O POLÍTICO E A NÃO-EVIDÊNCIA DO SENTIDO: EFEITOS DA FALHA, DO EXCESSO E DO ESTRANHAMENTO EM AULAS DE LEITURA

Vânia da Silva

Resumo


A partir da compreensão da linguagem como lugar constitutivo da falha e de múltiplas contradições, o discurso se coloca como um ritual de linguagem, constituído em meio a estranhamentos e apagamentos de sentidos, entre o excesso e a falha. Há, assim, uma incompletude marcada pela repetição e pelo apagamento, dimensões de um mesmo dizer. No que tange à constituição de sentidos no contexto escolar, a linguagem não é, contudo, assumida desta maneira, haja vista que, por meio da ação docente e de práticas formativas e de consolidação leitoras, processos de estar “no sentido” são apagados. Consolida-se, portanto, uma única prática leitora cuja engrenagem funciona pelo efeito de verdade posto pelo professor e pelo livro didático de língua materna e antes mesmo por formações discursivas que estabelecem dados funcionamentos. Pautado por estes dilemas, a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso francesa pêcheutiana, problematiza-se a compreensão discursiva como um ritual sujeito a falhas. Para tanto, delineia-se, em meio a conjunção verbal e imagética de fotomontagens da Copa do Mundo de Futebol 2014, uma proposta de leitura, apontando para caminhos possíveis na consolidação do ensino de leitura sob as bases da linguagem em funcionamento. Neste sentido, a teoria pêcheutiana revela-se produtiva na análise de textos, visto que aponta para funcionamentos discursivos e não apenas para seu efeito final, possibilitando compreensão mais ampla e produtiva de processos de leitura e dos efeitos de sentidos por elas gestados a partir de condições de produção específicas em um espaço democrático como o da internet.

Palavras-chave


Análise de Discurso; leitura; político; estranhamento.

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