“Para além daquelas treliças”: O sujeito-marionete no romance Há quem prefira Urtigas (TANIZAKI, 2003)

Davi Gonçalves

Resumo


Imersos, desde o nascimento, na forma de vida particular que apreendemos do seio de uma família, comunidade, nação etc., reféns também somos da insistente tentativa de libertar-nos dessa pré-identidade assimilada – na busca por tornar-nos, enfim, indivíduos autônomos. Tendo isso em vista, investigo, neste texto, se e de que forma o núcleo central do romance Há quem prefira urtigas (2003), de Junichiro Tanizaki, re-desenvolve a questão das identidades como transitórias entre aquilo que a tradição japonesa pré-dispõe e aquilo que o mundo moderno parece oferecer. Minha hipótese é a de que o conflito representado pelos personagens que vivem entre suas obrigações sociais e liberdades pessoais é rearticulado metaforicamente pela recorrente imagem do teatro de bonecos, que surge em distintos momentos da narrativa, aparentemente de maneira inócua. Os resultados da pesquisa apontam para o fato de que o pano de fundo fantástico do teatro de bonecos, esse país de conto de fadas, pode ser entendido como molde e moldador de sua sociedade, uma rearticulação artística dela – como, inclusive, é a própria literatura.


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