Revista de Estudos em Organizações e Controladoria-REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 3, n. 2, p. 32-46,
jul./dez., 2023.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA NO DESENVOLVIMENTO DE
PESSOAS EM AMBIENTES ORGANIZACIONAIS NO PÓS PANDEMIA DE
COVID-19
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EMOTIONAL INTELLIGENCE APPLIED IN EMPLOYEE DEVELOPMENT IN
ORGANIZATIONAL ENVIRONMENTS IN THE POST-COVID-19 PANDEMIC
ERA
MARCOS ROBERTO PISARSKI JUNIOR
Universidad de Guadalajara/MEX (CUC - Puerto Vallarta)
E-mail: marcos.pisarski@gmail.com
MARCELO JESUS NASCIMENTO LIMA
Universidade Estadual de Goiás (UnU Caldas Novas)
E-mail: marcelojesus.lima@ueg.br
RESUMO
Este trabalho surge da compreensão da necessidade de expor os ganhos do estudo da Inteligência
Emocional (IE) para o ambiente organizacional e para toda a sociedade. O cenário extremamente
competitivo e voraz em que os ambientes organizacionais veem se tornando no século XXI, sugere
que o entendimento de ciências que tratam do comportamento humano são elementos-chave para
se obter êxito. Em 2023, após três anos de pandemia de COVID-19, é visível que, de modo geral,
as pessoas estão mais sensíveis e consequentemente mais propensas a conflitos ou problemas
que antes eram resolvidos de maneira mais simples. O cenário organizacional mudou e exige que
seus líderes acompanhem essas mudanças e estejam preparados para lidar com pessoas, que por
sua vez são guiadas por suas emoções, e não apenas para fazer uma análise fria de resultados.
Através de uma revisão bibliográfica, este trabalho se propôs a analisar e compreender de maneira
mais precisa a relevância das pesquisas sobre IE, bem como sua aplicabilidade em variados
contextos, avanços e contribuições futuras, sobretudo diante das incertezas e transformações
resultantes da pandemia de COVID-19. Como resultado pode-se verificar que a Inteligência
Emocional (IE) tornou-se praticamente consensual no ambiente organizacional, sendo fundamental
para o desempenho e a liderança eficaz, principalmente em momentos de crises e incertezas, como
foi no período da pandemia de COVID-19.
Palavras-chave: Inteligência emocional, Desenvolvimento de pessoas, COVID-19, Liderança.
ABSTRACT
This paper stems from the understanding of the need to expose the gains of studying Emotional
Intelligence (EI) for the organizational environment and society. The extremely competitive and
voracious landscape in which organizational environments have been evolving in the 21st century
suggests that the understanding of sciences dealing with human behavior is a key element for
achieving success. In 2023, after three years of the COVID-19 pandemic, it is visible that, in general,
people are more sensitive and consequently more prone to conflicts or problems that were previously
resolved more simply. The organizational scenario has changed and demands that its leaders keep
up with these changes and be prepared to deal with people, who are guided by their emotions, rather
than just conducting a cold analysis of results. Through a literature review, this work aimed to analyze
and understand more precisely the relevance of research on EI, as well as its applicability in various
contexts, advancements, and future contributions, especially in the face of the uncertainties and
transformations resulting from the COVID-19 pandemic. As a result, it can be observed that
Emotional Intelligence (EI) has become virtually consensual in the organizational environment, being
fundamental for effective performance and leadership, particularly in times of crises and
uncertainties, such as during the COVID-19 pandemic.
Keywords: Emotional intelligence, Employee development, COVID-19, Leadership.
1
DOI: https://doi.org/10.5935/2763-9673.20230007
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Marcos Roberto Pisarski Junior e Marcelo Jesus Nascimento Lima
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APLICADA NO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS EM AMBIENTES ORGANIZACIONAIS
NO PÓS PANDEMIA DE COVID-19
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jul./dez., 2023.
1. INTRODUÇÃO
Inteligência Emocional (IE), segundo Nunes (2021), pode ser definida como
a capacidade de compreender, controlar e avaliar emoções, tanto próprias quanto
alheias. O termo "Inteligência Emocional" foi introduzido por Wayne Payne em sua
tese de doutorado em 1985, intitulada "Um Estudo de Emoção: Desenvolvendo
Inteligência Emocional".
Goleman (2012) despertou interesse fora do meio acadêmico com seu
artigo na revista Time, "Inteligência Emocional: Pode Importar mais do que QI".
Segundo Goleman (2012, p. 58), a "IE engloba a capacidade de autogerar
motivação, persistir em metas apesar de contratempos, controlar impulsos, manter
um estado mental positivo e preservar a capacidade de raciocinar sob pressão
emocional".
O estudo da IE deixou de ser exclusivo para gestores de recursos humanos
e tornou-se uma ferramenta estratégica para alavancar resultados e melhora do
ambiente organizacional. Contribuições de autores como Goleman (1995)
mudaram a percepção sobre a formação da IE e seus impactos nas organizações
e na sociedade. Goleman (1995) propôs que um bom líder não deve apenas possuir
alto QI, mas também habilidades como autoconhecimento, autocontrole,
motivação, empatia e habilidades sociais.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é discutir e compreender de forma
mais clara a importância dos estudos sobre IE, sua aplicabilidade em diferentes
contextos, avanços e futuras contribuições, especialmente diante das incertezas e
mudanças decorrentes da pandemia de COVID-19, ocorrida nos períodos de 2020
a 2023.
Assim, com base em pesquisas bibliográficas de autores da área, como
Goleman, Moreira, Ferreira e Assaoka, este estudo busca compreender de forma
mais precisa como o entendimento da IE se aplica no desenvolvimento de pessoas
dentro das organizações.
Como resultado pode-se verificar que a importância da Inteligência
Emocional (IE) tornou-se praticamente consensual no ambiente organizacional,
sendo fundamental para o desempenho e a liderança eficaz. Foi possível verificar
também que a falta de IE em líderes pode resultar em ambientes de trabalho
instáveis, propensos a conflitos e impactar negativamente o clima organizacional,
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Marcos Roberto Pisarski Junior e Marcelo Jesus Nascimento Lima
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jul./dez., 2023.
contribuindo para o aumento de doenças mentais, como ansiedade e depressão,
especialmente durante a pandemia de COVID-19.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este trabalho apresenta a sua fundamentação teórica dívida em duas
partes, sendo a primeira referindo-se a conceitos voltados a Inteligência Emocional
e suas interfaces na sociedade, e a segunda parte buscando categorizar o período
conhecido como pandemia de COVID-19, período de crise sanitária devido a
contaminação em massa da população global pelo vírus SARS-CoV-2.
2.1. Inteligência Emocional
Existem na atualidade diversos conceitos sobre como é definida a
Inteligência Emocional (IE) e seus componentes, muitos deles semelhantes entre
si, contudo a maioria parte da mesma premissa que Goleman (1995) apresentada
no Quadro 1.
Quadro 1 – Conceitos e componentes da inteligência emocional
(continua)
Componentes da Inteligência
Emocional
Definição
Características
Autoconhecimento
Conhecer seus
sentimentos, pontos fortes
e fracos, suas motivações e
seus objetivos.
• Autoconfiança
• Senso de humor autode-
preciativo
• Sede de crítica construtiva
Autocontrole
Controlar ou redirecionar
impulsos e estados de
espíritos nocivos.
• Confiabilidade
• Integridade
• Tranquilidade diante das
ambiguidades e mudanças
Motivação
Ser motivado por
conquistas.
• Paixão por trabalho e por
novos desafios
• Disposição incansável
para melhor
• Otimismo diante do fra-
casso
Quadro 1 – Conceitos e componentes da inteligência emocional