SOBRE "OPOSITORES NEUTRALIZADOS" E "NARCOTERRORISTAS": O DISCURSO DO ESTADO E SUAS PRÁTICAS DE NOMEAÇÃO E PERPETUAÇÃO DA VIOLÊNCIA

FABIELE STOCKMANS DE NARDI, FABIANA FERREIRA NASCIMENTO DE SOUZA

Resumo


Partindo dos escritos de Pêcheux ([1975] 1997), este trabalho toma como corpus o Ofício eletrônico de nº 22857/2025, que versa sobre a “operação de contenção” realizada em 28 de outubro de 2025 em dois complexos de favelas no Rio de Janeiro, com vistas a pensar nos processos de nomeação e sua consequente vinculação com a criação de tipos penais que poderiam resultar na autorização legal para que uma nação estrangeira (EUA) interviesse política, bélica e economicamente no Brasil. Presentes no Ofício eletrônico de nº 22857/2025, os nomes “opositores neutralizados” e “narcoterroristas” fazem parte de uma maquinaria que os faz funcionar como um salvo-conduto por meio do qual se autoriza a perpetuação da violência e da dominação estrangeira no Brasil.



Palavras-chave


análise do discurso; nomeação; opositores neutralizados; narcoterroristas

Texto completo:

PDF

Referências


ALTHUSSER, Louis.[1970] Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.

BATISTA, Vera Malaguti. O medo na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

DORNELES, Elizabeth Fontoura. Memória, linguagem e história no Festival Nativista.Organon, Porto Alegre, v. 35, 39-48, 2003.

INDURSKY, Freda. O teatro do grotesco como cenário de desconstrução do Brasil. Revista da Abralin, [S. l.], v. 19, n. 3, p. 365-388, 2020.

LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

Nota do PolCrim - Massacre da Penha e Alemão - Outubro de 2025. www.ifch.unicamp.br, 3/11/2025, disponível em: http//www.ifch.unicamp.br/noticias/147243, acesso em: 29/11/2025)

ORLANDI, Eni. Por uma teoria discursiva da resistência do sujeito. In. ___. Discurso em análise: sujeito, sentido, ideologia. Campinas, SP: Pontes, 2012, p. 213-234.

PÊCHEUX, Michel. [1975] Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3 ed. Campinas, SP: editora da Unicamp, 1997.

PÊCHEUX, Michel. [1975] Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 4 ed. Campinas, SP: editora da Unicamp, 2009.

PÊCHEUX, Michel. [1969] Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Organizadores: Françoise Gadet; Tony Hak. 4 ed. Campinas, SP: editora Unicamp, 2010.

PÊCHEUX, Michel. [1969] Por uma análise automática do discurso. Campinas, SP: Pontes, 2019.

SOUZA, Fabiana Ferreira Nascimento de. Diz-me como me chamas que te direi quem és: formações discursivas em confronto nos modos de dizer o Camponês e sua luta nos periódicos Liga e Diario de Pernambuco / Fabiana Ferreira Nascimento de Souza. – Recife, 2021.

TESHAINER, Marcus Cesar Ricci. Desumanização e política - análise da política contemporânea a partir da aproximação de Agamben com a psicanálise/ Marcus Cesar Ricci Teshainer. Tese (Doutorado) - Doutorado em ciências sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, p. 144. 2011.

TODOROV, Tzvetan. Diante do extremo. 1 Ed. São Paulo: Unesp Digital, 2017

VENTURA, Zuenir. A cultura da violência. In. AGUIAR, L. A.; SOBRAL, M. Para entender o Brasil. São Paulo: Alegro, 2001, p. 345-356.

ZOPPI-FONTANA, Mônica. G. É o nome que faz fronteira. In: INDURSKY, Freda; LEANDRO FERREIRA, Maria Cristina. (org.) Múltiplos territórios da Análise do Discurso. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999, p. 202-215.