Tia Júlia e o escrevinhador

Mauro André Moura de Lima

Resumo


A hermenêutica do si em Paul Ricoeur é um percurso de busca identitária, uma busca do sujeito em si mesmo como elemento inacabado e, portanto, uma entidade reflexiva atemporal que se redescobre através da narrativa. Essa busca do sujeito per si, da descontinuidade, do diverso, que encontra na ficção um espelho, faz do processo literário um reflexo de seu mundo interior. A interpretação do si é mediada pela reflexão da ação, essa ação predispõe uma linguagem, uma vez que é narrando que o sujeito se constrói e é construído. Partindo deste pressuposto, a narração do si tem um papel de extrema relevância, pois reflete através das palavras o ser, o eu mesmo. Neste processo filosófico as escrituras do eu buscam uma mediação entre o possível e o ficcional. Mas fica uma pergunta no ar. Quem é este sujeito autorreferencial que se narra, que se constrói? Ricoeur dispensa à pergunta um juízo de valor sobre o tempo. Neste, constrói sua aporia apoiada na premissa de que o sujeito é construído pela e a partir da sua história. A história formará o caráter, a ética e a moral desse ser. Só existe identidade quando preteritamente faz-se valer de um tempo narrado. 

DOI: 10.5935/2179-0027.20180004


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