UMA POÉTICA DAS VOZES SILENCIADAS: POLIFONIA E FRAGMENTAÇÃO EM “DOCUMENTÁRIO”, DE IVAN ÂNGELO

Silvia Niederauer, Ernani Hermes

Resumo


A aproximação entre a narrativa literária e a História se estabelece, dentre outros pontos, entre as fronteiras discursivas que aproximam e, ao mesmo tempo, afastam esses dois discursos. Isto posto, objetivamos, nesse trabalho, analisar o conto “Documentário”, do livro A Festa(1976), escrito pelo ficcionista brasileiro Ivan Ângelo. A partir do eixo ficção e História, o intento é entender como a organização da linguagem – polifonia e fragmentação da forma – e o mote para a criação literária – a Ditadura Militar –resgatam vozes históricas e, assim, promovem uma leitura “a contrapelo” da História recente do Brasil. Ao mesclar a linguagem jornalística com a literária surge o tom polifônico e fragmentário da narrativa. Daí emerge uma poética que ressignifica as vozes silenciadas pela violência e pelo autoritarismo daquele período e que estariamcondenadas ao esquecimento se não fossem resgatadas pela narração. A fim de construirmos um dispositivo de análise para as questões supracitadas, revisitamos a concepção de Mikhail Bakhtin sobre polifonia e a teoria da narração de Walter Benjamin.


Palavras-chave


Ivan Ângelo; Literatura e História; Polifonia.

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