O imaginário em torno do sujeito surdo na constituição dos dicionários de língua brasileira de sinais

Elenir Guerra, Célia Bassuma Fernandes

Resumo


Este artigo discute o imaginário em torno do sujeito surdo na constituição dos dicionários de Libras publicados em 2001 e 2009, a partir das designações ‘informante’ e ‘colaborador’. Com base na Análise de Discurso de linha francesa, articulada à História das Ideias Linguísticas, o estudo analisa como essas designações inscrevem o sujeito surdo em diferentes posições discursivas, atravessadas por formações ideológicas específicas. Ao interpretar recortes dos elementos pré-textuais sobre as equipes editoriais das duas obras, observa-se que os sentidos atribuídos aos sujeitos surdos são historicamente determinados e refletem disputas em torno da autoria e da legitimidade do saber sobre a Libras. A análise mostra que, embora o deslocamento da designação de ‘informante’ para ‘colaborador’ represente uma tentativa de valorização simbólica da participação surda, ainda persiste a desigualdade na constituição do conhecimento lexicográfico. O trabalho propõe uma reflexão crítica sobre a forma de designar o surdo do sujeito-surdo no processo de gramatização da Libras.

Palavras-chave


Sujeito Surdo; Designação; Autoria; Análise de Discurso; Dicionários de Libras

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