DEMOCRACIA, PARRHESÍA E CORAGEM DA VERDADE: HÁ VIDA INTELIGENTE NAS MASSAS?

João Kogawa

Resumo


Em 1984, Foucault ministrou um curso no Collège de France dedicado à parrhesía. As aulas foram publicadas posteriormente e traduzidas no Brasil sob o título A coragem da verdade. Neste artigo, propomos um roteiro de leitura da primeira hora da aula de 08 de fevereiro de 1984. Após descrever e interpretar alguns pontos da aula em consonância com o curso do ano anterior – publicado sob o título O governo de si e dos outros –, concluímos que, mais do que analisar a mutação na noção de parrhesía, o percurso foucaultiano pela estética, pela filosofia e pela retórica política delineia caminhos para uma arquegenealogia do discurso filosófico. Se, não raro, a origem da filosofia é considerada fruto da busca pela razão, em A coragem da verdade somos provocados a pensar que essa busca, muito mais que puramente racionalista, foi também política. O discurso filosófico responde, nesse sentido, às demandas sociopolíticas da democracia ateniense da virada do século V a.C. para o século IV a.C.

Palavras-chave


Arqueologia do saber. Discurso. Estética. Filosofia. Retórica.

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