades, visto que este também exige qualificação. Esse fato
está associado ao desenvolvimento da quarta revolução industrial e pode, até mesmo, refletir em
problemas públicos ligados ao emprego, já que as iniciativas para a qualificação profissional são
ainda muito deficientes no país.
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DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO 4.0 E SEU IMPACTO NO MERCADO DE TRABALHO RURAL
Como argumentam Rose e Chilvers (2018), o uso de inteligência artificial, robótica e outras
inovações   emergentes   no   agronegócio   tem   o   potencial   de   gerar   consequências   sociais   não
intencionais, imprevistas e indesejadas. Nota-se que ainda existem algumas limitações relacionadas
ao assunto  que é  pouco  explorado por pesquisadores,   além da quantidade   de pessoas ligadas
diretamente na relação entre as tecnologias da Indústria 4.0 e o Agronegócio. 
Assim, considerando-se a influência que o Agronegócio 4.0 exerce sobre o Mercado de
Trabalho   Rural,   sugere-se   que   estudos   empíricos   sejam   realizados   contemplando   com   mais
profundidade sobre como as pessoas que fazem parte do Mercado de Trabalho Rural percebem
essas   mudanças,   para   compreensão   da   percepção   social   deste   público,   sobre   as   alterações
tecnologias, bem como, suas demandas práticas por qualificação.
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