GENEALOGIA DO ESTUDO DA PARRESÍA: AS MODALIDADES DE VERIDICÇÃO

Denise Gabriel Witzel, Vanice Maria Oliveira Sargentini

Resumo


Considerando, prioritariamente, a aula de 1º de fevereiro de 1984 do último curso de Michel Foucault no Collège de France – “A Coragem da Verdade: O Governo e Si e dos Outros”, propomo-nos apresentar o impulso inicial desse curso que trata da noção de parresía recuperada da cultura greco-latina, ou seja, da coragem de o sujeito dizer a verdade como condição de possibilidade para uma atitude ética. Após destacarmos os principais deslocamentos que Foucault realizou ao longo de seus estudos e de situarmos suas inquietações acerca do governo de si e dos outros, discorremos sobre a parresía focalizando o outro – o interlocutor – no jogo parresiástico e sobre a diferença entre a arte retórica e a parresía; apresentamos, na sequência, as quatro modalidades de dizer a verdade: a profética, a da sabedoria, a pedagógica e, por fim, a da parresía. Finalmente, considerando a possibilidade de a parresia existir, nos nossos dias, de modo enxertado nas outras três modalidades, analisamos um acontecimento discursivo, mais precisamente a coragem da verdade de Ivone Gebara, uma mulher, freira, teóloga, filósofa e feminista que se manifestou publicamente a favor da descriminalização do aborto, assumindo os riscos pessoais e sociais de sua fala franca.

Palavras-chave


Coragem da verdade; Estudos Discursivos Foucaultianos; discurso parresiástico

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