RACIALIDADE E SILÊNCIO: A EXCLUSÃO DA COR NO CENSO BRASILEIRO (1970-1979)

Ana Paula Pereira Ferreira

Resumo


Este trabalho analisa os discursos presentes nas notícias veiculadas em periódicos do estado do Paraná nas décadas de 1970 e 1979 acerca da exclusão da categoria “cor” nos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir da Análise de Discurso Materialista (AD), busca-se compreender como esse gesto discursivo contribuiu para reforçar a ideologia da democracia racial, promover o apagamento das desigualdades raciais e tensionar a identificação racial no Brasil. A ausência da categoria “cor” não é compreendida como decisão autônoma e sem, mas como prática política e ideológica vinculada ao cenário da ditadura civil-militar (1964-1985), que pretendia projetar a imagem de uma nação homogênea e em progresso. De acordo com Munanga (2024), a mestiçagem foi elevada no Brasil a um “mito fundador da identidade nacional”, funcionando como discurso ideológico que esconde e naturaliza as desigualdades raciais. Essa operação se sustenta em categorias deslizantes, que, segundo Gonzalez (2020), conferem ao negro um lugar subalternizado sob a aparência de integração cordial.

Palavras-chave


Negritude; Negro; Moreno; Censo 1970; Cor.

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