POLITICAMENTE (IN)CORRETO GESTOS INTERPRETATIVOS INVESTIDOS PELOS SUJEITOS EM DUAS VERSÕES DA CANÇÃO POPULAR INFANTIL “O CRAVO E A ROSA”

Neosane Schlemmer

Resumo


Neste trabalho, filiado à Análise de Discurso de matriz francesa, objetivamos refletir acerca dos gestos interpretativos investidos pelos sujeitos-cantores/compositores de duas versões da canção infantil “O Cravo e a Rosa”. Desse modo, buscamos relacionar o sentido com o funcionamento da memória discursiva, a qual possibilita e fundamenta todo o dizer na sociedade e na história, sendo ela constitutiva da língua, em que se (re)produzem sentidos pela retomada de já-ditos. Ao lançar nosso gesto interpretativo sobre a versão de “O Cravo e a Rosa”, de Rubinho do Vale/Domínio Público e, também, sobre sua reescrita, desenvolvida por Isaque Folha, é possível explicitar que o sujeito-cantor da primeira versão se inscreve em uma formação discursiva (FD) patriarcal e posição-sujeito machista, que reproduz um discurso violento contra a mulher. Acerca do gesto de leitura investido pelo sujeito-cantor/compositor da releitura, em que ele retoma dizeres já-ditos, consideramos que ele acaba por reforçar o que já estava legitimado na versão original, sem alterar significativamente os sentidos já postos.

Palavras-chave


Canção popular infantil. Análise do Discurso. Efeitos de sentido.

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