Aprisionando sentidos: A produção de glossários pela polícia civil do estado do Tocantins

Wanderson Chaves de Queiroz, José Edicarlos de Aquino

Resumo


 O presente artigo tem como objetivo explanar o processo de produção de glossários com palavras e expressões concebidas como próprias de organizações criminosas pela Polícia Civil do Estado do Tocantins, mostrando como essas ferramentas gozam de valor jurídico pela especificidade ser uma peça de relatórios de investigação policial e auxiliar na produção de provas. Os glossários são tomados como instrumentos linguísticos na perspectiva da História das Ideias Linguísticas, numa discussão sobre sua produção e funcionamento ao longo da história, apontando-se como eles se desenvolvem a partir do desenvolvimento da escrita e emergem na Idade Média a partir de glosas inseridas em textos. Por fim, discute-se a questão do sentido e da ideologia na seleção e definição do léxico da língua, concluindo-se que, embora os glossários policias tentem aprisionar sentidos para atividades criminosas, significando sujeitos específicos como bandidos pela forma como falam, o sentido é sempre móvel e polissêmico, o que põe em xeque o valor probatório dos glossários de investigação policial.


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