DO TRONCO AO POSTE : IMAGENS EM MOVIMENTOS – A (DES)NATURALIZAÇÃO DE UMA RELAÇÃO CONSTITUTIVA CIDADE E VIOLÊNCIA

Marilda Aparecida Lachovski de França

Resumo


Na perspectiva da Análise de Discurso postulada por Michel Pêcheux na França, à qual nos filiamos na escrita deste trabalho, os sentidos não estão presos às palavras, antes sim, são sempre produzidos em determinadas condições de produção e não outras, portanto, sempre possíveis de serem outros. Assim, tratamos aqui, como corpus, da imagem de capa do jornal Extra, veiculada e postada na rede social Facebook, em 2015. A ênfase é dada à justaposição de duas imagens que mantém entre si a recorrência de prisão, punição e castigo nos centros urbanos, no entanto, a primeira – de Debret – é do século XIX, e a segunda, do século corrente. Trabalhamos, neste sentido, não com as imagens isoladas, mas na relação entre elas, num efeito de totalidade, no qual a primeira retorna e ressoa na segunda, produzindo sentidos outros, encontro do mesmo e do diferente. Situamos a língua como entrada para o discurso e, portanto, elegemos como objeto o discurso sobre o linchamento no espaço urbano sendo que, em princípio, entendemos tais eventos como cenas de violência inscritas na história como fatos ocorridos, e, pelo discursivo, enquanto discursividade, já que funcionam neles as condições de produção, a ideologia, o inconsciente e a memória e por isso nos filiamos ao aporte teórico da Análise de Discurso. As imagens, no funcionamento de suas textualidades, carregam em suas margens, uma pluralidade de sentidos, de história e memória que, por sua vez, compõem, sob nosso ponto de vista a sua própria constituição e atravessam os gestos de interpretação aos quais estão abertas como indício, como discurso. Imbuído na sua tentativa de compreensão e dizer tudo de e sobre as mesmas, o sujeito assume uma posição, entre outras. A memória nacional brasileira, sob nosso ponto de vista, se faz e se desdobra entre a necessidade e o apagamento do passado escravocrata, por um lado como um trauma a ser superado e por outro como indício de culpa e de responsabilidade por esse mesmo passado, na urgência do retorno, revendo e refletindo sobre as heranças desse processo.


Palavras-chave


Sujeito; Língua; Discurso; Memória.

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