ANÁLISE DO DESEMPENHO FINANCEIRO, VALOR DE MERCADO E
IMPACTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA VALE S/A
ANALYSIS OF FINANCIAL PERFORMANCE, MARKET VALUE AND
ENVIRONMENTAL IMPACTS OF THE COMPANY VALE S/A
MILENA PEREIRA
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: miih-pereira@hotmail.com
MARINÊS TAFFAREL
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: mtaffarel@unicentro.br
GELSON MENON
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: gmenon@unicentro.br
RESUMO
O presente estudo analisou de forma longitudinal o desempenho financeiro, o valor de mercado e os impactos
ambientais da empresa Vale S/A. A pesquisa apresenta abordagem descritiva, bibliográfica e documental, visto
que foram utilizados os demonstrativos e os preços das ações da empresa, para extrair os dados relativos ao
desempenho financeiro e os investimentos socioambientais. Na análise foram aplicados indicadores contábeis e
de mercado, assim   como a descrição das  ações   relacionadas  às práticas de responsabilidade   ambiental  da
empresa, que foram retiradas dos relatórios de sustentabilidade da Vale S/A. O período de análise compreendeu
os anos de 2011 a 2019. Os resultados da pesquisa mostraram crescimento de dívidas relacionadas aos acidentes
ambientais da empresa, notadamente o de Mariana em 2015, aliados a margem líquida negativa e desempenho
financeiro decrescente no período. Conclui-se que o acidente ambiental impactou negativamente as finanças da
empresa, assim como o seu valor de mercado.
Palavras-chave: Evidenciação contábil; Desempenho econômico-financeiro; Sustentabilidade; Vale S/A.
ABSTRACT
This study aims to longitudinally analyze the financial performance, market value and environmental impacts of
the company Vale S/A. The research presents a descriptive, bibliographic and documentary approach, since the
company´s statements and stock prices were used to extract the relative data financial performance and socio-
environmental investments. Accounting and market indicators were applied for the analysis, as well as the
description of the actions related to the company's environmental responsibility practices, which were taken from
the sustainability reports from Vale S/A. The analysis period included the years 2011 to 2019. The survey results
showed an increase in debts related to the company's environmental accidents, notably Mariana's in 2015,
combined with negative net margin and decreasing financial performance in the period. It is concluded that the
environmental accident negatively impacted the company's finances, as well as its market value.
Keywords: Accounting disclosure; Economic-financial performance; Sustainability; Vale S/A.
Revista de Estudos em Organizações e Controladoria-REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 2, n. 1, p. 88-106, jan./jun., 2022.
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ANÁLISE DO DESEMPENHO FINANCEIRO, VALOR DE MERCADO E IMPACTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA VALE S/A
1 INTRODUÇÃO
A Companhia Vale do Rio Doce foi fundada em primeiro de junho de 1942, pelo
Presidente   do  Brasil,   Getúlio  Vargas.  Sua  criação   ocorreu   por   meio   do   Decreto-Lei   nº
4352/42, o qual a estabeleceu como uma empresa estatal brasileira. Em maio de 1997, a Vale
do Rio Doce foi privatizada por R$ 3 bilhões, com financiamento subsidiado disponibilizado
aos compradores pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Após a desestatização a empresa passou a ser denominada Vale S/A, uma organização privada
e de capital aberto, constituindo suas ações no mercado brasileiro, cujas negociações ocorrem
na Brasil, Bolsa, Balcão (B3).
Na atualidade a Vale S/A é uma mineradora multinacional brasileira, considerada uma
das maiores operadoras de logística do país, inclusive das empresas da indústria de mineração
e metais do Brasil e do mundo. A companhia é líder mundial na produção e comercialização
de minério de ferro e pelotas, além de possuir as maiores reservas de níquel do planeta
(VALE, 2019).
Em   março   de   2019   o   valor   estimado   de   mercado   da   Vale   S/A   somava
aproximadamente de R$ 101,1 bilhões. No ano de 2018 a empresa obteve receita bruta de R$
134 bilhões e lucro líquido de R$ 25 bilhões  (B3, 2019).  Apesar de sua expressividade
econômica e financeira, nos últimos anos a empresa teve sua imagem abalada, mediante
desastres ambientais nas cidades de Mariana e Brumadinho, situadas no estado de Minas
Gerais. Os referidos casos geraram grande repercussão mundial, pois ocasionaram centenas de
mortes e desaparecimentos em meio aos rejeitos de mineração (SOUSA NETO, 2019).
Os fatores das tragédias ambientais colocam em evidência a Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) e ambiental das grandes corporações, especialmente de empresas que
apresentam elevada potencialidade de impactos ambientais, como é o caso da Vale S/A.
 Degenhart, Vogt e Hein (2018) afirmam que em relação à RSC, as empresas devem
se atentar não apenas ao lucro, mas também, para o desenvolvimento social, visando uma vida
saudável e tomando medidas voluntárias para beneficiar o meio ambiente. Devido a isto, as
empresas começaram a dar maior atenção às necessidades da sociedade, tendo em vista os
interesses, em relação aos problemas com o meio ambiente.
Diante   do   exposto,   a   presente   pesquisa   se   propõem   a   analisar   o   desempenho
financeiro, o valor de mercado e os impactos dos acidentes ambientais da empresa Vale S/A
ao longo dos anos. Para tal, foram aplicados indicadores contábeis e de mercado, assim como
a descrição das ações relacionadas às práticas de responsabilidade ambiental da companhia,
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que foram extraídos dos relatórios de sustentabilidade da Vale S/A.
Assim, torna-se relevante a adequação da inclusão das informações ambientais nos
relatórios contábeis.   Bem   como,   sua divulgação,   para   que   os   vários   grupos   de   usuários
avaliem a preocupação da empresa com seu papel social, posicionamento em relação ao
ambiente, formulando e executando ideias, atitudes e condutas que promovam melhorias no
curto   e   longo   prazo,   as   quais   se   refletirão   na   imagem   da   empresa   e   em   sua   situação
patrimonial (BERTOLI; RIBEIRO, 2006).
A   relevância   teórica   e   prática   do   estudo   se   assenta   na   construção   e   revisão   de
pesquisas relacionadas ao tema, especialmente no que se refere ao desempenho financeiro, e
responsabilidade social corporativa das empresas. Como contribuição social, a pesquisa pode
clarificar os possíveis impactos de acidentes ambientais no desempenho econômico-financeiro
e nas práticas contábeis da empresa Vale S/A, além da evolução de seus passivos ambientais e
divulgação de relatórios de sustentabilidade.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta   seção   é   apresenta-se   contextualização   quanto   a  Responsabilidade   Social
Corporativa (RSC), especialmente no que se refere a evolução história e importância no
contexto   atual   das   organizações.   Também,   aborda-se   procedimentos   de   análise   de
desempenho financeiro e quanto ao valor de mercado das empresas. 
2.1 Responsabilidade social corporativa 
Os estudos seminais relacionados a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) foram
desenvolvidos a partir da década de 1930. No entanto, a temática só foi consolidada no meio
acadêmico após 1950, especialmente com a pesquisa Bowen (1953) que ficou conhecido
como o pai da RSC, impulsionando a temática na área empresarial (CARROLL, 1979). Nas
últimas décadas a RSC apresentou popularidade e vêm sendo alvo de crescente atenção dos
reguladores,   empresários,   investidores   e   várias   outras   partes   interessadas   (GAO;   LISIC;
ZHANG, 2014).
Todo o alicerce da RSC é construído a partir da visão de que a empresa, por ser um
agente econômico se torna também um agente social e, sua atividade deve proporcionar bem-
estar para a sociedade (PINTO; RIBEIRO, 2004). Assim, as ações da RSC podem estar
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relacionadas   a   diversos   aspectos,   como   aqueles   voltados   ao   meio   ambiente,   projetos
filantrópicos ou educacionais, planejamentos comunitários, serviços sociais, oportunidades de
emprego de forma igualitárias, além de apresentarem conformidade aos interesses públicos.
Portanto, a RSC representa o compromisso com a ideia de organização como conjunto de
pessoas que interagem com a sociedade. Assume o princípio de que as organizações têm sua
origem e seus fins essenciais nas pessoas, as quais se organizam e se dispõem em diversos
grupos de interesses, com peculiaridades e distintos tipos de relação.
Segundo Degenhart, Vogt e Hein (2018), a Responsabilidade Social Corporativa tem
sido objeto de discussão no meio empresarial. É retratada como uma estratégia que pode
contribuir para o desempenho econômico-financeiro das organizações, como respostas das
pressões institucionais, um discurso de marketing, ou como uma atividade após os lucros. Os
autores destacam que tais pressões sobre as empresas cresceram nas últimas três décadas,
aumentando   a   atenção   para   a   responsabilidade   social   corporativa   e   o   desempenho   das
empresas.
A relação entre RSC e o desempenho das empresas inclui três mediadores em suas
relações: a vantagem competitiva sustentável, a reputação e a satisfação do cliente. O efeito
positivo da RSC no desempenho das organizações deve-se ao efeito favorável que a mesma
obteve com seus mediadores, pois o objetivo das empresas é alcançar um nível mais elevado
de   benefícios   financeiros,   então   a   obtenção   de   uma   vantagem   competitiva   sustentável
desempenha um papel fundamental na realização desse objetivo. Á vista disto, o propósito de
muitos métodos de negócios é alcançar uma vantagem competitiva sustentável (SAEIDI et al.,
2015).
Para Saeidi et al. (2015) a RSC tenta construir uma boa posição para as empresas em
um   mercado   competitivo,   pois   o   maior   nível   de   vantagem   competitiva   permite   que   a
organização crie valor superior para seus clientes. Por sua vez, a criação de valor superior
para   os clientes   e   a   obtenção  de   um   nível   mais   elevado   de   satisfação,   potencializam   a
lucratividade   das   empresas,   por   meio   da   obtenção   de   um   maior   nível   de   vantagem
competitiva.
A importância da RSC decorre do interesse da empresa em integrar as questões sociais
para garantir o desenvolvimento sustentável. Esse processo é fundamentado na crença de que
realizar  ações  de  RSC proporciona   uma melhor avaliação da atividade   e,  portanto,  uma
melhoria do desempenho corporativo no longo prazo. As organizações que tratam questões
ambientais podem afetar a comercialização de seus produtos e sua posição competitiva, bem
como   seu   desempenho   financeiro   (SAEIDI  et   al.,   2015).   Pelo   fato,   de   suas   atividades
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empresariais interagirem diretamente com a natureza, alterando sua forma original e suas
condições.
Neste   aspecto,   Degenhart,   Vogt   e   Hein   (2018)   destacam   que   uma   abordagem
estratégica quanto a RSC é cada vez mais importante, devido ao cenário de competitividade
das organizações. Além deste fato, a RSC nas últimas décadas vem sendo cobrada pela
sociedade por ações que promovam o bem-estar social, exigindo respostas aos problemas
socioeconômicos e ambientais do país.
Os impactos ambientais desempenham papéis cruciais no contexto das organizações.
Esses problemas são reflexos diretos das explorações dos meios naturais pela busca cada vez
maior de crescimento e desenvolvimento econômico. Porém, a preocupação com o meio
ambiente tem uma relevância cada vez maior para as empresas. Para Kronbauer e Silva
(2012), empresas com interesse em evidenciar questões ambientais em seus demonstrativos
financeiros   representam   seu   grau   de   responsabilidade   perante   a   preservação   do   meio
ambiente, assim como, o seu comprometimento junto a sociedade ao revelar os impactos
ambientais decorrentes de sua atividade.
As organizações que tratam questões ambientais podem afetar a comercialização de
seus produtos e sua posição competitiva, bem como, seu desempenho financeiro (SAEIDI et
al., 2015). Pelo fato, de as atividades empresariais interagirem diretamente com a natureza,
alterando sua forma original e suas condições. Como é o caso dos impactos ambientais da
empresa Petróleo Brasileiro (PETROBRAS), o qual surgiu devido a inúmeros incidentes
ocorridos, que ocasionaram danos com consequências graves e, muitas vezes, irreversíveis ao
meio ambiente, à população e a própria empresa (BERTOLI; RIBEIRO, 2006).
Para a empresa Vale S/A, a RSC proporcionou notoriedade de mercado. De 2011 a
2015, a mesma constou na composição do Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), que
aponta as empresas consideradas líderes mundiais em sustentabilidade empresarial, baseando-
se em critérios econômicos, ambientais e analisando o desempenho financeiro da empresa.
Porém, em 2016, por causa da tragédia acontecida na cidade de Mariana, Estado de Minas
Gerais, a empresa Vale S/A permaneceu afastada do Índice de Sustentabilidade Empresarial
(IES) e, até o presente momento, não foi mais listada (GONZALES, 2019).
2.2 Análise de desempenho financeiro e valor de mercado das empresas
As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial
e financeira e do desempenho da empresa (SILVA, 2017). Assaf Neto (2015) considera que a
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análise das demonstrações financeiras visa basicamente o estudo de desempenho econômico-
financeiro das empresas em determinado período do passado, para determinar, sua posição
atual e produzir resultados que sirvam de base para ocasiões futuras.
De   acordo   com   Silva   (2017),   um   investidor   que   pretende   adquirir   ações   de
determinada empresa, necessita da análise para lhe fornecer uma expectativa de retorno sobre
seu investimento, assim  como, internamente   a empresa   necessita   conhecer   os   resultados
alcançados e avaliar  seu desempenho. Desta maneira,  ao publicarem suas demonstrações
financeiras,   as   empresas   evidenciam   seus   desempenhos,   visando   atrair   o   interesse   dos
investidores por suas ações, bem como informar aos credores a respeito de suas performances
e suas estruturas.
A partir das informações retiradas das demonstrações financeiras, os interessados em
algum aspecto particular da empresa, podem analisar diretamente as demandas informacionais
sobre as quais têm interesse. Por meio de uma seleção de índices é que ocorre a análise das
demonstrações financeiras, que conduzirá ao processo de tomada de decisões e avaliará o
desempenho das empresas (MORANTE, 2009;  ZANATTA; CARLI; SCHONS, 2017). Os
índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação das organizações, para se
adquirir   mais   conhecimento   da   mesma,   sendo   de   suma   importância   interpretá-los
corretamente (MATARAZZO, 2010).
A análise das demonstrações financeiras mediante indicadores pode-se subdividir em
análise da situação financeira e análise da situação econômica. A financeira, envolve as
relações indicativas da capacidade de pagamento que as empresas apresentam em relação aos
seus credores, posicionando-os pela segurança ou não em receber seus créditos (indicadores
de   estrutura   de   capital   e   liquidez);   e   a   econômica,   espelha   os   reflexos   patrimoniais   do
resultado obtido durante o tempo, indica se a empresa obterá recursos próprios pela sua
atividade empresarial (indicadores de rentabilidade) (MORANTE, 2009).
Os indicadores de estrutura de capital ou endividamento possuem o objetivo de avaliar
como a empresa está em relação à distribuição entre os capitais próprios e os capitais de
terceiro, se esta distribuição é adequada ou não financeiramente, e se possui capacidade de
cumprir com as despesas financeiras assumidas em longo prazo (MORANTE, 2009). Os
indicadores classificados neste conjunto são denominados de: Composição do Endividamento,
Imobilização do Patrimônio Líquido, Imobilização dos Recursos não Correntes e Participação
de Capitais de Terceiros (MATARAZZO, 2010).
Os índices de liquidez procuram evidenciar a capacidade de pagamento da empresa
em relação as suas dívidas. Em outras palavras, evidencia se empresa possui aptidão para
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cumprir com seus compromissos em curto e longo prazo,  utilizando ou não de recursos
próprios (ZANATTA; CARLI; SCHONS, 2017). Os indicadores classificados neste grupo são
denominados de:  Liquidez  Geral, Liquidez  Corrente, Liquidez  Seca  e  Liquidez  Imediata
(MORANTE, 2009).
Os índices de rentabilidade procuram identificar a remuneração do capital empregado
na entidade, ou seja, mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos nas organizações
(MATARAZZO, 2010). Os indicadores deste grupo são classificados em: Giro do Ativo,
Margem   Líquida,   Rentabilidade   do   Ativo   e   Rentabilidade   do   Patrimônio   Líquido
(MORANTE, 2009).
Como   índice   para   a   avaliação   do   Valor   de   Mercado   das   empresas,   na   presente
pesquisa foi utilizado o Market To Book. A relação (ratio) entre o valor de mercado de uma
empresa e seu valor patrimonial (valor de livro) é demonstrada na literatura como Price/Book
(quando se estuda os valores unitários das ações das empresas) ou como  Market to Book
(MTB ou ME/BE) (SANT’ANNA et al., 2015).
O indicador de Market to Book é obtido por meio da divisão entre o Valor de Mercado
das Ações e do Valor Contábil das Ações, o resultado dessa relação representa o quanto uma
empresa é valorizada ou desvalorizada pelo mercado em relação ao seu valor contábil. Assim,
reconhece-se que o valor contábil  pode não ser o mesmo que o considerado pelos seus
investidores. Quando for maior que 1, o mercado valoriza atributos que não estão registrados
na contabilidade; menor que 1 quando a contabilidade sobrevalorize o valor empresarial em
relação ao mercado; e igual a 1, quando o mercado enxerga o valor da mesma forma que o
registro contábil (CARVALHO et al., 2017).
3 METODOLOGIA
A pesquisa é classifica quanto aos objetivos como descritiva, ao relatar a situação
econômico-financeira da empresa Vale S/A, antes e depois dos desastres ambientais ocorridos
nas cidades do estado de Minas Gerais. Segundo Gil (2010), as pesquisas descritivas têm o
intuito de descrever as características de uma determinada população ou um fenômeno a qual
estabelece variáveis. Possui como objetivo, identificar, relatar e comparar os dados coletados.
Os procedimentos foram pesquisa bibliográfica e documental, visto que são utilizadas
as produções científicas relacionadas ao tema, bem como, os demonstrativos financeiros,
preço das ações da empresa Vale S/A como objeto da análise, no período de 2011 a 2019. Os
dados necessários para a análise foram coletados no site da Brasil, Bolsa e Balcão (B3).
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A   abordagem   das   informações   se   configura   como   quantitativa,   pois   a   realidade
temporal   é   observada   em   números.   Para   análise   dos   dados  foram   aplicados  indicadores
financeiros de análise de desempenho, rentabilidade de ações e Market to Book, objetivando
verificar as relações entre crescimento, resultados financeiros e valor de mercado da empresa
Vale S.A. Os dados necessários foram coletados a partir das demonstrações contábeis.
Na presente pesquisa foram utilizados os indicadores que se dividem em análise da
situação financeira e análise da situação econômica. O Quadro 1 apresenta os indicadores
aplicados na pesquisa.
Quadro 1 - Indicadores econômico-financeiros e de mercado aplicados no estudo
Indicadores Fórmula Descrição
Liquidez Imediata (LI)
Disponível
PC
Indica a capacidade de pagamento de todo o passivo
circulante com os recursos disponíveis no momento da
análise.
Liquidez Seca (LS)
AC −Estoques
PC
Indica o poder de pagamento de dívidas de curto prazo
da empresa.
Liquidez Geral (LG)
AC+RLP
PC +PNC
Indica a capacidade de a empresa pagar todos os seus
compromissos, frente à totalidade de suas dívidas.
Liquidez Corrente (LC)
AC
PC
Indica   a   capacidade   de   pagamento   da   empresa   em
curto prazo, onde serão comparados os dados do ativo
circulante com as dívidas existentes no curto prazo.
Participação de Capital 
de Terceiros (PCT)
PC+PNC
PL
Faz a relação das duas principais fontes de recurso da
entidade, o capital próprio e o capital de terceiros. Do
ponto de vista financeiro, quanto menor o resultado do
índice,   menos   a   empresa   depende   de   recursos   de
terceiros.
Imobilização do Capital 
Próprio (ICP)
Inv+Imob+Intag
PL
Indica que parcela do patrimônio líquido a empresa
aplicou em ativos de natureza permanente.
Composição do 
Endividamento (CP)
PC
Exigível Total
Indica   em   percentual   quanto   à   empresa   está
comprometida com dívidas de curto prazo em relação
às obrigações totais.
Imobilização dos 
Recursos não Correntes 
(IRNC)
Inv+Imob+Intag
PNC+PL
Indica a   relação  entre os recursos próprios  e  os de
longo   prazo,   com   as   destinações   a   investimentos
permanentes no ativo.
Indica   quanto   à   empresa   recorreu   em   capitais   de
terceiros, para cada unidade de capital próprio.
Rentabilidade do Ativo 
(RA)
Lucro Líquido
AtivoTotal
Indica a eficiência com que a empresa usa seus ativos
para gerar vendas. Indica o percentual de lucratividade
final,   em   relação   às   vendas   totais.   Indica   a
lucratividade em relação às aplicações que destinou ao
ativo total.
Rentabilidade do
Patrimônio Líquido
(RPL)
Lucro Líquido
PL
Indica a lucratividade em relação aos capitais próprios,
posicionando os diante de investimentos alternativos.
Market to book
Valor de Mercado
Valor Contábil
Representa   o  quanto   uma   empresa   é   valorizada   ou
desvalorizada pelo mercado em relação ao seu valor
contábil
Fonte: Adaptado de Morante (2009) e Matarazzo (2010).
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Adicionalmente   foram   analisadas   as   práticas   de   sustentabilidade   extraídas   dos
relatórios de sustentabilidade da empresa Vale S/A, no período de 2012 a 2019. Para esta
etapa   da   pesquisa,   os   relatórios   foram   analisados   de   forma   qualitativa   e   assinalado
positivamente,   quando   a   característica   se   mostrava   presente   nos   referidos   relatórios   da
empresa.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A   análise   da   evolução   financeira   da   Vale   S/A   foi   construída   a   partir   dos
demonstrativos   contábeis   da   empresa.   No   Gráfico   01   são   destacados   a   evolução   do
Investimento Total e do Capital Próprio da companhia, no período de 2011 a 2019.
Gráfico 1 – Evolução do investimento total e do capital próprio da Vale S/A – 2011 a 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
0
100.000.000
200.000.000
300.000.000
400.000.000
500.000.000
600.000.000
143475406,592
152388195,584
148345805,824
146414675,968
131160209,408
127240522,752
143757534,208
170402628,096
161480311,296
241783111,68
266921639,936
291880304,64
309415510,016
345549438,976
322696151,04
328096710,656
341714862,08
369670324,224
Ativo Total  Patrimônio Líquido 
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Ao analisar a evolução dos Investimentos Totais da empresa Vale S/A é possível
perceber   crescimento   financeiro   de   forma   longitudinal.   Porém,   essa   evolução   não   é
acompanhada ou financiada por meio do Capital Próprio da empresa. Isto indica aumento de
capital de terceiros nos ativos da empresa, ou seja, crescimento de dívidas, a partir de 2015.
O Gráfico 2 apresenta a evolução da Receita Líquida de Vendas e do Lucro/ Prejuízo
ano a ano da Vale S/A, em valores nominais. Ao analisar a evolução da Receitas/Despesas da
empresa Vale S/A é  possível perceber que em relação ao ano de 2015, o resultado do período
apresenta prejuízo significativo, em mais de R$ 33 bilhões de reais quando verificado os
demonstrativos individuais da empresa e, mais de R$ 44 bilhões de prejuízo no resultado
consolidado,   em   decorrência   à   paralisação   das   operações,   devido   ao   acidente   com   as
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barragens em Mariana (MG). No ano de 2016 o acidente ambiental causou aumento na conta
de Outras Despesas Operacionais que representam o reconhecimento dos gastos relacionados
às provisões sociais e ambientais para reparar os danos sociais e ambientais no montante de
R$ 572 milhões.
Gráfico 2 – Evolução da Receita e do Lucro da Vale S/A – 2011 a 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
-20.000.000
-10.000.000
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
27137679,36
28755755,008
28626231,296
23151808,512
22681354,24
25591005,184
29827137,536
37455151,104
41018720,256
8354443,264
-5628452,864
-14867109,888
-4760434,176
-33154258,944
1573275,6482532775,936
14485278,72
-6406967,808
Lucro/Prejuízo do Período Receita Líquida de Vendas
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Nota-se que no ano de 2015, como reflexo do acidente ambiental, o valor da receita
líquida se retraiu consideravelmente, mostrando-se o mais baixo valor em todos os períodos
analisados, o que acabou ocasionando também o maior prejuízo da empresa. Após o ano de
2015, a empresa passa a ter lucratividade, com aumento de suas receitas, porém com dívidas
elevadas relacionadas ao acidente ambiental.
Os índices de liquidez, Gráfico 3, procuram evidenciar a capacidade de pagamento da
empresa em relação as suas dívidas. Os indicadores mostram que a capacidade financeira da
Vale  S/A   em   liquidar   suas  dívidas,   no  período   analisado,   entrou   em   declínio   de   forma
considerável, em todos os lapsos temporais de curto prazo, como pode ser observado na
evolução dos indicadores de liquidez seca e liquidez corrente da empresa, após o acidente
ambiental em Mariana (MG).
A liquidez corrente relaciona ativos circulantes e passivos circulantes, indicando a
capacidade da empresa saldar suas dívidas de curto prazo com recursos de curto prazo. Este
indicador apresentou até 2017 valores superiores a 1, ou seja, indica uma situação positiva.
A   liquidez   seca   evidencia   a   capacidade   de   pagamento   de   curto   prazo   sem   a
necessidade de a empresa se desfazer dos estoques a preço de liquidação. Este indicador
apresentou na maioria da série valores superiores a 1, ou seja, indica uma situação positiva,
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somente a partir de 2018 que a empresa apresentou um declínio de 41%, podendo ser o
reflexo de estoques excessivos.
Gráfico 3 – Evolução dos indicadores de liquidez da Vale S/A – 2011 a 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
0,0000
0,5000
1,0000
1,5000
2,0000
2,5000
3,0000
Liquidez Geral  Liquidez Corrente  Liquidez Seca Liquidez Imediata
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
O indicador de liquidez geral confronta o total de recursos em relação ao total de
dívidas. Assim, este indicador mostra a capacidade de pagamento de longo prazo, seguindo o
mesmo padrão dos outros índices, o de liquidez geral se mantém estável na maior parte da
série, somente com um declínio no ano de 2014 e 2015.
Os indicadores de Estrutura de Capital constam do Gráfico 4. No ano de 2014, antes
do acidente ambiental, a empresa apresentava nível de Endividamento Geral de 0,51 e, um
coeficiente de participação de Capital de Terceiros (1,09). Esses indicadores apontam que a
empresa possuía uma política de Estrutura de Capital significativamente apoiada na utilização
de recursos de terceiros, principalmente por meio de empréstimos e financiamentos.
Gráfico 4 – Indicadores de estrutura da capital da Vale S/A – 2011 a 2019
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
0,7000
Composição do Endivadamento  Endividamento Geral 
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
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ANÁLISE DO DESEMPENHO FINANCEIRO, VALOR DE MERCADO E IMPACTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA VALE S/A
Também  um  dos principais motivos  para  utilização de  recursos  de terceiros para
financiar as operações é percebido no índice de Imobilização de Capital Próprio (Gráfico 5),
que chegou a  1,61 em 2014  e  1,85 em 2015,  característica de empresas que atuam  em
segmentos que demandam elevados investimentos estruturais, como é o caso da empresa em
tela   com   atividades   de   mineração   que   exigem   edifícios,   instalações,   maquinários,
equipamentos fabris e veículos de elevado porte e valor.
Gráfico 5 – Indicadores de imobilização da Vale S/A – 2011 a 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
0,0000
0,2000
0,4000
0,6000
0,8000
1,0000
1,2000
1,4000
1,6000
1,8000
2,0000
Imobilização do Capital Próprio Imobilização de Recursos Não Correntes
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Em relação ao indicador de Composição do Endividamento, pode-se perceber que as
dívidas da empresa se encontram majoritariamente no longo prazo, com o reconhecimento das
obrigações provenientes das provisões sociais e ambientais. A imobilização de recursos não
correntes mostra a porcentagem do ativo imobilizado em relação ao patrimônio líquido e
passivo não circulante da empresa. A evolução histórica deste indicador mostra diminuição ao
longo dos anos, explicada essencialmente pela redução do imobilizado da empresa depois de
2015. 
Os Gráficos 6 e 7 evidenciam, respectivamente, a rentabilidade e a margem líquida da
Vales S/A entre 2011 e 2019. Os indicadores de Rentabilidade indicam que a Companhia
apresentou redução significativa na margem de lucratividade e de retorno sobre o capital
investido.
A Margem Líquida mostra o percentual do resultado líquido sobre as receitas de
vendas,  ou   seja, quantos das   receitas  foram efetivamente convertidos  em   lucro.  Pode-se
observar que, embora com oscilações até o ano de 2014 a empresa apresentou lucro, ou seja,
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margem de lucratividade positiva. No ano de 2015, a empresa apresentou cerca de R$ 36
bilhões de reais de perdas por recuperabilidade de ativos, isto explica a Margem Líquida
negativa de -146% naquele ano.
Gráfico 6 – Rentabilidade do ativo e do patrimônio líquido da Vale S/A – 2011 a 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
-0,3000
-0,2500
-0,2000
-0,1500
-0,1000
-0,0500
0,0000
0,0500
0,1000
0,1500
Rentabilidade do Ativo  Rentabilidade do PL
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Gráfico 7 – Margem líquida da Vale S/A – 2011 a 2019
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
-2,0000
-1,5000
-1,0000
-0,5000
0,0000
0,5000
1,0000
Giro do Ativo Margem Líquida
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
O Gráfico 8 evidencia a evolução das provisões Socioambientais da companhia Vale
S/A, em relação ao Volume do Ativo Total e Passivos Exigíveis da empresa. Conforme se
observa   no   Gráfico   8,   as   provisões   com   passivos   ambientais   da   empresa   crescem
consideravelmente no período analisado. O volume de reconhecimento de passivos ambientais
passa a representar praticamente 50% das dívidas totais da empresa em 2015. Em relação ao
ativo total da empresa, esse reconhecimento chega a comprometer aproximadamente 30% de
todo o investimento que a empresa possuía naquele mesmo ano.
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Gráfico 8 – Evolução das provisões socioambientais da Empresa Vale S/A – 2011 a 2019 
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
Provisões Ativo Provisões Passivo
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Para observar a evolução do comportamento do mercado brasileiro em relação ao
valor de mercado e contábil da empresa, foi estimado o índice Market to Book, razão entre,
valor percebido no mercado e valor estimando contabilmente para capital próprio da empresa.
Gráfico 9 – Evolução do Market to Book da Vale S/A – 2011 a 2019
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Na evolução do Market to Book, Gráfico 9, é possível perceber um coeficiente inferior
a 1 entre os anos de 2013 e 2016. Estes resultados, de acordo com a literatura, evidenciam que
os investidores estão dispostos a pagar pela empresa um valor menor do que registrado na
contabilidade. Godoy (2006) ressalta que este cenário é comum em empresas públicas ou de
economia  mista  que demandam de  muita infraestrutura.  No  caso da  Vale  S/A, pode ser
explicada   pelo   acidente   ambiental   ocorrido   no   final   de   2015,   cujos   prejuízos   e   danos
ambientais, humanos e econômicos abalaram a imagem da empresa, proporcionando sensível
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ANÁLISE DO DESEMPENHO FINANCEIRO, VALOR DE MERCADO E IMPACTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA VALE S/A
redução do valor percebido pelo mercado, especialmente pelas incertezas em decorrência ao
desastre. O Market to Book da Vale S/A somente apresenta crescimento superior a 1, a partir
do ano de 2017 até 2019, ou seja, quando o mercado percebe recuperação financeira da
empresa.
O Quadro 2 apresenta a análise da coleta dos dados em relação aos relatórios de
sustentabilidade da empresa Vale S/A. As práticas de sustentabilidade extraídas dos relatórios
específicos   da   empresa   foram   assinaladas   quando   a   característica   se   mostra   presente   no
período analisado.
Quadro 2 - Análise dos Relatórios de Sustentabilidade da Vale S/A – 2012 a 2019
Descrição 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
1 
Políticas 
Ambientais
Declaração das políticas/práticas/ações atuais e futuras X X X X X X X X
Estabelecimento de metas e objetivos ambientais X X X X X X X X
Prêmios e participações em índices ambientais X X X X - - - -
Parcerias ambientais X X X X X X X X
 2 
 Sistemas
de
Gerenciamento
ISO 14000 - - - - - - - X
Auditoria Ambiental X - - X X X X X
Gestão Ambiental X X X X X X X X
3 
Impactos dos Produtos e 
Processos no Meio Ambiente
Desperdícios/resíduos X X X X X X X X
Processo de acondicionamento (embalagem) - - X X - - X X
Reciclagem X X X X X - X X
Desenvolvimento de produtos ecológicos - X - X - - X X
Impacto na área de terra utilizada X X X X X X X X
Uso eficiente/reutilização da água X X X X X X X X
Vazamentos e derramamentos X X X X X X X X
Reparos aos danos ambientais X X X X X X X X
4 
Energia
Conservação e/ou utilização mais eficiente nas operações X X X X X X X X
Utilização de materiais desperdiçados na produção de energia - - - - - - - -
Desenvolvimento/exploração de novas fontes de energia X X X X X X X X
 5 
Informações
financeiras
Investimentos ambientais X X X X X X X X
Custos/despesas ambientais X X X X X X X X
Passivos ambientais X - X X X X X X
Seguro ambiental X X X X X X X
Ativos ambientais tangíveis e intangíveis - - - - - - - X
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
 Pode-se destacar que empresa publicava suas informações financeiras ambientais aos
seus stakeholders. No ano de 2015, o qual marcou a empresa com o ocorrido em Mariana
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ANÁLISE DO DESEMPENHO FINANCEIRO, VALOR DE MERCADO E IMPACTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA VALE S/A
(MG), a Vale chegou a ter dispêndios ambientais no valor de R$ 572 milhões, sendo eles
distribuídos entre, recursos híbridos, emissões atmosféricas, recuperação de áreas degradadas
e áreas contaminadas, resíduos, conservação ambiental, gestão ambiental e risco e emergência
ambiental.
A Vale, a Samarco e a BHP Billiton assinaram, no dia 2 de março de 2016, um amplo
acordo com a advocacia geral da união (AGU), representando o governo federal, os governos
dos estados de minas gerais e do espírito santo, além de outras entidades, como o ibama, o
instituto estadual do meio ambiente e recursos hídricos do espírito santo (IEMA) e a fundação
estadual do meio ambiente de minas gerais (FEAM), para a recuperação social, ambiental e
econômica   das   regiões   impactadas   pelo   rompimento   da   barragem   de   fundão,   conforme
indicado no Relatório de Sustentabilidade Vale S/A, de 2015.
Assim, pode-se constatar, que a empresa atende as normatizações de evidenciação
contábil, divulgou os impactos do acidente na situação econômico-financeira do negócio, no
intuito que os usuários das informações contábeis possam compreender, ao menos no que se
refere as regras de divulgação, a realidade organizacional.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A   Vale   S/A   é   uma   organização   privada   e   de   capital   aberto,   é   uma   mineradora
multinacional   brasileira,   considerada   uma   das   maiores   operadoras   de   logística   do   país,
inclusive das empresas da indústria de mineração e metais do Brasil e do mundo. Dada à
importância   da   empresa   a   presente   pesquisa  objetivou   analisar   de   forma   longitudinal   o
crescimento, o desempenho financeiro e o valor de mercado da companhia, bem como, a
evidenciação das informações ambientais, nos relatórios de sustentabilidade.
Os   resultados   da   pesquisa   mostraram   que   a   empresa   passou   a   priorizar   o
financiamento de suas atividades por meio de capital de terceiros, principalmente a partir de
2015. Neste mesmo ano, a empresa apresenta prejuízo de mais de R$ 33 bilhões devido às
paralisações das operações, por  causa  do  acidente  ambiental, em   Mariana (MG).  O que
também gerou uma queda da receita da empresa, e um dos maiores prejuízos entre os anos
analisados.
Foi constatado que a capacidade financeira da Vale S/A, em relação a quitar suas
dívidas, entrou em declínio de 41% por consequência do aumento do endividamento, após o
acidente. Em relação à lucratividade, pode-se observar que, embora com oscilações até o ano
de 2014  a empresa  apresentou  lucro,  ou seja, positividade. No ano de  2015, a empresa
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ANÁLISE DO DESEMPENHO FINANCEIRO, VALOR DE MERCADO E IMPACTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA VALE S/A
registrou cerca de R$ 36 bilhões de reais de perdas por recuperabilidade de ativos, isto explica
a Margem Líquida negativa de -146% naquele ano.
O Market to Book da Vale S/A apresentou uma alteração relevante na série histórica,
queda acentuada em 2015. A queda de valor de mercado em 2015 está relacionada ao acidente
ambiental naquele ano, na cidade de Mariana, em Minas Gerais, que culminou em prejuízos
tanto para empresa, como para sociedade. Somente nos anos seguintes que o valor de mercado
se recuperou, mostrando-se superior a unidade, ou seja, apresenta valor de mercado superior
ao valor contábil da empresa.
Diante dos resultados, conclui-se que o acidente ambiental proporcionou impactos
negativos para as finanças da empresa, bem como, para a imagem perante a sociedade. A
paralisação das atividades operacionais afetou diretamente as finanças da organização, uma
vez   que   foram   reconhecidas   provisões   sociais   e   ambientais.   Por   ter   uma   atividade   de
exploração de recursos naturais, a empresa promovia uma imagem sustentável para garantir
legitimidade na sociedade, porém após o acidente, a imagem de empresa sustentável foi
abalada.
No   entanto,   no   que   se   refere   à   evidenciação   contábil,   a   empresa   divulgou   em
conformidade com a legislação, os impactos do acidente na situação econômico-financeira do
negócio, no intuito que os usuários das informações contábeis possam compreender, ao menos
no que se refere as regras de divulgação, a realidade organizacional.
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