DISCURSO E MEMÓRIA DE UMA MULHER DESOBEDIENTE EM CARTA À RAINHA LOUCA

Denise Gabriel Witzel, Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira

Resumo


Este artigo interroga, na interface entre Língua e Literatura, os modos de subjetivação do sujeito mulher na obra de Maria Valéria Rezende, Carta à Rainha Louca. Deparamo-nos nessa obra com o discurso – Escrita de si – de Isabel das Santas Virgens, presa no convento do Recolhimento da Conceição de onde escreve uma extensa carta à rainha Maria I, conhecida como a Rainha Louca. Ao clamar por justiça, ao tempo em que denuncia as arbitrariedades que atingiam sobretudo as mulheres, os escravos e os mais vulneráveis no Brasil do final do século XVIII, a narradora expõe, sobretudo, a situação da mulher que ousava desafiar os poderes. Focalizamos a relação incontornável entre língua, história e memória, à luz dos pressupostos dos Estudos Discursivos Foucaultianos e dos Estudos Culturais, dando ênfase aos anseios de liberdade de uma mulher desobediente, materializados numa Escrita de si, tendo em conta que a desobediência é uma resistência ética e que a literatura possibilita novos caminhos, multiplica perspectivas que compõem o entendimento que tecemos diante dos acontecimentos do passado e do presente - e torna-se, então, um espaço de elasticidade no qual a História se atualiza, via memória, e se (re) constrói.


Palavras-chave


discurso literário, Escrita de si, História das Mulheres

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