Revista de Estudos em Organizações e Controladoria - REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 2, Dossiê APP, p. 51-64, dez., 2022. 
Dossiê Análise de Políticas Públicas 
Editores Convidados: Prof. Dr. Bruno Martins Augusto Gomes e Prof. Dr. Roberto Eduardo Bueno 
CONFERÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS: UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO 
POPULAR DIGITAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ – ESTADO DE SANTA 
CATARINA
1
PUBLIC POLICY CONFERENCE: AN ANALYSIS OF DIGITAL POPULAR 
PARTICIPATION IN THE MUNICIPALITY OF SÃO JOSÉ – STATE OF SANTA 
CATARINA 
 LUÍSA FÓFANO CHUDZIJ 
Universidade Federal do Paraná (UFPR) 
E-mail: luisachudzij@hotmail.com 
RESUMO 
Tem-se por objeto de estudo a e-Democracia e a utilização de plataformas digitais em uma Conferência de Políticas 
Públicas. Estabeleceu-se como objetivo geral examinar a utilização de plataformas digitais para a participação 
popular  nas  políticas  públicas,  tecendo  considerações  acerca  desta  temática  e  mapeando  a  participação  da 
sociedade ocorrida por meio de plataforma digital, em razão da pandemia do COVID-19, na XIII Conferência 
Municipal de Assistência Social de São José, estado de Santa Catarina, nos dias 12, 13, 16, 17 e 18 de agosto de 
2021. O método empregado na construção das principais ideias textuais foi o dedutivo e, para tanto, pautou-se em 
pesquisa  bibliográfica  e  estudo  de  caso para  alcançar  o  resultado  final.  Efetuou-se  uma  análise  empírica  da 
experiência da XIII Conferência de Assistência Social de São José, a qual se valeu de plataformas digitais para sua 
ocorrência. Para dar sustentação ao debate, foram apresentadas considerações sobre Inovações Democráticas, 
Conferências e e-Democracia. Conclui-se que a e-Democracia pode ser um instrumento para a participação da 
sociedade civil nas políticas públicas, ainda que existam alguns obstáculos e empecilhos. 
Palavras-chave: Políticas Públicas; Plataformas Digitais; e-Democracia; Inovações Democráticas; Conferência. 
ABSTRACT 
The object of study is e-Democracy and the use of digital platforms in a Public Policy Conference. The general 
objective  was  to  examine  the  use  of  digital  platforms  for  popular  participation  in  public  policies,  making 
considerations about this theme and mapping the participation of society that occurred through a digital platform, 
due to the COVID-19 pandemic, at the XIII Municipal Conference of Social Assistance of São José, state of Santa 
Catarina, on the 12th, 13th, 16th, 17th and 18th of August 2021. The method used in the construction of the main 
textual ideas was the deductive one and, for that, it was based on bibliographical research and case study to reach 
the final result. An empirical analysis of the experience of the XIII Social Assistance Conference of São José was 
carried out, which used digital platforms for its occurrence. To support the debate, considerations on Democratic 
Innovations, Conferences and e-Democracy were presented. It is concluded that e-Democracy can be an instrument 
for the participation of civil society in public policies, although there are some obstacles and obstacles. 
Keywords: Public Policy; Digital Platforms; e-Democracy; Democratic Innovations; Conference. 
1
DOI: https://doi.org/10.5935/2763-9673.20220014 
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Luísa Fófano Chudzij 
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1 INTRODUÇÃO 
Quando o estudo tem como enfoque as políticas públicas, verifica-se que há diferentes 
abordagens conceituais utilizadas para descrevê-las, as quais serão brevemente examinadas a 
seguir,  contudo,  esse  artigo  tem  como  respaldo  conceitual  a  abordagem  multicêntrica  ou 
policêntrica, isto é, pautada não apenas nos atores estatais como protagonistas das políticas 
públicas, mas também, nas organizações privadas, não governamentais, multilaterais, redes, 
dentre outras.  
Assim, a proposta deste estudo é examinar a utilização de plataformas digitais para a 
participação  popular  nas  políticas  públicas,  tecendo  considerações  acerca  desta  temática  e 
mapeando a participação da sociedade ocorrida por meio de plataforma digital, em razão da 
pandemia do COVID-19, na XIII Conferência Municipal de Assistência Social de São José, 
estado de Santa Catarina, nos dias 12, 13, 16, 17 e 18 de agosto de 2021. 
A escolha do tema foi motivada pelo fato de que o campo da participação popular nas 
políticas públicas é um elemento fundamental de todo o processo de tomada de decisões e, em 
razão  disso,  surge  a  necessidade  de  examinar  a  utilização  de  espaços  digitais  para  essa 
participação.  Isso  porque,  com  o  avanço  das  tecnologias,  é  possível  pensar  em  novos 
mecanismos para a participação da sociedade nos debates e até mesmo na tomada de decisões. 
Além  disso,  com  a  pandemia  do  COVID-19  e,  em  especial,  em  decorrência  das  medidas 
sanitárias impostas, percebeu-se o quanto as plataformas digitais são essenciais e podem ser 
utilizadas para diminuir fronteiras interpessoais e aprofundar as relações e os debates. 
Para alcançar o objetivo proposto, este artigo selecionou a XIII Conferência Municipal 
de  Assistência  Social  de  São  José/SC  como  objeto  de  análise,  com  vistas  a  mapear  a 
participação da sociedade via plataforma digital e verificar os efeitos da e-Democracia para a 
participação. Optou-se por esta Conferência em razão de ter ocorrido de maneira remota com a 
utilização de plataformas virtuais, mas, principalmente, por ter relatório  final com dados e 
resultados  divulgados.  Esta  pesquisa  irá  verificar,  por  exemplo,  a  maneira  como  se 
desenvolveram as dinâmicas de participação popular por meio digital na plataforma utilizada 
para a realização da Conferência, bem como, os resultados apresentados. 
Para empreender tal análise, o estudo apresenta, inicialmente, aportes conceituais sobre 
Instituições Participativas de políticas públicas, com destaque para as chamadas Conferências 
de Políticas Públicas. Posteriormente, passa a realizar uma tratativa acerca da e-Democracia e 
seus efeitos no aspecto da participação. Por fim, mapeia as dinâmicas de participação popular 
digital na plataforma utilizada na XIII Conferência Municipal de Assistência Social de São 
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José/SC e seus resultados, com vistas a compreender a e-Democracia e seus efeitos sobre a 
participação, o que corresponde ao objetivo do presente trabalho. 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Conceituar o termo políticas públicas demanda um exame pormenorizado de diversos 
entendimentos, uma vez que o conceito pode apresentar variações. Em uma primeira análise, o 
conceito exsurgiria da modificação da atuação estatal, com o advento do Estado de Bem-Estar 
social. Isso porque, com essa mudança de modelo de Estado, o government by policies teria 
substituído o government by law (COMPARATO, 1989, p. 74), isto é, o governo passou a ser 
não apenas legalista, mas um governo de políticas.  
Maria Paula Dallari  Bucci  –  que  apresenta  variadas  obras  em  relação  à  temática  – 
compreende  as  políticas  públicas  como  “[…]  programas  de  ação  governamental  visando 
coordenar  os  meios  à  disposição  do  Estado  e  as  atividades  privadas,  para  a  realização  de 
objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados” (BUCCI, 2002, p. 241), ou “[…] 
programas de ação governamental voltados à concretização de direitos” (BUCCI, 2001, p. 13). 
De acordo  com  Leonardo  Secchi,  “[…] uma  política pública  é  uma  diretriz elaborada para 
enfrentar  um  problema  público.  […]  possui  dois  elementos  fundamentais:  intencionalidade 
pública e resposta a um problema público […]” (SECCHI, 2016, p. 2). 
Diante  dessas  considerações,  percebe-se  que,  nas  últimas  décadas,  o  Brasil  vinha 
experimentando  uma  expansão  e  pluralização  das  modalidades  de  participação  política, 
especialmente  aquelas  relacionadas  às  políticas  públicas.
2
 Destaca-se  que  a  Constituição 
Federal de  1988  foi  inovadora  ao promover  transformações nas  formas  de  interação  entre 
Estado e sociedade civil.  
Isso porque, “[…] desde a Constituição de 1988, o Brasil assiste à multiplicação de 
experiências  participativas”  (MARTELLI;  TONELLA;  COELHO,  2021,  p.  263).  Nesse 
sentido, percebe-se que diversos são os espaços institucionalizados que buscam fomentar a 
cultura  da  participação  popular  nas  políticas  públicas,  como,  por  exemplo,  os  orçamentos 
participativos, fóruns locais e regionais, conselhos gestores de políticas públicas, conferências 
de políticas públicas, dentre outros. Inclusive, com o avanço da internet e com o surgimento e 
fortalecimento das mídias sociais, é possível pensar em novos mecanismos para facilitar a 
mobilização  social.  Logo,  instituições  participativas  permitiriam  o  exercício  de  uma 
2
 “Entretanto, o giro político conservador experimentado pelo Brasil nos últimos anos e selado com o resultado 
das eleições de 2018 interpela fortemente essa agenda de pesquisa a agregar novas preocupações. Afinal, se desde 
1990 presenciamos  um processo  contínuo de expansão  territorial e setorial das IPs,  hoje  elas enfrentam atos 
governamentais que buscam extinguir e limitar sua presença nas políticas públicas” (ALMEIDA et al., 2021, p. 
66). 
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Democracia mais participativa, por meio da ampliação da participação da sociedade civil nas 
decisões políticas.  
Essas  formas  de  participação  política  são  consideradas,  por  Graham  Smith,  como 
“inovações  democráticas”.  O  autor  explicita  que  estas  inovações  democráticas  são  as 
instituições que foram criadas para majorar e aprofundar a participação do cidadão no processo 
de tomada de decisões políticas, representando  um afastamento da arquitetura institucional 
tradicional (SMITH, 2009, p. 5).  
Logo, as inovações democráticas objetivam redesenhar a divisão tradicional do trabalho 
político dentro dos sistemas representativos, por meio da possibilidade dos cidadãos poderem 
influenciar no processo de decisões políticas (SMITH, 2009, p. 7). Ressalta-se que, para Smith, 
qualquer  inovação  democrática,  independentemente  da  teoria  democrática  na  qual  se 
fundamenta,  deve  produzir  atributos,  os  quais  são  denominados  pelo  autor  como  bens 
democráticos. São eles: inclusão, controle popular, julgamento ponderado e transparência. 
O primeiro atributo da inclusão “[…] se refere à capacidade do desenho em fornecer 
igualdade política aos participantes, manifestando-se em pelo menos duas instâncias: presença 
e voz” (PESSALI; GOMES, 2020, p. 13). O segundo bem democrático, controle popular, “[…] 
tenta captar o quanto o desenho permite aos participantes ter influência sobre os processos 
decisórios, tanto  dentro  da  própria instituição quantos nas  instâncias externas das políticas 
públicas sobre a qual atua” (PESSALI; GOMES, 2020, p. 13). 
O terceiro atributo se refere ao julgamento ponderado que significa a “[…] capacidade 
da instituição em  promover a compreensão dos  participantes a  respeito  tanto das  questões 
técnicas do campo decisório da instituição quanto das perspectivas ou posições dos demais 
participantes”  (PESSALI;  GOMES,  2020,  p.  13).  Por  fim,  o  quarto  bem  democrático  é  a 
transparência, a qual indica a abertura e visibilidade do funcionamento da instituição, seja pelo 
viés da transparência interna ou externa (PESSALI; GOMES, 2020, p. 13). 
Diante do exposto e tendo como respaldo teórico-metodológico os estudos de Graham 
Smith,  faz-se  necessário  compreender  o  que  seria  a  inovação  democrática  denominada 
“Conferência”. A Conferência é um dos exemplos de “[…] instituições participativas que têm 
potencial para funcionarem como espaço de interlocução e negociação entre atores estatais e 
sociais […]” (MARTELLI; TONELLA; COELHO, 2021, p. 293). 
As  Conferências  podem  ser  conceituadas  como  “[…]  um  processo  de  diálogo  e 
manifestação de opiniões para definição de uma agenda pública, marcado pela mobilização 
social e participação plural, viabilizado por mecanismos de representação” (SOUZA et al., 2013, 
p. 32). É necessário salientar que as Conferências possuem um potencial democratizante, uma 
vez que ampliam a relação entre sociedade e governo (por meio, inclusive, da influência na 
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formação da agenda política); estabelecem novas arenas de discussão; além de estimular ações 
coordenadas entre diferentes membros da Federação (AVRITZER; SOUZA, 2013, p. 18). 
Dessa maneira,  as  Conferências  seriam  espaços  públicos institucionalizados  em um 
contexto de ampliação da participação social na gestão pública e na formação da agenda em 
políticas públicas. A despeito das particularidades conceituais entre os autores, de modo geral, 
“[…] as conferências constituiriam um processo de diálogo e manifestação de opiniões para 
definição de uma agenda pública, marcado pela mobilização social e participação plural, e 
viabilizado por mecanismos de representação” (SOUZA et al., 2013, p. 32). 
O Decreto Federal nº 8.243, de 23 de maio de 2014 (revogado pelo Decreto nº 9.759, de 
2019), instituía a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de 
Participação  Social  (SNPS)  e  também  conceituava,  no  artigo  2º,  inciso  IV,  a  inovação 
democrática “Conferência”. Ainda que este decreto tenha sido revogado, essencial destacar o 
conceito por ele apresentado: 
 Instância periódica de debate, de formulação e de avaliação sobre temas específicos e 
de interesse público, com a participação de representantes do governo e da sociedade 
civil, podendo contemplar etapas estaduais, distrital, municipais ou regionais, para 
propor diretrizes e ações acerca do tema tratado (BRASIL, 2014). 
Diante dos conceitos atinentes à Conferência, é importante salientar a maneira como 
estas são organizadas. Por meio das leis e regulamentos internos são determinados os seus 
objetivos,  eixos  temáticos  a  serem  debatidos,  as  etapas  e  datas  de  realização,  número  e 
composição  de  representantes  da  sociedade  civil  e  do  Estado,  bem  como,  a  dinâmica 
deliberativa quanto a formulação e encaminhamento das propostas (FARIA; SILVA; LINS, 
2012, p. 262). 
Sendo assim, há elementos que caracterizam as Conferências: a) podem ser tidas como 
uma etapa da formação da agenda e da formulação das políticas públicas em uma determinada 
área temática; b) pertencem a um processo participativo; c) reúnem sujeitos políticos diferentes; 
d) conectam-se com outros mecanismos de participação; e) podem ter modalidade de interação 
a distância (Conferências Virtuais) ou serem realizadas de forma espontânea (Conferências 
Livres). 
No  que  se  refere  à  possibilidade  de  realização  de  Conferências  Virtuais,  faz-se 
necessário lançar breves apontamentos sobre o conceito de e-Democracia, haja vista a intrínseca 
correlação entre as temáticas. 
Com o avanço da internet e, consequentemente, com o surgimento e fortalecimento das 
mídias sociais, é possível pensar em novos mecanismos para facilitar a mobilização social. 
Segundo  Bitencourt  (2019,  p.  70)  “[…]  as  mídias  sociais  são  grandes  incentivadoras  de 
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mobilização popular, já que conseguem atingir diferentes grupos espalhados em um mesmo 
país ou no mundo, o que facilita a coordenação das ações [...]”. 
Assim, “[…] a internet é a plataforma sobre a qual se desenvolve a democracia virtual” 
(KOZIKOSKI  JÚNIOR,  2015,  p.  104).  Logo,  é  possível  pensar  numa  nova  forma  de 
Democracia, a chamada e-Democracia ou Democracia Virtual. Semelhantemente ao que ocorre 
com o conceito de Democracia, não é unânime o entendimento na doutrina sobre o que seria a 
e-Democracia,  até  mesmo  porque  é  possível  encontrar  diferentes termos  na literatura  para 
denominar  o  mesmo  fenômeno:  cyberpolítica,  cyberdemocracia,  e-governo,  dentre  outros 
(KNEUER, 2016, p. 668). 
De acordo com Sontag Júnior, Gomes e Pessali (2019, p. 02) “[…]  a  e-democracia 
caracteriza-se pelas oportunidades de participação dos cidadãos nas políticas públicas por meio 
das tecnologias da informação e comunicação (TICs)”. Dessa maneira, as mudanças e avanços 
tecnológicos que vêm ocorrendo ao longo dos últimos anos estão permitindo que novos espaços 
sejam criados e que cidadãos de variados locais do globo possam se interconectar a fim de 
promover discussões e trocas de informações e opiniões, ampliando o campo do debate público, 
inclusive. 
Para Smith (2009), a e-Democracia seria uma inovação democrática tal qual as demais 
instituições  como  Conferências  ou  Orçamentos  Participativos,  uma  vez  que  todas  são 
instituições que foram criadas para majorar e aprofundar a participação do cidadão no processo 
de tomada de decisões políticas. Salienta-se que, segundo Kneuer (2016), a e-Democracia não 
seria um tipo de democracia diferente e/ou futura, isto é, para a autora, está se caracterizaria 
pelo uso  das  TICs por  atores políticos  dentro  dos processos políticos  e  de governança  no 
contexto da democracia representativa atual.  
Todavia,  é  importante  destacar  que  as  mídias  digitais  podem  também  apresentar 
aspectos negativos. Isso porque, ainda que haja o avanço da tecnologia e o fortalecimento das 
mídias  sociais,  não  é  possível  ignorar  que  há  problemas  que  podem  “[…]  comprometer  o 
desenvolvimento  de  um  modelo  democrático  fulcrado  no  virtual”  (KOZIKOSKI  JÚNIOR, 
2015, p. 104). Citem-se como exemplos as chamadas fakes news, os spams, os hackers, a 
ciberguerra, dentre outros. 
Ademais,  como  bem  pontuou  Kozikoski  Júnior  (2015,  p.  129),  há  um  problema 
estrutural no Brasil que também pode inviabilizar a utilização de um modelo de democracia 
virtual: o elevado número de pessoas que ainda vivem sem condições mínimas de sobrevivência 
e, por óbvio, sem acesso à internet. Para além deste aspecto, há também a questão do nível de 
engajamento e participação daqueles cidadãos que têm acesso à rede mundial de computadores. 
Por isso, é essencial ter cautela na utilização de mídias digitais, a fim de evitar que a 
Democracia seja desvirtuada e acabe apenas representando os interesses de determinada classe 
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ou  grupo  de  pessoas.  É  importante  que  sujeitos  com  convicções  diversas  se  conectem  e 
debatam, evitando assim a retroalimentação das mesmas opiniões. Logo, percebe-se que, com 
o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, a sociedade experimentou 
e  vem  experimentando  diversas  modificações,  seja  no  modo  de  encarar  a  realidade  ou  na 
maneira de se comportar no debate público. As fronteiras interpessoais cada vez mais vêm se 
estreitando. Há um fenômeno de criação de uma arena nova de diálogo. 
E  essas  transformações  ocorridas  na  sociedade  em  razão  da  ascensão  das  novas 
tecnologias e da popularização de redes sociais também refletem nas discussões políticas. A 
internet pode proporcionar, assim, uma participação mais ativa da população, uma vez que o 
sujeito  poderia  deixar  de  ser  mero  telespectador,  como  ocorre  nas  mídias  televisivas  ou 
impressas, e passar a ser protagonista. Seja como for, a e-Democracia se coloca como um 
instrumento de ampliação da participação da sociedade na tomada de decisões políticas e, no 
contexto das políticas públicas, a participação popular é item imprescindível em todo o processo 
de políticas públicas. 
Após a apresentação da metodologia, o presente artigo passará a estudar o caso da XIII 
Conferência Municipal de Assistência Social de São José, estado de Santa Catarina, que ocorreu 
no ano de 2021 de maneira remota, a fim de mapear a participação da sociedade via plataforma 
digital, verificando os efeitos da e-Democracia para as políticas públicas. 
3 METODOLOGIA 
O método empregado na construção das principais ideias textuais foi o dedutivo e, para 
tanto, pautou-se em pesquisa bibliográfica e estudo de caso para alcançar o resultado final. 
Assim, a pesquisa se valeu de uma abordagem qualitativa do problema, uma vez que estudou 
os aspectos subjetivos de fenômenos sociais, cujo tema não pode ser quantificado em equações 
ou estatísticas. 
Segundo Minayo (2000), quando se trata de uma pesquisa social, a qual objetiva analisar 
mais especificamente a realidade do ambiente pesquisado, o aprofundamento da pesquisa não 
pode se basear apenas nos aspectos quantitativos. É de suma importância reconhecer a sua 
subjetividade, o que não é possível quando se utilizam apenas instrumentos padronizados, os 
quais são característicos de pesquisas quantitativas. 
De acordo com Strauss e Corbin (2008), no contexto de uma pesquisa qualitativa, é 
essencial estabelecer etapas para realizar o planejamento investigativo. Dessa maneira, esta 
pesquisa foi dividida nos seguintes estágios: exploratória e análise ou tratamento do material. 
A fase exploratória, segundo Minayo (2000), refere-se ao planejamento e ao processo 
de  investigação  da  pesquisa.  Nesse  estudo,  essa  fase  foi  composta  pelo  levantamento 
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bibliográfico de autores  relacionados  ao objeto de estudo,  com a  finalidade de construir o 
referencial teórico. Além disso, houve uma fase de pesquisa documental, por meio da qual, 
primeiramente, verificou-se quais Conferências de políticas públicas ocorreram de maneira 
virtual durante a pandemia do COVID-19 (entre 2020 e 2022) para, então, examinar quais delas 
divulgaram o Relatório Final, com dados acerca da participação da sociedade civil. 
Na  segunda  fase  da  pesquisa,  análise  dos  dados  ou  tratamento  do  material,  foi 
examinado o Relatório Final da Conferência de políticas públicas selecionado, com vistas a 
mapear a participação da sociedade ocorrida por meio de plataforma digital e verificar os efeitos 
da e-Democracia para a participação. Diante desses critérios de seleção foi analisada a XIII 
Conferência Municipal de Assistência Social de São José, estado de Santa Catarina, que ocorreu 
no ano de 2021 de maneira remota. 
Deve-se ressaltar, por fim, que a metodologia qualitativa também pressupõe uma análise 
de conteúdo. Isso porque, “[…] o termo significa mais do que um procedimento técnico. Faz 
parte de uma histórica busca teórica e prática no campo das investigações” (MINAYO, 2000, 
p. 36). Logo, a análise de conteúdo é essencial, uma vez que examina a relevância dos dados 
coletados, por meio de sua interpretação e análise com vistas ao objeto da pesquisa. 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS   
Conforme explicitado, a utilização de tecnologias digitais tem o potencial de aumentar 
as  oportunidades  de  participação  da  sociedade  em  questões  públicas  mediante  portais  e 
aplicativos da internet. Nesse sentido, o município de São José, estado de Santa Catarina, seguiu 
os aconselhamentos do  Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que orientou os 
municípios em relação à possibilidade de realização das Conferências em formato diferenciado 
do presencial, diante da crise sanitária decorrente da pandemia do COVID-19. 
As singularidades trazidas com a pandemia acarretaram a necessidade de utilização das 
tecnologias para diversos ramos da vida, seja no trabalho, na convivência social e, até mesmo, 
no  contexto  de  Conferências de políticas  públicas.  Sendo  assim, no  contexto  das  políticas 
públicas, os conselhos gestores precisaram buscar ferramentas que respeitassem as medidas 
sanitárias impostas para a contenção do coronavírus e, ao mesmo tempo, garantissem a validade 
de todo o processo de debate em torno das políticas públicas.  
Assim, o Conselho Municipal de Assistência Social de São José/SC convocou, em 11 
de maio de 2021, a XIII Conferência Municipal de Assistência Social com vistas à realização 
do  mais  significativo  evento  na  área  de  controle  social  do  município.  A  Conferência  foi 
realizada com o suporte de plataformas digitais  e de forma  on-line, mas sem se  abster do 
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compromisso com o debate democrático, ainda que dificuldades e adversidades existissem no 
formato em questão. 
A XIII Conferência, assim, ocorreu durante cinco dias – 12, 13, 16, 17 e 18 de agosto 
de 2021 –, no horário das 14h às 16h, em formato integralmente virtual, disponibilizado aos 
participantes por meio da plataforma ZOOM em parceria com a Associação de Municípios da 
Grande Florianópolis (GRANFPOLIS). Contudo, em momento ulterior, foram realizadas Pré-
Conferências Municipais “[…] com a finalidade de impulsionar a discussão acerca do tema 
central e dos cinco eixos temáticos indicados pelo Conselho Nacional de Assistência Social 
para o ciclo conferencial de 2021” (CMAS, 2021, p. 10). Nesse sentido, o tema central foi: 
“Assistência  Social:  Direito  do  Povo  e  Dever  do  Estado,  com  financiamento  público,  para 
enfrentar  as  desigualdades  e  garantir  proteção  social”,  tendo  sido  identificados  5  eixos 
temáticos: 
Eixo 1 – A proteção social não-contributiva e o princípio da equidade como paradigma 
para a gestão dos direitos socioassistenciais no enfrentamento das desigualdades. 
Eixo  2  –  Financiamento  e  orçamento  como  instrumento  para  uma  gestão  de 
compromissos  e  corresponsabilidades  dos  entes  federativos  para  a  garantia  dos 
direitos socioassistenciais. 
Eixo 3 – Controle social: o lugar da sociedade civil no SUAS e a importância da 
participação dos usuários. 
Eixo 4 – Gestão e acesso às seguranças socioassistenciais e a articulação entre serviços, 
benefícios e transferência de renda como garantias de direitos socioassistenciais e 
proteção social. 
Eixo  5 –  Atuação  do SUAS em Situações de  Calamidade Pública  e  Emergências 
(CMAS, 2021, p. 10). 
Analisando os dados referentes à participação da população na Conferência, verificou-
se que “[...] 232 inscrições foram recebidas por meio de formulários da plataforma Google, 
também disponibilizados online” (CMAS, 2021, p. 26). Em relação aos segmentos participantes, 
destaca-se que 23 inscritos foram usuários; 136 trabalhadores; 28 faziam parte do segmento 
entidades;  14  foram  governamentais;  e  31  eram  pertencentes  à  categoria 
convidados/observadores/outros (CMAS, 2021, p. 27). 
No primeiro dia da Conferência, 12 de agosto de 2021, foi realizada a abertura do evento. 
Após, houve a apresentação, discussão e aprovação do Regimento Interno da XIII Conferência. 
No dia 13 de agosto de 2021, foi realizada uma exposição sobre a realidade do Sistema Único 
de Assistência Social de São José/SC. 
Nos dias 16 e 17 de agosto de 2021 foram realizados debates quanto aos cinco eixos 
temáticos  da  Conferência,  simultaneamente  em  salas  específicas  para  essa  finalidade, 
totalizando 5 grupos de discussão. No último dia do evento, 18 de agosto de 2021, ocorreu a 
Plenária Final, a qual foi aberta a todos os participantes do evento, com caráter eminentemente 
deliberativo e com a finalidade de deliberar as propostas sistematizadas pelos grupos temáticos, 
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bem como eleger os Delegados para participar da 13ª Conferência Estadual de Assistência 
Social (CMAS, 2021, p. 30). Diversas foram as deliberações e resultados de cada eixo temático 
da  Conferência,  como,  por  exemplo,  a  necessidade  de  implantação  do  “cartão  cidadania” 
(cartão social) e a constituição do serviço de proteção em situações de calamidades públicas e 
de emergências. 
Importante  salientar  que  houve  também  um  processo  de  avaliação  do  evento  por 
intermédio  de  formulários  específicos  (GoogleForms)  em  ambiente  virtual  para  que  os 
Conselheiros Municipais e os participantes pudessem avaliar a XIII Conferência. A aludida 
avaliação visou apreciar, por meio dos critérios: ótimo, muito bom, regular, ruim e péssimo, os 
seguintes aspectos: 
-  Mobilização  e  Preparação:  Atividades  previamente  realizadas  para  obter  uma 
participação maior, mais representativa e mais qualificada na Conferência Municipal; 
-  Local  e  infraestrutura:  Espaço  físico  ou  virtual  e  logística  da  organização  da 
Conferência Municipal; 
-  Acessibilidade:  Adequação  do  espaço  físico  ou  virtual,  tecnologias  assistivas, 
intérprete  de  libras,  equipe  de  apoio  e  demais  condições  para  a  participação  das 
pessoas com deficiência; 
- Programação: Atividades e horários previstos para a Conferência Municipal; 
- Participação: Envolvimento ativo dos delegados e demais presentes nas atividades 
realizadas, debates e na tomada de decisões da Conferência Municipal (CMAS, 2021, 
p. 38). 
O  Relatório  Final  da  XIII  Conferência  indicou  que  “[…]  104  participantes  e  18 
conselheiros municipais preencheram e enviaram os formulários à Comissão Organizadora” 
(2021, p. 38). Partindo dessas participações, foi possível depreender diversos dados referentes 
à Conferência. Em  relação  aos  dados  atinentes à participação e  utilização  das  plataformas 
digitais, é importante destacar alguns números. Inicialmente, no que se refere à mobilização e 
participação, 85% dos participantes consideraram “ótimo” ou “bom” o processo de iniciativas 
previamente realizadas  pelo  Conselho  Municipal  para obter maior  engajamento no evento, 
sendo que apenas 1% considerou o processo “ruim” (CMAS, 2021, p. 39). 
Referente  ao  local  e  infraestrutura,  há  indicação  de  que  a  Conferência  ocorreu 
integralmente digital e sem óbices, com espaço virtual resguardado e estável. Inclusive, 84% 
dos participantes avaliaram o local e infraestrutura como “muito bom” ou “ótimo” (CMAS, 
2021, p. 40). 
No que tange à qualidade de transmissão da Conferência, importante destacar que “[…] 
a qualidade da transmissão da XIII Conferência Municipal foi largamente reconhecida por cerca 
de 78% dos participantes, projetando a possibilidade dessas estratégias para outras ações no 
âmbito do controle social” (CMAS, 2021, p. 40). 
Em relação à acessibilidade física, arquitetônica e tecnológica, verifica-se a necessidade 
de “[…] investimento em tecnologias assistivas, intérpretes de libras, equipe de apoio e demais 
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condições para a participação das pessoas com deficiência” (CMAS, 2021, p. 40). Concernente 
aos dados referentes à participação, “[…] a avaliação aponta para um movimento percebido 
como ótimo e muito bom por 85% dos participantes, o que surpreende tendo em vista a grande 
novidade que foi a realização da Conferência de forma online integralmente” (CMAS, 2021, p. 
42). 
Dessa maneira, é possível depreender que, de maneira geral, a Conferência apresentou 
dados positivos em relação à participação, mesmo esta tendo ocorrido de maneira virtual. Além 
disso, o próprio relatório da XIII Conferência concluiu que: 
[...] o debate realizado no processo de mobilização e na 13ª. Conferência Municipal 
de São José dilatou a análise fazendo com que gestores, usuários/as, trabalhadores/as, 
entidades,  e  todos  os  envolvidos  na  área,  posicionassem  o  foco  nos  promissores 
projetos de justiça social  e nos necessários traçados de futuro aonde se garanta o 
direito socioassistencial, divisando o acerto de rumos, considerando os novos desafios 
do presente, dentre os tantos que já existem para consolidar o SUAS em São José, no 
estado de Santa Catarina e no Brasil (CMAS, 2021, p. 44). 
Em suma, examinando a dinâmica da XIII Conferência de Assistência Social de São 
José/SC foi possível perceber que a utilização das plataformas digitais, de maneira geral, não 
impactou  negativamente  a  ocorrência  do  evento,  pelo  contrário,  foi  um  instrumento  que 
proporcionou a participação da sociedade nas decisões sobre políticas públicas em um contexto 
marcado por uma crise sanitária que impossibilitou os encontros presenciais entre as pessoas. 
Contudo, é sabido que a e-Democracia necessita de um maior aperfeiçoamento para que possa 
cada vez mais superar obstáculos, como, por exemplo, a inclusão digital. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A teoria das Inovações Democráticas de Graham Smith foi elencada como fio condutor 
teórico e metodológico para a compreensão e análise da XIII Conferência de Assistência Social 
de São José, estado de Santa Catarina. Selecionou-se tal modelo de análise tendo em vista que 
sua construção teórica prevê que as instituições foram criadas para majorar e aprofundar a 
participação  do  cidadão  no  processo  de  tomada  de  decisões  políticas,  representando  um 
afastamento da arquitetura institucional tradicional e, como o objeto de exame deste artigo é 
uma conferência de políticas públicas, é importante compreender os fundamentos teóricos de 
instituições participativas. 
Ao retomar o objetivo geral da presente pesquisa – o qual se refere à investigação da 
utilização de plataformas digitais para a participação popular nas políticas públicas – é possível 
aferir que os mecanismos digitais podem auxiliar na participação da sociedade nas políticas 
públicas.  
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Contudo, não se ignora que, em alguns casos, a utilização de mecanismos digitais pode 
implicar em problemas caso sirva de instrumento de mobilização alternativa para específicos 
grupos, que se tornam mais capazes de agir do que outros e acabam obtendo o poder. Além de 
que, pode  também,  propiciar  a mobilização por  mudanças em  prol  do bem-comum, sendo 
empregada  como  um  instrumento  de  manipulação.  Ademais,  sabe-se  que  a  e-Democracia, 
especialmente no Brasil, ainda é prematura e carece de amadurecimento. Até mesmo porque 
apenas um pouco mais da metade da população tem acesso à internet no país, o que é essencial 
para que a participação, por intermédio de mecanismos digitais, ocorra. 
No caso da utilização de plataformas digitais para a participação da sociedade civil em 
uma conferência de políticas públicas é possível ocorrer circunstâncias, por exemplo, em que 
pessoas com necessidades especiais tenham a sua participação prejudicada ante ao fato de ser 
na modalidade virtual. Sendo assim, diante das especificidades da utilização de plataformas 
digitais – especialmente àquelas relacionadas à forma de acesso e manifestação, bem como à 
utilização de um novo formato de conferência em um ambiente desconhecido para a maior parte 
dos  sujeitos  participantes  –  é  de  extrema  necessidade  elaborar  estratégias  para  que  a 
acessibilidade e o engajamento nas discussões apresentem bons resultados. 
No caso em apreço, referente à experiência da XIII Conferência de Assistência Social 
de São José/SC, ainda que o relatório final não tenha indicado, concluiu-se que, em relação à 
acessibilidade, é preciso que haja investimentos em tecnologias assistivas, além de intérpretes 
de libras, equipe de apoio, dentre outras medidas inclusivas. 
Ainda,  é  importante  destacar  que  a  presente  pesquisa  se  deparou  com  algumas 
dificuldades, especialmente no tocante ao acesso aos relatórios finais da Conferência, porém, 
espera-se  que  no  futuro  próximo  o  acesso  às  informações  seja  facilitado  e  seja  possível 
examinar a dinâmica de mais conferências de políticas públicas. 
De todo modo, a e-Democracia pode ser um instrumento de auxílio na participação da 
população quando o assunto é políticas públicas e a experiência da Conferência do Município 
de São José/SC demonstrou que é possível se valer do meio virtual. Todavia, é importante 
prosseguir  com  estudos  nessa  área  temática,  especialmente  comparando  os  resultados  e  a 
participação da sociedade em Conferências presenciais e virtuais. Somente assim será possível 
ter parâmetros mais concretos no que diz respeito à participação da sociedade civil.  
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