A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE
EMPREENDIMENTOS E PRODUTOS TURÍSTICOS1
THE IMPORTANCE OF SOCIAL CAPITAL FOR THE DEVELOPMENT OF
TOURIST ENTERPRISES AND PRODUCTS
FABRÍCIO OLANIK
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: olanikfabricio@gmail.com
DIOGO LÜDERS FERNANDES
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: diggtur@yahoo.com.br
RONALDO FERREIRA MAGANHOTTO
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
E-mail: ronaldomaganhotto@gmail.com
RESUMO
A atitude empreendedora consiste na ação que leva o indivíduo transformar seus sonhos em realidade,
modificando sua condição de vida e a dos que o cerca. No turismo esta atitude é fundamental para impulsionar o
desenvolvimento da atividade. Este trabalho tem como objetivo analisar a formatação e o funcionamento de um
empreendimento de turismo que trabalha no formato de empreendedorismo colaborativo em Turvo, estado do
Paraná. Para isso, utilizou-se de uma pesquisa qualitativa exploratória descritiva em uma empresa que atua no
turismo de forma colaborativa. Possibilitando, com isso, utilizar casos de sucesso como exemplos para
inspiração o desenvolvimento de práticas turísticas sustentáveis e responsáveis.
Palavras-chave: Capital social; Empreendedorismo; Turismo; Turvo/PR.
ABSTRACT
The entrepreneurial attitude consists of the action that leads the individual to transform his dreams into reality,
modifying his life condition and that of those around him. In tourism, this attitude is fundamental to boost the
development of the activity. This work aims to analyze the formatting and operation of a tourism enterprise that
works in the format of collaborative entrepreneurship in Turvo, state of Paraná. For this, we used a descriptive
exploratory qualitative research in a company that operates in tourism in a collaborative way. Thus, making it
possible to use success stories as examples to inspire the development of sustainable and responsible tourism
practices.
Keywords: Social capital; Entrepreneurship; Tourism; Turvo/PR
1DOI: https://doi.org/10.5935/2763-9673.20230004
Revista de Estudos em Organizações e Controladoria-REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 3, n. 1, p. 66-84, jan./jun., 2023.
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A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL SOCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DE EMPREENDIMENTOS E PRODUTOS TURÍSTICOS
1 INTRODUÇÃO
O empreendedorismo consiste em um agente vital para melhoria e desenvolvimento de
uma localidade, uma vez que congrega indivíduos que possuem habilidades, atitudes e
capacidades de transformar o mundo a sua volta por meio de iniciativas inovadoras e
criativas, aproveitando oportunidades e solucionando problemas, tornando-os sujeitos
responsáveis por mudanças no ambiente onde estão inseridos (SCHAEFER; MINELLO,
2017; BAKAR et al., 2015; MASON, 2011).
Para diversos autores (DOLABELA; FILION, 2013; TAVARES; MOURA; ALVES,
2013) o empreendedor possui características que possibilitam uma nova visão do mundo onde
se encontra, percebendo obstáculos como oportunidades, transformando e adaptando suas
ideias e suas atitudes conforme as mudanças impostas pela sociedade. Portanto um indivíduo
dotado de habilidades que o orientam a agir, proativo, que usa da criatividade e da inovação
para concretizar sonhos e planos e colocá-los em prática seja nos campos dos sociais ou de
negócios.
A atitude empreendedora consiste, portanto, na ação que leva o indivíduo transformar
seus sonhos em realidade, modificando sua condição de vida e a dos que o cerca, tendo como
principal motivação a necessidade de realização, pode-se entender que ser empreendedor é
possuir atitudes e comportamentos que possibilitam ver o mundo de forma mais proativa
assumindo certos riscos, inovando com perseverança, convivendo com as incertezas e as
mudanças (DOLABELA, 2008; AZEVEDO; ANDRADE, 2017).
O empreendedorismo proporciona assim a geração de novos conhecimentos e
oportunidades de desenvolvimento, por meio de um processo de aprendizagem com
abordagem empreendedora busca capacitar o indivíduo a ser o protagonista de seu destino,
criando e aproveitando oportunidades para recriar a si mesmo e o local onde este vive.
A partir do que foi descrito até o momento fica claro que o empreendedor não é
exclusivamente um empresário, mas sim um indivíduo que sonha, realiza e transforma a
realidade onde se encontra. Portanto empreender não se resume a ser empresário, mas sim ter
habilidades e competências que proporcione atitudes e ações proativas, inovadoras e criativas
frente aos desafios que a realidade lhe impõem, possibilitando o indivíduo encontrar soluções
e oportunidades que lhe auxiliam e transforme o meio e a sociedade na qual está inserido.
Neste mesmo pesamento e entendendo que empreender não consiste em uma ação
individual, mas sim em uma ação que necessita de uma coletividade para galgar maiores
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chance de sucesso, compreende-se a importância do capital social para o fortalecimento da
ação de empreender. Sendo o capital social compreendido como as relações da vida social,
das redes, das normas e da confiança que se forma dentro de uma coletividade que facilita a
cooperação para atingir objetivos comuns (OLIVEIRA et al., 2007; CASTRO; GÁLAN;
BRAVO, 2014; MAHATO; JHA; VERNA, 2022)
Portanto ao observar um empreendimento turístico em Turvo, estado do Paraná, foi
possível constatar que este se utilizou de forma espontânea destes conceitos, transformando
um município que não fomentava o turismo em um destino turístico, a partir desta constatação
o estudo orienta-se pelo seguinte problema de pesquisa: como um empreendimento de turismo
em Turvo/PR se transforma em um caso de sucesso de empreendedorismo colaborativo?
O estudo tem como objetivo analisar a formatação e o funcionamento de um
empreendimento de turismo que se estrutura e trabalha com empreendedorismo colaborativo
em Turvo/PR.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A prática do turismo está baseada no deslocamento voluntário e temporário de
indivíduos ou grupos de pessoas de seu local de residência para outro lugar denominado de
destino turístico, as viagens normalmente possuem motivações diversas como: lazer,
entretenimento, participação em eventos, tratamento de saúde, compras, conhecer aspectos
culturais, trabalho entre outros. Nestes deslocamentos e no uso turístico dos espaços da
destinação ocorrem transformações de âmbitos econômicos, sociais, culturais, ambientais e
políticos.
Para que o turismo possa ocorrer e os viajantes tenham suas necessidades de desejos
atendidos é preciso que haja mudanças em 4 elementos do lugar que receberá estes fluxos de
visitantes, para Boullón (2002) estes elementos são denominados de patrimônio turístico de
uma destinação, e são: atrativos, equipamentos e serviços turísticos, infraestrutura e
superestrutura.
Os atrativos turísticos consistem na matéria prima do processo turístico, sem eles não
haveria a motivação da viagem ou o interesse em se deslocar dos turistas para o destino, estes
devem possuir o mínimo de instalações e facilidades para que possam ser utilizados pelos
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visitantes de forma segura e apropriada. Sua natureza pode ser diversa como: elementos
naturais, culturais, acontecimentos programados, produtos gastronômicos, instalações técnicas
e científicas, entre outros (BOULLÓN, 2002; MTUR, 2011).
Os níveis de atratividade de cada um destes elementos são variados e estão
diretamente relacionados aos fatores que lhe determinam a qualidade de seu uso. Portanto o
uso dos atrativos turísticos deve ser planejado, organizado e gerido de modo a manter seus
aspectos de atratividade e qualidade, de modo a possibilitar o uso e a manutenção do que
realmente atrai e satisfaça o desejo dos seus visitantes (MONDO, 2014).
Na formatação de um lugar em destino turístico além dos atrativos turísticos é preciso
a existência de equipamentos e serviços que possibilitem um aparato produtivo que permita o
deslocamento e a permanência do turista fora do seu local de residência, estes são
denominados de empreendimentos turísticos. Os ramos de atuação destes são diversos e
normalmente representados pela iniciativa privada que empreende em negócios que
oferecerão serviços de transporte, agenciamento, hospedagem, alimentação, entretenimento.
4.1 Empreendedorismo e produtos turísticos
Os empreendimentos turísticos consistem em um conjunto de empresas que devem
oferecer ao visitante um serviço de qualidade, buscando entender seus desejos e necessidades
com a finalidade de satisfazer seus clientes e possibilitar uma experiência única e positiva
durante a visita na destinação. Mesmo sendo estes serviços consumidos de forma
individualizada pelo turista a avaliação final do destino turístico é realizada pela experiência
única que o turista obteve ao utilizar os empreendimentos de forma conjunta.
Este elemento será foco deste trabalho e suas características serão melhor discutidos
em tópico próprio, mas cabe aqui ressaltar que são os empreendimentos turísticos, a iniciativa
privada, que irão formatar e comercializar o produto turístico de uma destinação, o poder
público deve incentivar, fomentar e facilitar a organização dos produtos, porém cabe aos
empreendimentos turísticos a organização e a gestão do produto turístico.
O terceiro elemento do patrimônio turístico, segundo Boullón (2002), consiste na
infraestrutura, que é responsável por apoiar e sustentar o básico para o funcionamento do
turismo, oferecendo o suporte quanto ao acesso, a energia, o saneamento básico e a
comunicação. Por fim, a superestrutura consiste em sistema organizacional de cunho público
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e privado que possua recursos humanos e materiais, que venham a realizar a gestão e a
organização do destino turístico, são exemplos: órgãos oficiais de turismo, associações,
conselhos, cooperativas, entre outros (MIDDLETON, 2002; BOULLÓN, 2002;
PETROCCHI, 2004).
A união entre estes 4 elementos, descritos anteriormente, de forma organizada e
disponibilizada aos consumidores a um determinado preço pode ser entendido como produto
turístico.
O produto segundo Kotler e Amstrong (2015) deve ser considerado qualquer coisa
oferecida a um determinado mercado para aquisição, uso ou consumo de modo a satisfazer
necessidades e desejos dos consumidores, desta forma, pode-se exemplificar um produto
como sendo: bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, ideias,
informações e organizações.
No caso do turismo o produto turístico de acordo com o Ministério do Turismo
(MTur) deve ser entendido como “[…] o conjunto de atrativos, equipamentos e serviços
turísticos acrescidos de facilidades, localizados em um ou mais municípios, ofertado de forma
organizada por um determinado preço.” (MITUR, 2011, p. 17).
Ruschmann (1997) reforça este conceito afirmando que o produto turístico deve ser
entendido como o resultado de uma combinação de bens e serviços disponíveis ao consumo
do turista. Gun (1988) em conformidade com as definições anteriores reitera esta ideia
explicando que o produto turístico se caracteriza por uma experiência complexa de consumo
no qual o turista se utiliza de diversos serviços no processo de visitação de uma localidade.
Portanto, podemos entender o produto turístico como um composto de atrativos
turísticos em conjunto com uma infraestrutura de suporte para atividade, acrescido de serviços
e equipamentos que proporcionam ao visitante o atendimento de suas necessidades e desejos,
comercializado de forma organizada, a um determinado preço que é formatado com a
finalidade de atender as expectativas do turista.
São por meio dos produtos turísticos que as destinações são em sua maioria
consumidos pelos visitantes, tendo na formatação destes produtos um papel importante que
deve levar em consideração as potencialidades locais, a infraestrutura existente os
equipamentos e serviços turísticos disponíveis e, principalmente, o interesse e a experiência
dos consumidores, os turistas.
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Portanto, o destino turístico pode ser entendido como o local para onde pessoas viajam
conforme sua escolha espontânea, onde os indivíduos passam um tempo determinado
vivenciando e experimentando características locais que se tornaram atrações por uma
percepção de algum tipo. Deste modo, pode-se dizer que um destino consiste na combinação
integrada e complexa de produtos, serviços e experiências locais. Os destinos passam a ser
valorizados por sua singularidade integrada a uma infraestrutura e serviços que possibilitem a
visitação e, consequentemente, experiências únicas, diferenciadas e inesquecíveis (BUHALIS,
2000; GÂNDARA et al., 2012; HORODYSKI, 2014).
Isto porque a simples existência de atrativos naturais e culturais em um destino não é
suficiente para que este possa atrair e manter os turistas, é preciso que a destinação seja
acessível, tenha características únicas e locais, seja competitiva e capaz de motivar a vinda de
visitantes e, ainda, tenha uma imagem que corresponda à realidade encontrada. Tais
características serão atingidas por meio do desenvolvimento que possibilite a integração da
infraestrutura, empreendimentos e serviços turísticos e os atrativos, buscando o
aproveitamento máximo dos recursos naturais, culturais e humanos existentes, aliando uma
política ambiental responsável e um plano de marketing eficaz (GÂNDARA, 2004; BUTLER,
1994; BUHALIS, 2000).
Os empreendimentos turísticos consistem em um conjunto de empreendimentos de
serviços que possibilitem um aparato produtivo que permitam ao visitante o deslocamento, a
permanência e a alimentação fora de sua residência, assim como a acolhida e os serviços de
agenciamento e entretenimento, sendo estes fundamentais para o funcionamento da atividade.
Uma vez que, conforme as necessidades dos clientes e buscando satisfazer os desejos dos
turistas e aumentar sua permanência na destinação surgem empreendimentos turísticos
diversos que unidos formam produtos turísticos variados com a finalidade de atender as
demandas dos visitantes.
Em sua maioria estes empreendimentos concentram-se na iniciativa privada, se
caracterizam por ser serviços, negócios direta e indiretamente existente para atender ao turista
e lhe ofereça uma boa estada na destinação, sua classificação segundo o MTUR (2011) é:
Serviços e equipamentos de hospedagem; Serviços e equipamentos de alimentação; Serviços e
equipamentos de agências de turismo; Serviços e equipamentos de eventos; Serviços e
equipamentos de transporte turístico; Serviços e equipamentos de lazer; e Outros serviços e
equipamentos turísticos.
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Destes serviços o foco de nosso estudo se dará nos Equipamentos e serviços de
Agências de viagens, está se caracteriza, segundo o MTUR (2011), em um empreendimento
que opera em um ou mais destinos oferecendo a estes produtos e serviços locais como:
passeios, traslado, city tour, entre outros.
Como pode ser observado pela definição, estas agências de turismo receptivos devem
atender a demanda dos turistas na destinação e para isso devem organizar o produto turístico a
ser oferecido para o cliente, mais que um simples canal de distribuição de vendas dos
produtos, estes empreendimentos podem promover a organização de produtos turísticos no
formato de pacotes (passeios) de modo a reunir demais empreendimentos e atrativos de forma
ordenada e a um determinado preço e colocar à disposição dos consumidores.
Em destinos turísticos consolidados, a tarefa de organizar os passeios fica a cargo das
grandes operadoras de turismo, porém em destinação que estão na fase desenvolvimento a
elaboração e formatação de produtos turístico pode ser executado pelas agências de receptivo.
Esta tarefa consiste em uma complexa articulação entre prestadores de serviços turísticos,
proprietários de atrativos e conhecimento das demandas dos consumidores e das
potencialidades locais, para assim promover de forma coordenada produtos turísticos que
venham a satisfazer e a possibilitar uma experiência de qualidade ao consumidor turista
(SMITH, 1994).
Na maioria dos casos a organização destes produtos, chamados de passeios, deve ser
acompanhada de pelos empreendedores da agência de receptivo, uma vez que a compra e a
operação do mesmo se dará por sua empresa, e a avaliação do turista quanto a qualidade dos
serviços não se dará somente no momento da compra, mas sim estará relacionada a sua
experiência ao desfrutar do serviço (passeio) que adquiriu, isto porque, as atividades
realizadas serão avaliadas individualmente, mas a qualidade final da experiência estará
relacionada diretamente à empresa que organizou e ofereceu o serviço ao turista (VALLS,
2004; EJARQUE, 2005).
4.2 Empreendedor turístico
No turismo muito destes produtos são desenvolvidos por pessoas empreendedoras, o
empreendedor possui características que possibilitam uma nova visão do mundo onde se
encontra, percebendo obstáculos como oportunidades, transformando e adaptando suas ideias
e suas atitudes conforme as mudanças impostas pela sociedade. Portanto, um indivíduo
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dotado de habilidades que o orientam a agir, proativo, que usa da criatividade e da inovação
para concretizar sonhos e planos e colocá-los em prática seja nos campos dos sociais ou de
negócios (DOLABELA; FILION, 2013; TAVARES; MOURA; ALVES, 2013).
A atitude empreendedora consiste, portanto, na ação que leva o indivíduo transformar
seus sonhos em realidade, modificando sua condição de vida e a dos que o cercam, tendo
como principal motivação a necessidade de realização, pode-se entender que ser
empreendedor é possuir atitudes e comportamentos que possibilitam ver o mundo de forma
mais proativa assumindo certos riscos, inovando com perseverança convivendo com as
incertezas e as mudanças (DOLABELA, 2008)
Portanto o empreendedor deve ser compreendido como o indivíduo que tem a
capacidade de transformar seus sonhos em realidade por meio de ações racionais e planejadas,
estes sonhos, conforme Dolabela e Filion (2013), podem ser caracterizados em três grupos
que interagem entre si: Sonho Coletivo (SC), Sonho Estruturante (SE) e Sonho de Atividade
(SA).
Os sonhos coletivos consistem nos valores e expectativas de uma sociedade, estes
podem ser próprios ou criados com uma determinada finalidade a fim de solucionar
problemas únicos de uma comunidade, o turismo muitas das vezes se torna um sonho
coletivo, o qual é entendido como uma ferramenta a mais para amenizar problemas
econômicos e proporcionar o desenvolvimento local (DOLABELA; FILION, 2013).
Os sonhos coletivos são concretizados por meio dos estruturantes e de atividade, o SE
se caracteriza por ser o sonho que o indivíduo tem quanto ao seu próprio futuro, por sua vez
este será realmente estruturante quando tiver a capacidade de possibilitar a autorrealização do
indivíduo empreendedor, impulsionando este à ação. Por sua vez os SE são desenvolvidos e
realizados por meio dos Sonhos de Atividades, que será materializado por um plano de ação
que deve ser executado para que este se torne real, de modo a planejar as atividades a serem
desenvolvidas para concretizar os Sonhos Estruturantes (DOLABELA; FILION, 2013).
Na sociedade em que vivemos, onde as mudanças e as incertezas são uma constante
nas organizações, ser empreendedor não é um diferencial mas sim uma necessidade, buscando
soluções e realizações para problemas e insatisfações que surgem constantemente utilizando
recursos muitas vezes escassos, sendo necessário para concretizar objetivos: pessoais,
profissionais e coletivos, ações e processos criativos por meio de uma abordagem inovadora
para realizar trabalhos e resoluções que atinjam o desempenho esperado.
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4.3 Capital social no turismo
Portanto, o recurso oriundo das relações em rede de uma sociedade são fundamentais
para que surja empreendimentos que busquem transformar a realidade, estes recursos são
conhecidos como capital social, que necessita de uma série de relações e normas entre as
pessoas em uma rede de contato que visa benefícios comuns como informações,
conhecimentos, troca de experiências, suporte técnico, financeiro e humano compartilhado
entre os indivíduos desta rede (AZEVEDO; ANDRADE, 2017).
O capital social será maior quanto mais os indivíduos envolvidos nestas redes têm a
capacidade de trabalhar em conjunto para um benefício mútuo, quando as pessoas
conseguirem se associar de formas inovadoras compartilhando valores, conhecimento e
construindo um ambiente de troca, onde os interesses individuais possam ser subordinados ou
estarem atrelados aos do grupo que fazem parte (CASTRO; GÁLAN; BRAVO, 2014;
MAHATO; JHA; VERNA, 2022).
O capital social proporciona as organizações e aos empreendedores riquezas geradas
que somente são possíveis a um custo menos por meio da coletividade, de modo que a coesão
social é muito mais que das instituições, mas sim o modo como estas se relacionam e
oportunizam a troca de riquezas como: conhecimento, experiências, valores e oportunidade
(SANTOS et al., 2017; BERTOLAMI et al., 2018).
A confiança e a cooperação são elementos fundamentais para que as sociedades e os
empreendedores possam ter capital social, a confiança facilita e estimula a vida em sociedade
e o conforto na troca de informações e conhecimentos, uma vez que a confiança é um recurso
oriundo do conhecimento mútuo entre os indivíduos. Já a cooperação consiste em um valor
que possibilita a realização de projetos coletivos, mesmo quando os indivíduos dos grupos
têm opiniões e interesses diferentes mas buscam um objetivo em comum (AZEVEDO;
ANDRADE, 2017; MAHATO; JHA; VERNA, 2022).
Partilhando deste mesmo pensamento (SANTOS et al., 2017) esclarece que o capital
social deve ser entendido por meio de três dimensões. A primeira consiste na forma como as
pessoas e atores se relacionam e se conectam, esta é a dimensão estrutural. A segunda
dimensão, a relacional refere-se aos resultados e os ativos que são alcançados por meio destas
relações, e, por fim os recursos e visões que são compartilhados por estes atores, como as
informações que geram conhecimentos que podem ser utilizados por todos em busca de
atingir um benefício mútuo, esta dimensão é a cognitiva.
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Para o empreendedorismo o capital social proporciona assim a geração de novos
conhecimentos e oportunidades de desenvolvimento que sozinho o indivíduo não teria ou
levaria muito tempo para alcançar, por meio de um processo de aprendizagem coletiva com
abordagem empreendedora busca capacitar o indivíduo a ser o protagonista de seu destino,
criando e aproveitando oportunidades para recriar a si mesmo e o local onde este vive. O
empreendedor não é exclusivamente um empresário, mas sim um ser que sonha, realiza e
transforma a realidade onde se encontra.
Os destinos turísticos precisam do espírito empreendedor que estimule a geração de
capitais sociais, de pessoas que possuam a cultura empreendedora, de modo a constantemente
promover e organizar novos produtos, criando novas alternativas, novos empreendimentos
que possam formar oportunidades diversas de atender as mais variadas demandas dos turistas.
Por meio de uma visão empreendedora alavancada por meio de sociedades e de redes
que possuem um capital social elevado, seria possível reunir os elementos necessários
existente em um território para formatação de um ou mais produtos turísticos, instigando nas
pessoas o interesse de promover uma prática econômica que possibilite a geração de emprego
e renda, por meio do uso responsável das potencialidades naturais e humanas organizando
empreendimentos, atrações e infraestrutura a fim de promover a visitação e a satisfação de
consumidores interessados em conhecer e desfrutar destas potencialidades.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa proposta neste estudo se baseia em um estudo qualitativo, exploratório e
descritivo, em um primeiro momento foi executado pesquisa bibliográfica sobre temáticas
como: turismo de aventura; ecoturismo; turismo cultural; empreendedorismo e
empreendedorismo colaborativo. Estes temas foram pesquisados em livros, periódicos
científicos, trabalhos acadêmicos de nível de pós-graduação. Para este levantamento se
utilizou as bases de dados como: Scielo, Scopus, Redalyc, Publicações de Turismo e o Portal
de Periódicos da CAPES. Esta etapa da pesquisa foi de fundamental importância para
embasar teoricamente o estudo e auxiliar na elaboração das demais etapas da investigação.
Em um segundo momento o trabalho se baseou na técnica de coleta de dados mediante
a realização de entrevistas, com o empreendedor e sua equipe, caracterizadas como
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semiestruturada, com a finalidade de entender todo o processo de criação e formatação do
empreendimento e dos serviços oferecidos, também, para entender como se desenvolvem as
parcerias e a dinâmica do empreendedorismo colaborativo na área de turismo. Os
questionamentos que orientaram a entrevista foram: Você permiti que durante a apresentação
e a publicação desta pesquisa seja utilizado o nome do empreendimento assim como as
imagens disponíveis? Como surgiu a ideia de iniciar um empreendimento de turismo em uma
cidade que não é considerada um destino turístico? O que lhe motivou e o inspirou a
empreender? Como se dá a formatação dos produtos turísticos oferecidos pela empresa, uma
vez que vocês não possuem as propriedades dos atrativos, como é o processo de motivação e
agregação das pessoas a ideia de abrir suas propriedades para o turismo? Quais as principais
dificuldades na formatação e na operacionalização das práticas e serviços que vocês oferecem
e como vocês a superam? Você acredita que o modelo colaborativo de turismo que vocês
conseguiram instituir em Turvo poderia ser replicado em outros destinos turísticos? Quais
seriam as principais oportunidades e os principais obstáculos para tal? Qual a importância da
rede social que você possuía antes e como ela ajudou na formação da empresa e produtos? E a
rede que se formou agora qual o peso dela para a continuidade do empreendimento? Quais são
os fatores que você identificaria para o sucesso do empreendimento Gralha Azul?
Primeiramente estes questionamentos foram colocados no Google Forms e enviado ao
proprietário da empresa, logo após foi agendado com ele uma conversa por webconferência
com o uso do Google Meet, a qual foi gravada e posteriormente descrita. Esta conversa se deu
no dia 16 de junho 2022 as 20 horas e durou aproximadamente 40 minutos.
Estava prevista uma visita até a empresa com o objetivo de vivenciar o funcionamento
dos produtos e serviços ofertadas pelo empreendimento, sendo anotado em um diário de
campo a partir de um roteiro de observação elementos que devem ser investigados no
momento da execução dos produtos turísticos oferecidos, porém devido a situação da
pandemia do COVID-19, vivenciada durante o ano de 2021 e 2022, esta etapa da pesquisa de
campo foi suspensa.
A terceira e última etapa da pesquisa consistiu em analisar os dados encontrados na
pesquisa empírica, estes foram analisados por meio do emparelhamento teórico prático com
finalidade de contrapor a teoria e a realidade encontra em campo, por meio do cruzamento dos
dados da entrevista e a teoria estudada.
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4 ANÁLISE E DISCUSSÕES
A Gralha Azul é uma rede colaborativa de turismo em parceria com famílias rurais,
indígenas e quilombolas do município de Turvo, estado do Paraná, a iniciativa está pautada
em uma iniciativa sustentável que visa a valorização das culturas locais incentivando a
conservação da natureza e a geração de renda complementar as famílias parceiras por meio
das práticas de turismo, tendo como um dos seus principais atrativos a cultura, a história, a
natureza e a aventura (GRALHA AZUL, 2021).
O Município de Turvos está localizado na região centro-sul do estado do Paraná, a 232
km da capital Curitiba, tem como municípios limítrofes, Guarapuava, Prudentópolis, Cândido
de Abreu, Boa Ventura de São Roque, Santa Maria do Oeste e Campina do Simão. Sua
população é estimada em 13.340 habitantes, 60% destes residentes na zona rural. Seu
patrimônio cultural é diversificado resultante dos povos indígenas, quilombolas tropeiros e
imigrantes europeus que ocuparam as terras do município (VIAJE PARANA, 2021).
Neste cenário de belezas naturais e riqueza cultural a empresa Gralha Azul tem
oferecido aos visitantes do município mais de 20 opções de passeios, desde de esportes
radicais e roteiros culturais. Os roteiros podem ser personalizados para cada grupo e oferecem
atividades como rapel, boia-cross, trilhas em meio a mata de araucária, visita a cavernas, à
aldeia indígena, a comunidade quilombola, além de proporcionar a possibilidade de degustar
da culinária típica do município. Proporcionando desta forma aos visitantes uma experiência
de imersão de forma guiada pela comunidade local oportunizando aprendizado e
entretenimento (GRALHA AZUL, 2021).
A Gralha Azul é uma iniciativa privada que consegui ver estas oportunidades em um
município que não era um destino turístico, mas devido a visão de mundo do seu fundador em
decorrência de suas experiências como viajante, inicia uma organização de pessoas entorno de
um objetivo comum de empreender na atividade turística, devido a entender que há
potencialidades no município e que por meio da prática do turismo de forma colaborativa
seria possível gerar renda a comunidade, oportunizar a conservação e a valorização do
patrimônio cultural e natural, de modo a conectar as pessoas e proporcionar momentos únicos.
Desta forma, o empreendedor age como um agente que congrega as pessoas e as
impulsiona para desenvolver de forma conjunta em uma relação de benefícios mútuos, seu
sonho individual, tornando-o um sonho coletivo (DOLABELA; FILION, 2013). O turismo
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em Turvo surge desta iniciativa, tendo no empreendimento Gralha Azul uma iniciativa que
busca gerar ganhos a todos os parceiros e a comunidade de forma geral.
Ao observar o relato do proprietário da Gralha Azul é possível entender como o
empreender pode, por meio de sua iniciativa, mudar a realidade de uma comunidade, ao criar
os roteiros de visitação por meio do mapeamento das potencialidades e a segmentação da
prática turística os organizadores da proposta já possuíam propriedades pré-selecionadas e ao
conversar com os proprietários ofereciam uma proposta meio pronta sugerindo a parceria por
meio da possibilidade de uso da propriedade em contrapartida de um arrendamento, sugerindo
e incentivando as famílias a oferecer algo a mais para agregar valor. Desta forma, a partir de
um “chamariz” que era criado pela Gralha Azul, as atividades propostas pela empresa, as
famílias podem oferecer produtos locais produzidos por elas de modo a complementar a renda
e o produto principal, os principais serviços ou produtos oferecidos são: alimentação,
artesanato, passeios, transporte, hospedagem, entre outros.
Como é observado pelo proprietário da Gralha Azul na entrevista, as práticas de
turismo de aventura e de ecoturismo foram mais fáceis de organizar do que os roteiros de
turismo étnicos culturais, estes passeios proporcionam experiências diferenciadas, mas
elaborá-los exigiram mais cuidado, uma vez que devem ser pensados sem que agridam a
comunidade e que o turista possa ter uma experiência de imersão junto à comunidade.
Portanto, este tipo de produto deve ser pensado sem perder a essência da cultura que está
sendo apresentada. As nuances são mais delicadas, assim buscou-se incentivar guias locais
para apresentar sua cultura e seus detalhes.
Nestes relatos é possível observar que as atitudes empreendedoras de uma nova visão
do mundo onde se encontra, percebendo possibilidades e oportunidades, transformar e adaptar
as ideias e as atitudes de forma proativa, criativa e inovadora proporcionou o surgimento de
um negócio em turismo em um município no qual não se pensava em turismo (TAVARES;
MOURA; ALVES, 2013). Por meio de um agir empreendedor agregando pessoas, recursos e
conhecimento a empresa Gralha Azul organiza e fomenta produtos turísticos que
transformaram um município em destino turístico.
Porém, para que esta iniciativa galgasse sucesso foi preciso atravessar alguns
obstáculos, os quais se utilizou de muitas das características empreendedoras como inovação,
criatividade, pensar e ver oportunidades, mas a comunicação assertiva e a confiança, segundo
o proprietário da empresa, foram um dos elementos importantes para congregar as pessoas, e
abrir suas propriedades fazendo que acreditassem na ideia agregando valor as atividades do
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campo, vendo no turismo a possibilidade de ganhar uma renda extra, pois as atividades da
maioria das propriedades parceiras possuem culturas de subsistência ou de baixa renda. A
capacidade de relacionamento, de conhecimento e a confiança entre o empreendedor e os
demais atores envolvidos na operacionalização da prática do turismo em Turvo, foi sem
dúvida um fator de sucesso para o empreendimento, estes elementos são descritos como
ativos do capital social que surge destas relações (AZEVEDO; ANDRADE, 2017;
BERTOLAMI, et al., 2018).
Outro aspecto foi o fato de que o produto, roteiro, foi organizado de modo que se a
atividade desse lucro, todos ganhariam, se desse prejuízo quem arcaria era a Gralha Azul, uma
vez que esta faria o investimento em infraestrutura, equipamentos, equipe, marketing e
vendas, desta forma, os proprietários teriam uma entrada de dinheiro e não precisariam
investir. Isso incentivou que muitos aderissem ao projeto e com a renda extra puderam
investir em melhorias na propriedade para melhor receber e o oferecer atividades
complementares ao produto principal, acrescentando assim mais oportunidades de renda às
famílias.
Outras dificuldades relatadas pelo proprietário da Gralha Azul consistiram em: a
ausência ou a demora do poder público em investir e despertar para o turismo no município,
sentido ele um pouco de abandono e tendo que trabalhar sozinho enquanto empreendedor; a
disponibilidade de tempo do empreendedor, de dia fazendo as visitas e a noite editando
material visual e negociando com fornecedor e feedback da equipe, além é claro a pandemia
que dificultou e interrompeu as atividades da empresa, e que agora estão se adaptando a nova
realidade, antes a empresa atendia grupos grandes, porém agora os grupos são menores o que
demanda mais trabalho na organização e execução do serviço.
Mesmo frente a estas dificuldades a Gralha Azul obteve sucesso e vem se adaptando
as novas realidades, assim como continuam investindo na atividade, atualmente estão com
projeto de construção de uma nova sede. Que demonstra novamente uma atitude
empreendedora dos gestores e proprietários da organização ao ver o mundo de forma mais
proativa assumindo riscos, de forma inovadora e com perseverança diante das incertezas e das
mudanças (DOLABELA, 2008).
O modelo de organização dos produtos turísticos da Gralha Azul e o modo como
foram formatados os roteiros consistem em uma forma inovadora de fazer o turismo
colaborativo entre iniciativa privada e comunidade, em uma parceria de baixa investimento e
de ganhos múltiplos, que está alicerçada em uma relação de confiança e companheirismo, a
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qual, segundo o proprietário da Gralha Azul, não é simples de conseguir e que precisa
constantemente de atenção e cuidado para que as pessoas não desacreditem do projeto. Assim,
é preciso manter constantemente um contato com as famílias parceiras e equilibrar o fluxo de
visitas de modo a manter sempre visitantes em todas as propriedades de forma equitativa e
equilibrada.
Ao ser questionado se o modelo de negócio organizado por eles poderia ser replicado
em outras localidades, a resposta é que é possível pois há métricas bem definidas nos
contratos e podem ser repassadas em outras localidades, mas, o problema que deve ser
pontuado é que é preciso ter uma equipe local, pois são eles que vão ter que fazer o contato
com as pessoas com a população da localidade e trazer eles para o projeto, é essa equipe que
deve conhecer tudo e a todos, além de atender e acompanhar os turistas. A iniciativa deve ser
uma base privada centrada nas famílias e na comunidade local.
Para o proprietário os principais fatores de sucesso da Gralha Azul consistiram em:
rede de pessoas, a rede social anterior e originada pela iniciativa, ter a amizade saber como
conversa, a confiança e a valorização das pessoas são fatores fundamentais; a experiência do
empreendedor de vivência em outros lugares e a sua visão de mundo, que possibilitou a ele
ver o potencial do seu local é outro elemento que proporcionou o sucesso do empreendimento.
Além é claro de deixar de forma clara e transparente as condições e ganhos financeiros do
projeto para cada parte envolvida e cumprir com a promessa de entrada de recursos
financeiros. Muito do que o empreendedor relata como principal fator de sucesso de seu
empreendimento consiste no capital social que este indivíduo tem junto a comunidade, a
confiança e a capacidade de articular as pessoas na cooperação pela realização de uma
atividade que vem a trazer benefícios mútuos, são elementos base do capital social (SANTOS
et al., 2017; MAHALO et al., 2022), que possibilitou agregar os indivíduos na formatação de
produtos turísticos e transformar Turvo em um destino turístico.
A Gralha Azul é um exemplo de como o turismo pode surgir da iniciativa privada e
agregar a esta iniciativa a população local, a tarefa de formatar os roteiros consiste em uma
complexa articulação entre prestadores de serviços turísticos, proprietários de atrativos, uma
equipe bem preparada, para divulgação, venda e execução dos produtos, conhecimento das
potencialidades locais, consciência da necessidade da conservação cultural e ambiental dos
atrativos, e a iniciativa de promover de forma coordenada a satisfação dos turistas por meio de
experiências de qualidade e a valorizar e possibilitar ganhos as comunidades locais por meio
de benefícios econômicos, sociais, culturais e ambientais (SMITH, 1994).
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A organização aqui estudada é um caso claro de iniciativa privada que por meio das
ações e habilidades empreendedoras de seu proprietário, visão de mundo, criatividade,
inovação, comunicação e proatividade, transformou um sonho individual em coletivo por
meio da união de pessoas, que de forma planejada e organizada empreenderam no turismo de
forma colaborativa, originando em um município que não fomentava turismo em um destino
turístico com mais de 20 opções de serviços.
Portanto, a visão empreendedora e o modelo de negócio organizado pela Gralha Azul
é um case de sucesso que pode ser replicado em outras localidades, mas para isso é preciso de
pessoas que tenham habilidades e comportamentos empreendedores de modo a ter a iniciativa
de identificar oportunidades e possibilidade de práticas turísticas e possam reunir pessoas em
um sonho coletivo de desenvolver a atividade de turística de modo colaborativo originando
ganhos econômicos, sociais, ambientais e culturais. Exemplos como estes demonstram que
empreender é mais que gerar renda e postos de trabalho, empreender é transformar as
realidades locais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A empresa Gralha Azul é uma iniciativa privada que por meio de uma ação
colaborativa em turismo transformou o município de Turvo, no estado do Paraná, em um
destino turístico, com mais de 20 opções de serviços, como: práticas de turismo rural, de
aventura, de ecoturismo, imersão e visitação em comunidades indígenas e quilombolas.
Esta organização surge da visão de mundo de um empreendedor que por meio de sua
proatividade e necessidade de realizar um negócio, de forma criativa e inovadora reúne um
grupo de famílias que vem a acompanhar e transformar a realidade a qual se encontram por
meio do turismo. O proprietário do empreendimento ao observar as possibilidades e
oportunidades dos recursos turísticos naturais e culturais do município, aliado a suas
experiências de viagens decide empreender em Turvo, organizando e formatando roteiros de
turismo de aventura, ecoturismo e turismo étnico cultural de forma colaborativa.
Por meio de um modelo de negócio no qual os benefícios financeiros, culturais, sociais
e ambientais são compartilhados com as comunidades e famílias parceiras a empresa Gralha
Azul consegue ofertar diversas opções de passeios de práticas de aventura e experiências de
imersão culturais.
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Portanto, os principais elementos que tornaram a empresa Gralha Azul um
empreendimento de turismo com um modelo de negócio colaborativo e transformar Turvo em
um destino turístico, são basicamente as habilidades e comportamentos empreendedor do seu
proprietário, a capacidade deste em transmitir e organizar uma atividade onde os benefícios
são percebidos pelos parceiros, a rede social de pessoas que fazem parte do projeto, a
valorização das pessoas, a confiança destas no projeto e a entrega de resultados oferecidos aos
envolvidos.
A cooperação em um projeto como o de turismo em Turvo/PR demonstra como o
conhecimento de um empreendedor pode gerar condições de relacionar e envolver as pessoas
resultando em um ativo de capital social, que oportuniza a geração de trabalho e renda a
outros indivíduos, que sozinhos não teriam esta mesma oportunidade, mas que de forma
conjunta possibilitaram o surgimento da prática do turismo de modo coletivo gerado pela
visão empreendedora, viabilizando a realização de objetivos que individualmente não seriam
alcançados.
Este caso é um exemplo claro de como no turismo a cultura empreendedora é uma
necessidade para transformar a realidade e proporcionar a organização de ações coletivas que
venham a trazer ganhos econômicos, sociais, culturais e ambientais para uma localidade.
Transformando localidades com potenciais turísticos em destinações que reúnam produtos
diversificados e que proporcionem experiências únicas e a satisfação de turistas e
comunidade. Tendo no empreendedor o agente transformador da realidade que reúne e
incentiva outras pessoas a acompanhar e transformar um sonho individual em sonho coletivo.
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