A ARGUMENTAÇÃO E A PAIXÃO NO DISCURSO DO DEPUTADO MARCO FELICIANO

Guilherme Beraldo de Andrade, Debora Raquel Hettwer Massmann, Tatiana Barbosa de Sousa

Resumo


O presente trabalho pretende analisar a estrutura retórica e argumentativa do discurso de um líder religioso enquanto também ocupante de um cargo político eleitoral. Em um regime democrático laico, fundamentado em sufrágios universais pontuais, lideranças das mais diversas religiões e crenças vêm alcançando o cargo público de deputado federal no Brasil à despeito de votação expressiva de seus fiéis e seguidores. A compreensão desse fenômeno contemporâneo brasileiro qualifica a análise da atuação das lideranças religiosas na expressão de seus discursos. O corpus deste trabalho é constituído pelo discurso do deputado e pastor Marco Feliciano em sua participação no Programa (on-line) “Poder e Política”, projeto do portal UOL e do jornal Folha de São Paulo. Nessa entrevista o deputado trata de temas polêmicos com os quais a sua figura passou a ser associada, como a homofobia e o racismo, amparando suas afirmações em textos bíblicos e religiosos. A análise da argumentação por ele utilizada possibilita o estudo da eficácia persuasiva do discurso frente aos auditórios particular e universal. O texto foi interpretado considerando-se a linha de pesquisa da Argumentação e Retórica, suportada nos trabalhos de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Meyer (1994), Aristóteles (2005) e Reboul (2000) que determinam a questão do aspecto argumentativo apresentado em sua construção. De igual forma, foram observados os conceitos das paixões na linha proposta por Greimas e Fontanille (1993) a fim de aproximar os estudos semióticos aos da retórica. Através de uma revisão bibliográfica identificamos que os posicionamentos do orador não se definem tecnicamente, atribuindo-lhe um ethos de representação, quase um personagem, ou, em outras palavras, um ícone pop. Não interessa mais o mérito da resposta, mas sim a evidência do orador em função da mesma. Se auto proclamar conhecido por suas posições determina a formalização de um ethos controvertido e a predominância da paixão da vaidade.


Palavras-chave


religião; política; retórica; paixões; semiótica

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