Francis Bacon: Uma leitura materialista

Gustavo Luiz Telles, Nádia Regia Maffi Neckel

Resumo


Este artigo apresenta uma análise materialista da pintura "Painting" (1946) de Francis Bacon, examinando a obra de arte em seu contexto histórico, sociopolítico e ideológico. A arte de Bacon, caracterizada por deformações, mutilações e aberrações, é um radical afastamento dos padrões normativos. Através de suas representações de corpos desviantes, Bacon desafia e resiste às normas estabelecidas pela sociedade. Apoiando-se em teorias de Michel Pêcheux, Louis Althusser, Gilles Deleuze, Emmanuel Alloa e outros, a análise explora como a arte de Bacon se envolve com as forças sociais e ideológicas que moldam e controlam os corpos. O artigo considera o corpo como uma representação material do discurso, destacando como a obra de Bacon perturba a "estrutura implacável" das expectativas heteronormativas. Ao examinar os elementos visuais da pintura e seu contexto histórico, a análise revela como a arte de Bacon reflete o trauma e a devastação do pós-Segunda Guerra Mundial. O artigo argumenta que a obra de Bacon não é apenas uma representação de distorções físicas, mas uma exploração da condição humana, desafiando os espectadores a confrontar as duras realidades de seu tempo.

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