O TRABALHO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: VANTAGENS
E DESVANTAGENS1
REMOTE WORKING DURING THE COVID-19 PANDEMIC: ADVANTAGES AND
DISADVANTAGES
EDUARDO MATHEUS CISZ
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
E-mail: eduardocisz@hotmail.com
MARCIA DE SOUZA BRONZERI
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
E-mail: mbronzeri@uenp.edu.br
RESUMO
Durante a pandemia de COVID-19 diversas empresas precisaram adotar o trabalho remoto, para
continuar suas atividades em um período de isolamento social. Além do problema da pandemia,
em si, surgiu, então, o desafio para gestores e trabalhadores, de adotar uma forma diferente de
executar as tarefas. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo identificar as vantagens
e desvantagens do trabalho remoto, na perspectiva de teletrabalhadores, estudantes do curso de
administração de uma Universidade Estadual. Foi conduzida uma pesquisa descritiva, com
abordagem quantitativa, utilizando o procedimento técnico de levantamento de dados (survey). Os
dados foram coletados por meio de questionário on-line, auto administrados, com convites
enviados por meio de aplicativo de troca de mensagens instantâneas para representantes de
turmas, resultando na adesão voluntária de 30 acadêmicos. A análise dos dados foi realizada
utilizando estatísticas descritivas e análise de diferenças entre os grupos, com o auxílio do
software estatístico SPSS. Os resultados destacaram a flexibilidade de horários e a oportunidade
de passar mais tempo com a família como as principais vantagens do trabalho remoto. Em
contrapartida, as principais desvantagens identificadas incluíram a falta de equipamentos
adequados ou modernos e a recepção de demandas de trabalho em qualquer horário e dia da
semana por parte dos supervisores.
Palavras-chave: Trabalho remoto, Vantagens, Desvantagens, Pandemia, COVID-19.
ABSTRACT
During the COVID-19 pandemic, numerous companies were compelled to embrace remote work to
sustain their operations during a period of social isolation. Beyond the pandemic challenge itself,
managers and employees encountered the task of adopting a different approach to task execution.
This study aimed to identify the advantages and disadvantages of remote work from the
perspective of teleworkers, specifically students enrolled in the administration course at a State
University. A descriptive research methodology with a quantitative approach was employed,
utilizing a survey-based data collection method through an online self-administered questionnaire.
Invitations were sent via instant messaging applications to class representatives, resulting in the
voluntary participation of 30 students. Data analysis involved descriptive statistics and group
difference analysis using the SPSS statistical software. The findings highlighted schedule flexibility
and increased family time as the primary advantages of remote work. Conversely, identified
disadvantages included inadequate or outdated equipment and supervisors' demands for work at
any time and day of the week.
Keywords: Telecommuting, Advantages, Disadvantages, Pandemic, COVID-19.
1 DOI: https://doi.org/10.5935/2763-9673.20230009
Revista de Estudos em Organizações e Controladoria-REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 3, n. 2, p. 67-95,
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1. INTRODUÇÃO
O ano de 2020 caracterizou-se pela crise histórica provocada pela pandemia
da COVID-19. Isso gerou isolamento social, como importante medida de prevenção
do contágio, e impactou a vida das pessoas em diversos aspectos, dentre eles a
forma de trabalho, com a intensificação do trabalho remoto. Perante essa mudança,
os trabalhadores e gestores viram-se desafiados a encontrar formas adequadas de
execução de suas tarefas, que rivalizam com o tempo para convivência familiar,
afazeres domésticos, atividades acadêmicas, entre outras.
Felizmente, a evolução tecnológica possibilitou a adoção do trabalho remoto,
sendo as tarefas executadas de qualquer outro lugar, que não seja o ambiente
corporativo. Porém, o trabalho remoto não era usual em diversas organizações e
levou estas a descobrirem formas de adaptação para continuidade das suas
operações.
Diante desse cenário, analisando a possibilidade de continuidade do
trabalho remoto, ainda que parcialmente, para algumas empresas, após o término
do isolamento social, questiona-se quais são as vantagens e quais são as
desvantagens associadas a essa modalidade de trabalho. Dessa forma, esta
pesquisa teve como objetivo principal identificar as vantagens e desvantagens
percebidas pelos trabalhadores, acadêmicos do curso de administração de uma
Universidade Estadual, em relação ao trabalho remoto durante a pandemia de
COVID-19.
Do ponto de vista teórico, a questão do trabalho remoto entre jovens
trabalhadores durante a pandemia de COVID-19 contribui para o conhecimento de
elementos, tais como gestão de pessoas e sociologia, possibilitando identificar o
impacto desse modo de trabalho no desempenho profissional e no necessário
equilíbrio deste com a vida pessoal. A justificativa prática reside no fato de que os
resultados podem fornecer orientações para a formulação de políticas
organizacionais voltadas ao trabalho remoto, adotando medidas para construção de
ambientes de trabalho mais flexíveis e adaptáveis, capazes de atrair e reter uma
força de trabalho jovem qualificada em um cenário pós-pandemia.
A pesquisa está estruturada de forma a apresentar, além desta introdução, a
revisão de literatura, com conceitos e dados sobre o trabalho remoto, as vantagens
e desvantagens dessa modalidade. Após, é descrita a metodologia usada no
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desenvolvimento da pesquisa. A apresentação e análise dos resultados é
desenvolvida na sequência, culminando com as considerações finais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Aqui são apresentados aspectos relevantes sobre o trabalho remoto.
Também são apresentadas vantagens, desvantagens e impactos da pandemia de
COVID-19 no trabalho presencial.
2.1. O Trabalho Remoto
Nilles (1988) apresenta o trabalho remoto relacionado às palavras
teleworking e telecommuting, como substituição total ou parcial do trabalho
presencial pela telecomunicação. Como não há um consenso sobre a abrangência
da definição, ambos os termos são utilizados para descrever diferentes modalidades
de teletrabalho.
Segundo Tremblay (2004), apesar da palavra home office referir-se ao
trabalho em casa, outros estudos referem-se a ela como sendo todas as outras
formas de trabalho externo feitas por meio de tecnologias da informação (TI), assim
como trabalhos móveis, que são realizados em variados locais fora do escritório
central da empresa (por vendedores, representantes técnicos, etc.), trabalhos
desempenhados pelos funcionários através de telecentros ou telecabinas e
trabalhos de funcionários da mesma empresa, mas em escritórios satélites. Diante
da diversidade de termos, no presente trabalho foi definida a utilização do termo
trabalho remoto.
O trabalho remoto é uma forma alternativa para transformar e estimular o
mercado de trabalho. Porém, tal prática não é de cunho amador, pois faz-se
necessário que o teletrabalhador tenha disciplina, metas claras e realizáveis,
ambiente adequado para realização das metas e controle sobre o tempo para
conciliar as atividades laborais com as domésticas. O autor afirma que o início do
século XXI foi o momento propício para a legitimação do trabalho remoto, pois foi
naquele período que a maioria das tecnologias de comunicações existentes
permitiam quase todos os tipos de execuções de atividades a partir de casa, o que
causou transformações nas empresas e trouxe novas formas para realização de
trabalhos e negócios (MELLO, 1999).
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As novas formas para realização de trabalhos e negócios foram
incorporadas à legislação trabalhista. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT,
2017), no Art. 75-B, estabelece que:
Art. 75-B Considera-se teletrabalho a prestação de serviços
preponderantemente fora das dependências do empregador, com a
utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua
natureza, não se constituam como trabalho externo.
Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para
a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado
no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho (Incluído
pela Lei Federal nº 13.467/2017).
Morgan (2004) frisa que o trabalho não é apenas o local para onde as
pessoas vão, mas sim algo que elas fazem. Dessa forma, o autor conceitua o
trabalho remoto como do tipo flexível, que pode assumir três conotações: locais
flexíveis, horários flexíveis e contratos flexíveis. Complementa que, com esse
formato de trabalho sendo cada dia mais adotado, pode se esperar uma grande
migração de trabalhadores do ambiente físico da empresa, para o trabalho em suas
próprias residências. Há que se observar que, quanto maior a abrangência de o que
seja o trabalho remoto, maior será a estimativa do número de teletrabalhadores em
determinado país ou região (TREMBLAY, 2004).
2.2. Características do Trabalho Remoto
Segundo o US Office of Personnel Management (2003), um bom
planejamento de trabalho remoto começa com uma boa autoavaliação. Os
funcionários devem considerar os seguintes fatores, ao fazer uma determinação
honesta sobre suas capacidades de trabalho remoto:
a) Portabilidade de trabalho suficiente para a quantidade de trabalho remoto
proposta;
b) Conhecimento das tecnologias, pois serão necessárias para o trabalho
remoto;
c) Boa comunicação com seu gerente, colegas de trabalho e clientes, o que
permitirá uma transição relativamente perfeita do local para o externo;
d) Escritório de trabalho remoto que conduza à realização do trabalho;
e) Acordos de cuidados com os dependentes (sejam creches, idosos ou
quaisquer outros dependentes) durante o período de trabalho remoto;
f) Capacidade de ser flexível sobre o acordo de trabalho remoto para
responder às necessidades do gerente, do grupo de trabalho e do trabalho.
(US OFFICE OF PERSONNEL MANAGEMENT, 2003, p. 62).
Além de tudo isso, para ser um teletrabalhador de sucesso é necessário ter
hábitos de trabalho que apoiem o desempenho de tarefas independentes (US
OFFICE OF PERSONNEL MANAGEMENT, 2003). Esses hábitos incluem:
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a) Capacidade de trabalhar com mínima supervisão direta;
b) boas habilidades de planejamento;
c) Capacidade de cumprir cronogramas e prazos;
d) Habilidades eficazes de gerenciamento de tempo;
e) Habilidades comunicativas (US OFFICE OF PERSONNEL
MANAGEMENT, 2003, p. 51).
Tanto Mello (1999) quanto Nilles (1997) concordam sobre diversos requisitos
fundamentais para a implementação bem-sucedida do trabalho remoto que incluem:
a) tarefas de planejamento; b) a disponibilidade dos equipamentos necessários; c) o
estabelecimento de hábitos de trabalho em casa; e d) a manutenção de uma
comunicação eficiente. Esses elementos são cruciais para garantir o sucesso do
trabalho remoto tanto para os colaboradores quanto para as empresas.
Para Nilles (1997) as tarefas de planejamento são constituídas em identificar
as tarefas, a agenda de trabalho, a flexibilidade e a programação. Com relação aos
equipamentos, tanto o telefone quanto o computador, conectados à Internet, são
imprescindíveis. Sobre os hábitos de trabalho em casa, o teletrabalhador deve se
planejar tanto em termos de segurança como de conforto, sendo que o ideal é ter
uma sala separada, cadeiras e mesas confortáveis e ajustáveis, iluminação
adequada e um ambiente com o mínimo de ruído possível, a fim de evitar distrações.
2.3. Vantagens e Desvantagens do Trabalho Remoto
Entre as vantagens do trabalho remoto há a possibilidade de recrutamento
de funcionários a partir de uma área geográfica maior e uma menor ocorrência de
absenteísmo devido a não ser necessário o deslocamento para o ambiente físico da
empresa, que fica mais difícil em função do trânsito e do clima. O trabalho remoto
possibilita ao teletrabalhador passar mais tempo com a família e dedicar-se ao lazer
e seus hobbies (MELLO, 1999).
Uma desvantagem do trabalho remoto é a falta de suporte para os
teletrabalhadores, pois, como não estão no ambiente físico da empresa, acabam
tendo mais dificuldades em solucionar problemas profissionais, mais
especificamente, os relacionados com recursos tecnológicos, prejudicando a
performance e ocasionando insatisfação com relação à essa modalidade de trabalho
(TREMBLAY, 2004). O autor também cita a questão do sentimento de isolamento e
uma maior jornada de trabalho, que fazem com que o teletrabalhador deixe de
compartilhar os mesmos valores da empresa, apresentando uma possível perda de
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prestígio dentro de suas respectivas empresas, como mais uma desvantagem dessa
modalidade de trabalho.
De acordo com a pesquisa realizada por Bridi et al. (2020), com 654
respondentes, a maioria servidores públicos, professores, profissionais de tecnologia
da informação, na faixa etária entre 30 e 40 anos-, as maiores desvantagens
apontadas pelos teletrabalhadores foram as seguintes (Gráfico 1): 396 (60,55%)
relataram que a maior dificuldade enfrentada na modalidade de trabalho remoto,
durante a pandemia de COVID-19, foi a falta de contato com os colegas de trabalho;
357 (54,59%) indicaram ter mais interrupções trabalhando remotamente; 346
(52,91%) tiveram dificuldade em separar a vida familiar da atividade profissional; 275
(42,05%) apontaram o fato de receber demandas a qualquer hora como fator
negativo; 247 (37,77%) indicaram ter havido maior demora para a realização das
suas tarefas; 203 (31,04%) relataram ter tido menos disciplina no trabalho remoto;
169 (25,84%) sentiram a falta de equipamentos adequados ou modernos; 131
(20,03%) expuseram dificuldades de domínio do computador e softwares; e 127
respondentes (19,42%), indicaram que a tomada de decisões sozinhos dificultou a
realização do trabalho.
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2.4. O Impacto da Covid-19 no Trabalho Presencial
A Cable News Network Brasil (CNN Brasil, 2021) indicou que, em 2020,
quando a pandemia de COVID-19 atingiu o Brasil, cerca de 46% das empresas
nacionais, entre pequenas, médias e grandes, tiveram que adotar o trabalho remoto,
pois a doença se espalhava de forma preocupante, devido à alta taxa de contágio e
significativos casos de óbitos. Com essa mudança forçada, sem planejamento e, em
muitos casos, sem a estrutura adequada, a experiência funcionou como um grande
laboratório para uma forma de trabalho que já ensaiava seus primeiros passos, visto
que muitas empresas permitiam o trabalho remoto eventual, principalmente as do
setor de tecnologia (CNN Brasil, 2021).
Segundo a pesquisa de Santos et al. (2020), a implantação do trabalho
remoto apresentou desafios tanto para as organizações quanto para os funcionários,
o que exigiu uma rápida adaptação ao novo modelo de trabalho. Os resultados
indicam a percepção de haver mais vantagens do que desvantagens por parte de
gestores e funcionários, no modelo de trabalho remoto, sendo que as organizações
estão mostrando superação dos desafios e a possibilidade de continuidade do
trabalho remoto após a pandemia de COVID-19 (SANTOS et al., 2020).
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Considerando que podem haver resultados diferentes entre distintos grupos
de teletrabalhadores, é oportuna a análise junto a jovens, que representam uma
força de trabalho qualificada a se atraída e retida. Esse é o grupo analisado no
presente trabalho, seguindo a metodologia apresentada a seguir.
3. METODOLOGIA
O presente estudo foi desenvolvido com pesquisa descritiva, abordagem
quantitativa e procedimento técnico survey. A pesquisa descritiva exige do
investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar e visa
descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). A
pesquisa quantitativa é influenciada pelo positivismo, considerando que a realidade
só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o
auxílio de instrumentos padronizados e neutros, o que pode ser realizado por meio
da técnica de survey, que se refere à obtenção de informações ou dados sobre as
características, as ações ou as opiniões de determinado grupo de pessoas,
utilizando um instrumento de pesquisa, geralmente um questionário (FONSECA,
2002).
O questionário utilizado neste trabalho foi adaptado da pesquisa “O trabalho
remoto/home office no contexto da pandemia COVID-19”, realizada por Bridi et al.
(2020). O questionário foi elaborado na plataforma Google Forms, estruturado de
forma a coletar dados para classificação dos respondentes (gênero, faixa etária,
estado civil, área de atuação profissional, etc.) e dados sobre a percepção do
trabalho remoto durante a pandemia de COVID-19.
Foram elaboradas questões fechadas com opção de seleção de apenas uma
resposta, visando a padronização da base de dados, para a análise. Para as
questões relativas às vantagens e desvantagem, foi utilizada a escala de Likert de
cinco pontos: 1) discordo totalmente; 2) discordo parcialmente; 3) não discordo e
nem concordo; 4) concordo parcialmente; 5) concordo totalmente. Para as questões
relativas às condições de trabalho dos respondentes, foi utilizado o diferencial
semântico de três pontos: 1) ruim; 2) indiferente; 3) bom (OSGGOD; SUCI;
TANNENBAUM, 1957).
O questionário on-line, auto administrado, foi enviado por aplicativo de troca
de mensagens instantâneas, para representantes de turma dos diversos períodos do
Curso de Administração de uma Universidade Estadual na Região Norte do Paraná.
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Como resultado foi obtida uma adesão voluntária de 30 respondentes, no período de
13 a 18 de outubro de 2021.
Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, com a
indicação de frequências das respostas. Foi utilizado o teste Qui-Quadrado para
analisar a diferença do padrão de respostas em função das variáveis: gênero; faixa
etária; estado civil; área de atuação profissional; setor de atuação profissional; e
tempo de atuação profissional, considerando o emprego durante o qual foi
executado trabalho remoto. Foi utilizado o software estatístico Statistical Package for
the Social Sciences (SPSS) para as análises e, quanto à análise de diferença, o
nível de significância foi de 0,05, usual em pesquisas na área de Ciências Sociais
Aplicadas (HAIR JR. et al., 2009).
O questionário também contou com uma questão aberta, não obrigatória,
visando obter algum aspecto relevante, não contemplado no questionário, ou que
possibilitasse explorar melhor algum resultado da análise quantitativa, sendo que as
respostas utilizadas na análise foram identificadas com o termo “respondente”,
seguido do número deste conforme a sequência cronológica das respostas:
respondente 1, respondente 2, assim por diante.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os dados a seguir apresentam os resultados das respostas de 30 (trinta)
alunos do Curso de Administração de uma Universidade Estadual, quanto às
vantagens e desvantagens durante o período em que trabalharam de forma remota.
4.1 Perfil dos Respondentes
Inicialmente são apresentados os dados de caracterização da amostra por
gênero, idade, estado civil, área de atuação, setor de atuação e tempo de atuação
no cargo ou função.
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Gráfico 3 - Classificação da amostra por gênero
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
No Gráfico 3, nota-se que a maioria dos respondentes se identifica como do
gênero feminino, o que corresponde a 67% contra 33% do gênero masculino.
Gráfico 4 - Classificação da amostra por faixa etária
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Observa-se que todos os respondentes são maiores de 18 anos (Gráfico 4),
o que era de se esperar, uma vez que todos são alunos de ensino superior. A maior
parte dos respondentes estava na faixa entre 18 e 21 anos completos, havendo um
menor número na faixa acima de 27 anos. Já na pesquisa de Bridi et al. (2020), foi
identificado que a maior participação foi na faixa etária entre 30 e 40 anos.
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Gráfico 5 - Classificação da amostra por estado civil
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Quanto ao estado civil (Gráfico 5), a amostra foi composta apenas por
solteiros (90%) e casados (10%). Comparando com a pesquisa de Bridi et al. (2020),
foi levantado que a maioria dos respondentes era casada, 45,92%, e apenas 27,59%
eram solteiros.
Gráfico 6 - Classificação da amostra por ramo de atividade da empresa do
funcionário
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
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No Gráfico 6 observa-se que, quanto ao ramo de atividade da empresa do
funcionário, 23% atuavam em indústrias, 23% em serviços, 13% em comércio e 40%
indicaram atuar em outros ramos de atividade, o que pode refletir um
desconhecimento sobre a classificação das empresas quanto ao ramo de atividade.
Gráfico 7 - Classificação da amostra por setor de atuação profissional
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
A maioria dos respondentes da amostra (Gráfico 7) indicou desenvolver o
trabalho em empresa privada (57%), enquanto 27% no setor público, 7% em ONGs
e 10% em outro setor.
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Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Quanto ao tempo de atuação no cargo/função (Gráfico 8), a maioria (57%)
indicou atuação de até 1 ano na modalidade de trabalho remoto, 30% dos
respondentes indicaram atuar na modalidade de trabalho remoto entre 1 a 2 anos,
7% entre 2 a 5 anos e 7% indicaram atuar há mais de 5 anos. Esse resultado pode
estar relacionado à intensificação da modalidade de trabalho remoto no período da
pandemia de COVID-19, mas também há que se considerar que, devido à faixa
etária dos respondentes - a maioria entre 18 e 21 anos (Gráfico 4) -, é possível que
eles tenham pouco tempo de atuação profissional.
4.2. Condições de Trabalho durante o Trabalho Remoto
Sobre as condições de trabalho, os dados foram levantados com escala de
Likert de 5 pontos, apoiada nos extremos: 1 discordo totalmente; e 5 concordo
totalmente. Os dados são apresentados a seguir.
Gráfico 9 - Adequação do local de trabalho
No Gráfico 9 observa-se que 60% dos respondentes consideram que o local
de trabalho onde realizaram as atividades de trabalho remoto é/era, em alguma
medida, adequado e confortável, enquanto 20% discordaram e os outros 20% não
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discordaram e nem concordaram com a afirmação. Segundo a pesquisa de Bridi et
al. (2020), 57,06% dos respondentes concordaram que a ergonomia do seu local de
trabalho é considerada razoável e apenas 12,14% declararam a total inadequação
das suas condições de trabalho, em relação à ergonomia.
No Gráfico 10 observa-se que a flexibilidade de horários é percebida como
vantajosa para o dia a dia de 70% dos respondentes, enquanto 23,3% acreditam ser
uma desvantagem a flexibilidade de horários. Conforme indicado por um
respondente, na questão aberta, a flexibilidade foi o principal fator vantajoso do
trabalho remoto (Respondente 10). Porém, para que essa flexibilidade seja melhor
explorada é necessário que haja o planejamento indicado por Nilles (1997).
Conforme o Gráfico 11, sobre o aumento de interrupções durante o trabalho
remoto, 53,33% dos respondentes concordam, em algum nível, que houve o
aumento de interrupções, 23,33% discordaram, em algum nível, e 23,33% não
discordaram e nem concordaram com a afirmação. Em uma das respostas abertas,
houve a observação de que a presença de familiares acabou atrapalhando a
produtividade durante a atividade profissional na modalidade de trabalho remoto
(Respondente 6). A interrupção durante o trabalho foi um dos itens de maior
dificuldade, segundo a pesquisa de Bridi et al. (2021), o que reforça a necessidade
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de planejamento das atividades e de ter uma sala separada (NILLES, 1997) que
pode diminuir essas interrupções.
Conforme o Gráfico 12, que envolveu respostas quanto à separação entre
questões familiares e profissionais, 50% dos respondentes concordam que
têm/tiveram dificuldade em separar a atividade profissional da vida familiar,
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enquanto 30% não encontraram essa dificuldade. Em algumas respostas abertas,
houve respondentes concordando que tiveram essa dificuldade e que esse fator
acabou atrapalhando o rendimento profissional durante o trabalho remoto
(Respondentes 3 e 6). Esse também foi um dos itens de maior dificuldade, segundo
a pesquisa de Bridi et al. (2021), chamando a atenção novamente para a questão do
planejamento das atividades e da necessidade de uma sala separada (NILLES,
1997).
Gráfico 13 - Dificuldade em utilizar seu computador e softwares de trabalho
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme o Gráfico 13, quanto à dificuldade em utilizar o computador e
softwares de trabalho, houve um empate nas respostas, 40% discordaram de ter
essa dificuldade e 40% concordaram que encontraram dificuldades em utilizar seus
computadores e softwares de trabalho. Sendo a maioria dos respondentes jovens,
na faixa etária de 22 e 26 anos, isso demonstra que mesmo os jovens não estão
totalmente preparados para usar as tecnologias necessárias para execução de suas
atividades profissionais de forma remota, sendo que, conforme US Office of
Personnel Management (2003), tal conhecimento é necessário para o do trabalho
remoto.
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Observa-se no Gráfico 14 que 56,7% dos respondentes concordaram que
gastaram mais tempo nas realizações de tarefas profissionais rotineiras, enquanto
30% discordaram da afirmação. Resultado diferente foi observado por Bridi et al.
(2021), pois apenas 37,77% dos respondentes indicaram ter havido aumento no
tempo de realização das atividades, o que pode estar relacionado à diferença do
perfil dos entrevistados. A flexibilidade de horários, ou interrupções, também podem
estar relacionadas perfil da amostra da presente pesquisa, indicando novamente a
necessidade do planejamento indicado por Nilles (1997).
Gráfico 14 - Maior tempo gasto na realização de tarefas
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme o Gráfico 15, quanto as dificuldades em manter a disciplina na
rotina das atividades profissionais, 56,6% concordaram que encontraram essa
dificuldade, mas 16,7% discordaram da afirmação. Conseguir conciliar as atividades
profissionais com a vida social e familiar não foi algo fácil para os respondentes,
talvez por interrupções por parte de familiares ou das redes sociais.
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Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme destacado por Mello (1999), é crucial manter a disciplina ao
determinar o início e o término da jornada laboral, tratando as atividades
profissionais com a mesma seriedade e comprometimento que teríamos no
ambiente de trabalho físico. Essa falta de disciplina pode guardar relação com o
tempo maior necessário para o desenvolvimento das tarefas profissionais rotineiras,
conforme resultado apresentado no Gráfico 14.
Gráfico 16 - Necessidade de equipamentos adequados ou modernos
Observa-se, pelo Gráfico 16, que 66,7% dos respondentes concordam que
têm/tiveram mais necessidade de equipamentos adequados ou modernos, 23,3%
discordaram dessa necessidade. Infelizmente muitas empresas não estavam
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O TRABALHO REMOTO DURANTE A PANDEMIA VANTAGENS E DESVANTAGENS
preparadas para a modalidade de trabalho remoto, o que resultou em uma
expressiva quantidade de respostas desfavoráveis a essa necessidade. Com a
possibilidade de uma continuação da modalidade após a pandemia por parte de
algumas empresas, essa é uma das questões a ser levada em consideração por
parte dos gestores, uma vez que a disponibilidade de equipamentos é um requisito
fundamental para o sucesso do trabalho remoto (MELLO, 1999; NILLES, 1997;
TREMBLAY, 2004).
Para identificar as percepções dos respondentes em relação às condições
de trabalho, classificando-as em vantagens ou desvantagens, foram elaboradas
questões com resposta única, baseada no diferencial semântico com três pontos,
entre ruim, indiferente e bom. Dessa forma, o Gráfico 17 demonstra a percepção
sobre não precisarem se deslocar todos os dias entre casa e trabalho e vice-versa.
Gráfico 17 - Não precisar deslocar de casa para o trabalho e vice-versa
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme o Gráfico 17, aproximadamente 60% dos respondentes
consideram como bom o fato de não precisar se deslocar de casa para o trabalho e
vice-versa, enquanto para 40% foi algo indiferente e nenhum respondente indicou
ser um aspecto ruim. Considerando o tempo necessário para o deslocamento, o
gasto com o transporte e a economia com combustíveis, esse é um fator muito
relevante, até mesmo para contribuir com a diminuição da emissão de gás carbônico
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gerado por veículos além de que, conforme Mello (1999), tende a reduzir o
absenteísmo.
Gráfico 18 - Não ter preocupação com a roupa ou aparência
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Sobre não ter preocupação com a roupa ou aparência, durante o trabalho
remoto (Gráfico 18), 67% dos respondentes consideram como um aspecto bom,
enquanto 33% responderam como indiferente e nenhum identificou como aspecto
ruim. A pesquisa de Bridi et al. (2020) aponta que a maioria (58,61%) dos
respondentes concordam que essa falta de preocupação é um aspecto vantajoso.
Gráfico 19 - Poder passar mais tempo com a família
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
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Conforme o Gráfico 19, para 60% dos respondentes, poder passar mais
tempo com a família durante o trabalho remoto é/foi algo bom, enquanto para 40%
foi considerado algo indiferente e nenhum dos respondentes identificou como
aspecto ruim. Resultado aproximado foi obtido na pesquisa de Bridi et al. (2020),
sendo que, naquela pesquisa, a maioria (50,44%) dos respondentes concordou que
esse foi um aspecto vantajoso durante o trabalho remoto, Mello (1999) já afirmava
que este benefício reduz o stress dos trabalhadores.
Em relação a lidar com menos pessoas ao redor (Gráfico 20), 53% dos
respondentes consideram como algo bom, 20% responderam como ruim esse fator.
A maioria apontou como vantajoso o fato de poder executar as atividades
profissionais em um ambiente com menos pessoas ao redor, resultado diferente do
obtido na pesquisa realizada por Bridi et al. (2020), pois naquela pesquisa, apenas
21,85% dos respondentes concordaram que esse foi um aspecto vantajoso.
Gráfico 20 - Lidar com menos pessoas ao redor
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme o Gráfico 21, a maioria (53%) dos respondentes considerou como
indiferente o fato de terem um menor controle por parte dos superiores durante o
trabalho remoto, 40% consideraram bom enquanto que apenas 7% consideraram
como ruim.
Gráfico 21 - Ter um menor controle por parte dos superiores
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Fonte: Dados da pesquisa (2021)
Gráfico 22 - A falta de contato pessoal com colegas de trabalho
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Quanto a falta de contato pessoal com colegas de trabalho (Gráfico 22), 46%
dos respondentes consideram como algo ruim, para 17%, foi algo bom. Na pesquisa
de Bridi et al. (2020), a maioria (60,55%) dos respondentes também indicou que
esse fator teve aspecto desvantajoso. Ressalta-se que essa falta de contato pessoal
tem relação com o sentimento de isolamento que tende a levar o teletrabalhador a
não compartilhar os mesmos valores da empresa, o que é ainda mais desvantajoso
(TREMBLAY, 2004).
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Gráfico 23 - Ter que tomar suas próprias decisões
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme o Gráfico 23, sobre a necessidade de tomar suas próprias
decisões durante o trabalho remoto, 37% dos respondentes afirmaram ser um
aspecto bom, enquanto 43% responderam como indiferente e 20% afirmaram como
ruim esse fator. Esse resultado está similar ao identificado na pesquisa de Bridi et al.
(2020), conforme consta no Gráfico 1, sendo observado que a minoria dos
respondentes indicou ser ruim a questão de ter que tomar suas próprias decisões.
Gráfico 24 - Receber demandas de trabalho em qualquer horário e dia da semana
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
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Conforme o Gráfico 24, 53% dos respondentes consideram como ruim o fato
de receberem demandas de trabalho em qualquer horário e dia da semana durante
o trabalho remoto, enquanto 17% responderam como bom esse fator. De acordo
com a pesquisa conduzida por Bridi et al. (2020), conforme o Gráfico 1, observa-se
que esse é um aspecto apontado como ruim para 42,05% dos respondentes,
devendo ter atenção por parte dos gestores.
4.3. Análise das Diferenças entre as Variáveis
A seguir é apresentado o resultado da análise do Qui-Quadrado, para
verificar se há diferença nas respostas a cada um dos itens, em função das
variáveis: gênero; faixa etária; estado civil; área de atuação; setor de atuação; e
tempo de atuação.
Conforme pode ser observado na Tabela 1, considerando o nível de
significância de 0,05, houve diferença estatisticamente significante em apenas três
respostas: gasta/gastou mais tempo na realização de tarefas profissionais rotineiras,
por gênero (0,036); poder passar mais tempo com a família, é/foi algo bom, por faixa
etária (0,036) e a flexibilidade de horários é/foi vantajosa para seu dia a dia, por
tempo de atuação (0,035).
Tabela 1 – Análise de diferenças nas respostas com destaque para os itens com
diferença.
Questões Gênero Faixa
etária
Estado
civil
Área Setor Tempo
atuação
Adequação do local de trabalho 0,289 0,394 0,645 0,620 0,276 0,359
Flexibilidade de horários 0,638 0,502 0,943 0,422 0,094 0,035
Aumento de interrupções 0,460 0,450 0,269 0,097 0,383 0,398
Dificuldade em separar atividade
profissional e vida familiar
0,636 0,828 0,504 0,970 0,569 0,103
Dificuldade em utilizar seu
computador e softwares de trabalho
0,231 0,161 0,676 0,202 0,075 0,528
Tempo gasto na realização de tarefa 0,036 0,147 0,257 0,881 0,594 0,291
Dificuldade em manter a disciplina 0,398 0,416 0,559 0,676 0,248 0,157
Necessidade de equipamentos
adequados ou modernos
0,187 0,428 0,432 0,515 0,093 0,232
Não precisar deslocar de casa para o
trabalho e vice-versa
0,429 0,082 0,804 0,537 0,630 0,333
Não ter preocupação com a roupa ou
aparência
0,784 0,570 0,197 0,887 0,548 0,600
Poder passar mais tempo com a
família
1,000 0,036 0,804 0,933 0,029 0,636
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Eduardo Matheus Cisz e Marcia de Souza Bronzeri
O TRABALHO REMOTO DURANTE A PANDEMIA VANTAGENS E DESVANTAGENS
Lidar com menos pessoas ao redor 0,519 0,176 0,659 0,250 0,475 0,816
Menor controle por parte dos
superiores
0,105 0,286 0,831 0,260 0,438 0,708
A falta de contato pessoal com
colegas de trabalho
0,866 0,241 0,707 0,865 0,700 0,316
Ter que tomar suas próprias
decisões
0,622 0,899 0,826 0,584 0,635 0,591
Receber demandas de trabalho em
qualquer horário e dia da semana
0,936 0,113 0,664 0,363 0,191 0,701
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Diante da indicação de haver diferença estatisticamente significativa sobre: a
flexibilidade de horário, por tempo de atuação; o tempo gasto na realização de
tarefas, por gênero; e o poder passar mais tempo com a família, por faixa etária, a
seguir são analisadas as respostas a esses itens, por esses grupos.
Conforme o Gráfico 25, apenas respondentes do gênero feminino
concordaram totalmente com essa questão, o que gerou um total de 40%, aos quais
se acrescentam 20% que concordaram parcialmente, enquanto metade dos
respondentes do gênero masculino discordaram sobre gastar mais tempo para a
realização de atividades profissionais durante o trabalho remoto. Esse resultado
pode estar relacionado ao fato de que as mulheres, em geral, desempenham mais
atividades domésticas do que os homens, o que pode interferir no desenvolvimento
das atividades em trabalho remoto.
Gráfico 25 - Maior gasto de tempo na realização de atividades, por gênero
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
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De acordo com o Gráfico 26, os respondentes que afirmaram trabalhar em
ONGs e setores representados por “outro”, foram unânimes sobre serem
indiferentes em relação ao fato de poder passar mais tempo com a família durante o
trabalho remoto, 75% dos respondentes relacionados ao setor público e 71% do
setor privado concordaram em ser um aspecto bom esse fator. Nenhum dos setores
registrou alguma resposta correspondente ao aspecto ruim. Na pesquisa realizada
por Bridi et al. (2020), observou-se como termos centrais “filhos”, “casa” e “aula”,
relacionados aos respondentes do setor público, que tiveram maior percepção de
vantagem quanto à flexibilidade de horários pela possibilidade de cuidar da família e
filhos durante o trabalho remoto.
Gráfico 26 - Poder passar mais tempo com a família, por setor de atuação
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Conforme o Gráfico 27, os respondentes com tempo de atuação no
cargo/função entre 1 ano ou menos e entre 1-2 anos foram os que mais
concordaram totalmente sobre a flexibilidade de horários ser vantajosa, com 41% e
67% das respostas, respectivamente.
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Os respondentes que possuem entre 2-5 anos e aqueles com mais de 5
anos no cargo/função foram os que mais discordaram sobre a flexibilidade de
horários ser um aspecto vantajoso. Cada grupo apresentou 50% de discordância
parcial, e mais 50% do grupo com mais de 5 anos no cargo/função indicaram 50%
de discordância total, representando que todos os respondentes com mais de 5 anos
no cargo/função discordam, em alguma medida, que a flexibilidade de horários seja
vantajosa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste estudo foi identificar as vantagens e desvantagens do
trabalho remoto durante a pandemia de COVID-19, para jovens trabalhadores,
estudantes. Os fatores apontados como principais vantagens para os respondentes
foram: sentir mais à vontade por não precisar se preocupar tanto com a roupa ou
aparência; trabalhar em locais que achavam adequados e confortáveis para sua
rotina de trabalho remoto; viram a flexibilidade de horários como um dos fatores
mais benéficos para o dia a dia; assim como a não necessidade de deslocamento
todos os dias de casa para o trabalho e vice-versa, seja por questões de otimização
de tempo, gastos com combustíveis ou transportes coletivos, etc.; e por poderem
passar mais tempo com a família.
Os fatores mais indicados como desvantagens durante o trabalho remoto
foram: a falta de equipamentos adequados ou modernos, tais como computadores,
impressoras, etc.; o recebimento de demandas de trabalho em qualquer horário e
dia da semana enviada pelos superiores; a dificuldade em separar as atividades
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profissionais e a vida familiar; e a falta de contato pessoal com colegas de trabalho,
que poderiam ajudá-los tanto nas questões profissionais quanto nas pessoais.
Observou-se diferença, na amostra, entre as respostas sobre: a) maior gasto
de tempo na realização de atividades, por gênero, sendo que as respostas do grupo
feminino apresentaram 60% de concordância, em algum nível; b) poder passar mais
tempo com a família, por setor de atuação, sendo que nos setores público e privado,
a maioria dos respondentes indicou ser um ponto positivo, enquanto que a totalidade
dos respondentes de ONGs e outros setores indicaram ser um aspecto indiferente;
c) flexibilidade de horários, por tempo de atuação no cargo/função, sendo que o
maior percentual de respondentes com menos tempo de atividade (até 2 anos)
indicou ser uma vantagem, enquanto que, para o grupo com mais tempo de
atividade (acima de 5 anos) todos os respondentes indicaram, em alguma medida,
ser uma desvantagem.
Entende-se que, com a experiência obtida com o trabalho remoto, algumas
empresas promovam a continuidade dessa modalidade de trabalho, ainda que
parcialmente. Assim, há aspectos evidenciados na presente pesquisa, a serem
considerados pelas empresas, de forma a potencializar as vantagens e eliminar (ou,
pelo menos, reduzir) as desvantagens do trabalho remoto.
Uma das limitações do presente estudo foi o reduzido número de alunos
teletrabalhadores respondentes. Apesar disso, entende-se que os resultados obtidos
possam contribuir para o conhecimento sobre o trabalho remoto e pontos a serem
melhorados para o sucesso dele.
Como sugestão para pesquisas futuras, indica-se a replicação dessa
pesquisa para profissionais com maior tempo de atuação e faixas etárias maiores.
Para aprofundar o conhecimento sobre as vantagens e desvantagens do trabalho
remoto, uma pesquisa qualitativa torna-se oportuna, de forma a contemplar aspectos
que possam não ter sido explorados nesta pesquisa. Também se torna oportuno
realizar pesquisa sobre as vantagens e desvantagens do trabalho remoto na
perspectiva dos gestores.
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