DA PARRESIA CÍNICA DO VIS-A-VIS À PARRESIA AMBÍGUA NOS TEXTOS PATRÍSTICOS: DO CUIDADO DE SI À NEGLIGÊNCIA CONSIGO MESMO

Roselene de Fatima Coito

Resumo


Objetiva-se apresentar uma releitura da Aula de 28 de março de 1984, para pensar com Foucault sobre “o dizer a verdade” no momento presente. Parte-se dos estudos sobre o uso e a evolução do termo ‘parresia’ dos cínicos aos primeiros textos pré-cristãos, neotestamentários até os textos patrísticos. O Cristianismo marca-se, a partir do século IV ao V, pela clivagem da noção e uso do termo ‘parresia’. De um lado, o polo parresíastico - face a face com Deus -, pautado no exame de si para decifrar a forma primeira da alma. É a coragem de manifestar a ‘verdade’ mesmo sofrendo martírio. Por outro, o desenvolvimento da antiparresia, a relação com a verdade só pode ser estabelecida por meio da obediência e temor a Deus e intermediada pelas estruturas de autoridade, a conduta das almas confiada aos pastores, padres, bispos. Assim temos a parresia de confiança arrogante e negligente para consigo mesmo, praticada em discursos vãos com a ausência devida do respeito aos outros.

Palavras-chave


parresia;cinismo; pré-cristianismo; história do presente

Texto completo:

PDF