La Palice e Münchhausen entram em um bar: o óbvio e o absurdo no ordinário do sentido

Rodrigo Oliveira Fonseca

Resumo


O presente artigo destaca e explora alguns temas caros de Les vérités de la Palice, de Michel Pêcheux, articulando-os com processos discursivos que transitam entre o óbvio e o absurdo. É analisada a tentativa falhada de uma modalização autonímica, seguida pela análise de duas orações relativas que podem funcionar como explicativas ou determinativas. É feita a discussão do caráter aberto e inconcluso do empreendimento teórico e analítico de Michel Pêcheux. Depois, é esmiuçada a forte autocrítica que o autor faz da figura de um sujeito plenamente identificado pela interpelação da ideologia dominante burguesa tal como apresentada no seu livro de 1975. O artigo termina com uma contribuição em torno do lugar promissor do absurdo e do óbvio nos procedimentos de análise do discurso.


Palavras-chave


Michel Pêcheux; semântica; linguística; história; ideologias dominadas

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